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domingo, 11 de maio de 2025

Abstração e Subjetividade

Outro dia, na fila da padaria aqui pertinho de casa, fiquei pensando em como a gente consegue falar de coisas que ninguém nunca viu. Tipo “justiça”, “tempo”, “felicidade”. Ninguém pega essas coisas com a mão, mas todo mundo parece saber do que se trata. E o mais curioso: cada um entende de um jeito. O que é justo pra mim pode ser absurdo pra você. O que é liberdade pra mim pode ser prisão pra outro. É aí que entram dois personagens curiosos do pensamento: a abstração e a subjetividade. Juntas, elas fazem a gente viver num mundo onde o invisível pesa mais do que o que está diante dos olhos.

Abstração e subjetividade são como dois amigos inseparáveis numa conversa sobre o mundo — sempre que um aparece, o outro dá um jeito de estar por perto. A abstração é aquilo que fazemos quando deixamos de lado os detalhes concretos para captar a essência de algo. Já a subjetividade é o filtro por onde tudo isso passa, com suas lentes pessoais, emocionais e culturais.

Por exemplo: se eu digo “liberdade”, essa palavra parece clara, mas cada um a entende de um jeito. Para um adolescente, pode ser sair da casa dos pais. Para um preso, pode ser o fim da pena. Para um artista, pode ser pintar sem limites. Essa é a subjetividade entrando em cena: um mesmo conceito abstrato ganha vida diferente em cada mente.

No cotidiano, abstração é quando entendemos o “amor” sem precisar de um manual. Quando dizemos que alguém tem “peso na consciência”, estamos usando uma abstração para descrever algo invisível, mas profundamente real — e subjetivo.

O filósofo alemão Immanuel Kant dizia que não conhecemos as coisas como são, mas como elas aparecem para nós. Ou seja: toda abstração já nasce moldada pela nossa forma de perceber. Subjetividade, portanto, não é defeito do pensamento — é a sua condição de existência.

Se abstração fosse uma estrada que nos leva ao sentido profundo das coisas, a subjetividade seria o carro que cada um dirige por ela. Uns aceleram, outros freiam, alguns se perdem, outros inventam atalhos. E todos acreditam estar indo na direção certa.