Sabe aquele momento em que você está à toa, sem nada urgente para fazer, e acaba se perdendo em distrações? Pois é, outro dia me peguei fazendo isso, rolando sem rumo pelas redes sociais, e de repente me veio um estalo: quanto tempo eu já perdi assim, matando o tempo? E aí me bateu uma reflexão mais profunda – a vida é tão curta, e aqui estou eu, desperdiçando minutos preciosos com coisas que não vão me acrescentar nada. Foi esse insight que me fez pensar: por que a gente se permite isso? Afinal, o tempo que gastamos à toa é tempo de vida que não volta. Isso me inspirou a escrever sobre como a dispersão, essa mania de se ocupar com qualquer coisa, pode ser um verdadeiro desperdício daquilo que temos de mais valioso.
"Matando
o tempo" é uma expressão que usamos quase sem pensar. Aquele momento em
que estamos sem nada para fazer e, ao invés de focarmos em algo produtivo, nos
jogamos em qualquer distração disponível. Pegamos o celular, navegamos pelas
redes sociais, trocamos mensagens vazias, e, antes que percebamos, horas se
foram. A dispersão é o grande vilão aqui: fazer muita coisa, mas nada que
realmente importa.
Imagine
um dia típico. Você acorda, toma um café rápido e sai para o trabalho. No
transporte, ao invés de ler aquele livro que está na prateleira há meses, você
decide rolar o feed do Instagram. Chegando ao trabalho, entre uma tarefa e
outra, você se pega checando as notícias, respondendo mensagens ou simplesmente
olhando para o nada. No final do dia, você se sente exausto, mas ao mesmo tempo
com a sensação de que não fez nada de significativo. O tempo passou, mas o que
você conquistou?
O
filósofo francês Henri Bergson, conhecido por suas reflexões sobre o tempo,
falava sobre a importância da "duração" – uma qualidade do tempo que
não pode ser medida em minutos ou horas, mas sim pela intensidade das
experiências que vivemos. Segundo ele, o tempo vivido, aquele preenchido com
sentido e propósito, é o que realmente importa. Quando nos dispersamos,
perdemos essa "duração", substituindo-a por um tempo vazio, mecânico.
Voltando
ao cotidiano, pense naquelas vezes em que você se sentou para estudar ou
trabalhar em algo importante, mas acabou se distraindo com mensagens ou vídeos
aleatórios. A sensação de estar ocupado sem realmente estar progredindo é
frustrante. Estamos fazendo muitas coisas, mas poucas delas são realmente
significativas.
A
vida é curta, e cada momento que temos é precioso. Matar o tempo, na verdade, é
desperdiçar o pouco tempo de vida que nos foi dado. Cada minuto que passa é uma
oportunidade perdida de fazer algo significativo, de criar memórias, de
aprender, de crescer. Quando nos permitimos cair na dispersão, deixamos de
viver plenamente, trocando momentos que poderiam ser valiosos por atividades
vazias e sem propósito. No fim, matar o tempo é, na verdade, matar um pouco da
própria vida.
Mas e se, ao invés de simplesmente matar o tempo, começássemos a usá-lo com intenção? Ao invés de gastar horas em redes sociais, poderíamos investir esse tempo em atividades que realmente nos trazem algo de volta – aprender uma nova habilidade, praticar um hobby, ou simplesmente ter uma conversa profunda com alguém querido. Essas são as "coisas certas" que Bergson provavelmente diria que preenchem nosso tempo com verdadeira "duração."
Assim, quando se pegar matando o tempo, pare e reflita: será que isso está realmente adicionando algo à minha vida? Porque, no fim das contas, não é sobre fazer muito, mas sim sobre fazer o que realmente importa.