Lembro de ter lido no livro sobre Mitologia: O Primeiro Encontro de Bruno Nardini a frase "reino das sombras, Aqueronte, cerca o reino dos mortos, é a fronteira do ser e não ser" li e nunca mais esqueci, a frase evoca imagens do submundo, da transição entre a vida e a morte, e da dualidade entre existência e inexistência. Em minhas reflexões vejo que esses conceitos podem ser correlacionados com aspectos do cotidiano e explorados à luz da filosofia existencialista, junto ao nosso velho amigo Sartre.
O
filósofo Jean-Paul Sartre é conhecido por suas ideias sobre a existência e a
ausência de significado intrínseco na vida. Em sua obra "O Existencialismo
é um Humanismo", Sartre argumenta que os seres humanos são
"condenados à liberdade", o que significa que somos responsáveis por
nossas próprias escolhas e pela criação de significado em um mundo
aparentemente sem sentido.
A
ideia do "reino das sombras" pode ser interpretada como uma metáfora
para a obscuridade da existência humana, onde nos movemos entre momentos de
claridade e escuridão, buscando constantemente compreender nossa própria
essência e propósito. O Aqueronte, como a fronteira entre os vivos e os mortos,
representa os limiares da nossa própria mortalidade e das transformações que
enfrentamos ao longo da vida.
Na
vida cotidiana, podemos experimentar essa sensação de fronteira entre ser e não
ser em momentos de crise, mudança ou incerteza. Por exemplo, ao enfrentar uma
grande decisão na carreira ou nos relacionamentos, podemos nos encontrar na
encruzilhada entre o que somos e o que poderíamos ser, entre a segurança da
existência conhecida e a incerteza do desconhecido.
A filosofia existencialista nos desafia a abraçar essa ambiguidade e a reconhecer que é precisamente na confrontação com o desconhecido e na liberdade de escolha que encontramos oportunidades para criar significado em nossas vidas.
Assim, a correlação com o cotidiano se dá na medida em que reconhecemos que estamos constantemente atravessando fronteiras, enfrentando nossos próprios "Aquerontes", e que é nossa responsabilidade dar significado a essas experiências e criar nossa própria realidade, assim como sugerido por Sartre e outros pensadores existencialistas.
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