Pesquisar este blog

Mostrando postagens com marcador alma. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador alma. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 18 de junho de 2025

Hipérbato

 

Vamos falar de quando a língua pensa diferente de nós!

Sabe aquele momento em que a gente atropela a fala? Quando a frase sai torta, fora de ordem, e depois já era — porque palavra dita é como pedra atirada: impossível voltar atrás. O que sobra é o ouvinte tentando entender aquele som estranho, como quem monta um quebra-cabeça no ar. Isso acontece porque a língua, de vez em quando, resolve andar de lado, fazer um caminho esquisito — e nasce o tal do hipérbato: essa mania velha da linguagem de embaralhar a ordem das palavras. "De saudade morreu o velho marinheiro" — e não "O velho marinheiro morreu de saudade". Por que falar assim?

Não é só truque de poeta, nem preciosismo de livro antigo. O hipérbato revela algo do nosso próprio pensamento: esse jeito meio embolado, meio torto, de sentir antes de organizar, de querer dizer muita coisa ao mesmo tempo — como quem tropeça nas próprias ideias. Linguistas, psicólogos e até filósofos deram atenção a esse fenômeno. Talvez porque nele mora um segredo bonito: o de que nem sempre pensamos em linha reta.

Vamos tentar entender por que, às vezes, a fala pula etapas — e o que isso diz da nossa mente.

Hipérbato: quando a língua pensa diferente de nós

Às vezes alguém fala de um jeito estranho — e o ouvinte estranha também: "Por que ele fala assim?". É o efeito do hipérbato, essa figura de linguagem que desloca a ordem natural das palavras e, de algum modo misterioso, nos prende a atenção. "Grande é o mistério da vida" — e não "O mistério da vida é grande". Por quê? Porque quem fala assim quer que o “grande” venha primeiro no pensamento, mesmo que venha depois no dicionário.

O nome vem do grego: hyperbaton, que quer dizer "transposição". Desde a Antiguidade já se percebia esse prazer de mexer na ordem das coisas para que o pensamento ganhasse ritmo, surpresa ou impacto. Camões fazia isso. Machado de Assis fazia isso. E, sem perceber, o garçom que diz "A mesa três já pagou, ela" também faz — porque algo no cérebro pede esse "desarranjo" para tornar a fala mais expressiva.

Mas há mais aqui do que estilo. Há um funcionamento mental sendo revelado. Como explica Roman Jakobson, linguista russo que aproximou poesia e linguagem cotidiana, toda fala humana oscila entre duas forças: a da seleção (escolher palavras) e a da combinação (colocar palavras em ordem). O hipérbato brinca com essa segunda força — ele mistura o eixo do tempo e o eixo do espaço na frase. O que devia vir depois vem antes, e vice-versa. É uma microdesordem que gera significado novo.

Do lado da psicologia, isso também se explica. O cérebro adora padrões previsíveis — sujeito, verbo, objeto — porque gastam menos energia. Quando o padrão é quebrado, há uma microtensão cognitiva: o ouvinte "acorda", precisa reorganizar o sentido da frase. É como se o hipérbato dissesse: "Ei, preste atenção. Não é uma frase qualquer". William James, o grande psicólogo da atenção, já dizia: só percebemos o que varia; o resto escapa à consciência.

Lacan daria um sorriso: para ele, o inconsciente é estruturado como uma linguagem, mas não qualquer linguagem — uma linguagem de deslocamentos, condensações, rupturas de ordem. O hipérbato, nesse sentido, é uma brecha onde o inconsciente vaza na fala cotidiana. Quando alguém diz "Feliz, ele não era" está dizendo mais do que a gramática permite — está dizendo também o modo torto e pulsante como o desejo se organiza.

Maurice Merleau-Ponty, filósofo da percepção, talvez acrescentasse: essa inversão é também corporal. O hipérbato desloca o corpo da frase, quebra sua linearidade, como um movimento inesperado no espaço. Por isso o leitor ou o ouvinte sente fisicamente a diferença — uma torção da língua que ecoa no corpo que escuta.

E tem ainda o lado da memória. Os poetas antigos sabiam: o que quebra a ordem fica mais fácil de lembrar. “Inocente é quem não tem culpa”, dizia a poesia latina — e o jogo da inversão fixava a ideia na mente. Publicitários fazem o mesmo hoje: "Porque você merece" soa mais impactante do que "Porque merece você". A inversão gruda no ouvido.

Talvez por isso o hipérbato nunca desapareça, mesmo nas falas banais: ele é um modo de marcar a palavra com intenção, emoção, singularidade. Quem fala assim não só informa — sugere, insinua, provoca.

No fim das contas, é como se a própria língua quisesse pensar diferente de nós. Ou melhor: como se nossa alma, ao falar, não suportasse ser tão direta quanto a lógica exige. Ela se curva, gira, troca de lugar — porque as ideias também chegam tortas, desencontradas, vivas.

Como dizia o velho Fernando Pessoa:

"Tudo é disperso, tudo é variação..."

Até a ordem das palavras. E talvez seja justamente nisso que mora o sentido mais verdadeiro da fala humana: no inesperado lugar onde a linguagem e o pensamento se cruzam — e tropeçam — um no outro.

quinta-feira, 12 de junho de 2025

O Banquete

O amor não pede licença!

Este ensaio tem como base a obra O Banquete de Platão, escrita no século IV a.C., na qual diversos personagens — entre eles Sócrates, Aristófanes e Agatão — se reúnem para discursar sobre a natureza do amor (Eros). O texto, estruturado como um diálogo filosófico e literário, explora diferentes concepções de amor, desde o desejo físico até a contemplação do Belo absoluto, sendo uma das mais influentes reflexões da tradição ocidental sobre o tema.

Tem gente que acha que falar de amor é coisa de poeta meloso ou de livro de autoajuda de aeroporto. Mas basta um encontro casual no metrô, uma mensagem não respondida, ou aquele silêncio constrangedor no jantar para percebermos: o amor é uma força estranha que atravessa tudo — inclusive quem não quer papo com ele. E é justamente por essa força indomável que O Banquete, de Platão, continua a ser um texto desconcertante. Lá estão Sócrates, Aristófanes, Fedro, Agatão e companhia, cada um tentando definir o tal Eros como quem tenta agarrar vento com as mãos.

Mas talvez o maior erro de leitura seja encarar O Banquete como um tratado sobre o amor apenas entre corpos ou entre almas. O texto é também sobre outra coisa: o impulso que nos arranca do lugar em que estamos e nos faz querer o que não temos. Não importa o objeto — beleza, sabedoria, eternidade ou poder —, amar é sempre uma falta. Um furo no tecido do real. Um buraco que nem mesmo os deuses escapam de sentir.

Aristófanes, com seu mito dos andróginos partidos, aposta numa visão engraçada e melancólica: éramos inteiros, fomos divididos, e agora vagamos incompletos atrás de nossa outra metade. Uma visão romântica que ainda alimenta aplicativos de namoro, filmes da Sessão da Tarde e promessas de “alma gêmea”. Mas há algo de trágico nisso: quem garante que vamos mesmo encontrar esse pedaço perdido? E se formos condenados a desejar para sempre?

Aí entra Sócrates, com sua cara de quem sabe algo que não diz. Ele fala de uma outra forma de amor, passada para ele por Diotima: o Eros que começa no corpo, mas não para nele; que escala degrau por degrau até o amor das ideias puras, da Beleza em si. Uma pirâmide de desejo que, no topo, esquece o cheiro da pele, o calor do toque, o suor do abraço. Um amor que deixa o humano para se dissolver no divino. Bonito? Sim. Satisfatório? Nem tanto.

Aqui um em tempo para falar de Diotima: Diotima de Mantineia foi uma sacerdotisa e filósofa grega antiga, conhecida por sua influência no pensamento de Sócrates, especialmente em relação ao amor. Ela é apresentada no diálogo "Banquete" de Platão, onde Sócrates a descreve como sua mentora e ensinadora sobre o amor (Eros). 

Prosseguindo. E se O Banquete for, no fundo, uma confissão de que amar é impossível de resolver? De que não há saída justa entre o corpo e o espírito, entre o desejo que quer possuir e o ideal que quer contemplar? Talvez por isso o texto termine como termina: com Alcibíades bêbado invadindo a festa e bagunçando o jogo filosófico com sua paixão descontrolada por Sócrates. Um lembrete incômodo: a carne não deixa ninguém subir a escada de Diotima sem antes puxar pelos calcanhares.

O amor, no fundo, é uma contradição ambulante. É impulso vital e desordem. É aspiração à imortalidade e consciência dolorida da nossa finitude. Quer eternizar, mas não dura. Quer possuir, mas foge. É por isso que O Banquete segue vivo: porque não entrega uma resposta, e sim um campo de tensão onde cada leitor — como cada amante — precisa se virar.

Talvez o verdadeiro banquete do amor seja isso: um prato que nunca se esvazia, mas também nunca se saboreia por inteiro. E quem tenta dar conta dele, como Platão, Sócrates ou a gente aqui, acaba sempre saindo da mesa com fome.

O amor em tempos de scroll: Platão no século XXI

Se Platão ressuscitasse hoje e pegasse um celular na mão, talvez levasse um susto. Nunca houve tanta gente tentando amar ao mesmo tempo: Tinder, Hinge, Bumble, Instagram. E mesmo assim, nunca se falou tanto de solidão. O paradoxo platônico continua: o desejo aproxima, mas nunca sacia. Seguimos os mesmos andróginos partidos de Aristófanes, só que agora deslizando perfis com o polegar em vez de vagar pelas praças de Atenas.

O amor no trabalho? Também ali mora um Eros disfarçado. O desejo por reconhecimento, promoção, sentido. Não é à toa que tanta gente se diz "apaixonada pelo que faz" ou "casada com a carreira". Mas essa paixão também carrega o risco platônico: quanto mais desejamos esse ideal — sucesso, realização —, mais percebemos o abismo entre o real e o imaginado. A escada de Diotima existe aqui também: começamos com o salário, depois o cargo, depois o status... até que vem a dúvida: para onde tudo isso leva? Qual o Belo por trás dessa luta diária?

E a amizade? No Banquete, Fedro sugere que o amor inspira coragem nos guerreiros — talvez hoje ele diria: nas amizades reais, longe do like fácil. Porque amigo de verdade não é quem só confirma o que você posta; é quem te lembra de quem você é quando você mesmo esquece. Amar um amigo é um Eros lateral, discreto, mas essencial. Como um fio que segura a alma em dias de tempestade.

Mas o ponto mais inquietante é este: Platão talvez suspeitasse que, no fundo, o amor é um jogo que nos engana para nos manter vivos. Diotima diz: Eros não é deus, é demônio — intermediário entre o mortal e o imortal. Ou seja: o amor é ponte, não destino. Nunca paramos nele, sempre passamos por ele querendo outra coisa. Isso serve para o romance, para a arte, para o trabalho, para a política. Tudo é desejo de algo que nunca se alcança por completo.

Talvez seja essa a lição escondida no Banquete: aceitar o amor como falta, como impulso criativo que nos obriga a inventar sentido onde ele não existe pronto. Um convite à imaginação, não à satisfação.

Por isso, quem ama demais uma resposta (seja um par perfeito, um cargo ideal ou uma amizade sem falhas) corre o risco de perder o melhor da festa: o próprio banquete da procura.

E assim Platão — sem saber — já falava de nós: esses seres inquietos de 2025, com o coração cheio de abas abertas, sonhando com completude entre uma notificação e outra.

Último gole: Platão encontra Byung-Chul Han

O filósofo sul-coreano Byung-Chul Han diria que vivemos hoje não a era do amor platônico, mas a do desempenho: um tempo em que até amar virou tarefa de alta performance. Vender-se bem nos aplicativos, performar felicidade no Instagram, ser desejável, interessante, produtivo — até no campo afetivo. Eros virou um coach cansativo.

Mas o amor verdadeiro, lembra Han em A Agonia do Eros, é encontro com o Outro real, não com o espelho do mesmo. Algo que rasga a bolha da autoimagem e nos põe em risco. Como Alcibíades invadindo a festa de Sócrates: bagunçando o roteiro perfeito, derrubando a taça, fazendo a filosofia tropeçar.

Talvez seja este o aviso escondido em O Banquete, atravessando os séculos: amar é perder o controle. E, quem sabe, é aí — nesse tropeço, nessa falta, nesse inacabamento — que a vida se faz de verdade.


domingo, 20 de abril de 2025

Sublime e Belo

 

Quando o feio arrepia e o bonito não basta

Outro dia, no meio de um engarrafamento, o céu ficou de um roxo esverdeado, com nuvens espessas e rasgadas, como se algo do além estivesse prestes a acontecer. As buzinas não importavam mais. Durante aqueles segundos, o mundo parou. Não porque era belo, mas porque era intenso. Aquilo era o sublime, me dei conta depois. Uma força quase violenta, que nos tira o chão e faz o coração se comportar como se estivesse diante do fim – ou de Deus.

A estética, esse ramo da filosofia que trata da sensibilidade, sempre teve uma quedinha por classificar o mundo em bonito e feio. Mas entre essas categorias, há uma fenda antiga, um abismo onde o pensamento cai e treme: é o sublime.

O belo: harmonia que conforta

O belo, segundo a tradição clássica, é aquilo que agrada sem surpresa. Tem simetria, proporção, medida. Aristóteles e Platão já discutiam o belo como um reflexo da ordem ideal. O rosto simétrico, a música com acordes esperados, a paisagem bucólica com vaquinhas no campo. O belo reconcilia, organiza, dá um certo alívio à existência. A arte bela é aquela que a gente consegue pôr numa moldura e pendurar na sala.

Kant diria que o belo é o que agrada universalmente sem conceito. Ou seja, você não precisa explicar por que uma flor é bonita – você simplesmente sente. E nesse sentir há uma paz, uma suspensão temporária do conflito interno. O belo nos lembra que há uma lógica possível para a vida.

O sublime: quando o sensível nos excede

Mas aí vem o sublime, esse intruso na festa do belo. Kant também falou dele, mas com outro tom. O sublime não é o que agrada, é o que abala. Montanhas gigantescas, tempestades em alto-mar, uma catedral gótica com vitrais que parecem estourar o teto. O sublime é o que excede a nossa capacidade de apreensão imediata. É o sentimento de pequenez diante de algo que nos atravessa.

E antes de Kant, quem deu um empurrão definitivo nessa distinção foi Edmund Burke, no seu tratado "Investigação filosófica sobre a origem de nossas ideias do sublime e do belo" (1757). Para Burke, o belo está ligado ao amor, à delicadeza e à harmonia. Já o sublime está ligado ao medo – principalmente o medo do poder, da dor e da morte. Mas é um medo que encanta. O sublime, segundo ele, surge quando somos tomados por uma sensação de ameaça distante, segura o bastante para que a gente sinta prazer no pavor. Burke foi ousado ao afirmar que o que realmente nos arrebata não é o que nos agrada, mas o que nos amedronta e nos deixa sem palavras.

O sublime moderno: cinema, ruínas e explosões

Hoje, o sublime se esconde onde menos se espera. Um filme como 2001: Uma Odisseia no Espaço nos lança nessa vertigem estética. Há momentos em que não entendemos nada e, ainda assim, ficamos hipnotizados. A explosão de uma estrela em imagens da NASA, um terremoto, ou mesmo uma cena de rua capturada por um fotógrafo anônimo – tudo isso pode carregar uma força sublime.

As ruínas de uma cidade abandonada também são sublimes: mostram que o tempo vence, que o que achamos sólido é frágil. Há algo de sublime também no silêncio diante da morte, naquela angústia sem resposta. O sublime nos obriga a sair do script.

Filosofia e vida: por que precisamos dos dois?

A estética do sublime nos salva da normose – essa doença do normal que anestesia a alma. Já o belo nos oferece o necessário descanso depois do abalo. Uma vida apenas bela se torna entediante; uma vida apenas sublime seria insuportável.

Nietzsche, embora não usasse esses termos com frequência, provavelmente simpatizaria mais com o sublime. Ele falava da necessidade do caos para gerar uma estrela dançante. Já Simone Weil, em outro registro, diria que o sofrimento (e, com ele, o sublime) nos coloca em contato com o real – aquele que não pode ser decorado com florzinhas.

Então, no fim das contas, talvez a vida seja isso: um passeio entre o espanto e o encanto. Entre o que nos reconforta e o que nos desestabiliza. O sublime nos lembra da grandeza que nos escapa; o belo, da beleza que nos habita. E entre um e outro, vamos vivendo – e tentando entender por que o céu às vezes fica roxo e a gente chora sem saber o motivo.

segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Organizar a Alma

Organizar a alma pode parecer uma tarefa abstrata, mas é essencial para encontrar paz interior e equilíbrio em meio ao tumulto da vida cotidiana. Imagine-se numa manhã agitada, tentando equilibrar trabalho, família e obrigações pessoais. Nesses momentos, a busca pela serenidade pode parecer um desafio distante, mas não impossível.

Encontrando a Tranquilidade no Caos

Muitas vezes, nos perdemos nas demandas do mundo exterior e esquecemos de cuidar do nosso mundo interior. Como encontrar espaço para a tranquilidade quando somos constantemente bombardeados por tarefas e expectativas? Aqui, as palavras de Thich Nhat Hanh, mestre budista vietnamita, podem iluminar nosso caminho: "A paz vem de dentro de você. Não a procure à sua volta."

Práticas Diárias para Cultivar a Paz Interior

Meditação Matinal: Reserve alguns minutos ao acordar para meditar. Isso não apenas acalma a mente, mas também estabelece um tom positivo para o dia.

Respiração Consciente: Durante momentos estressantes, pratique a respiração consciente. Inspire e expire profundamente, focando apenas na sua respiração por alguns momentos.

Simplifique: Reduza o excesso em sua vida. Simplificar seu espaço físico e suas atividades pode liberar espaço mental para a paz e a clareza.

O Comentário de Thich Nhat Hanh

Thich Nhat Hanh ensina que a organização da alma começa com a atenção plena ao presente. Ele diz: "Quando você presta atenção, o seu ser se torna seu próprio mestre, e o que está ocorrendo internamente é o que está acontecendo externamente. Quando você observa que algo precisa ser feito, você faz, e isso é mais fácil. "

Cultivando a Harmonia Interna

Organizar a alma não é um objetivo final, mas sim um processo contínuo de autoconhecimento e cuidado. Ao aplicar pequenas práticas diárias e seguir os ensinamentos de filósofos como Thich Nhat Hanh, podemos encontrar paz interior mesmo nos momentos mais turbulentos. Lembre-se sempre: a verdadeira tranquilidade reside dentro de nós mesmos, esperando ser descoberta e cultivada. Este artigo é um convite para refletir sobre como podemos integrar esses ensinamentos no nosso cotidiano agitado, buscando sempre o equilíbrio e a paz interior.


sábado, 24 de agosto de 2024

Afecções da Alma

Outro dia, enquanto caminhava no Parque Galvani, percebi como algo simples, como o som das folhas secas sob os pés, pode despertar sentimentos profundos. As folhas que antes ornamentavam e davam vida á arvore, hoje são um tapete de lembranças, porém ainda assim são um tapete que protegem as raízes e as novas folhas que ornamentam a sua majestade “árvore”. Às vezes, uma brisa suave ou uma palavra dita de forma inesperada podem mexer com a gente de maneiras que não entendemos de imediato. Esses pequenos momentos me fizeram pensar em como nossas emoções são moldadas por tudo ao nosso redor, por essas afecções invisíveis da alma que surgem sem aviso. E foi nesse contexto que comecei a refletir sobre o poder dessas influências sutis e como elas nos guiam em nossa jornada interna.

"Afecções da alma" é um tema profundo que remete às emoções, sentimentos e estados internos que afetam o ser humano de maneira íntima e, muitas vezes, silenciosa. Podemos pensar nas afecções da alma como as influências, tanto internas quanto externas, que moldam nossas emoções, pensamentos e, consequentemente, nosso comportamento.

Imagine uma tarde tranquila, onde você está em um café, observando o movimento ao seu redor. Enquanto toma um café ou chá, percebe que seu humor oscila entre a calma e uma leve melancolia. Talvez seja o tempo nublado, as lembranças de algo que já passou ou mesmo a energia das pessoas ao seu redor. Esses são momentos em que as afecções da alma se tornam perceptíveis.

Essas afecções podem se manifestar como um sentimento de saudade, aquela sensação agridoce que nos faz lembrar de tempos bons que já não voltam mais. Ou então, como um medo súbito que parece surgir do nada, mas que é, na verdade, um reflexo de inseguranças mais profundas. Até mesmo a alegria inesperada ao ouvir uma música favorita é uma afecção da alma, uma influência positiva que nos conecta com o que há de melhor em nós.

Os filósofos, ao longo dos séculos, têm discutido as afecções da alma sob diferentes perspectivas. Aristóteles, por exemplo, via as afecções como algo natural, mas que precisava ser regulado pela razão para evitar excessos. Já os estoicos acreditavam que as afecções eram perturbações da alma e que o sábio deveria se afastar delas para alcançar a paz interior.

No entanto, na vida cotidiana, evitar completamente as afecções é quase impossível. Elas fazem parte de nossa experiência humana, colorindo nossos dias e noites com uma gama de emoções que nos lembram que estamos vivos. A chave, talvez, esteja em reconhecer essas afecções, compreendê-las e encontrar maneiras saudáveis de lidar com elas.

Assim como as estações mudam, as afecções da alma também têm seus ciclos. Em um momento, podemos estar cheios de energia e entusiasmo; em outro, podemos nos sentir esgotados e desmotivados. Aceitar esses ciclos e aprender a navegar por eles pode nos trazer uma maior compreensão de nós mesmos e de como interagimos com o mundo ao nosso redor.

Então, penso que as afecções da alma são como o vento que balança as folhas de uma árvore. Elas nos movem, nos desafiam e, às vezes, nos assustam. Mas, ao mesmo tempo, nos mostram a profundidade de nossa própria existência, convidando-nos a refletir, a sentir e a crescer. As folhas secas são como lembranças entapetando nossa jornada, as folhas novas são sinal do presente verdejante que nos dão coragem para prosseguir. 

quinta-feira, 11 de julho de 2024

Espelho das Profundezas

Uma Reflexão Sobre a Alma e o Autoconhecimento

Eu me lembro da primeira vez que encontrei o espelho das profundezas. Não era um espelho comum, daqueles que penduramos na parede para ajeitar o cabelo ou verificar a aparência antes de sair. Este espelho refletia algo mais profundo, algo que reside nas profundezas de nossa alma.

Era um dia nublado e eu estava caminhando pela praia, perdido em meus pensamentos. A maré estava baixa e, no meio das rochas, encontrei uma pequena poça de água cristalina. Ao me aproximar, notei que a água refletia não apenas meu rosto, mas algo mais – algo indescritível. Era como se eu estivesse olhando para dentro de mim mesmo, vendo camadas de minha existência que normalmente permanecem ocultas.

O Reflexo da Alma

O espelho das profundezas não é um objeto físico; é uma metáfora para o processo de introspecção e autoconhecimento. É a capacidade de olhar para dentro e confrontar as partes de nós mesmos que muitas vezes evitamos. É onde a verdadeira honestidade reside, onde nossas fraquezas e forças se encontram em um equilíbrio delicado.

Platão falava do conhecimento de si mesmo como um caminho para a sabedoria. Ele acreditava que a verdadeira sabedoria vem de dentro, da compreensão de nossa própria natureza e de nossos próprios limites. Quando olhamos para o espelho das profundezas, estamos praticando essa filosofia. Estamos explorando nossa própria alma, buscando entender quem somos de verdade.

No Cotidiano

No cotidiano, muitas vezes estamos ocupados demais para dedicar tempo à introspecção. As obrigações, o trabalho, a família e as inúmeras distrações da vida moderna podem nos afastar de nosso eu interior. Mas é precisamente nesses momentos de correria que precisamos encontrar tempo para olhar para o espelho das profundezas.

Lembro-me de uma vez em que estava enfrentando um dilema no trabalho. Estava insatisfeito com o rumo que minha carreira estava tomando e me sentia perdido. Foi então que decidi tirar um tempo para mim mesmo, longe de todas as distrações. Fui para um parque tranquilo e sentei-me à beira do lago. A água calma do lago refletia o céu acima e, naquele momento, senti que estava olhando para o espelho das profundezas.

O Filósofo e o Espelho

O filósofo francês Michel Foucault, em sua obra "Tecnologias do Eu", discute como a introspecção e o autoconhecimento são formas de "tecnologias do eu", métodos pelos quais as pessoas moldam e transformam a si mesmas. Para Foucault, a prática da introspecção é uma maneira de libertar-se das normas e expectativas impostas pela sociedade, permitindo que sejamos autênticos e verdadeiros com nós mesmos.

Ao olhar para o espelho das profundezas, estamos nos engajando em uma prática filosófica antiga e poderosa. Estamos nos permitindo ser vulneráveis, reconhecer nossas falhas e celebrar nossas virtudes. É um ato de coragem e honestidade, um passo essencial no caminho para a sabedoria e a paz interior.

O espelho das profundezas é uma metáfora poderosa para o autoconhecimento e a introspecção. Em um mundo cheio de distrações e pressões externas, é vital encontrar momentos para olhar para dentro e confrontar nossa verdadeira essência. É um lembrete de que a sabedoria e a paz interior vêm de um profundo entendimento de nós mesmos.

Então, quando você estiver caminhando pela praia, sentado à beira de um lago ou simplesmente refletindo sobre sua vida, lembre-se do espelho das profundezas. Olhe para dentro e permita-se ver o que realmente reside em sua alma. Pois, como disse Sócrates, "Conhece-te a ti mesmo" é o caminho para a verdadeira sabedoria. 

terça-feira, 7 de maio de 2024

Questionamentos Substanciais

No vasto e complexo tecido da existência humana, os questionamentos substanciais emergem como faróis de luz em meio à escuridão da incerteza. Estes questionamentos, profundos e penetrantes, nos convidam a mergulhar nas profundezas de nossa consciência e a desvendar os mistérios da vida e do universo.

Imagine-se em um momento de contemplação solitária, envolvido pelo silêncio da noite estrelada. Diante de você se desenrola um universo de possibilidades infinitas, e cada pensamento se torna uma jornada de autodescoberta e reflexão. Nesses momentos, os questionamentos substanciais se manifestam, desafiando nossas concepções preconcebidas e nos levando a explorar as fronteiras da compreensão humana.

Para compreender a natureza desses questionamentos, é útil recorrer aos grandes filósofos e pensadores que nos precederam. Desde os tempos antigos até os dias atuais, os filósofos têm se dedicado a explorar questões fundamentais sobre o sentido da vida, a natureza da realidade e o propósito da existência humana. Suas indagações nos inspiram a ir além das respostas fáceis e a buscar uma compreensão mais profunda do mundo ao nosso redor.

Os questionamentos substanciais abrangem uma ampla gama de temas, desde questões metafísicas sobre a natureza da realidade até questões éticas sobre o bem e o mal. Eles nos desafiam a confrontar nossas crenças e pressupostos, e a considerar perspectivas alternativas que talvez nunca tenhamos considerado antes. Ao fazê-lo, expandimos nossos horizontes mentais e nos aproximamos da verdadeira essência da existência humana.

No entanto, os questionamentos substanciais também podem ser desconfortáveis e perturbadores. Eles nos confrontam com a vastidão do desconhecido e nos lembram da nossa própria insignificância diante da vastidão do cosmos. No entanto, é precisamente nesses momentos de desconforto que encontramos oportunidades de crescimento e transformação pessoal.

Assim, enquanto navegamos pela jornada da vida, devemos abraçar os questionamentos substanciais como guias valiosos em nossa busca pela verdade e pelo significado. Eles nos desafiam a ir além das superficialidades da existência cotidiana e a mergulhar nas profundezas da alma humana. E, ao fazê-lo, podemos descobrir uma riqueza de conhecimento e compreensão que enriquece nossas vidas e nos inspira a alcançar novos patamares de realização pessoal. 

quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Asas da cura

 


A mãe natureza é sabia, ela procura nos ensinar o tempo todo, com beleza e agilidade o pequenino beija-flor nos chama a atenção, basta nosso olhar para imediatamente nos ligarmos a beleza da lição através da poesia que cura nossa alma.

"Beija-flor bate asas da cura" é uma expressão poética em português que pode ser interpretada de diferentes maneiras, dependendo do contexto e da interpretação de cada pessoa. O "beija-flor" é uma referência ao pássaro conhecido por sua beleza, agilidade e pelo bater rápido de suas asas enquanto voa. O ato de bater asas pode ser associado à ação rápida e enérgica, como uma metáfora para a busca pela cura ou pelo alívio de algo.

Assim, "beija-flor bate asas da cura" pode evocar a ideia de que, assim como o beija-flor bate suas asas de forma rápida e incansável, podemos buscar ativamente a cura ou o alívio de desafios, doenças, problemas ou dificuldades que enfrentamos em nossas vidas. Pode sugerir uma atitude proativa e persistente em relação à busca pela cura ou pelo bem-estar, simbolizando a determinação em superar obstáculos e encontrar soluções para nossos problemas.

Em nosso caminho pela vida, somos como o beija-flor que bate asas incansavelmente, assim como esse pássaro gracioso, nós também enfrentamos desafios, dores e momentos de incerteza, a sabedoria da natureza nos ensina que, mesmo diante das adversidades, podemos encontrar força dentro de nós mesmos para superar qualquer obstáculo.

O beija-flor, com sua natureza ágil e perseverante, nos lembra da necessidade de persistência e resiliência em nossa busca pela cura espiritual, suas asas que batem rapidamente nos lembram que a cura não é um destino, mas sim uma jornada constante e ativa. Cada batida de suas asas representa nossa vontade de avançar, de superar nossos medos e limitações, de buscar a paz interior e a cura do corpo, mente e alma.

Às vezes, a cura pode parecer distante, mas se nos empenharmos com a mesma determinação que o beija-flor ao bater suas asas, alcançaremos um estado de equilíbrio e bem-estar. Assim como o beija-flor encontra néctar nas flores, nós podemos encontrar nossa cura nos ensinamentos espirituais, na conexão com o divino e na compreensão do nosso propósito na vida. Que possamos seguir o exemplo do beija-flor, batendo asas com fé e confiança no processo de cura. Que possamos lembrar que cada desafio é uma oportunidade para crescermos, para aprendermos a amar mais profundamente e para nos aproximarmos da nossa verdadeira essência espiritual.

Que as batidas das nossas asas tragam não apenas cura para nós mesmos, mas também para aqueles ao nosso redor, espalhando a luz da compaixão e o calor do amor a todos os seres.

Musica: Eu chamo a força 


 https://youtu.be/uDNYkIR3tEA?list=RDuDNYkIR3tEA

O beija-flor, em sua singeleza, nos oferece uma profunda lição filosófica sobre a natureza da existência e a busca pela cura espiritual. Suas asas que batem freneticamente para manter-se no ar nos recordam da impermanência e dinâmica incessante da vida. Assim como o beija-flor, somos seres em constante movimento, em um eterno fluxo de experiências, lutas e superações. A cura, meu amigo, é um processo contínuo e ativo. Assim como o beija-flor não pode descansar por muito tempo, devemos persistir em nossa jornada em busca de equilíbrio e paz interior. Nossas asas são nossas ações, nossos esforços e nossos pensamentos, que devem estar em harmonia para alcançarmos a verdadeira cura.

A busca pela cura espiritual é como a busca pelo néctar das flores. Exige agilidade, determinação e discernimento para identificar as fontes que nutrem nossa alma e nos aproximam da realização. Assim como o beija-flor escolhe com sabedoria as flores das quais se alimenta, devemos discernir com clareza o que nutre nossa essência espiritual e o que nos afasta da cura, além disso, assim como o beija-flor contribui para a polinização das flores enquanto busca seu sustento, devemos lembrar que, ao buscar nossa própria cura, também contribuímos para o bem-estar e a harmonia do universo. Cada passo em direção à nossa cura pessoal é uma contribuição para a cura do todo.

Que possamos, como o beija-flor, manter nossas asas em movimento constante na busca pela cura interior. Que possamos compreender a beleza da impermanência e abraçar a jornada em direção à verdade e à harmonia.

Assim, seguimos em busca da sabedoria que nos eleva.

 

ORAÇÃO PARA CURA BEZERRA DE MENEZES

Oração para Cura do Corpo e Alma

*

Abençoado seja este dia meu Deus,
Depositando toda fé de Cura no senhor,
Enchendo-me de esperança,
Para prosseguir na estrada da vida,
E realizar com resignação teus propósitos,

*

Agradeço Pai amado,
Por mais este dia de viagem existencial,
Percorrendo minha caminhada,
Um passo de cada vez,
As vezes com dores, sofrimentos e tristezas,
Mas também feliz pelos momentos de alegria,

*

Deposito em tuas mãos, senhor Deus,
Meu destino e todas as minhas aspirações,
Certo de que teus propósitos para mim,
São justos e bem vindos,
Os quais agradeço do fundo da minha alma,
Buscando sempre aprender as lições da jornada,

*

Rogo-te Pai Celestial,
A cura para minhas enfermidades,
Cujas doenças existentes em meu corpo,
E marcadas na minha alma,
São frutos de minhas próprias dívidas divinas,
E ações presentes e passadas,
Conscientes ou inconscientes na minha mente,

*

Auxilia-me generoso Deus,
Diretamente pelas tuas mãos abençoadas,
Ou através de teus anjos e missionários de luz,
Ao processo de cura e alívio de dores,
Iniciando-se pela limpeza energética,
E pela harmonização de meu corpo espiritual,

*

Sabendo-se amado Pai,
Que toda cura inicia-se pela sanidade da alma,
Peço que seja retirado de minha mente e de meu coração,
Todas as energias maléficas e larvas espirituais,
Pensamentos e sentimentos perniciosos,
Como as magoas, a inveja, a irritação e o egoísmo,

*

Saneada e fortalecida minha alma, senhor Deus,
Rogo-te o amparo curativo para meu corpo físico,
Fortalecendo meus sistema imunológico,
Cicatrizando feridas e restaurando tecidos,
Expulsando do meus corpo as células malignas,
E revitalizando os órgãos enfermos,
Até a completa restauração de minha saúde,

*

Auxilia-me Pai Celestial,
A recuperar a auto estima e o amor próprio,
A reconquistar minha alegria de viver,
A expulsar de minha mente os pensamentos perniciosos,
A me libertar das influencias espirituais deprimentes,
Para que através da motivação pela vida,
Eu possa fortalecer minha saúde física e mental,

*

Peço-te humildemente amado Deus,
Tua misericórdia divina para com minha saúde,
E em troca de tuas bênçãos generosas,
Onde nada é impossível de ser alcançado,
Comprometo-me neste momento sublime,
Diante de ti e de todos os teus missionários de luz,
A um profundo processo de reforma intima,

*

Prometo amado Pai Celestial,
A envidar todos os esforços íntimos,
Para minha evolução espiritual,
Praticando o perdão e a superação das magoas,
Vencendo o egoísmo e a intolerância com o próximo,
E aproveitando todas as oportunidade que me forem oferecidas,
Para praticar a caridade e a ajuda ao próximo,
Como se estivesse auxiliando diretamente ao senhor meu Deus,

*

Por este processo de melhoramento, amado Senhor,
Desejo ser digno de tuas bênçãos luminosas,
E aproveito para arrepender-me sinceramente,
Pelos erros do passado,
E pedir-te o perdão dos pecados,
Assim como me comprometo a perdoar todas as ofensas sofridas,
Deixando ti, oh! Senhor, o julgamento de todos nós teus filhos,

*

Assim, meu Divino Pai,
Aguardarei com paciência e resignação,
O tempo certo para receber minha cura,
Para sentir o alivio de minhas dores do corpo e da alma,
Depositando toda fé e esperança no senhor,
Confiante que receberei a cura de tuas mãos,
Para o prosseguimento de minha jornada terrena,

*

Assim seja,

Dr. Adolfo Bezerra de Menezes

 

Fonte:

https://www.verdadeluz.com.br/oracao-para-cura-bezerra-de-menezes/