No turbilhão da vida cotidiana, navegamos através de um mar de crenças, cada uma competindo pela nossa atenção e aceitação. Às vezes, é como se estivéssemos em um jogo de adivinhação, tentando distinguir entre o que é verdadeiro e o que é apenas uma ilusão. Mas será que podemos realmente confiar em nossas crenças? E como podemos distinguir entre conhecimento genuíno e meras conjecturas?
Pessoas
tolas acreditam em qualquer coisa, mais tolo é quem acredita nas coisas ditas
por um tolo. Se você acredita numa coisa e sua crença é verdadeira, você está
justificado em acreditar, isto quer dizer que sabe ou conhece aquela coisa, por
isto você não está propenso em acreditar em crenças tolas.
Para
começar nossas reflexões, pensemos em uma situação comum: o clima. Você já
olhou pela janela de manhã e decidiu levar um guarda-chuva com você, porque
parecia que ia chover? Este é um exemplo simples de como usamos nossas crenças
para orientar nossas ações. Mas e se você sair sem guarda-chuva e acabar se
molhando? Isso não significa que sua crença estava errada? Não necessariamente.
O clima é volátil, e mesmo com toda a tecnologia moderna, prever o tempo ainda
é uma arte imprecisa. Como o filósofo da ciência Karl Popper argumentaria, a verdadeira
ciência está sempre sujeita a revisão e falsificação. Portanto, sua crença no
tempo pode ter sido justificada com base nas informações disponíveis, mas ainda
assim acabou sendo falsa.
Outro
exemplo que podemos considerar é a medicina alternativa. Você já ouviu falar de
alguém que jurava que a homeopatia curou sua enxaqueca? Para alguns, isso pode
ser prova suficiente de que a homeopatia funciona. No entanto, para outros,
como o filósofo da ciência David Hume, isso seria apenas um exemplo de causalidade
aparente, não necessariamente causalidade real. Hume nos lembra de que
correlação não implica causalidade. A pessoa pode ter se curado por outros
fatores, ou até mesmo por placebo. Portanto, a crença na eficácia da homeopatia
pode não ser justificada pelo conhecimento científico atual.
Mas então, como podemos distinguir entre crenças justificadas e crenças infundadas? O filósofo epistemológico Edmund Gettier nos deixa com uma pergunta intrigante: "O que é conhecimento?" Ele nos apresenta cenários em que alguém pode ter uma crença verdadeira justificada, mas não pode ser considerado como tendo conhecimento genuíno. Isso nos leva a questionar se a justificação é suficiente para garantir o conhecimento.
Portanto, enquanto navegamos pelas águas turbulentas do conhecimento, devemos estar sempre cientes das armadilhas das nossas próprias crenças. Podemos nos apoiar em evidências e razão para nos guiar, mas devemos sempre estar abertos a questionar e revisar nossas crenças à luz de novas informações. Pois é essa humildade intelectual que nos permite verdadeiramente avançar em direção à compreensão do mundo que nos cerca.
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