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sexta-feira, 23 de agosto de 2024

Fazer de Conta

"Fazer de conta que não vê" é uma arte sutil que todos nós praticamos em algum momento. Seja na fila do supermercado, onde o caixa passa por cima do item mais caro sem registrá-lo, ou no escritório, quando percebemos aquele pequeno erro no relatório do colega, mas escolhemos não mencioná-lo. Esse comportamento parece nos proteger de conflitos desnecessários, criando uma camada de paz aparente em nossa rotina.

A prática de "fazer de conta que não vê" é especialmente comum em situações sociais delicadas. Imaginemos uma festa de família. A tia, com suas opiniões um tanto controversas, faz um comentário que poderia gerar uma discussão acalorada. O que fazemos? Fingimos que não ouvimos. Mantemos o sorriso e desviamos o olhar para o prato, como se nada tivesse acontecido. Nesse momento, evitamos o conflito direto, preservamos o ambiente amigável e mantemos a harmonia.

Mas, e se essa prática se estender para além de pequenas cortesias sociais? Quando "fazer de conta que não vê" começa a moldar nosso comportamento de maneira mais significativa, podemos estar ignorando aspectos importantes de nossa vida. Evitar enfrentar questões sérias, como problemas no trabalho ou desafios pessoais, pode levar a uma complacência perigosa.

O filósofo francês Jean-Paul Sartre falava sobre a "má-fé," uma forma de autoengano onde as pessoas escolhem não reconhecer certas verdades sobre si mesmas. Fazer de conta que não vê, quando levado ao extremo, pode se assemelhar a essa má-fé, onde nos iludimos ao pensar que os problemas desaparecem ao evitá-los. Ao nos recusarmos a encarar certas realidades, nos afastamos da autenticidade e da possibilidade de crescimento pessoal.

Então, quando estivermos tentados a "fazer de conta que não vemos," talvez seja útil perguntar a nós mesmos: estamos evitando um conflito passageiro ou estamos negligenciando algo que merece atenção? Pode ser que a escolha entre confrontar ou ignorar nos diga muito sobre como lidamos com as nuances da vida. Afinal, ignorar o que está à nossa frente pode nos poupar de desconfortos imediatos, mas também pode nos afastar de uma vida mais plena e consciente.