Quando me perguntam aonde vou, muitas vezes respondo que vou ao mundo, como se estivesse saindo sem destino (mesmo sabendo onde estou me dirigindo), digo isto mais como uma forma de provocação para comentários para em seguida achar graça, sempre gostei de pensar que a brincadeira provocasse alguma reação, e geralmente provoca...
Ir
ao mundo é um chamado que ecoa nas profundezas da nossa alma, uma espécie de
convite silencioso para sair do conhecido e abraçar o desconhecido. É mais do
que apenas explorar novos lugares; é sobre abrir-se para a vida em toda a sua
vastidão e complexidade. Cada passo fora da nossa zona de conforto é uma
oportunidade para crescer, aprender e descobrir aspectos de nós mesmos que
jamais imaginávamos existir. Ir ao mundo é um ato de coragem e curiosidade, uma
dança entre o familiar e o novo, onde nos permitimos ser moldados pela
experiência, e, ao mesmo tempo, moldar o nosso próprio caminho. Nesse
movimento, encontramos o verdadeiro sentido de viver, onde cada momento se
torna uma chance de expandir os horizontes do nosso ser.
"Ir
ao mundo" é uma expressão que evoca a ideia de sair da própria bolha, das
zonas de conforto, para enfrentar e explorar o que está além do que já
conhecemos. Esse movimento é, ao mesmo tempo, uma jornada externa e interna.
Sair para o mundo envolve se deparar com novas culturas, ideias, desafios, e,
inevitavelmente, com partes de nós mesmos que estavam dormentes ou
inexploradas.
A
sensação de poder ir ao mundo carrega consigo um espírito de liberdade que é
quase palpável. É aquela sensação de que o mundo está aberto para você, de que
não há correntes segurando seus passos. Quando nos damos conta de que podemos
ir além dos nossos limites, seja embarcando em uma viagem ou simplesmente
mudando a forma como encaramos a vida, sentimos um sopro de liberdade no peito.
É como abrir uma janela em um quarto abafado, deixando o ar fresco entrar. Ir
ao mundo, então, se torna uma afirmação de que somos donos das nossas escolhas,
de que podemos explorar, aprender e ser quem quisermos. E isso, mais do que
qualquer outra coisa, é viver com liberdade na alma.
Ir
ao mundo é também uma forma de testar nossas crenças e valores, de confrontar o
desconhecido, e de aprender com ele. Ao nos lançarmos nessa aventura, nos
colocamos à prova, permitimos que o novo nos transforme e, por fim, retornamos
diferentes, com uma bagagem que vai muito além do que é físico. Voltamos ao
nosso núcleo, mas enriquecidos por uma visão mais ampla, por uma compreensão
mais profunda da vida e de nós mesmos.
Mas,
ir ao mundo também pode ser um movimento sutil, que não requer grandes viagens
ou mudanças de ambiente. Pode ser a decisão de se engajar em uma conversa
difícil, de se envolver em um projeto novo, ou de se permitir sentir e pensar
de maneiras que antes evitávamos. É a vontade de crescer, de expandir a própria
experiência, mesmo que seja dentro dos limites do que já é familiar.
Essa
ideia pode nos lembrar da caverna de Platão, onde os prisioneiros, ao verem
apenas sombras na parede, acreditam que aquilo é o mundo real. Ir ao mundo,
nesse sentido, é sair da caverna, confrontar a luz, e lidar com a realidade em
toda a sua complexidade, o que pode ser assustador, mas também profundamente
libertador. E talvez, ir ao mundo seja menos sobre o lugar para onde vamos e
mais sobre a abertura de espírito com a qual escolhemos viver, permitindo que
cada experiência, por menor que seja, nos ensine algo novo sobre a vastidão que
existe, tanto dentro quanto fora de nós.