Você já percebeu como, ultimamente, parece que todo mundo tem uma opinião extrema sobre tudo? Seja na mesa do bar, no almoço de família ou nas redes sociais, as conversas que antes eram leves e descontraídas agora se transformam em verdadeiras batalhas ideológicas. Mas por que isso está acontecendo? Será que nossa sociedade está emocionalmente doente por causa dessas polarizações que dividem e disseminam ideias tóxicas? Nunca tivemos como agora tantos problemas emocionais e mentais, são muitos com depressão, ansiedade, tristezas, falsas alegrias e felicidade plena ditada no instagram e redes sociais, a busca por auto ajuda em terapias alternativas explodem com a quantidade de pessoas buscando o alivio do estresse da sociedade artificializada.
Imagine
a cena: você está num churrasco com amigos de longa data, pessoas com quem você
sempre teve afinidade e compartilhava momentos agradáveis. De repente, alguém
toca em um assunto político ou social mais delicado, e pronto! O clima
esquenta, surgem acusações, ofensas veladas e, quando você percebe, aquele
encontro descontraído virou um campo minado. Situações como essa têm se tornado
cada vez mais comuns e mostram como estamos deixando que diferenças de opinião
nos separem de quem amamos.
O
filósofo polonês Zygmunt Bauman já alertava sobre a "modernidade
líquida", onde tudo é volátil e as relações são frágeis. Nesse contexto,
as redes sociais potencializam essa liquidez, criando bolhas onde somos
expostos apenas ao que reforça nossas crenças e preconceitos. Assim, qualquer
ideia contrária é vista como uma ameaça, e a reação natural passa a ser o
ataque ou o isolamento.
Outro
pensador, o psicólogo social Jonathan Haidt, em seu livro "A Mente
Moralista", discute como nossas crenças são influenciadas por intuições e
emoções mais do que pela razão. Isso significa que, muitas vezes, defendemos
uma posição não porque ela é logicamente correta, mas porque ela ressoa com
nossos sentimentos mais profundos. Quando alguém desafia essa posição, sentimos
como se estivessem nos atacando pessoalmente, o que explica a intensidade das
reações em debates aparentemente simples.
No
dia a dia, essas polarizações afetam desde decisões cotidianas até políticas
públicas importantes. Pense na pandemia de COVID-19, por exemplo. O uso de
máscaras, que deveria ser uma questão de saúde pública baseada em evidências
científicas, tornou-se um símbolo político, dividindo pessoas entre
"pró" e "contra", muitas vezes sem uma compreensão real dos
fatos envolvidos. Inclusive surgiram imbecis que afirmaram se tratar uma “gripezinha”,
como será que isto soou nos ouvidos dos familiares e amigos que perderam entes
queridos para a tal “gripezinha”?, foram milhares de vidas perdidas mundo
afora. Essa divisão custou vidas e aprofundou desconfianças entre grupos
sociais.
E
o que dizer da educação? Professores enfrentam desafios enormes ao tentar
abordar temas contemporâneos em sala de aula sem esbarrar em sensibilidades
exacerbadas. Alunos e pais, influenciados por discursos polarizados, questionam
conteúdos e metodologias, muitas vezes sem embasamento, apenas repetindo
narrativas que ouviram em seus círculos sociais ou mídias de preferência.
Sigmund
Freud já dizia que a civilização impõe restrições aos nossos instintos
primários em prol da convivência social. Contudo, parece que estamos regredindo
nesse aspecto, permitindo que instintos como agressividade e tribalismo ganhem
espaço, em detrimento da empatia e do diálogo construtivo.
Mas
nem tudo está perdido. Há movimentos e iniciativas que buscam reconstruir
pontes e promover conversas mais saudáveis. Práticas como a Comunicação
Não-Violenta, desenvolvida por Marshall Rosenberg, oferecem ferramentas para
expressarmos nossos sentimentos e necessidades de forma clara e respeitosa,
ouvindo e valorizando o outro, mesmo em meio a divergências.
Além
disso, é fundamental cultivarmos a autocrítica e a abertura ao novo. Reconhecer
que ninguém detém a verdade absoluta e que podemos aprender com perspectivas
diferentes é um passo importante para sanar as feridas emocionais que essas
polarizações têm causado.
Nossa
sociedade enfrenta um desafio complexo: equilibrar a diversidade de opiniões e
crenças sem cair na armadilha das divisões tóxicas. Isso exige esforço
coletivo, empatia e a disposição de ouvir e compreender o outro. Talvez, assim,
possamos transformar esses conflitos em oportunidades de crescimento e
construir uma convivência mais harmoniosa e saudável para todos. Então, que tal
no próximo encontro com amigos ou familiares, ao invés de entrar em debates
acalorados, tentar ouvir mais e falar menos? Quem sabe essa pequena mudança não
seja o início de uma grande transformação?