O autoconhecimento costuma ser um tema que aplicamos a nós mesmos, mas quando pensamos em conhecer os outros, a questão se torna mais sutil. Como realmente saber quem está ao nosso lado? A aparência, as palavras e as ações formam uma camada visível, mas o que acontece por dentro, na mente e no coração, é sempre mais profundo e às vezes inacessível. Quando observamos alguém, o que estamos vendo é uma interpretação do que aquela pessoa está nos mostrando, e não necessariamente a essência dela.
Esse
exercício de "conhecer o outro" é, na verdade, um processo contínuo,
que se transforma à medida que as relações crescem e se aprofundam. Mas será
que algum dia realmente conhecemos alguém por completo? O filósofo Emmanuel
Lévinas falava da impossibilidade de capturar o outro em uma definição
estática. Para ele, o "rosto do outro" é sempre um enigma, algo que
nos desafia e que nunca pode ser completamente entendido. O outro sempre
escapa, é irreduzível a qualquer descrição que possamos fazer dele.
No
dia a dia, pensamos conhecer bem pessoas próximas – amigos, familiares, colegas
–, mas quantas vezes nos surpreendemos com suas atitudes ou pensamentos
inesperados? Isso nos lembra que, por mais que convivamos com alguém, há sempre
algo mais a descobrir. Esse algo está, muitas vezes, além da superfície do que
se mostra, exigindo paciência e uma escuta atenta. Talvez seja impossível
conhecer o outro plenamente, mas esse desafio é parte do mistério das relações
humanas.
Portanto,
o autoconhecimento dos outros também envolve entender que nunca teremos um
retrato completo. O outro é um universo em si, que precisa ser compreendido com
respeito à sua complexidade e mudança constante. Como você acha que as suas
percepções sobre as pessoas ao seu redor mudam com o tempo? E a nosso respeito,
mudamos constantemente, e nem sequer damo-nos conta que já estamos noutra
vibração, nem o rio é o mesmo e tampouco nós somos os mesmos.
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