É um livro clássico, escrito a cerca 180 anos, muitíssimo
atual, é um livro de cabeceira de muitos profissionais como advogados, formando
de direito, políticos, PNL- Programação Neurolinguística, comunicação social, marqueteiros
e outros que procuram estar a par das estratégias para vencer no debate principalmente
que envolvam tretas e precisem vencer debates a qualquer custo, quem lê pode
ter a impressão de que o manual seja exagerado, será? É óbvio que pessoas
movidas apenas pelo interesse pessoal e a conquista a qualquer preço de seus objetivos
não são pessoas que se possa admirar, no entanto, em nosso mundo atual onde os
valores estão se deteriorando, está se tornando comum aplaudirem e darem
palanque para discursos pelo menos apelativos e populistas, tudo funcionando
numa densa cortina de fumaça, isto não faz nenhum bem para a sociedade, as
bases de uma convivência social está sendo destruída culminando num ceticismo
social.
O manual foi escrito pelo filosofo alemão Arthur Schopenhauer(1788-1860), ficou
inconcluso e foi publicado postumamente por Julius
Frauenstädt, mesmo inconcluso o manual tem muito a nos falar a
respeito dos esquemas de argumentação maliciosa ou falaciosa, esta obra dedica-se
a trazer à tona a Dialética Erística,
ou simplesmente erística, ou seja, ela trata da técnica argumentativa utilizada
para vencer um debate a qualquer custo, Schopenhauer brilhantemente associou a
dialética á erística, resultando numa forma de argumentação que independe da
verdade, coisa que estamos acostumados ao ouvir muitos discursos ou até mesmo
em nosso cotidiano utilizado em alguma discussão onde cada um puxa a brasa para
seu assado independente de quem tenha razão.
O Autor é mais conhecido pela sua
obra principal "O mundo como vontade e representação", um livro que
também veio para fazer história e tem até hoje o reconhecimento no mundo
inteiro, é outra ótima leitura, tem muito a nos ensinar, tem um olhar
diferenciado acerca daquilo que move nossos interesses.
Sinopse:
Neste livro, também
conhecido como “38 estratégias para vencer qualquer debate”, Schopenhauer
apresenta uma brilhante, polêmica e bem-sucedida argumentação sobre como vencer
um debate sem ter razão.
Mestre da filosofia satírica, o autor
conduz o leitor com genialidade entre dois domínios adversários: da dialética
erística (a arte de vencer um debate sem precisar estar do lado da verdade) à
filosofia.
O filósofo não estava
preocupado apenas com a capacidade retórica de defender de forma inteligente
seus próprios argumentos, mas principalmente com a compreensão das estratégias
adotadas pelos parceiros de debate. Com o fim, sobretudo, de defesa da verdade
contra os erísticos trapaceiros, bem como com o de denunciar, ironicamente, seu
comportamento.
Schopenhauer escreveu A arte de ter razão – cuja
leitura é uma porta de entrada privilegiada, e de grande valor atual, à sua
filosofia – de modo muito divertido e convincente, baseado em 38 estratagemas
capazes de conduzir uma verdadeira esgrima intelectual, de forma a, no final,
realmente produzir sucesso aos olhos da plateia.
A obra está dividida em 40 capítulos, 1. A
Dialética erística, 2. Base de toda e dialética e 38 estratagemas ou dicas que
seriam as formas de agir perante ao embate dialético discursivo com interesse e
o desejo do poder.
Alguns exemplos para despertar o interesse
na leitura:
Estratagema 8
Suscitar a cólera do adversário, pois, encolerizado, ele não
está em condições de julgar corretamente e perceber sua vantagem. Provoca-se
sua cólera fazendo-lhe injustiça abertamente, assediando-o e sendo, de modo geral,
insolente.
Estratagema 10
Quando notamos que o adversário deliberadamente dá respostas
negativas para perguntas cujas afirmativas seriam necessárias para nossa tese,
devemos perguntar o oposto da tese de que queremos nos servir, como se a quiséssemos
ver afirmada; ou, pelo menos, devíamos lhe apresentar ambas para escolher, de forma
que ele não perceba qual tese queremos que ele afirme.
Estratagema 14
Um truque insolente é quando, depois de o adversário responder
a várias perguntas sem que suas respostas satisfaçam a conclusão que tínhamos
em mente, nós apresentamos e proclamamos triunfalmente como demonstrada a conclusão
que queríamos obter, embora ela não se siga daquelas respostas. Se o adversário
é tímido ou estúpido, e o outro lado tem bastante descaramento e uma boa voz,
isso pode muito bem ter sucesso. O estratagema pertence à fallacia
causae ut causae [engano
por assumir uma não razão como razão].
Estratagema 27
Se o adversário se irrita inesperadamente diante de um
argumento, é preciso insistir nesse argumento com mais fervor ainda: não só
porque é bom enfurece-lo, mas porque é de supor que tenhamos tocado no ponto
fraco de sua linha de pensamento e que talvez devamos atacá-lo, nesse ponto,
ainda mais do que podíamos crer num primeiro momento.
O livro é
um verdadeiro compêndio de estratégias de lógica e argumentação que podem e são
usados em um discurso, debate, questionamento, tal como nosso atual presidente usou
em uma destas entrevistas quando foi questionado, ele disse “Eu
não sou coveiro” ou “pergunta pra sua mãe”… Essas respostas são erísticas, e
são utilizadas com firme intenção de fugir da pergunta, ele e a maioria das
pessoas que se sintam acuados lançam mão de algo absurdo, na verdade é uma
reposta evasiva e sem sentido, mas não é uma resposta aleatória, improvisada ou
sem sua lógica do absurdo, ela foi pensada eristicamente, o oponente ou o
perguntador acaba perdendo o foco e a discussão pode ser encaminhada para
qualquer lado, como disse anteriormente o absurdo é uma cortina de fumaça onde ninguém
enxerga ninguém, a não ser aquele que lançou mão do artifício e acaba correndo
em direção da porta de saída, enfim a leitura é muito interessante e
flagrantemente utilizada em nosso cotidiano, num ou noutro estratagema é possível
que nos vejamos lançando mão, após a leitura podemos até pensar que há muita
sinceridade no que ali esta escrito.
Fonte:
Schopenhauer, Arthur, 1788-1860. A
arte de ter razão: 38 estratagemas / Arthur Schopenhauer; tradução de
Milton Camargo Mota. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2017. – (Vozes de Bolso)