Sabe aquele momento em que você se vê voltando para o mesmo ponto, mesmo depois de tantas voltas? Talvez seja um relacionamento que insiste em reaparecer, um erro que se repete ou aquela sensação incômoda de que a vida está girando em círculos. Mas e se, em vez de círculos, estivéssemos em espirais? Se os retornos não fossem simples repetições, mas movimentos que nos levam a uma nova camada da experiência?
A
insistência da vida em nos fazer reviver certas situações não é apenas um acaso
teimoso. Pode ser um mecanismo oculto, uma forma de aprendizado que só
percebemos quando olhamos para trás. Friedrich Nietzsche chamaria isso de
eterno retorno, uma ideia assustadora e libertadora ao mesmo tempo: viveríamos
tudo de novo, exatamente do mesmo jeito, repetindo cada escolha, cada erro,
cada acerto. Mas se há repetição, há também a oportunidade de olhar diferente,
de fazer diferente.
O
Labirinto que Nos Ensina
Imagine
um labirinto onde você segue por um corredor e chega a um beco sem saída. Você
volta, escolhe outro caminho e, adivinhe, mais um beco sem saída. Mas, ao
retornar, algo mudou: agora você carrega o conhecimento dos caminhos errados.
Não é a mesma experiência de antes, porque você não é o mesmo. A insistência do
erro pode ser, na verdade, um convite ao entendimento.
Na
vida prática, quantas vezes tentamos insistir em algo — um projeto, uma
relação, um sonho — e fracassamos? Pode parecer perda de tempo, mas e se
estivermos apenas afinando a sintonia? Sri Ram, pensador da tradição teosófica,
dizia que a verdadeira transformação vem do reconhecimento da repetição. Não
basta errar diferente, é preciso compreender o padrão.
Insistência
ou Destino?
Muitos
enxergam os retornos como sina, como um roteiro já escrito. Mas há também a
visão de que, a cada repetição, moldamos um futuro distinto. A questão é:
estamos insistindo por teimosia ou por intuição? O perigo está em confundir
persistência com cegueira. Talvez seja essa a sabedoria dos retornos: eles
testam nossa capacidade de enxergar o que antes ignorávamos.
Se
tudo retorna, se insistimos nos mesmos passos, o que realmente está mudando?
Talvez a resposta esteja menos no caminho e mais em quem o percorre.