Se é para morrer, que seja de amor", já dizia Vinicius de Moraes. A morte, tão certa quanto o nascer do sol, é um daqueles temas que todos preferem evitar, mas que não deixam de pairar sobre nossas cabeças, como uma nuvem escura em um dia ensolarado. É como se fosse uma presença constante, nos lembrando da finitude da vida e da nossa própria fragilidade.
No
entanto, essa "morte anunciada" não se resume apenas ao fim da vida
física. Ela pode se manifestar de diversas formas ao longo da nossa jornada. Às
vezes, é a morte de um relacionamento que estava fadado ao fracasso desde o
início, mas que insistimos em manter vivo, mesmo sabendo que já não havia mais
vida ali. Ou talvez seja a morte de um sonho, aquele que alimentamos com tanto
carinho, mas que, por mais que lutemos, nunca parece ganhar vida.
Lembro-me
de uma conversa com um amigo certa vez, enquanto tomávamos um café em uma tarde
chuvosa. Ele citou as palavras de Albert Camus: "O único problema
filosófico realmente sério é o suicídio". Para ele, essa frase ia além do
ato físico de tirar a própria vida. Era sobre a aceitação da morte em todas as suas
formas. Era sobre como lidamos com o fim, seja ele qual for.
E
como não lembrar de Gabriel García Márquez e seu emblemático livro
"Crônica de uma Morte Anunciada"? Na trama, a morte do personagem
Santiago Nasar é anunciada desde o início, mas ainda assim ninguém consegue
evitar o trágico desfecho. É como se estivéssemos todos destinados a seguir um
roteiro pré-determinado, mesmo que tentemos lutar contra ele com todas as
nossas forças.
No entanto, apesar da inevitabilidade da morte, ainda nos resta o poder de escolha. Podemos escolher como enfrentar os momentos de despedida, como lidar com as perdas e como seguir em frente após a partida de algo ou alguém que amamos. Podemos escolher viver cada dia com intensidade, sabendo que um dia será o último, e assim aproveitar ao máximo cada momento que nos é dado.
Então, que possamos encarar essa "morte anunciada" não como um fardo, mas como um lembrete precioso da efemeridade da vida. Que possamos valorizar cada instante, cada sorriso, cada abraço, como se fossem os últimos. E que, no final, possamos partir deste mundo com a certeza de que vivemos uma vida plena, repleta de amor, alegria e significado.
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