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quinta-feira, 20 de maio de 2021

Em Rio Grande – Riograndino é papareia!


                                                                   Cidade de Rio Grande

                                                                 Navio naufragado Altair

 

Praia do Cassino

Falar de Rio Grande é falar do mar...antes um pouco da história da cidade.

Cidade histórica do litoral sul do Estado do Rio Grande do Sul, cidade mais antiga do estado, fundada em 1737, único acesso da costa marítima, local onde Portugal fez irradiar o povoamento, permitindo a infiltração de seus súditos, colonos provenientes das ilhas de madeira e açores chegados na década de 1750. Por aqui passaram espanhóis, dominando o povoado por 13 anos, somente retornando ao domínio português em 1776. Em 1835, a Vila de São Pedro, passou a denominação de Cidade do Rio Grande. Com a Revolução Farroupilha, Rio Grande retornou à condição de Capital da Província, devido a transferência da Sede do Governo Imperial de Porto Alegre, ameaçada pelos Farroupilhas para o município. Cidade antiga, com arquitetura luso-brasileira, de diferentes sensibilidades e períodos, suas casas sem pátio frontal, pé direito alto, salas que dão direto para a rua, seus telhados cerâmicos, edificadas no alinhamento predial. Caminhar em suas ruas é caminhar no palco da história brasileira, o porto velho com seus antigos armazéns, a Rua Riachuelo, Rua Mal. Floriano, Rua Bacelar, Rua Benjamin Constant, ainda hoje em sua arquitetura carregam muito de nossas memórias. A cidade possui um vasto Centro Histórico com tradição pesqueira, contando com inúmeras construções históricas, museus e antigas praças, com o canal que liga a Lagos dos Patos ao Oceano Atlântico. Para este Riograndino que nasceu e ali viveu por muitos anos, tem aquele solo como um solo sagrado, local em que obtive minha educação e início de uma vida repleto de recordações, boas e algumas nem tão boas assim. Infância enfrentando as dificuldades e durezas da época, alegrias de criança com brincadeiras, como jogar bolita, pega ladrão, futebol na rua de pé descalços, pés sujos pela terra preta, depois a briga da mãe para tomarmos banho, os tamancos de madeira de cepo, o suco de groselha. Lembro de nossa casa de madeira, com quatro peças, das latas de leite ninho, da pequena geladeira onde colocávamos a barra de gelo que eu saia para comprar e trazia o gelo na sacola. O cheiro do mar que impregna toda a cidade, impregna todo o ambiente, o cheiro do mar que eu gosto muito, o vento que sempre sopra, hora é como um beijo, hora é como um gigante que envolve e empurra, hora é um vento escarninho da vida, hora é um vento travesso, nem ventania, nem brisa, como já disse sopra como um beijo que arrepia. Olhar o mar é sempre alegria, seu tom esverdeado na beira, seu céu azul ao fundo, as espumas brancas lambendo a maior praia do mundo em extensão, Cassino uma praia que parece ser infinita, praia onde caminhava por horas, desbravava solitário um bocado de quilômetros com minha bicicleta para pescar cada vez mais longe, além do navio naufragado Altair, mar de muito peixes estranhos, aprendi a amar aquele mar, lá onde passei a gostar da solidão e do silêncio, a gostar do vazio e da sensação de liberdade, a gostar da sensação de estar num outro mundo, a gostar e apreciar minha própria companhia, o mar tem isto, ele o tempo todo nos lembra que somos pequenos, ele o tempo todo nos diz que ele é maior que a terra, mar das festas para Iemanjá. Mar de festas, alegrias e também de despedidas, mar que levou muitos amigos, mar que merece admiração e muito respeito. Trago em memória as corridas de bicicleta na praia do Cassino, a revoada das gaivotas, dos bandos que povoam aquela praia, as asas brancas levantando voo em sua agitação era tudo muito maravilhoso, me sentia parte daquela natureza. A primeira vez que passei um aperto no mar foi quando senti caibras no canal do porto novo, não gritei, nem pedi socorro, procurei manter a calma até chegar em ponto seguro no clube Regatas, foi um susto para me impor respeito e aprendizado pela experiência, o mar é mestre e professor educando com rigor. Gostei de nadar no Clube Regatas e no Honório, de lá tenho lembranças que me aquecem o peito, na época curtia a suavidade do mar e suas marolas. Este mar que foi meu professor, aprendi a nadar nas aguas do saco da mangueira, lá fizemos pescarias de miragaias, lembro dos banhos gelados no inverno no arroio bolaxa, dos passeios de vagoneta e das pescarias nos molhes da barra, uma das maiores obras de engenharia oceânica do mundo, com suas gigantescas pedras que avançam mais de 4 km mar adentro, das nossas atiradas de cima da ponte dos franceses, coisa que hoje não teria mais coragem, quando jovens somos mais corajosos e imprudentes, quando jovens vivemos num misto de coragem e imprudência, vivemos na idade da energia e excitação causados pelo perigo, gostamos de viver emoções intensas, não pensamos na morte, a morte parece estar muito distante, só lembramos que existe quando perdemos alguém. Lembro das gazeadas de aula para nadar em suas aguas, levava para casa o cabelo duro pelo salitre, chegava preparado para repreensão da mãe e do pai, nunca consegui ludibriar os olhares perscrutadores deles, ainda bem que não aprendi a ser dissimulado, além disto depois sentia um remorso imenso por ter “matado a aula”, porem as boas notas na escola me animavam e assim era quase inevitável prescindir ao encantos e chamados do mar, o cheiro do mar é inebriante, não nos deixa esquecer que ele está ali muito próximo, o mar sempre falava muito alto, a paixão e o amor pelo mar sempre me falaram muito alto, quem é Riograndino sabe disto, lá se aprende muitas histórias do mar, lá se aprende as histórias da realidade, a história está constantemente presente em nossas vidas, nos sentimos como velhos pescadores. Rio Grande cidade com solo arenoso e de ventos sempre presentes ganhou dos pelotenses no século XIX a alcunha gentílica de papareia! Sou papareia com orgulho, orgulho de ter a certeza de possuir as qualidades de ser um Riograndino, foram as experiências do passado que me conduziram a este presente, que me fez forte e resiliente para continuar evoluindo e ultrapassando os obstáculos. Torcedor do Sport Clube São Paulo, o leão do parque, rubro-verde com cem anos. Viver numa cidade litorânea, viver na praia é o sonho de muita gente, viver em Rio Grande é um misto de cidade grande (mais de 2700km2 com mais de 200mil habitantes já é grande e com muita gente) com a proximidade da praia, o cheiro do mar não nos deixa esquecer que ele está ali bem pertinho, o apito dos navios atracando, porem lá nem sempre é verão, lá rola aquele inverno gaúcho de renguear cusco, mas para quem ama o mar o frio que tem por lá é para nos lembrar que estamos vivos, tudo para melhorar nossa saúde mental e nosso humor. Porque não escrever sobre memórias, escrever é registrar, registrar é a ferramenta para superar a memória fugaz, a memória foge porque é veloz, para existir a memória desocupa o lugar das coisas velhas e as guarda em algum lugar, e assim ela age para dar espaço as coisas novas. Com a chegada da velhice lutamos a luta dos jovens que é esquecer a memória recente por ser um mecanismo para guardar mais informações, e lutamos a perda da memória das coisas mais distantes, como algo que vamos nos afastando, vamos criando enchimentos para as lacunas que vão ficando, vamos recheando com memórias que se encaixam com a ideia que temos sobre nós. O mar neste torvelinho de memórias, é algo que não sabemos explicar, explicar um sentimento as vezes não há palavras, como explicar o inefável, só sei que na memória ou na presença dele, sinto que ele me resgata de mim, o mar sempre dá um jeito de me lembrar de quem eu sou em minha pura essência, um eterno papareia, uma memória idílica e etérea, um passado que as vezes se tem vontade de voltar.

quarta-feira, 19 de maio de 2021

Noites frias do outono

 

Era meia noite, ainda estava acordado, não é novidade, agora mais velho, durmo menos, durmo quase acordado, eventualmente sono profundo. Com o frio chegando, gelando o outono, as cobertas são convidativas, o livro companheiro na cabeceira, vai e vem até findar a leitura, as vezes até dois, assim serve para exercitar a memória que ao chegar da idade vai se esvaindo, o tempo é cruel com o passar dele, as coisas vão ficando distantes, as vezes é até preciso preencher as muitas lacunas. Ouço a cachorrada latindo ao ver o movimento dos gatos no telhado, o meu está junto tirando o sono da vizinhança, assim é a vida do gato, andar e vagar na noite, clara ou escura, fria ou quente, o gato está sempre por lá agitando a madrugada, carregando a herança selvagem. Ele um serzinho da noite, dorme de dia, vive atendo a noite, fazendo suas travessuras, seus saltos atléticos, seus miados estranhos, uma linguagem de miadez que aprendemos a distinguir por nossa convivência, nós nos entendemos e conhecemos pelo tom da voz da fala e miados. A noite fria do outono antecipando o que está por vir no inverno, as noites mais longas, os dias com claridade curta, o frio, a chuva, o aconchego do lar, o aconchego das roupas de inverno, a noite a melhor coisa e nos enfiarmos no casulo morno da cama, privilégio dos residentes no sul. Recordo as noitadas de chás dos escoteiros, evento anual, reunindo as famílias e amigos, uma grande multidão, chá a vontade, vários sabores, bem quentes, bolos e salgados, sorteios de quinquilharias, brincadeiras e apresentações de peças, danças e música, todo mundo misturado, conversando como se todos se conhecessem. Os vidros das janelas embaçados pelo calor interno, o frio e cerração lá fora, congelando até o vidro dos carros, coisas do outono, que venha o inverno, com ele virá o pinhão, o quentão, o eterno amigo chimarrão, o fogão a lenha, o blusão, as meias de lã, todo mundo junto, coisa que estamos saudosos, saudosos do calor humano, da aproximação que nos humaniza, será mais um inverno difícil de engolir, quem sabe na primavera estejamos mais autorizados a nos agrupar e festejar estes quase dois anos de abstinência de gentes. Gosto do outono com sua temperatura agradável, na maioria dos dias nem quente, nem frio, agradável ao ponto de estimular aquele dormitar sentado na tentativa de ler um livro, dá até para vislumbrar num relance algumas lembranças no subconsciente, lembranças de um futuro, se é que seja possível ter lembranças de um futuro, já que não se fazem mais futuro como antigamente, como diz a letra de uma música que não lembro, “darei ao meu futuro um presente, um álbum repleto de recordações, de lutas por um mundo diferente”.

terça-feira, 18 de maio de 2021

Kairós o tempo da oportunidade é o tempo presente

 

Aprendemos na mitologia grega que Chronos (Cronos), Deus do Tempo, casou-se com sua irmã Reia, com quem teve seis filhos: Hades, Poseidon, Hera, Deméter, Héstia e Zeus. Temendo a concretização de uma profecia, que dizia que ele seria tirado do poder por seus filhos, Chronos engoliu todos eles logo após o nascimento. O único que se salvou foi Zeus, após Reia enganar o marido e entregar a ele um pedaço de pano para ser engolido no lugar do filho.

Já adulto, Zeus deu uma poção mágica a seu pai, fazendo com que Chronos vomitasse todos os outros filhos e, finalmente, libertá-los. Por ter derrotado Chronos, que simbolizava o tempo, Zeus e seus irmãos tornaram-se imortais. Kairós era o filho mais novo de Zeus e de Tique, a deusa da sorte e da fortuna.

Descrito como um jovem belo e com apenas um tufo de cabelo na testa, Kairós era um atleta tão ágil que era praticamente impossível persegui-lo. Entre os romanos, ele recebeu o nome de Tempus, que representa aquele breve momento em que as coisas são possíveis. Kairós é o tempo que não pertence a Chronos, e não pode ser cronometrado ou previsto, trata-se da oportunidade, a oportunidade está no momento presente para isto precisamos estar presentes.

Aprendemos que Chronos é o senhor do tempo, enquanto Kairós representa o tempo que não pode ser controlado. Para os gregos antigos, o primeiro significava o tempo cronológico, enquanto o segundo se referia à qualidade do tempo vivido, algo que não pode ser medido através de números, uma grandeza que pode ser medida por horas, minutos, dias, semanas, meses e anos. Sua força é implacável e não pode ser detida, e tudo o que é conquistado nesse tempo é efêmero e findável, pressionado pelo tique taque do relógio, da medida do desempenho, alvos do carrasco que domina o ser do nascimento a morte, a humanidade é escrava dele e luta contra ele e sempre é perdedora, o tique taque não para, a questão está na qualidade do tique taque.

Kairós, por sua vez, era um jovem destemido que não se importava com o tempo cronológico do relógio ou com o calendário. Ele era o tempo que não podia ser cronometrado, as coisas que acontecem sem hora marcada, as surpresas do dia a dia. O tempo de Kairós nos convida a aproveitar a vida com mais leveza, de forma mais despojada, sem se importar o tempo todo com o implacável Chronos, dar qualidade é ter sede de Deus, encontra-lo depende da sua vontade em mergulhar no mar do vazio, encontrar o seu tempo é achar o seu propósito, busque o silêncio e ouça-o, apenas perceba-o, estar consciente é não estar pensando, é estar presente no presente, é estar consciente de que há tempo para chorar e para rir, precisamos aproveitar cada minuto que estamos na Terra, escola da vida.

Há tempo para todo propósito abaixo do céu

“Para tudo há uma ocasião, e um tempo para cada propósito debaixo do céu:
tempo de nascer e tempo de morrer, tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou,
tempo de matar e tempo de curar, tempo de derrubar e tempo de construir,
tempo de chorar e tempo de rir, tempo de prantear e tempo de dançar,
tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntá-las, tempo de abraçar e tempo de se conter,
tempo de procurar e tempo de desistir, tempo de guardar e tempo de lançar fora,
tempo de rasgar e tempo de costurar, tempo de calar e tempo de falar,
tempo de amar e tempo de odiar, tempo de lutar e tempo de viver em paz”.

Eclesiastes 3:1-8

Precisamos ser mais profundos, pensar o tempo como amigo, ou no tempo como o pai nosso Deus nos concedendo mais esta oportunidade de entendermos o infinito, inicialmente deixando de pensar que somos finitos e que esta é a única vida, vamos procurar entender a vida presente, não se preocupe tanto com as vidas passadas, não se preocupe com futuro, deixe que o futuro se preocupe por si mesmo e com ele mesmo, a oportunidade está no hoje e agora, não pense demais, pensar demais atrapalha, não deixe a mente te governar, a mente é tagarela.

Chronos é o ceifador do tempo de vida e das memórias, Kairos é a oportunidade de viver o presente autenticamente livre do conforto de sua própria prisão, de atenção ao que você é, não de atenção ao que parece ser, ver o outro como é e não parecer ser passa antes por mim mesmo, a empatia nasce desta relação harmonia e equilíbrio, é preciso matar o ego que aprisiona, desistindo do sentido do eu, do meu, precisamos conduzir o pensamento ao nós, cuidado a mente sempre quer alguma coisa.

Kairós é o tempo oportunidade, é saber que as pessoas cruzam nosso caminho não são por acaso, elas se aproximam porquê de alguma forma nós as atraímos, não foi para nos fazer mais felizes, ou satisfeitos, confortáveis, este é o caminho da ilusão, o outro está aqui para nos tornar mais conscientes, o universo coloca pessoas estrategicamente em nossa vida por alguma razão, então aproveite cada oportunidade disfarçada, o primeiro passo é me enxergar no outro, o segundo...bem, aí a vida nos ensinará...vamos abandonar os julgamentos, deixe os julgamentos para os tolos e idiotas, sei que não sou o ator principal, sou um dos muitos personagens neste mundão, não temos controle do todo, somos apenas parte, sequer temos controle da parte.

O erro está em pensar que eu estou separado do mundo e do todo, nesta aparente dualidade é a causa básica da infelicidade, não devo pensar que existe o eu e o mundo exterior, ou o objeto o mundo fora desse eu, este é o mal-entendido causado pela mente, lutar contra a mente só vai fortalece-la, o fluxo da mente é continuo, precisamos cessar a identificação com os pensamentos, não alimentar a mente, os pensamentos são convidados indesejados, não alimentar os convidados fará com que eles vão embora, pensar que o eu é distinto da natureza, é assim que nos perdemos a nós mesmos, o retorno a unidade é o fim desta divisão, sabendo disto, aproveito o Kairós como a oportunidade do conhecimento como esclarecimento para me conectar e me identificar com o mundo, conhecimento como experiência.

Permita que seu Chronos seja intervalado com muitos Kairós.

Rubem Alves em sua sabedoria noz dizia: “O tempo pode ser medido com as batidas de um relógio ou pode ser medido com as batidas do coração”.

O nosso coração é do tamanho do oceano, ouvir as batidas dele é ouvir o barulho das ondas do mar no vai e vem na areia da praia, cuide do seu coração espiritual, é lá na boa meditação que conseguimos ouvir o bater do coração, aproveite o seu Kairós, aproveite a oportunidade do fluir das aguas, sente na beira do mar e procure ouvir o sussurro do mar, coordene o vai e vem das ondas com as batidas do seu coração, ouça o milagre, sinta o milagre da vida, sinta o arrepiar da pele, sinta a sensação de leveza e alegria tomando conta do ser, ouvir é conseguir ingressar no mundo invisível, as suas asas irão aparecer, a fonte do agora está aqui bem em sua frente, o vazio traz paz ao seu amor, sua alma precisa do silencio do vazio, encha o vazio de silêncio, ouça sua voz, ela diz para ficar em silêncio, saia do mundo barulhento e agitado, adormeça os seus pensamentos, não os deixe lançar uma nuvem escura em seu coração, desconecte-se do mundo do desempenho, deixe Deus preencher este vazio.

Buda nos ensinou: Aprenda a silenciar sua mente.

Assuma o controle, você é uma entidade extraordinária, ninguém pode instrui-lo a se conhecer, conte consigo mesmo para seu autoconhecimento e decida de forma consciente como irá viver cada hora, evitando desperdiçar sua atenção com coisas que não são verdadeiramente importantes. É fundamental que cada pessoa encontre o equilíbrio entre o tempo de Chronos e Kairós, desfrutando o máximo de cada um deles. Viver e sentir a vida, mesmo sob a tensão e a pressão do relógio, mesmo com tantos compromissos inadiáveis e afazeres. O relógio não é nosso senhor e nós não somos seus escravos, nós somos os senhores do relógio, o relógio é a nossa invenção para ver partes do tempo, Deus tem um relógio diferente do nosso, pense no tique taque do bater de seu coração, este sim é o verdadeiro relógio da vida, o coração é o lar do habitante sutil, a casa secreta do espírito quem realmente somos.