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sábado, 23 de novembro de 2024

Vontade em Alexandria

Ah, Alexandria! Uma cidade que já foi o coração do conhecimento, com sua lendária biblioteca e suas ruas fervilhando de ideias. Quando pensamos em "vontade" em Alexandria, a mente pode divagar para diferentes interpretações: a vontade de saber, a vontade de poder ou até mesmo a vontade de transcender.

Alexandria, localizada na costa mediterrânea do Egito, foi fundada por Alexandre, o Grande, e rapidamente se tornou um centro de conhecimento e cultura na antiguidade. Com sua lendária biblioteca e o imponente Farol, uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo, a cidade era o coração pulsante de ideias e diversidade cultural. Hoje, Alexandria ainda é uma cidade vibrante, mas bem diferente do que foi em sua era de ouro. É o maior porto do Egito e um centro comercial importante, embora carregue em suas ruas e ruínas ecos de um passado grandioso que a modernidade não apagou por completo. Alexandria continua a fascinar, mesclando história e presente numa convivência única.

Imagine-se caminhando pelas ruas daquela cidade antiga, onde filósofos, cientistas e poetas discutiam fervorosamente sob a luz de tochas ou sob o sol quente. Era uma época em que a vontade não era apenas desejo, mas uma força motriz. Alguém como Hipátia, por exemplo, poderia nos inspirar: sua vontade de ensinar e desafiar convenções a transformou em um ícone, embora trágico, de uma Alexandria que vivia entre o conhecimento e o fanatismo.

Naquela cidade multicultural, a vontade também era uma questão de convivência: egípcios, gregos, romanos e judeus coexistiam (nem sempre pacificamente) em um mosaico de culturas. Talvez, ali, a vontade de pertencer ou de resistir ao outro fosse tão forte quanto o desejo de explorar os mistérios do universo.

Se formos mais longe, a filosofia estoica — que encontrou eco no pensamento de muitos que passaram por Alexandria — nos lembra que a verdadeira vontade é aquela que está alinhada com a razão e a natureza. Epicteto, embora não tenha vivido lá, teria algo a dizer: "Não são as coisas que nos perturbam, mas os julgamentos que fazemos delas." Em Alexandria, uma cidade tão cheia de complexidades e contradições, talvez fosse necessário encontrar a paz interior para navegar pelas águas turvas da política e do saber.

No cotidiano atual, podemos nos perguntar: como é a nossa vontade hoje? Ela é tão ardente quanto a dos estudiosos que buscavam iluminar o mundo em Alexandria? Ou deixamos que ela seja sufocada pela rotina, pela pressa, pelo medo de errar? Alexandria nos convida a reacender o fogo interno, a vontade que move montanhas — ou, no caso deles, rolos de papiro e ideias.

Talvez a maior lição de Alexandria seja que a vontade, para ser plena, precisa ser acompanhada de coragem e propósito. Afinal, o conhecimento não era acumulado ali para permanecer escondido, mas para ser compartilhado, multiplicado, e transformar o mundo. E para você, o que Alexandria simboliza?


sábado, 21 de setembro de 2024

Deixar Pra Lá

Sabe quando a gente se depara com algo que incomoda, uma situação que exige uma resposta, mas, em vez de confrontá-la, a gente simplesmente pensa: "deixa pra lá"? Pode ser uma discussão que não vale o desgaste, um mal-entendido que parece menor do que o esforço de esclarecer, ou até uma oportunidade que simplesmente passa. A sensação de alívio vem quase imediatamente, como se empurrar para o canto da mente resolvesse o problema. Mas será que resolve mesmo?

Deixar pra lá parece uma estratégia comum no nosso dia a dia, quase um mecanismo de defesa. Quantas vezes a gente vê alguém se irritando no trânsito, leva um corte no trabalho, ou até em casa, com pequenas frustrações, e decide que o melhor é deixar pra lá? Afinal, insistir parece só gerar mais estresse. Aparentemente, a paz momentânea ganha do conflito.

O Peso Invisível

O problema é que, ao longo do tempo, essas situações deixadas de lado começam a pesar. É como tentar limpar a casa jogando poeira debaixo do tapete. Você não vê a sujeira, mas ela está ali, crescendo. Psicologicamente, isso pode se manifestar como ansiedade, irritabilidade, e até um cansaço existencial. As questões não resolvidas ficam rodando no subconsciente, e às vezes até voltam à tona quando menos esperamos, numa simples conversa ou num momento de introspecção.

Nietzsche, o filósofo alemão, tem uma frase interessante para essa ideia: “O que não enfrentamos em nós mesmos acabará se tornando nosso destino.” Ele toca justamente no ponto de que ignorar ou deixar pra lá não nos livra da questão, apenas adia o confronto. E, muitas vezes, a espera só aumenta o tamanho do desafio.

Sabedoria ou Covardia?

Há uma linha tênue entre a sabedoria de saber quando deixar algo passar e a covardia de evitar o confronto. A filosofia estoica, por exemplo, nos ensina a distinguir o que está sob nosso controle do que não está. Em situações onde realmente não podemos mudar nada, talvez o melhor seja deixar pra lá, praticando o desapego. Epicteto, um dos grandes estoicos, dizia: “Não é o que acontece com você, mas como você reage a isso que importa.”

Mas e quando algo é, de fato, controlável? Quando temos a oportunidade de resolver um mal-entendido ou de enfrentar uma situação desconfortável e optamos por deixar pra lá, será que estamos exercitando a sabedoria estoica ou estamos apenas evitando o desconforto?

Talvez a resposta esteja na intenção por trás da escolha. Se deixar pra lá vem de uma decisão consciente, ponderada, onde pesamos os benefícios e as consequências, então é uma ação intencional e até nobre. Mas se vem de medo ou preguiça, pode ser uma forma de escapar da responsabilidade.

O Confronto Consigo Mesmo

Deixar pra lá é, muitas vezes, deixar para depois. Mas esse "depois" pode nos encontrar num momento mais vulnerável, quando as pequenas coisas que acumulamos finalmente transbordam. Talvez a questão não seja tanto sobre confrontar o outro ou uma situação específica, mas enfrentar o desconforto que sentimos internamente ao lidar com o que nos incomoda. Nesse ponto, deixar pra lá pode ser mais um adiamento de um confronto com nós mesmos.

Freud, pai da psicanálise, talvez diria que deixar pra lá é reprimir algo. E o que é reprimido, mais cedo ou mais tarde, retorna de maneira distorcida. Aquilo que escolhemos evitar não desaparece, apenas se transforma em outro tipo de sofrimento.

Um Equilíbrio Necessário

No fim, deixar pra lá pode ser tanto uma virtude quanto um vício, dependendo do contexto e da nossa postura diante disso. A vida exige um certo jogo de cintura, um equilíbrio entre o que merece nossa atenção e o que pode ser deixado para trás. Aprender a fazer essa distinção é parte do nosso crescimento pessoal. Afinal, nem tudo precisa ser resolvido, mas também nem tudo pode ser ignorado.

Quando deixamos pra lá de forma consciente e com sabedoria, talvez encontremos uma leveza que realmente nos liberta. Caso contrário, podemos acabar carregando um fardo invisível, que só aumenta com o tempo. E você? Será que tudo que você "deixou pra lá" realmente ficou no passado, ou, no fundo, ainda te acompanha? 

sábado, 6 de julho de 2024

Coisas Diferentes

Ontem, enquanto eu caminhava pelo parque, percebi uma mãe repreendendo seu filho por pegar um biscoito antes do almoço. "Isso é errado!", ela exclamou, com um olhar severo. Pensei comigo mesmo: será que é mesmo? Afinal, quem decide o que é certo ou errado?

Um pouco mais adiante, encontrei um amigo no café. Ele estava frustrado porque perdeu a promoção no trabalho. "Eu fiz tudo certo, mas parece que nada dá certo pra mim", desabafou. Enquanto ele falava, lembrei-me de uma frase do filósofo Friedrich Nietzsche: "O que não me mata me fortalece." Pensei em como nossas percepções de sucesso e fracasso podem ser tão limitadas e, às vezes, enganosas.

À noite, em casa, assisti a um documentário sobre a vida selvagem. A narradora falou sobre como os leões caçam os mais fracos para garantir a sobrevivência da espécie. Isso me fez refletir sobre a natureza das regras e convenções que seguimos como sociedade. E se os conceitos de certo e errado forem apenas construções humanas, uma forma de impor ordem ao caos natural?

Aristóteles dizia que a virtude está no meio termo. Nem o excesso de rigidez da mãe, nem o desapego total das regras, como na natureza. É um equilíbrio delicado que precisamos encontrar diariamente, adaptando-nos às circunstâncias e às pessoas ao nosso redor.

Voltando ao café com meu amigo, lembrei-me de um outro pensamento filosófico, desta vez de Epicteto, o estoico: "Não são as coisas que nos perturbam, mas sim a opinião que temos delas." Talvez o problema não fosse a promoção perdida, mas a forma como meu amigo interpretava essa perda. Ele estava vendo as coisas do jeito certo, ou talvez houvesse uma outra perspectiva que ele não estava considerando?

Naquela noite, decidi que a lição do dia era esta: o que consideramos certo ou errado pode ser muito relativo. As situações do cotidiano são cheias de nuances, e nossas reações a elas podem mudar drasticamente com um pequeno ajuste na perspectiva. Afinal, como dizia Nietzsche, "nada é verdadeiro, tudo é permitido." E talvez, em vez de tentar sempre fazer o que é certo, devêssemos nos perguntar: estamos vendo as coisas do jeito certo?


sexta-feira, 24 de maio de 2024

Fogo na Mente

Vamos falar sobre "fogo na mente". Imagine aqueles dias em que a cabeça parece estar pegando fogo, com pensamentos e preocupações fervilhando sem parar. Não estou falando literalmente, claro, mas sobre aquele turbilhão mental que todo mundo enfrenta de vez em quando.

Pense no cenário: você está no trabalho, tentando se concentrar em uma tarefa importante, mas a sua mente insiste em pular de um pensamento para outro como um coelho hiperativo. Você se lembra daquela conta que precisa pagar, da discussão que teve com um amigo, da apresentação que precisa terminar, e assim por diante. Parece que o seu cérebro está em um micro-ondas, com tudo borbulhando ao mesmo tempo.

Esses momentos são como um incêndio mental. E, assim como em qualquer incêndio, a primeira coisa a fazer é tentar controlar as chamas antes que elas saiam do controle. Aqui vão algumas situações cotidianas e dicas práticas para apagar ou, pelo menos, reduzir esse fogo na mente.

No Trabalho

Imagine que você está no meio de uma reunião importante, mas sua cabeça está longe. Lembre-se da técnica do "grounding": respire fundo, olhe ao redor, descreva mentalmente cinco coisas que você pode ver, quatro que pode tocar, três que pode ouvir, duas que pode cheirar e uma que pode provar. Essa técnica ajuda a trazer sua mente de volta ao presente, afastando as chamas dos pensamentos descontrolados.

Em Casa

Você chegou em casa depois de um dia cansativo e só quer relaxar, mas a sua mente não desliga. Tente criar um "ritual de desligamento" ao final do dia. Pode ser uma caminhada curta, um banho relaxante ou até uns minutos de meditação. O importante é enviar ao seu cérebro o sinal de que é hora de desacelerar.

Com a Família

Discussões familiares podem ser verdadeiros gatilhos para o fogo na mente. Quando sentir que a conversa está aquecendo demais, dê um passo atrás. Faça uma pausa, respire fundo e tente ver a situação de uma perspectiva mais calma. Muitas vezes, uma pequena pausa pode evitar que as coisas escalem.

Nas Redes Sociais

As redes sociais são terreno fértil para incêndios mentais. Rolando pelo feed, você se depara com notícias alarmantes, debates acalorados e aquela foto perfeita que faz você se sentir inadequado. Que tal dar um tempo? Experimente desativar notificações ou estabelecer horários específicos para checar suas redes. Menos tempo online pode significar menos combustível para as chamas.

Na Hora de Dormir

O pior é quando a cabeça está pegando fogo justamente na hora de dormir. A insônia causada pelo excesso de pensamentos é cruel. Uma dica é ter um caderno ao lado da cama. Anote tudo que está na sua mente, como se estivesse "esvaziando" o cérebro. Saber que tudo está anotado pode ajudar a mente a se acalmar e permitir um sono mais tranquilo.

Vamos dar uma olhada no que o filósofo grego Epicteto, um dos grandes nomes do estoicismo, poderia dizer sobre o “fogo na mente”. Ele acreditava que não são os eventos externos que nos perturbam, mas sim a nossa interpretação deles. Então, quando a cabeça está pegando fogo, talvez seja hora de lembrar do bom e velho Epicteto e sua ideia de que, ao focarmos no que está sob nosso controle (nossos pensamentos e atitudes) e aceitarmos o que não podemos mudar, podemos manter a mente mais tranquila. É como se ele dissesse: "Relaxa, respira e não alimente as chamas dos pensamentos descontrolados. Concentre-se no que você pode mudar e deixe o resto pra lá."

Todos nós enfrentamos momentos em que parece que a cabeça está em chamas. A chave é reconhecer esses momentos e ter estratégias prontas para lidar com eles. Seja através de técnicas de grounding, rituais de desligamento, pausas estratégicas, tempo limitado nas redes sociais ou a prática de anotar pensamentos antes de dormir, há várias maneiras de apagar ou, pelo menos, controlar o fogo na mente. Afinal, manter a cabeça fria é essencial para navegar pelo cotidiano com mais serenidade e clareza.