Sabe aquela discussão de bar sobre o que realmente significa "liberdade"? Alguém diz que é poder fazer o que quiser, outro rebate que não é bem assim, porque vivemos em sociedade e, bem, regras existem. E então o debate desanda, e cada um continua acreditando na própria definição como se fosse a única possível. O que acontece aí? Um clássico problema da semântica: palavras são janelas para conceitos, mas essas janelas nunca são totalmente transparentes.
A
semântica, dentro da filosofia, estuda como atribuímos significados às palavras
e como esses significados se relacionam com a realidade. A questão central é:
as palavras refletem a realidade ou apenas impõem uma estrutura artificial ao
mundo? Wittgenstein, em sua fase tardia, diria que os significados não são
fixos, mas dependem dos usos na linguagem cotidiana. Já Frege buscava uma
precisão lógica, separando sentido e referência.
Se
o significado depende do uso, então o que dizer de conceitos como
"justiça", "verdade" ou "felicidade"? São
conceitos que parecem universais, mas mudam conforme a cultura, o tempo e a
intenção de quem fala. Quando Platão tentou definir "justiça" em
"A República", ele precisou construir uma cidade ideal para ilustrar
seu ponto. E aí está o dilema da semântica filosófica: definir é sempre
interpretar.
E
quando a interpretação se torna uma arma? Termos são ressignificados o tempo
todo para manipular percepções. Orwell já alertava para isso em
"1984", quando o "Ministério da Verdade" era responsável
por reescrever a história. No mundo real, palavras como "progresso" e
"ordem" podem significar liberdade ou controle, dependendo de quem
fala.
Talvez
a semântica não seja só um estudo de significados, mas um estudo sobre como
pensamos e moldamos a realidade. Se a linguagem é a casa do ser, como dizia
Heidegger, então a semântica é a arquitetura dessa casa. O que nos resta é
escolher bem as palavras e, principalmente, escutar o que está por trás delas.