Ontem, enquanto eu caminhava pelo parque, percebi uma mãe repreendendo seu filho por pegar um biscoito antes do almoço. "Isso é errado!", ela exclamou, com um olhar severo. Pensei comigo mesmo: será que é mesmo? Afinal, quem decide o que é certo ou errado?
Um pouco mais adiante, encontrei um amigo no café.
Ele estava frustrado porque perdeu a promoção no trabalho. "Eu fiz tudo
certo, mas parece que nada dá certo pra mim", desabafou. Enquanto ele
falava, lembrei-me de uma frase do filósofo Friedrich Nietzsche: "O que
não me mata me fortalece." Pensei em como nossas percepções de sucesso e
fracasso podem ser tão limitadas e, às vezes, enganosas.
À noite, em casa, assisti a um documentário sobre a
vida selvagem. A narradora falou sobre como os leões caçam os mais fracos para
garantir a sobrevivência da espécie. Isso me fez refletir sobre a natureza das
regras e convenções que seguimos como sociedade. E se os conceitos de certo e
errado forem apenas construções humanas, uma forma de impor ordem ao caos
natural?
Aristóteles dizia que a virtude está no meio termo.
Nem o excesso de rigidez da mãe, nem o desapego total das regras, como na
natureza. É um equilíbrio delicado que precisamos encontrar diariamente,
adaptando-nos às circunstâncias e às pessoas ao nosso redor.
Voltando ao café com meu amigo, lembrei-me de um
outro pensamento filosófico, desta vez de Epicteto, o estoico: "Não são as
coisas que nos perturbam, mas sim a opinião que temos delas." Talvez o
problema não fosse a promoção perdida, mas a forma como meu amigo interpretava
essa perda. Ele estava vendo as coisas do jeito certo, ou talvez houvesse uma
outra perspectiva que ele não estava considerando?
Naquela noite, decidi que a lição do dia era esta:
o que consideramos certo ou errado pode ser muito relativo. As situações do
cotidiano são cheias de nuances, e nossas reações a elas podem mudar
drasticamente com um pequeno ajuste na perspectiva. Afinal, como dizia
Nietzsche, "nada é verdadeiro, tudo é permitido." E talvez, em vez de
tentar sempre fazer o que é certo, devêssemos nos perguntar: estamos vendo as
coisas do jeito certo?
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