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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

O DEUS, do Filósofo Spinoza e do Físico Einstein

 


Disseram que Spinoza e Einstein eram ateus, estavam enganados, ambos não acreditam na crença, porque não precisamos pensar em formulas para crer, nem em formulas arranjadas e fruto de convenções, Deus deve ser sentido, assim como sentimos a presença do Sol e da Lua, afinal ninguém pergunta se acreditamos na existência do Sol e da Lua, eles estão aí, nós sabemos que estão. Aprendemos ao longo do tempo através de nossas experiências de vida a sentir a presença de Deus, aprendemos a ser confiantes sem ter crença, simplesmente confiamos, aprendemos como a vida é bela, compreendemos que a vida é eterna e que Deus está dentro de nós por isto precisamos senti-Lo! Não existe crença que por si só prove ou não prove aos moldes e a capacidade do entendimento humano da existência de Deus se no fundo de nosso ser não O sentirmos.

Em 1921 o rabino H. Goldstein, de New York, perguntou para Einstein se ele acreditava em Deus, ele respondeu: “Acredito no Deus de Spinoza, que se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe, não no Deus que se interessa pela sorte e pelas ações dos homens”, como cientista Einstein acredita que a natureza é regida por leis e os fenômenos podem ser explicados, a harmonia é o efeito causado pelas leis da natureza, as convenções que existem são elementos que auxiliam no entendimento destas leis que não são sobrenaturais, Deus está presente nas causas e nos efeitos, Ele é a harmonia de tudo que existe.

Em uma carta escrita a um banqueiro do Colorado, Einstein explica: "Não consigo conceber um Deus pessoal que influa diretamente sobre as ações dos indivíduos, ou que julgue, diretamente criaturas por Ele criadas. Não posso fazer isto apesar do fato de que a causalidade mecanicista foi, até certo ponto, posta em dúvida pela ciência moderna. Minha religiosidade consiste em uma humilde admiração pelo espírito infinitamente superior que se revela no pouco que nós, com nossa fraca e transitória compreensão, podemos entender da realidade. A moral é da maior importância - para nós, porém, não para Deus"

Para aqueles que gostam de filosofia e de um filósofo que revolucionou a ideia de crenças e convenções podem aprender muito com Spinoza, no “Livro I da Ética e no Tratado sobre a Religião e o Estado”, o filósofo holandês demonstra sua concepção de um Deus despersonalizado e geométrico, contrária a todas as formas de se conceber Deus como uma espécie de entidade, oculta e transcendente, que age conforme os seus desígnios e a sua vontade, eis a mensagem de Deus, segundo Baruch Spinoza:

MENSAGEM DE DEUS, SEGUNDO BARUCH SPINOZA

“Pare de ficar rezando e batendo no peito! O que quero que faça é que saia pelo mundo e desfrute a vida. Quero que goze, cante, divirta-se e aproveite tudo o que fiz pra você.

Pare de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que você mesmo construiu e acredita ser a minha casa! Minha casa são as montanhas, os bosques, os rios, os lagos, as praias, onde vivo e expresso Amor por você.

Pare de me culpar pela sua vida miserável! Eu nunca disse que há algo mau em você, que é um pecador ou que sua sexualidade seja algo ruim. O sexo é um presente que lhe dei e com o qual você pode expressar amor, êxtase, alegria. Assim, não me culpe por tudo o que o fizeram crer.

Pare de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo! Se não pode me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de seus amigos, nos olhos de seu filhinho, não me encontrará em nenhum livro.

Confie em mim e deixe de me dirigir pedidos! Você vai me dizer como fazer meu trabalho?

Pare de ter medo de mim! Eu não o julgo, nem o critico, nem me irrito, nem o incomodo, nem o castigo. Eu sou puro Amor.

Pare de me pedir perdão! Não há nada a perdoar. Se eu o fiz, eu é que o enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso culpá-lo se responde a algo que eu pus em você? Como posso castigá-lo por ser como é, se eu o fiz?

Crê que eu poderia criar um lugar para queimar todos os meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que Deus faria isso? Esqueça qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei, que são artimanhas para manipulá-lo, para controlá-lo, que só geram culpa em você!

Respeite seu próximo e não faça ao outro o que não queira para você! Preste atenção na sua vida, que seu estado de alerta seja seu guia!

Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é só o que há aqui e agora, e só de que você precisa.

Eu o fiz absolutamente livre. Não há prêmios, nem castigos. Não há pecados, nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro. Você é absolutamente livre para fazer da sua vida um céu ou um inferno.

Não lhe poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso lhe dar um conselho: Viva como se não o houvesse, como se esta fosse sua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não houver nada, você terá usufruído da oportunidade que lhe dei.

E, se houver, tenha certeza de que não vou perguntar se você foi comportado ou não. Vou perguntar se você gostou, se se divertiu, do que mais gostou, o que aprendeu.

Pare de crer em mim! Crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que você acredite em mim, quero que me sinta em você. Quero que me sinta em você quando beija sua amada, quando agasalha sua filhinha, quando acaricia seu cachorro, quando toma banho de mar.

Pare de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra você acredita que eu seja? Aborrece-me que me louvem. Cansa-me que me agradeçam. Você se sente grato? Demonstre-o cuidando de você, da sua saúde, das suas relações, do mundo. Sente-se olhado, surpreendido? Expresse sua alegria! Esse é um jeito de me louvar.

Pare de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que o ensinaram sobre mim! A única certeza é que você está aqui, que está vivo e que este mundo está cheio de maravilhas.

Para que precisa de mais milagres? Para que tantas explicações? Não me procure fora. Não me achará. Procure-me dentro de você. É aí que estou, batendo em você.”

Pense na religião como um esforço humano para conhecer a base natural do nosso ser e os rituais que nos ensinam como trilhas e ferramentas que são utilizadas em prol de tocarmos a profundidade de nosso ser para lá encontrar Deus.

Através das religiões nos é ensinado que Deus existe e cabe a nós encontra-Lo, quando alcançamos um estágio mais elevado e adiantado de conhecimento deixamos para traz as crenças porque Deus já está presente dentro de nós, percebemos que Ele também designou seu emissários para nos acompanhar em nossa caminhada, entender Deus efetivamente requer de nós seres humanos uma capacidade a qual não possuímos diante de sua grandeza, podemos perceber sua presença o que já é uma imensa felicidade, seus emissários são educadores enviados por Ele, uma maneira de podermos ingressar no mundo espiritual com orientação, afinal nem tudo ainda podemos entender, pois precisamos de mentores mais esclarecidos, como os alunos que vão à escola em busca de conhecimento e educação, há também muitas pessoas endurecidas que só com tempo irão conseguir entender, para entender tem de sentir a presença Dele.

Spinoza: Deus é a causa de tudo e que nada existe fora Dele!

 

Fontes:

SPINOZA, Benedictus de. Ética. Trad. Tomaz Tadeu. Belo Horizonte – MG. Ed. Autentica, 2009.

Cosmologia 2 em https://airtonjo.com/site1/?s=spinoza

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

Ansiedade tão atual e tão abrangente, Sêneca sempre atual

 


Reflexões sobre a ansiedade é assim que a dominamos, pensando e falando sobre ela tão humana, em sua etimologia quer dizer sufocar, apertar, caminho estreio e doloroso visando alguma coisa que está no futuro da vida, para o qual não nos sentimos preparados para enfrentar, há muitas expectativas e a relação de nosso momento histórico dão mais combustível para incendiar-nos, o ser humano esta acostumado com esta companhia é o que nos faz andar, o primeiro passo é caminhar e a ansiedade esta presente no dar o primeiro passo, a ansiedade está ali presente, junto a ela esta o medo, que tanto serve para nos frear ou nos avisar para dirigir com cuidado, se descontrolada o medo de ter medo é o pânico quando perdemos a lucidez, o medo da ansiedade é mais pânico do que medo, medo faz parte de quem tem certo grau de consciência.  

Para Freud, a ansiedade é adaptativa não apenas por preparar o animal para lidar com o perigo por meio da mobilização de energia psíquica, mas também por auxiliar na detecção antecipada de novas ocorrências do estado de perigo.

Nossa filósofa Lucia Helena Galvão da Nova Acrópole é referência para lidar com mais este tema que assola as sociedades, muito do que ela trata em suas palestras são problemas do cotidiano e a ansiedade é um tema precioso tratado magistralmente, ouvir o que ela tem a dizer ajuda-nos a pensar a respeito do que pode ser feito e qual a postura dos ansiosos frente aos medos que paralisam, a ansiedade não deixa de fora o medo de fracassar, a ideia de fracasso causa ansiedade que pode ser o gatilho para o fracasso, a falta de lucidez causado pela ansiedade exagerada se transforma em pânico e a fraqueza da lucidez.

Uma resposta diante da vida vem através do conhecimento e através de seu valor intrínseco, as coisas que tem maior valor em si são as coisas com maior valor na vida, bondade, amor, lealdade, compaixão, é preciso trabalho para obter momentos de alegria que em sua multiplicação se transformarão em felicidade, felicidade sólida, a ansiedade se dobrará a este forte inimigo que é o conhecimento, o conhecimento nos ensina a saborear a vida em seu tempo presente, o conhecimento junto a sabedoria nos ensinam a raciocinar e sermos lúcidos sem deixar as emoções tomarem conta de nosso estado de espírito, nossa lucidez ensina a não excedermos nossa projeção e expectativas de pé no chão, alguns dissabores são fruto de nossa falta de cuidado, a expectativa nos tira a lucidez, parece que alimentamos uma fábrica de ansiedades.

Apóstolo Paulo nos ensinou:

 “Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes?

 

Nosso filósofo, Luis Felipe Pondé já nos alertou: "A ansiedade é algo sem fim hoje em dia, e isso não é bom”, ele complementa: "É complicado não ser ansioso em um mundo em que somos cobrados a todo instante. Em que há um chamado contínuo dizendo que devemos ser felizes o tempo todo, dar resultados e equilibrar todas as áreas da sua vida --trabalho, sucesso, amor, sexo, futuro, filhos, cachorros, férias...... –

Os diversos problemas intimidam, a mente é suscetível as más notícias, os jornais e noticiários trazem uma gama gigantesca de más notícias, o foco no catastrófico tiram nosso foco das coisas boas, o foco mórbido faz com que o homem seja intimidado, então não tem como reagirmos ao mundo sem ansiedade, porem os sábios sabem que os problemas fazem parte da vida, então nosso foco deve estar voltado para as coisas boas, a dinâmica da vida ensina que existem problemas, mas também nos mostra a luz e o equilíbrio.

O estoicismo nos legou sabias reflexões, um de seus maiores expoentes Sêneca em sua décima terceira carta, dirigida a seu amigo Lucilio intitulada “Sobre medos infundados”, escreve sobre a ansiedade e o medo, penso que após sua leitura a impressão é que deixamos a ficha cair. Vou compartilhar alguns trechos:

Há mais coisas… que podem nos assustar do que nos esmagar; nós sofremos com mais frequência na imaginação do que na realidade.

Seu conselho ao amigo Lucilio e que vale para todos nós:

O que eu aconselho que faças é não seres infeliz antes da crise chegar; pois pode ser que os perigos ante os quais estremeceste como se te estivessem a ameaçar, nunca irão acontecer; certamente ainda não chegaram.

Assim, algumas coisas atormentam-nos mais do que deveriam; algumas atormentam-nos antes do que deveriam; e algumas atormentam-nos quando não nos deveriam atormentar.

É provável que alguns problemas nos acometam; mas não é um fato presente. Quantas vezes o inesperado aconteceu! Quantas vezes o esperado nunca acontece! E mesmo que seja ordenado, o que valerá para se encontrar com o seu sofrimento? Você sofrerá em breve, quando chegar; por isso espere ansiosamente por coisas melhores.

A mente às vezes modela para si as formas falsas do mal, quando não há sinais que apontem para algum mal; interpreta da pior forma alguma palavra de significado duvidoso; ou imagina algum rancor pessoal ser mais sério do que realmente é, considerando não quão irritado o inimigo está, mas a que extensão poderá chegar sua ira.

Mas a vida não vale a pena ser vivida, e não há limites para nossas dores, se entregarmos nossos medos ao máximo possível; neste assunto, deixe a prudência ajudá-lo, e despreze o medo com um espírito resoluto mesmo quando ele está à vista. Se você não pode fazer isso, combata uma fraqueza com outra, e tempere o seu medo com esperança.

Não há nada tão certo nesse assunto de medo como as coisas que tememos darem em nada e que as coisas as quais esperamos zombarem de nós. Consequentemente, pese cuidadosamente as suas esperanças, assim como seus temores, e sempre que todos os elementos estiverem em dúvida, decida em seu favor; acredita no que você preferir.

E se o medo ganha a maioria dos votos, incline-se na outra direção de qualquer maneira, e deixe de incomodar sua alma, refletindo continuamente que a maioria dos mortais, mesmo quando não têm problemas realmente à mão, certamente os têm esperados no futuro, e tornam-se excitados e inquietos.

Nossas preocupações exageradas tiram nosso sossego e oportunidade de vivermos plenamente, parte de nossa sabedoria está contida no conhecimento externo e no autoconhecimento, ambos são os inimigos do medo e da ansiedade, são eles que controlam as emoções de forma lúcida, a paz de espírito nos permite olhar os detalhes da caminhada e a dar o primeiro passo com coragem.

As cartas de Sêneca escritas para seu amigo Lucilio também podem estar dirigidas a nós e obviamente ficaram para a posteridade, sua mensagem é para ser lida e degustada pausadamente, assim como degustamos um chocolate pedaço a pedaço deixando dissolver na boca, nos causam enorme sensação de prazer.

 

Fontes:

Sêneca, Lúcio Aneu. CARTAS DE UM ESTOICO, Volume I - Um guia para a Vida Feliz / Sêneca; seleção, introdução, tradução e notas de Alexandre Pires Vieira. – São Paulo, SP: Montecristo Editora, 2017.

 

https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2018/07/12/sera-que-sofremos-mais-com-a-ansiedade-hoje-do-que-sofriamos-antigamente.htm

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Em busca da sabedoria por SRI RAM

 


N. Sri Ram, nasceu na Índia (1889/1973), filósofo, escritor, teósofo, maçom, ensaísta e quinto presidente da Sociedade Teosófica.

Com seu talento característico para apresentar ideias profundas de modo claro, Sri Ram apresenta nesta obra uma reflexão sobre a autêntica sabedoria, que é diferente do conhecimento e da erudição. A Sabedoria é uma maneira de viver, é algo essencialmente transformador.

Para ler Sri Ram é um desafio por seu pensamento requintado exigindo muita abstração, a vida voltada para a busca da sabedoria, ele foi muito voltado para o movimento teosófico, quem leu SRI RAM percebe a sutileza e profundidade do profeta. Afinal o que é a sabedoria, quem é sábio? 

Para o profeta a autentica sabedoria é diferente do conhecimento, mística religiosa e da erudição, tem a ver com uma maneira de viver sendo algo essencialmente transformador, tem a ver com o rastro que deixamos nos lugares que passamos com um rastro humano no mundo e a realização que temos no mundo, tem-se que ser coerente com o mundo, o filosofo verdadeiro está em sua fala, aparência e agir.

O sábio e o filósofo são um só, a sabedoria e a filosofia são difíceis de explicar, há muitas respostas que dão a impressão de esvaziamento, são muitas as respostas e nenhuma totaliza, a melhor resposta está na vida que se leva, a vida exterioriza a verdade, afinal o que realmente cremos e falamos será que somos coerentes com o que fazemos? Se somos então aprendemos a sermos sábios e filósofos, sabedoria é ver e sentir em nossos corações o bom e o bem de mãos dadas.

A maneira que vivemos e nos movimentamos na vida denotam nossa coerência na vida, ou incoerência, esta coerência aponta para a pessoa e diz que esta pessoa coerente é sabia e é um filósofo, é pensar sobre tudo é a verdadeira felicidade, nada é negligenciado, ele inspirou-se muito em Sócrates e Platão, sua autenticidade se dá pelo fato de sentir-se humano e agir como humano, a felicidade há enquanto ser humanos e fazer sabiamente o que se espera de um ser humano. 

Se procuramos poder e riqueza dificilmente conseguiremos conciliar estes interesses, estes desejos não são pecados, desde que elas não tenham poder sobre quem as possui, somente quem controla as coisas e não é controlado por ela tem sua vontade inspirada pelo ser.

A finalidade é em ser e não em ter para se sentir sábio, o ter como meio é sábio, o ter não pode sobrepor-se ao ser, mas cuidado elas geralmente dispersam o foco para quem busca a sabedoria do ser, por si só a nossa sociedade dificulta a harmonia de conciliar estes interesses. 

Aquilo que pode ser tirado de ti não é teu, apegar-se a algo que necessariamente vamos perder é produzir dor, as coisas estão aí para serem trocadas, aquilo que realmente é meu não pode ser tomado, o bem verdadeiro não depende de circunstâncias, a sabedoria não pode ser tirada. 

O prazer e a dor não podem tirar-nos de nosso caminho, a coerência exige muitas vezes enfrentarmos a dor, a felicidade também não pode ser a qualquer preço, novamente a coerência exige o esforço de fazer o que se deve ser feito, viver alegre, suave, tranquilo e em paz sem ser passivo, assim é o sábio. 

O filosofo aceita naturalmente o prazer e a dor, não há desvios, mas não os busca, há o enfrentamento de acordo com as situações, moderados pela condição humana, vivencia-los em seu tempo nos leva a evolução transformadora. 

Se buscamos o bem ele já gera prazer, a evolução nada mais é que a depuração do gosto, o requinte do gosto, ou seja, não é qualquer coisa que pode proporcionar prazer, o prazer verdadeiro é altruísta, está relacionado ao bem, em seu processo ele é generoso, educar o ser humano é educar o gosto.

O gosto se ensina, ele é despertado pela disciplina, coisa que não é fácil diante de nossa sociedade, a sabedoria pode iluminar está sociedade que muitas vezes prefere a escuridão, o perdão é escasso, o amor é escasso, a compaixão é escassa, a escassez é a escuridão que envolve a sociedade. 

A sabedoria é a iluminação que a sociedade necessita para ser uma verdadeira sociedade, pessoas sabias transformam, quanto mais pessoas iluminadas maiores as chances de sobrevivência da sociedade. Ler este livro é como adentrar a um portal de sabedoria, a verdade está ali, só que não basta só ler, tem-se que praticar.

Fonte:

Ram, Sri N. Em Busca da Sabedoria. 1991 Ed.Pensamento.

 



terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

Follow me, Like me

 

 

A vida nas redes sociais esta nos transformando em messias, independente da classe social e conteúdo que tem-se a oferecer ou a consumir, a maioria deseja ser seguida e curtida, para os católicos o “Siga-me” foram palavras ditas por Jesus, Ele nos chamou para uma jornada de fé e crescimento espiritual. A sociedade eventualmente busca resposta para a pergunta fundamental existencial, parece que todos tem a sua resposta, todos tem algo para dizer não importa saber que pergunta existencial seja, para mim a pergunta é desnecessária e irrelevante, para que tanta busca de significados, afinal a existência é suficiente como ela é, mas todos tem algo para dizer, dito isto esperam ser seguidos e que o dito seja curtido, apenas curtido, se for para criticar será imediatamente deletado, o poder do delete me é a maior sensação de poder, é o poder de excluir toda a existência do outro, assim como um deus da criação, tudo esta ligado na mente coletiva da positividade, queremos tirar fora o que machuca, tirar fora o que nos faz mal, se possível apagar o registro das lembranças, porem nossas mentes não sabem deletar o unlike que ficou na lixeira, assim vai vivendo (supostamente) sem conseguir se libertar do ciclo criado pelas redes sociais, a sensação de aprisionamento nos leva cada vez mais ir fundo na caverna dentro de outra caverna, as cavernas são muitas, dentre elas esta nosso amigo inseparável smartphone, a ele estamos cada vez mais dependentes, a metáfora de da caverna de Platão esta ai para nos ajudar a entender e decidir entre utilizar o aparelho como uma janela para iluminar a mente ou a escuridão do aprisionamento de horas e horas de vida dedicados a coisa nenhuma. As redes sociais são positivas até um determinado limite, no entanto quando é criado um mundo de ficções onde o ego precisa ser alimentado e a vaidade quem esta no comando a ficção toma lugar do real, uma vez que se cria uma ficção, a ficção vai exigindo que tem-se de criar mil e uma outras para apoiá-la, porque como ficção ela não tem apoio na realidade, é quando estamos dentro do labirinto. 

O caminho é um labirinto muito bem iluminado pela artificialidade, e escurecido por ela também, conduzindo aos descaminhos da perdição do labirinto, quanto mais se entra e vive dentro dela mais difícil será encontrar a porta de saída, querer sair para quê se o prazer da matrix é colorido e a realidade possui cores que não me agradam, então follow me, like me, delete me unlike,  afinal é difícil resistir a seu poder e fascínio, é  como o álcool que esvazia-nos de toda autossuficiência e toda vontade de resistir às suas exigências, abre mão do seu consciente e quem passa a governar sua vida é o grande Outro o inconsciente.

Segundo Guy Debord, só o que conta é o que projetamos de nós mesmos em uma imagem. O Homem se converte em um espectador de si mesmo quando se vê refletido em qualquer tela, mas também se transforma num ser passivo, incapaz de tomar decisões de viver sua própria vida. Em vez de vivenciar as coisas consumimos ilusões de realidade.