Quem gosta de Filosofia também gosta de
Sociologia, isto é, falo por mim, Sociologia e a Filosofia são disciplinas
irmãs, ambas se preocupam em explorar e compreender a condição humana e a
sociedade, mas cada uma destas disciplinas possui seus métodos e abordagens
específicas. A sociologia por exemplo se baseia em pesquisas empíricas e
utiliza uma abordagem científica, enquanto a filosofia busca uma compreensão
mais abstrata e conceitual por meio do questionamento e da reflexão crítica, ambas
se completam e em seu conjunto nos auxiliam na compreensão do mundo.
Atualmente quem lê e estuda os clássicos
de sociologia não pode deixar de ler as obras de Erving Goffman, uma sugestão
de leitura deste autor é o Estigma: Notas sobre a
Manipulação da Identidade Deteriorada;
ao final deixarei um breve resumo desta obra que é muito interessante e muito
atual.
Vou
falar um pouco da Sociologia e em seguida de nosso grande sociólogo, é
necessário fazermos uma introdução sobre Sociologia e sua importância em nossas vidas, são
muitas as razões pelas quais estudamos sociologia, vivemos num mundo cada vez
mais globalizado e somos diariamente bombardeados por informações que precisam
de nosso conhecimento, compreensão, analise e fundamentação. Já me perguntaram
por que estudar Sociologia, motivos não faltam.
Inicialmente, a sociologia busca compreender a
estrutura, as dinâmicas e os processos sociais que moldam nossas vidas. Ela nos
ajuda a compreender como as instituições sociais, como a família, a educação, a
economia e a política, funcionam e como elas afetam os indivíduos e grupos.
- Ela se dedica a estudar as desigualdades sociais,
incluindo aquelas relacionadas à classe social, gênero, raça, etnia, orientação
sexual e outros fatores. Ela fornece uma perspectiva crítica sobre as
disparidades e injustiças existentes na sociedade, buscando promover uma maior
igualdade e justiça social.
- Ajuda a entender fenômenos sociais complexos,
como globalização, urbanização, movimentos sociais, migração, transformações
tecnológicas, mudanças culturais e outros processos que moldam nossas
sociedades contemporâneas.
- A pesquisa sociológica fornece insights valiosos
para a formulação de políticas públicas eficazes. Por meio do estudo dos
problemas sociais, da análise das necessidades das comunidades e da compreensão
das consequências de políticas específicas, a sociologia pode contribuir para a
tomada de decisões informadas e para a implementação de políticas mais justas e
equitativas.
- Ajuda a refletir sobre identidades individuais e
coletivas, como elas são construídas e como influenciam nossas experiências
sociais. Ela nos permite compreender a diversidade cultural, os processos de
formação de identidades e a importância do reconhecimento e respeito à
pluralidade de perspectivas e vivências.
- Por fim, a sociologia permite analisar as
mudanças sociais e os desafios que enfrentamos em um mundo em constante
transformação. Ela nos ajuda a entender as implicações sociais de avanços
tecnológicos, mudanças econômicas, crises ambientais, movimentos sociais
emergentes e outros fenômenos que moldam nosso futuro coletivo.
Esses são apenas alguns aspectos que destacam a
importância contínua da sociologia na compreensão e enfrentamento dos desafios
sociais e na promoção de uma sociedade mais justa e inclusiva. A sociologia nos
ajuda a desenvolver uma consciência crítica, questionar o status quo e buscar
uma compreensão mais profunda dos sistemas sociais nos quais estamos inseridos.
Sociologia
no Cotidiano
A sociologia do cotidiano é um ramo da sociologia
que se concentra no estudo das interações e práticas sociais que ocorrem no dia
a dia das pessoas. Ela busca compreender como as estruturas sociais, as normas
e os valores influenciam e moldam as atividades cotidianas dos indivíduos.
Essa abordagem sociológica considera que a vida
social não se restringe apenas a grandes eventos ou instituições, mas é
construída por meio das interações diárias, dos hábitos, das rotinas e das
práticas culturais que ocorrem nos espaços públicos e privados. Ela analisa
como as pessoas constroem significados, estabelecem relações sociais e negociam
suas identidades em contextos cotidianos.
A sociologia do cotidiano se baseia em teorias e
conceitos sociológicos, como a teoria da ação social de Max Weber, a teoria
interacionista de George Herbert Mead e a análise do simbólico de Erving
Goffman. Essas perspectivas teóricas fornecem ferramentas para compreender como
os indivíduos interpretam o mundo ao seu redor, como se relacionam com os
outros e como negociam suas identidades em situações cotidianas.
Alguns temas de pesquisa na sociologia do
cotidiano incluem a interação social em espaços públicos, as práticas de
consumo, os rituais e cerimônias, as relações familiares, o trabalho e a
construção de identidades sociais. Esses estudos podem revelar as formas como
as estruturas sociais, como gênero, classe social, etnia e idade, influenciam
as experiências cotidianas e as relações sociais.
Em suma, a sociologia do cotidiano busca entender
como as interações e práticas sociais ordinárias moldam a vida social,
contribuindo para uma compreensão mais completa das dinâmicas sociais e das
relações entre indivíduos e sociedade.
Análise do
simbólico de Erving Goffman
A análise do simbólico de Erving Goffman é uma
abordagem teórica desenvolvida pelo sociólogo canadense Erving Goffman (1922 –
1982), que se concentra no estudo das interações sociais e na maneira como os
indivíduos constroem significados e negociam suas identidades em situações
cotidianas. Goffman argumenta que as interações sociais são como performances
teatrais, em que os indivíduos desempenham papéis e utilizam símbolos para
transmitir informações e estabelecer relações com os outros.
Segundo Goffman, a interação social ocorre em
cenários específicos chamados de "frentes", que podem ser espaços
físicos, como uma sala de aula ou um escritório, ou espaços virtuais, como as
redes sociais. Nestas frentes, os indivíduos desempenham papéis sociais, como o
de professor, aluno, colega de trabalho, amigo, etc. Esses papéis são moldados
pelas expectativas sociais e pelas normas culturais, e os indivíduos devem
seguir certas regras para desempenhá-los adequadamente.
Goffman introduziu o conceito de "manutenção
da face" para descrever os esforços que os indivíduos fazem para preservar
uma imagem positiva de si mesmos durante as interações sociais. Ele argumenta
que as pessoas estão constantemente envolvidas em um processo de gestão de
impressões, tentando controlar a maneira como são percebidas pelos outros. Isso
envolve a apresentação de uma "fachada" social, que consiste nas
expressões faciais, linguagem corporal, vestimentas e outros sinais visíveis
que projetam uma imagem desejada.
Além disso, Goffman também destaca a importância
dos "significados compartilhados" na interação social. Ele argumenta
que os símbolos e os significados culturais desempenham um papel crucial na
comunicação e na construção de realidades sociais. Os indivíduos interpretam os
sinais e símbolos presentes na interação para atribuir significado às ações e
comportamentos dos outros. A compreensão compartilhada desses símbolos é
fundamental para a cooperação e para o estabelecimento de uma ordem social.
A análise do simbólico de Goffman tem sido
aplicada em várias áreas de estudo, como a sociologia da saúde, a sociologia da
educação, a sociologia do gênero e a sociologia das organizações. Sua abordagem
enfatiza a importância das interações sociais cotidianas na construção da
realidade social e destaca a agência dos indivíduos na construção de suas
identidades por meio de performances simbólicas.
A análise do simbólico de Erving Goffman enfatiza
a natureza performática da interação social, o papel dos símbolos na
comunicação e a importância da gestão de impressões na construção das
identidades sociais. Essa abordagem oferece uma perspectiva rica para
compreender as dinâmicas das interações sociais e a maneira como os indivíduos
se engajam na construção de significados compartilhados.
Erving Goffman não define uma lista específica de
símbolos em sua análise do simbólico. No entanto, ele enfatiza a importância
dos símbolos na comunicação e na construção de significados compartilhados
durante as interações sociais. Esses símbolos podem variar de acordo com o
contexto social e cultural, e sua interpretação depende da compreensão coletiva
entre os participantes da interação.
Alguns exemplos de símbolos que podem ser
relevantes na análise do simbólico de Goffman incluem:
- Expressões faciais: As expressões faciais, como
sorrisos, franzir a testa ou levantar uma sobrancelha, são símbolos que
comunicam emoções e atitudes. Esses sinais faciais podem ser usados para
expressar felicidade, raiva, surpresa, entre outros sentimentos, e desempenham
um papel importante na interação social.
- Linguagem corporal: A postura, gestos, movimentos
do corpo e a distância física entre os indivíduos são exemplos de símbolos não
verbais que transmitem mensagens e informações durante a interação. Por
exemplo, uma pessoa cruzando os braços pode indicar uma atitude defensiva ou de
fechamento, enquanto alguém se inclinando para frente pode demonstrar interesse
e envolvimento.
- Vestimentas e adereços: A maneira como as pessoas
se vestem e os acessórios que usam também podem ser símbolos que comunicam
informações sobre sua identidade, status social, filiação a grupos e valores
pessoais. A escolha de roupas formais ou informais, o estilo, as marcas e os
objetos que uma pessoa usa podem transmitir mensagens simbólicas sobre sua posição
na sociedade e seu pertencimento a determinados grupos.
- Espaço físico: A maneira como as pessoas ocupam e
organizam o espaço físico durante a interação também é um elemento simbólico
importante. Por exemplo, a posição de destaque em uma sala de reuniões pode
indicar autoridade ou poder, enquanto a escolha de sentar ao lado de alguém
pode sinalizar proximidade ou intimidade.
Os símbolos podem ser interpretados de maneira
diferente por diferentes indivíduos ou em diferentes contextos culturais. A análise
do simbólico de Goffman enfoca a negociação desses símbolos durante as
interações sociais e como eles contribuem para a construção de significados
compartilhados entre os participantes.
Erving Goffman, como sociólogo que desenvolveu a
análise do simbólico, não pôde abordar diretamente os símbolos atuais, já que
sua obra foi publicada principalmente nas décadas de 1950 e 1960. No entanto, a
análise do simbólico de Goffman continua sendo aplicada e adaptada por
pesquisadores contemporâneos para entender os símbolos e as práticas simbólicas
nas sociedades atuais.
Na sociedade atual, os símbolos e as práticas
simbólicas podem variar dependendo do contexto social, cultural e tecnológico.
Alguns exemplos de símbolos atuais que podem ser analisados dentro do quadro
teórico de Goffman incluem:
- Símbolos digitais: Com o advento da era digital
e das mídias sociais, surgiram novos símbolos e práticas simbólicas
relacionadas à comunicação online. Emojis, hashtags, memes e GIFs são exemplos
de símbolos digitais que as pessoas utilizam para expressar emoções,
identificar-se com comunidades específicas e comunicar mensagens rápidas e
concisas.
- Autoapresentação nas redes sociais: As redes
sociais desempenham um papel significativo na construção das identidades online.
As pessoas selecionam cuidadosamente as fotos, postagens, atualizações de
status e descrições de perfil para criar uma imagem desejada de si mesmas e
gerenciar a percepção dos outros. Essa autoapresentação nas redes sociais
envolve o uso de símbolos visuais, como fotos e vídeos, além de símbolos
textuais, como palavras e hashtags.
- Marcas e produtos: As marcas e os produtos
continuam a desempenhar um papel importante como símbolos na sociedade atual.
Roupas de grife, logotipos de marcas famosas e produtos icônicos podem
transmitir mensagens sobre status, estilo de vida, preferências e afiliações. O
consumo de determinadas marcas e produtos também pode servir como uma forma de
expressão simbólica e identidade social.
- Movimentos sociais e ativismo: Os símbolos
também são utilizados nos movimentos sociais e no ativismo contemporâneo como
formas de identificação e mobilização. Bandeiras, logotipos, cores e gestos
simbólicos são usados para representar causas, expressar solidariedade e chamar
a atenção para questões específicas.
Esses são apenas alguns exemplos de como os
símbolos e as práticas simbólicas continuam a desempenhar um papel importante
na sociedade atual. A análise do simbólico de Goffman pode ser aplicada para
compreender como esses símbolos são utilizados, interpretados e negociados nas
interações sociais contemporâneas. No entanto, é importante adaptar a análise
às mudanças sociais, culturais e tecnológicas que ocorreram desde a época em
que Goffman desenvolveu sua teoria.
Erving Goffman é considerado um dos principais
sociólogos do século XX, e sua obra continua sendo relevante e influente na
sociologia contemporânea. Embora tenha sido publicada principalmente nas
décadas de 1950 e 1960, suas ideias e conceitos ainda são amplamente estudados,
debatidos e aplicados atualmente.
A análise do simbólico de Goffman, em particular, é
uma abordagem teórica que continua sendo aplicada em diversos campos da
sociologia, como sociologia da interação, sociologia da comunicação, sociologia
da cultura e sociologia das emoções. Sua ênfase nas interações sociais
cotidianas, na performance social, na gestão de impressões e na construção de
identidades permanece relevante para compreender as dinâmicas sociais
contemporâneas.
Além disso, a obra de Goffman também oferece
insights valiosos para a compreensão das mídias sociais, da sociedade digital e
das novas formas de interação social que surgiram com a tecnologia.
Pesquisadores têm adaptado e aplicado os conceitos de Goffman para analisar a
construção de identidades online, a apresentação de si mesmo nas redes sociais,
as interações virtuais e as práticas simbólicas no ambiente digital.
Embora Goffman não tenha abordado diretamente os
desenvolvimentos mais recentes da sociedade, suas teorias e conceitos
fundamentais continuam sendo uma referência importante para analisar as
dinâmicas sociais contemporâneas. Os sociólogos ainda se baseiam em suas
contribuições teóricas para entender a vida social e as interações humanas.
Portanto, pode-se dizer que Goffman é considerado um autor clássico cujas
ideias permanecem relevantes e aplicáveis no contexto atual da sociologia.
Goffman tem varia obras publicadas: A Representação
do Eu na vida cotidiana; Manicômios, Prisões e Conventos; Estigma: Notas sobre
a manipulação da identidade deteriorada; Os Quadros da Experiência Social: Uma
Perspectiva de analise entre outros.
O livro “Estigma: Notas sobre a
manipulação da identidade deteriorada” é relevante e atual
Vivemos numa sociedade que luta contra os diversos
tipos de preconceitos e estigmas, vez por outra nos vemos diante de notícias
que nos deixam atônitos, para entendermos melhor do que se trata o estigma
social, é preciso entender o sofrimento do estigmatizado, a dor é emocional e
psicológica experimentada por pessoas que são estigmatizadas ou marginalizadas
devido a certas características, comportamentos ou identidades que são
percebidas como diferentes, inferiores ou socialmente inaceitáveis pela
sociedade em geral.
Erving Goffman escreveu e publicou em 1963, o livro "Estigma: Notas sobre a manipulação da identidade
deteriorada", escrito por, ele é pedagógico e continua sendo relevante
e atual. Nesta obra, Goffman analisa o conceito de estigma social e examina
como a sociedade lida com pessoas que possuem características ou identidades
consideradas desviantes ou negativamente estigmatizadas.
O conceito de estigma, como definido por Goffman,
refere-se a um atributo pessoal que é profundamente desvalorizado e leva à
desqualificação social. Ele aborda diferentes formas de estigma, como estigma
físico (deficiências, deformidades), estigma moral (comportamentos considerados
moralmente condenáveis) e estigma tribal (pertencer a um grupo estigmatizado).
A análise de Goffman sobre o estigma continua sendo
relevante para a compreensão de como as pessoas são estigmatizadas e
marginalizadas em várias esferas da vida social, como o emprego, a educação, o
sistema de justiça criminal e os relacionamentos pessoais. O estigma pode ter
impactos significativos na vida das pessoas, afetando sua autoestima,
oportunidades de vida e interações sociais.
Além disso, o livro de Goffman destaca como os
indivíduos estigmatizados gerenciam sua identidade e lidam com as percepções
negativas que a sociedade tem sobre eles. Ele explora estratégias de
gerenciamento de impressões, como a criação de fachadas para esconder ou
minimizar o estigma, ou a busca por espaços e grupos onde possam encontrar
apoio e aceitação.
O conceito de estigma continua sendo aplicado em
diversas áreas da sociologia contemporânea, como estudos sobre preconceito e
discriminação, estudos de gênero, estudos sobre saúde mental, estudos de
deficiência e estudos de minorias. O livro de Goffman fornece uma base teórica
para entender as dinâmicas do estigma e sua influência nas interações sociais e
na vida das pessoas estigmatizadas.
Embora tenha sido escrito há várias décadas, o
trabalho de Goffman sobre o estigma ainda é considerado uma leitura fundamental
para entender os processos de estigmatização na sociedade atual e as
consequências para aqueles que são estigmatizados.
Erving Goffman não especificou uma lista
específica de estigmas em seu livro "Estigma", publicado em 1963. No
entanto, o conceito de estigma que ele discute pode ser aplicado a uma ampla
gama de características ou identidades que são socialmente desvalorizadas ou
desqualificadas em contextos contemporâneos, como por exemplo temos os estigmas
atuais que incluem:
- Estigma relacionado à saúde mental: Pessoas que
lidam com transtornos mentais, como depressão, ansiedade, esquizofrenia,
transtornos alimentares ou vícios, podem enfrentar estigmas e discriminação,
resultando em marginalização social e dificuldades em buscar tratamento
adequado.
- Estigma relacionado à orientação sexual e
identidade de gênero: Indivíduos que são lésbicas, gays, bissexuais,
transgêneros ou que possuem identidades de gênero não conformes podem enfrentar
estigmas e preconceitos, levando a formas de exclusão social, discriminação e
violência.
- Estigma relacionado à aparência física: Pessoas
que não se enquadram nos padrões de beleza socialmente aceitos podem ser
estigmatizadas com base em sua aparência, peso, altura, cor da pele, cicatrizes
ou características físicas diferentes, enfrentando discriminação e exclusão.
- Estigma relacionado a doenças e deficiências:
Indivíduos que vivem com doenças crônicas, deficiências físicas ou mentais
podem ser estigmatizados, encontrando barreiras no acesso a oportunidades
educacionais, emprego, serviços de saúde e inclusão social.
- Estigma racial e étnico: Pessoas pertencentes a
grupos raciais ou étnicos minoritários podem enfrentar estigmas, preconceitos e
discriminação sistêmica com base em sua origem racial ou étnica, limitando suas
oportunidades e experiências de vida.
- Estigma relacionado ao vício: Indivíduos que
lutam contra o vício em substâncias, como drogas ilícitas ou álcool, muitas
vezes enfrentam estigmas que podem dificultar o acesso ao tratamento adequado,
apoio social e reintegração na sociedade.
Esses são apenas alguns exemplos de estigmas
atuais que as pessoas podem enfrentar. É importante ressaltar que os estigmas
podem variar em diferentes contextos sociais, culturais e geográficos. A
compreensão e a análise dos estigmas atuais exigem um exame cuidadoso dos
contextos específicos em que ocorrem e das consequências sociais, emocionais e
econômicas que eles podem impor sobre aqueles que são estigmatizados.
Então fica aí a sugestão de leitura para entender um
pouco do pensamento de Erving Goffman:
-
Resumo do livro: Estigma: Notas sobre a
Manipulação da Identidade Deteriorada, o resumo do livro é o seguinte:
Estigma, marca ou
impressão, desde os gregos emprega-se como indicativo de uma degenerescência:
os estigmas do mal, da loucura, da doença. Na Antiguidade Clássica, através do
estigma, procurava-se tornar visível qualquer coisa de extraordinário, mau,
sobre o status de quem o apresentasse. O estigma "avisava" a
existência de um escravo, de um criminoso, de uma pessoa cujo contato deveria
ser evitado.
Na Era Cristã,
dois níveis foram acrescentados à metáfora do estigma: num, de natureza sagrada,
o estigma era sinal corporal de graça divina; no outro, era uma alusão médica
de distúrbio físico. Com o desenvolvimento dos estudos de patologia social, a
palavra voltou a ser conotada à degradação. Fez-se esse retorno ao sentido
condenatório do termo, mas não se procedeu ao estudo ou mesmo à simples
descrição das precondições estruturais do estigma, nem se cuidou de precisar o
conceito. Tomou-se o estigmatizado como protótipo do banido social, banido por
exclusiva culpa sua. Ao defini-lo, penalizaram-no, colocando-o à margem da
sociedade. Nesse incessante forjar de proscritos, não se cuidou sequer de
perguntar, por exemplo, quem verdadeiramente é o marginal: o estigmatizado que
a sociedade marginaliza ou a própria sociedade.
Este
impressionante, veemente e lúcido livro reexamina os conceitos de estigma e
identidade social, o alinhamento grupal e a identidade pessoal, o eu e o outro,
o controle da informação, os desvios e o comportamento desviante, detendo-se em
todos os aspectos da situação da pessoa estigmatizada: dos boêmios aos
delinquentes, das prostitutas aos músicos de jazz, dos ciganos aos malandros de
praia, do mendigo a quantos são considerados "engajados numa espécie de
negação coletiva da ordem social", os que integram a "comunidade dos
estigmatizados", todos têm, neste livro, sua imagem humanamente explicada
à luz da antropologia social.
Fonte:
Goffman, Erving: Estigma: Notas sobre a Manipulação
da Identidade Deteriorada; Editora LTC;
4ª edição (7 janeiro 2021)