Acordei com uma sensação de urgência, como se o dia fosse um balde transbordando de compromissos. A primeira coisa que fiz foi checar meus e-mails enquanto tomava um gole de café, já morno. Entre reuniões, prazos e mensagens, a palavra "equilíbrio" parecia um luxo distante. E foi justamente essa ausência de equilíbrio que me fez pensar na importância da proporção e moderação no nosso dia a dia.
A Comida no Prato
Quem nunca passou por isso? Olhos maiores que a
barriga. No buffet a quilo, aquela tentação de colocar um pouco de tudo no
prato, misturando sabores e texturas que acabam competindo entre si. Em vez de
uma refeição prazerosa, temos uma bagunça no prato e, frequentemente, uma
sensação de peso e arrependimento depois. Aristóteles, o filósofo grego, já
falava sobre a “justa medida” ou “mesótes”, defendendo que a virtude está no
meio-termo entre dois extremos. No caso do nosso prato de comida, moderação é a
chave para apreciar verdadeiramente os sabores e sair satisfeito.
O Tempo Dedicado ao Trabalho
Vivemos numa sociedade que muitas vezes glorifica o
excesso de trabalho. As longas horas no escritório são vistas como um sinal de
dedicação, mas frequentemente levam ao esgotamento. Eu, por exemplo, passei
várias noites tentando terminar um projeto, apenas para descobrir que meu
desempenho caía drasticamente conforme a noite avançava. Bertrand Russell,
filósofo britânico, dizia que “o trabalho é apenas uma parte da vida e não o
seu propósito final”. Moderação no trabalho significa também reservar tempo para
lazer, descanso e outras atividades que nos trazem alegria e completude.
Redes Sociais
Quantas vezes pegamos o celular “só para dar uma
olhadinha” e, quando percebemos, já passaram horas rolando o feed? A sensação
de estar conectado a tudo e todos pode ser viciante, mas também nos rouba
momentos preciosos do mundo real. Sêneca, o estoico, alertava sobre o uso
sensato do tempo, afirmando que muitas vezes gastamos nosso tempo de forma
irresponsável. Moderar o uso das redes sociais nos permite viver mais
plenamente o presente, sem a constante distração do virtual.
Comentário de um Filósofo Budista
Para complementar essas ideias, podemos recorrer
aos ensinamentos do Budismo, onde a prática da moderação é fundamental. Thich
Nhat Hanh, monge zen-budista vietnamita, ensina a importância da plena
consciência e do equilíbrio em todas as ações. Ele afirma: “A paz está presente
aqui e agora, em nós mesmos e em tudo o que fazemos e vemos. A questão é se
estamos ou não em contato com ela.” Para Thich Nhat Hanh, a prática da
moderação é um caminho para estar em contato com essa paz interior, evitando os
extremos que nos afastam de nós mesmos.
Encontrando o Equilíbrio
Proporção e moderação não são sobre renunciar às
coisas que gostamos, mas sim sobre encontrar um equilíbrio que nos permita
apreciá-las sem excessos. Seja no prato de comida, nas horas de trabalho ou no
uso das redes sociais, a chave está em reconhecer nossos limites e agir com
consciência. Afinal, como disse Aristóteles, "a virtude está no
meio-termo". E talvez seja nesse meio-termo que encontraremos a verdadeira
satisfação e harmonia em nossas vidas.
Assim, da próxima vez que me deparar com um buffet
a quilo ou uma longa lista de e-mails, vou tentar lembrar das palavras dos
filósofos e buscar a justa medida. Quem sabe assim, entre um café morno e
outro, eu encontre o equilíbrio que tanto procuro.
Incorporando os ensinamentos de Thich Nhat Hanh e
outros pensadores, podemos perceber que a moderação não é uma limitação, mas
uma forma de viver plenamente. A arte de encontrar o equilíbrio no cotidiano é
um exercício contínuo, mas que traz recompensas duradouras. Seja na
alimentação, no trabalho ou nas redes sociais, a moderação nos permite
aproveitar o melhor de cada momento, sem cair nos excessos que nos desvirtuam
da verdadeira paz e felicidade.