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quinta-feira, 3 de abril de 2025

Construir Pontes

A ponte mais importante que construí na vida não era de concreto nem de aço. Era invisível, mas mais sólida que qualquer estrutura física. Foi uma ponte entre duas pessoas que, por muito tempo, ficaram separadas por um abismo de orgulho, mal-entendidos e silêncios prolongados. Talvez todos já tenhamos vivido isso: aquele momento em que uma simples palavra ou gesto cria uma conexão que parecia impossível. Mas o que significa realmente "construir pontes"?

A Arte de Criar Conexões

Construir pontes é um ato de superação. Pode ser entre indivíduos, culturas, ideias ou até mesmo dentro de nós mesmos. O conceito carrega um sentido de travessia e de encontro, mas também de esforço e intencionalidade. Diferente dos muros, que se erguem para proteger, as pontes são estruturas que desafiam barreiras naturais e artificiais, permitindo trânsito e troca.

Na filosofia, há paralelos com a dialética de Hegel, que via o desenvolvimento do pensamento como uma síntese entre opostos. Uma ponte é exatamente isso: a síntese entre duas margens que, sem ela, permaneceriam isoladas. Também podemos recorrer a Martin Buber, que distinguia as relações "Eu-Tu" das "Eu-Isso". Construir pontes é transformar relações objetificadas em relações autênticas, onde o outro deixa de ser um estranho e se torna um interlocutor genuíno.

O Desafio da Travessia

Nem todas as pontes são fáceis de construir. Muitas vezes, exigem renúncia, paciência e até um certo risco. No mundo contemporâneo, cada vez mais fragmentado, onde discursos polarizados moldam a percepção do outro como inimigo, a metáfora da ponte se torna mais relevante do que nunca. Como dialogar com alguém que pensa diferente sem cair na armadilha da hostilidade? Como construir pontes quando tudo parece ruínas?

Talvez a resposta esteja na escuta ativa. O filósofo francês Paul Ricoeur falava sobre a importância da hermenêutica, a arte de interpretar não apenas textos, mas também o outro. Compreender o outro exige interpretar sua história, sua dor e suas razões. Somente assim se pode encontrar um ponto de conexão legítimo.

Pontes Interiores

Às vezes, a construção mais difícil é aquela que fazemos dentro de nós. Como conectar nossa razão com nossa emoção? Nossa memória com nosso presente? Nossa identidade com nossa constante mudança? O ser humano é, por natureza, uma coleção de margens que precisam de pontes.

A tradição budista ensina que a mente é como um rio: flui, mas pode ser atravessada se soubermos construir as passagens certas. A meditação, a reflexão e a aceitação são formas de engenharia interior que nos ajudam a transpor nossas próprias contradições e a fazer as pazes com quem somos.

Ser um Engenheiro de Pontes

Construir pontes não é um trabalho exclusivo de engenheiros civis. Todos somos, de alguma forma, arquitetos de conexões. Seja nos pequenos gestos do cotidiano, no esforço de compreender o outro ou na busca por integrar nossas partes fragmentadas, a travessia é sempre um movimento ativo.

Em um mundo que parece mais interessado em erguer muros, talvez o verdadeiro ato de rebeldia seja tornar-se um construtor de pontes. Afinal, é na travessia que nos tornamos mais humanos.


quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Amadurecimento Tardio

Sabe aquele momento em que você percebe que o amadurecimento não acontece no mesmo ritmo para todo mundo? É como se, para alguns, a vida fosse uma corrida de 100 metros, enquanto para outros, parece uma maratona que precisa de mais tempo e paciência. O amadurecimento tardio é exatamente isso: chegar aos mesmos pontos de crescimento, só que um pouco depois do esperado.

No cotidiano, talvez você tenha aquela amiga que só começou a se entender melhor aos 40. Ou aquele colega que, de repente, aos 50, descobriu sua verdadeira vocação. Para muitos, parece estranho, afinal, existe uma pressão social imensa para que tudo aconteça logo: a carreira de sucesso aos 30, a estabilidade emocional aos 35, a clareza existencial antes dos 40. Mas, e se a vida não seguisse esse cronograma?

Um dos melhores exemplos de amadurecimento tardio pode ser observado nas pequenas mudanças de percepção. Quantas vezes a gente repete padrões, segue no piloto automático, até que, de repente, num café tranquilo ou numa caminhada solitária, uma ficha cai? Não é que não estivéssemos prontos antes, mas talvez precisássemos de mais experiências, erros e acertos para absorver tudo.

O filósofo espanhol Ortega y Gasset dizia algo que pode se encaixar perfeitamente nessa ideia: “Eu sou eu e minhas circunstâncias.” Para alguns, as circunstâncias são mais generosas e favorecem um crescimento rápido. Para outros, os desafios são maiores ou as mudanças internas demoram mais para acontecer. Mas uma coisa é certa: cada um amadurece no seu tempo.

Curiosamente, o amadurecimento tardio tem suas vantagens. Quando chega, ele vem mais sólido. É como um fruto que passou mais tempo na árvore, absorvendo todos os nutrientes, amadurecendo com paciência. Muitas vezes, essa maturidade tardia traz uma visão mais profunda da vida, mais leveza em lidar com os próprios erros e uma compreensão maior sobre o que realmente importa.

Nos dias atuais, em que o imediatismo reina e tudo precisa acontecer para "ontem", permitir-se amadurecer no próprio ritmo pode ser um ato de rebeldia saudável. Não se trata de fugir das responsabilidades ou evitar o crescimento, mas de entender que o tempo de cada um é único. Então, se você sente que está amadurecendo "depois", não se preocupe. Talvez seja justamente esse tempo extra que trará a profundidade e a sabedoria que muitos, na pressa de crescer rápido, acabam perdendo. Afinal, cada um tem seu próprio ritmo, e como já dizia o ditado: "devagar se vai ao longe."


quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Um Lugar Seguro

Existe algo profundamente humano na busca por um lugar seguro. Todos, em algum momento da vida, sentem a necessidade de encontrar esse refúgio, um espaço onde possam ser quem são sem medo do julgamento, da insegurança ou do caos que muitas vezes se espalha pela vida. Às vezes, imaginamos que esse lugar é uma casa acolhedora, um canto sossegado no meio de um parque ou até mesmo uma cafeteria tranquila. Mas e se o verdadeiro lugar seguro não fosse um espaço físico? E se, como sugere o filósofo grego Epicuro, a segurança que buscamos estivesse em nossa mente?

Epicuro defendia que a ataraxia, um estado de serenidade e ausência de perturbação, era o verdadeiro caminho para a felicidade. Ele acreditava que o medo, em especial o medo da morte e dos deuses, nos impedia de viver plenamente. Portanto, um lugar seguro não deveria ser algo externo a nós, mas uma construção interna, onde o conhecimento e a reflexão nos protegem dos temores e das angústias.

Essa ideia ressoa muito com o que sentimos no cotidiano. Muitas vezes, corremos atrás de soluções externas — um novo apartamento, uma viagem ou até mesmo um emprego melhor — acreditando que, ao conquistá-las, finalmente estaremos seguros. Mas, passado o efeito inicial de alívio, percebemos que a inquietação ainda está lá. O verdadeiro refúgio, então, pode não ser aquele que construímos com tijolos, mas sim aquele que erguemos com nossas convicções, nossas crenças e, claro, o cultivo de uma mente tranquila.

No dia a dia, quantas vezes nos deparamos com situações que despertam esse desejo por segurança? Desde o simples medo de errar no trabalho até as incertezas sobre o futuro. São momentos em que o chão parece instável, e buscamos um porto onde possamos ancorar. Nessas horas, é interessante notar como, muitas vezes, o refúgio pode ser uma conversa consigo mesmo, refletindo sobre o que realmente importa.

Como Epicuro nos lembra, parte da segurança vem de compreender que muitas das coisas que tememos não são tão ameaçadoras quanto parecem. O medo da opinião alheia, por exemplo, frequentemente se dissipa quando percebemos que os outros estão tão preocupados com suas próprias vidas que mal reparam em nós. Da mesma forma, o medo do fracasso pode ser minimizado ao entender que o fracasso é, muitas vezes, uma etapa necessária para o aprendizado e o crescimento.

Então, talvez o lugar seguro que tanto buscamos não esteja em outro país, numa casa nova ou num relacionamento perfeito. Talvez, ele já esteja aqui, dentro de nós, aguardando o momento em que decidimos parar e, com serenidade, olhar para dentro. Como Epicuro sabiamente coloca: "Aquele que não considera o que tem como sendo o mais suficiente está, embora possua o mundo, em miséria."

Cultivar esse espaço interior, onde as tempestades do mundo externo não nos abalam tanto, é um processo contínuo. É como cuidar de um jardim: precisa de paciência, atenção e, acima de tudo, prática diária. E assim, dia após dia, criamos o nosso próprio lugar seguro — um que ninguém pode nos tirar. 

quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

Sabedoria da Aranha


Teia da Aranha

Esta semana sai a rua para admirar a lua cheia e a abertura da flor de cactos a dama da noite, estavam lindíssimas, no entanto quase mergulhei numa teia de aranha gigantesca, uma teia enorme e bela com sua construtora e tecelã dona aranha ao centro, foi tudo um espetáculo belíssimo o qual fiquei algum tempo admirando e pensando como a natureza é maravilhosa e o tanto que temos de aprender com ela e suas belezuras. Ao observarmos a natureza podemos sempre nos admirar com suas peculiaridades e o quanto de filosofia contidos em cada uma delas, me dediquei a uma observação mais atenta a aranha e sua teia.



Dama da Noite

E você já parou para observar uma aranha tecendo sua teia? É fascinante como esses pequenos arquitetos de oito patas realizam um feito incrível, e, surpreendentemente, podemos extrair algumas lições filosóficas dessa dança intrincada de fios. Imagino Sócrates, o grande filósofo grego, sentado em contemplação ao observar a aranha em ação. Ele provavelmente destacaria a importância da paciência e da persistência, virtudes que a aranha incorpora enquanto tece sua obra-prima. Assim como Sócrates buscava a verdade por meio do diálogo, a aranha busca a perfeição em sua teia, enfrentando desafios com determinação.

A filosofia, muitas vezes, é comparada a uma teia complexa, onde cada ideia, como um fio, se entrelaça formando um intrincado sistema de pensamento. Nesse intrincado emaranhado de conceitos, podemos vislumbrar a imagem de uma aranha, representando a filosofia como uma criadora paciente, resiliente e sábia. A paciência, um dos fundamentos da filosofia, encontra uma expressão peculiar na dança tecida pela aranha. Como uma verdadeira filósofa, ela tece sua teia com calma e determinação, enfrentando os desafios do vento e do ambiente com uma serenidade que ecoa as virtudes da paciência filosófica. Diante da incerteza e da complexidade, a aranha persiste, assim como o filósofo diante das questões intrincadas da existência.

A sabedoria da aranha se manifesta na arte de construir uma teia funcional e esteticamente bela. Ao observar a arquitetura cuidadosa da teia, podemos imaginar a filosofia como um empreendimento sábio, cuidadosamente planejado para compreender os mistérios do universo. Cada fio representa uma ideia, e a aranha, com sua perícia, escolhe estrategicamente onde tecer para criar uma estrutura harmoniosa. Assim como uma filósofa que adapta suas teorias ao contexto filosófico circundante, a aranha ajusta sua teia de acordo com o ambiente. Ela não é uma criadora inflexível, mas uma artista adaptável, mostrando-nos que a verdadeira sabedoria filosófica está na capacidade de se ajustar às mudanças e desafios do mundo.

Em muitas tradições filosóficas, a busca pela verdade é um tema central. A aranha, ao construir sua teia, representa essa busca incessante pela compreensão. A cada novo fio, a cada nova conexão, a aranha explora as profundezas do conhecimento, assim como os filósofos que buscam desvendar os enigmas da existência. Na teia da filosofia, a aranha não é apenas uma criadora, mas uma mestra que nos ensina sobre a paciência diante da complexidade, a sabedoria na escolha das ideias e a adaptabilidade diante das mudanças. Enquanto contemplamos a teia filosófica, podemos encontrar inspiração na paciente e sábia aranha que, silenciosamente, tece as tramas do conhecimento e da compreensão.

A teoria do filósofo existencialista Jean-Paul Sartre também se faz presente na tapeçaria de uma aranha. A liberdade de escolha, um conceito central para Sartre, está evidente na maneira como a aranha adapta sua teia ao ambiente circundante. Diante dos ventos da vida, ela não é prisioneira de uma única estrutura, mas uma artista adaptável, moldando seu trabalho conforme necessário. Noutro dia caso a teia não tenha resistido as intempéries e outros danos a aranha tece novamente sua teia, assim tantas vezes sem esmorecer, eis lá a teia novamente colocada magistralmente, demonstrando sua capacidade de resiliência.

O pensamento budista, com sua ênfase na interconexão de todas as coisas, encontra eco na teia da aranha. Nagarjuna, um filósofo budista, poderia nos lembrar da importância de reconhecermos nossa interdependência com o ambiente. A teia não é apenas uma estrutura isolada, mas parte de uma complexa teia da vida, onde cada fio desempenha um papel vital na sustentação do todo.

A filosofia de Aristóteles também encontra lugar nesse espetáculo da natureza. A habilidade técnica da aranha na construção de sua teia destaca a excelência e o aprimoramento contínuo, princípios fundamentais na ética aristotélica. Assim como Aristóteles valorizava a busca pela excelência em todas as áreas da vida, a aranha busca a perfeição em seu ofício assim como nós diariamente exercitamos nosso aprendizado e desenvolvimento das virtudes.

Mas, talvez, a lição mais profunda que podemos extrair da teia da aranha seja um eco do pensamento de Albert Camus, o filósofo existencialista. A aranha, ao criar sua teia, não está apenas construindo um abrigo, mas participando ativamente da vida e da criação. Em sua ação, encontramos uma resposta ao absurdo da existência, uma afirmação de significado no ato de tecer a própria existência e uma afirmação do quão bela é a vida.

Assim, ao contemplar a teia da aranha, somos convidados a refletir sobre nossas próprias vidas. Como a aranha, tecemos nossas histórias, enfrentamos desafios, adaptamo-nos e buscamos a excelência. A natureza, muitas vezes, é a maior filósofa, e as lições que podemos aprender dela são tão complexas e intrincadas quanto as teias que adornam nosso mundo. Talvez, ao seguir o exemplo da aranha, possamos encontrar um significado mais profundo em nossas próprias jornadas.

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Uma reflexão filosófica sobre a experiência da paciência durante o confinamento

 

 

Se há alguma coisa que dá sabedoria à alma, é a paciência. Qual era o segredo dos mestres que realizaram grandes coisas, inspiraram muitas pessoas e ajudaram muitas almas? O segredo deles era a paciência.  Inayat Khan

 

Alguns dias atrás falávamos sobre um tema muito caro neste momento em que nos encontramos confinados: a paciência, falamos sobre a experiência em que nós humanos globalizados estamos sendo submetidos, e paciência é um dos melhores remédios, talvez seja o melhor remédio, aquele que fara a diferença entre viver ou morrer.

 

Experiência em pandemia não tínhamos nenhuma até agora, no entanto decorridos 164 dias de confinamento podemos falar de algo que já foi, ainda é, e será por algum tempo, nosso dialogo imediatamente adotou o modelo discursivo da experiência humana, histórico e narrativo em que o antes e o depois se encontram encadeados por uma lógica em que a cada instante se sucede a outro e assim até ao futuro incerto.

Nosso diálogo com viés filosófico, naquele momento presente era tudo: nele encontrava-se a memória do passado (nossas experiências) e as expectativas do futuro.

No presente encontra-se a memória do passado do poder ir e vir, as expectativas do futuro, neste futuro que nos sinaliza com continuidade de confinamento voluntário e compulsório, distanciamento social, e em algum momento dele encontra-se a vacina libertadora.

Nossa sensação presente é de paralisação, é um presente que a cada respiração vai ficando para trás com sensação de estarmos presos a ele, fechado em si mesmo, e assim será este sentimento até que nos seja disponibilizada a vacina que poderá nos libertar da prisão imposta pela COVID 19, no entanto as notícias são otimistas, as pesquisas realizadas em diferentes países, informam que estão em estágios avançados e acendem as luzes do porvir iluminando o presente.

 

“Nossa vida não é senão uma longa espera”, Sartre em O Ser e o Nada

 

A lógica do dito popular “longe dos olhos, longe do coração” expressam o sentimento geral, mesmo que virtualmente estejamos nos vendo e falando, o ser humano precisa mais do que ver e falar virtualmente, é preciso ver pessoalmente, tocar, abraçar, beijar, precisamos mais do que a frieza tecnológica pode nos oferecer. Este momento é o momento de entendermos o que significa paciência, nela encontra-se a força até então desconhecida e que poucos a conhecem e utilizam para vencer as dificuldades de suas vidas.

 

Chegam boas notícias da vacina, estas notícias são como músicas para os ouvidos, recarregam as forças da paciência para combater a escuridão os nevoeiros, negruras e debilidades das pessoas, infortúnios, males e sofrimentos do mundo.

  

As coisas vão ficar bem, tudo que precisamos é de um pouco de paciência.  Guns N' Roses

Na vivencia angustiante deste momento, a paciência que é uma virtude é levada a prova, junto a ela está a esperança de dias melhores. A paciência é a força que pulsa silenciosa que espera apesar de tudo, a paciência é nossa forma de não aceitar o “presente fechado em si mesmo”, lutamos contra a ideia de sua temporalidade peculiar procurando minimizar os efeitos do sentimento opressivo de impotência, temos esperanças de um futuro melhor.

 

O tempo e a paciência são dois eternos beligerantes. Leon Tolstói

 

Falamos a vida toda que é necessária paciência para resistir aos golpes da vida sem sucumbir, e com capacidade de padecer, de suportar e continuar esperando, no entanto, paciência não é resignação, na resignação o sujeito não tem por que esperar por nada e aquele que tem paciência espera tendo em sua essência uma meta, um objetivo.

 

A paciência {é uma das] qualidades "femininas" que têm como origem a nossa opressão, mas que deve ser preservada após a nossa libertação. SIMONE DE BEAUVOIR

 

Falar sobre a paciência é falar desta virtude que me fortaleceu e me preveniu diante dos desafios diários, muitas vezes foi com esta forma de luta que me permitiu resistir aos golpes da vida sem sucumbir, encarando de frente as adversidades sem me deixar destruir por elas, aguentando sem abatimento a carga da existência e os ataques da aflição que vive um espirito consciente de seu confinamento num corpo em viagem neste mundo.

 

Eu penso e penso, durante meses e anos, e em noventa e nove vezes a conclusão está errada. Na centésima vez eu acerto.  ALBERT EINSTEIN

 

É na paciência que encontramos a força para manter acesa a esperança de sentido diante da esmagadora evidência do excesso de mal neste mundo.

 

 O confinamento está fazendo as pessoas prestarem mais atenção as notícias e aos noticiários, há muita maldade circulando, inclusive nas redes sociais, uns assim procedem por ideologia política, outros pela índole maléfica, alimentada por informações falsas (fake news), comuns nesse tempo de pós-verdade, de versões se sobrepondo a fatos. Alguns destes acolhem o mal e o estimulam, no mesmo tempo em que proferem discursos de uma falsa piedade, aproveitando-se do momento para superfaturarem equipamentos e insumos para saúde.

 

Evitar o fanatismo das ideologias este deveria ser o lema de cada um, as ideologias são como carcereiros que cuidam de tirar da cabeça de seus escravos a esperança de haver vida noutro caminho, são fechadas em si mesmas, evitam qualquer contato que possam contaminar sua plantação disciplinada e ordenada, são indivíduos da mesma espécie separados, manipulados, catalogados, produto da adesão cega de algum sistema, doutrina, na maioria das vezes levados a extremos de intolerância, pregam o amor para os escravos de seu senhor e o ódio aos escravos doutro senhor, porem escravos, sempre escravos.

 

Assim como um ambiente quente e úmido é propício à disseminação de bactérias mortais, as ideologias são especialmente propicias a disseminação de atos de pensar do tipo rebanho, carregando em seu ambiente a circularidade de luta incessante em torno de si mesmo, retornando ao mesmo ponto de conflito irresolúvel.

Seu raciocínio se baseia em uma série de vieses de que ela sequer se dá conta, sua cegueira não permite enxergar a verdade dos outros e que sua verdadeira função seria a de apagar as diferenças, de possuir senso de humanidade e igualdade, as ideologias intensificam as diferenças desarmonizando a sociedade, agem como são, apenas escravos, não há uma luta hegeliana entre o senhor e o escravo, não há liberdade real, é apenas uma manifestação unilateral da impaciência negativa. Chauí nos ensina que:

 

..., a função da ideologia é a de apagar as diferenças, como as de classes, e de fornecer aos membros da sociedade o sentimento de identidade social, encontrando certos referenciais identificadores de todos e para todos, como, por exemplo, a humanidade, a liberdade, a igualdade, a nação, ou o Estado.” (Marilena Chauí, o que é ideologia 1980).

 

O indivíduo que tem paciência não é dogmático, nem intolerante, nem fanático, por isso não é escravo de alguma ideologia. Este indivíduo flui entre as ideologias sem se contaminar e deixar ser submetido a manipulações mentais. 

A paciência participante o eleva a contemplação dos fatos, desenvolvendo um talento do jogo do observador, fazendo sua jogada e não se deixando envolver pela jogada do outro, esta é uma decisão primaria no jogo da vida, é um dom, um talento primordial que decide sobre o que pertence e o que não pertence a ele, o que é ou deve ser e o que não, esta é a lógica do pensamento do indivíduo que tem paciência.

 

 

A paciência impulsiona.

LAMA SURYA  DAS

A paciência tem uma dupla vertente: a passividade participante do observador que se insere na realidade a observar, observa, sem nada alterar, e atividade de quem age tendo uma meta a atingir, é nela que as forças da perseverança se manifestam para enfim chegar em algum lugar e ao fim, com paciência evitamos a precipitação e cometer mais erros.

Temos na boa paciência a força para agir aqui e agora se for necessário, sem adiar, nem atrasar a intervenção oportuna e urgente, com convicção e compromisso.

 

 

Para aprender a ter paciência, você precisa primeiro ter muita paciência. STANISLAW J. LEC

 

A paciência deve ser do tipo vigilante ou vigília paciente, apta a agir e expressão humana no momento oportuno, sua característica a dimensão temporal e sua identificação com a esperança sem resignação, assim como nos diz “Esquirol”:

 

A autentica paciência ligada a esperança é tão essencial ao ser humano como o pão que ele come ou o ar que respira. Tanto que a paciência não é apenas uma virtude entre outras. Sua evidente dimensão temporal e sua identificação com a esperança fazem-na inclusive candidata a expressar o humano. Esquirol, p.116

 

A gravidade do surto que se transformou em pandemia forçou-nos seres humanos a observar com mais atenção para o planeta, tentando entender a razão por estarmos mundialmente paralisados. Em princípio, supostamente, teria surgido o coronavirus de seu hospedeiro natural o morcego, a contaminação teria ocorrido pela manipulação do morcego, consumido como alimento (será?), esta é uma das hipóteses apresentada pelos cientistas, a transmissão da doença para humanos teria surgido através da manipulação destes animais em mercados de Wuhan na China. Por lá é um alimento frequente na vida dos chineses mesmo sendo do conhecimento geral que morcegos costumam abrigar uma série de vírus nocivos aos humanos.

 

A distância atualmente não representa muito, pois basta uma passagem de avião, algumas horas de voo e estamos nos conectando fisicamente, qualquer vírus pode chegar no outro lado do mundo em questão de minutos ou horas.

 

Para nós ocidentais parece ser muito exótico o consumo de morcego como alimento, além do morcego outros animais consumidos por lá, também nos causam repulsa, tais como cobras, gafanhotos, sapos, cães e etc.

 

Temos em nosso cardápio outros animais silvestres, caçados para alimento ou comercialização, há um verdadeiro mercado negro explorando a natureza de maneira criminosa e devastadora. Nem a pandemia conseguiu conter o mercado de caça ilegal.

 

Há um limite onde a paciência deixa de ser uma virtude. Edmund Burke

 

No Brasil praticamente todo dia temos notícias da venda, consumo e tráfico de animais silvestres, é comum em diversas regiões. Também há abuso e crueldade presentes nas granjas industriais e na criação de animais, ficam confinados para engorda e maciez da carne, muitos vivendo em condições muito precárias.

 

Adote o ritmo da natureza. O segredo dela é a paciência. Ralph Waldo Emerson

 

A natureza vem reagindo aos abusos disparando vários tipos de doenças, representando ameaças mundiais como a gripe aviaria, ebola, sars, influenza.

Percebemos, sabemos disto tudo, mas nada fazemos para conter o abuso consumista, o consumo por si só não tem sentido, ele é manipulador quando não tem nada a ver com a satisfação das necessidades.

 

Para a nossa avareza, o muito é pouco; para a nossa necessidade, o pouco é muito.  Sêneca

 

As necessidades humanas estão diretamente ligadas ao consumo, no entanto a fomentação ao consumo criou o que chamamos de “consumistas compulsivos” realizando desejos desenfreados.

 

Os homens quando não são forçados a lutar por necessidade, lutam por ambição.  Maquiavel

 

Vivemos num mundo predominantemente de produção alienada, o consumo é artificialmente estimulado, e consequentemente o consumo também se torna alienado, segundo Karl Marx, a alienação trata-se de uma forma de dominação.

 

A desvalorização do mundo humano aumenta em proporção direta com a valorização do mundo das coisas.”   Karl Marx

 

A alienação para ser combatida também necessita de paciência, pois se não soubermos esperar pacientemente não saberemos reconhecer aquilo que realmente desejamos e precisamos, estaremos fazendo apenas a vontade de outro e não a nossa.

 

A espera intensifica o desejo. Na realidade, ela nos ajuda a reconhecer quais são nossos verdadeiros desejos. Ela separa nossos entusiasmos passageiros de nossos verdadeiros anseios. DAVID RUNCORN

 

O turbilhão produção-consumo em que o homem está mergulhado impede-o de ver com clareza a própria exploração e a perda da liberdade, de tal forma se acha reduzido na alienação e regressão ao que Marcuse chama de unidimensionalidade (ou seja, a uma só dimensão), que na linguagem hegeliano-marxista, se chamava reificação, a transformação tendencial dos seres humanos em objetos e a consequente perda da capacidade humana de conceber a possibilidade de diferentes níveis da existência e de criação humana.

 

Hoje temos a capacidade de transformar o mundo num inferno e estamos a caminho de fazê-lo. Mas também temos a capacidade de fazer exatamente o contrário.  Marcuse

 

Neste turbilhão produção-consumo é a natureza quem sai perdendo, e nós também, pois somos parte da natureza. Ao longo de décadas a exploração insustentável vem agredindo a natureza, e muito do que se faz é para atender metas de produção alienada.

 Dura é a luta contra o desejo, que compra o que quer à custa da alma.  Heráclito

A natureza vem nos dando recados e nos mantivemos surdos e cegos, diante da cegueira e descontrole, já que o homem não tem controle sobre si mesmo, e não consegue conter outros homens de explorar irracionalmente, temos a impressão de que a natureza esteja punindo os abusos consumistas através de doenças e desta pandemia.

 

Aparentemente o coronavirus já estaria vivendo em nossos esgotos aguardando pacientemente por um gatilho, ainda nos dando uma oportunidade de arrependimento e conscientização dos problemas causados por nós.

 

Os problemas nada mais são do que oportunidades vestindo roupas de trabalho. HBNRY J. KAISER

 

Diante da irreversibilidade do passado, o tempo que é sinônimo da vida e da paciência exigirá de cada um de nós um resgate desta conta que é gigantesca, devemos estabelecer a meta de evitar a destruição daquilo que ainda nos resta e o pior, tentar salvar, se é que é possível, aquilo que já passou. 

 

Algumas coisas, só podem acontecer através do tempo. Elas apenas acontecem o tempo as transporta. M. C. RICHARDS

 

Mesmo durante a pandemia ainda ouvimos declarações da retomada da produção e exploração em ritmo acelerado na tentativa de recuperar o volume de produção perdidos, no entanto se ainda não entendemos o sentido e o recado da natureza, o futuro será sombrio. 


Nos encontramos numa encruzilhada, nesta parada obrigatória estamos parados olhando para os caminhos que poderemos tomar, e lembrei de uma leitura e filme que vi, Matrix, lembro do diálogo entre Trinity e Neo: "Trinity lembra Neo: Você conhece esta estrada. Você sabe exatamente onde ela termina. E eu sei que não é onde você quer estar". A ficção que nasceu de uma maneira de refletir sobre a realidade, é na ficção que nos identificamos e olhamos para o real e o irreal como possibilidades, real por que estamos vivenciando e o irreal talvez seja a situação ideal do que poderia ou poderá vir a ser, a isto reagimos através de representações emocionais, coisa de humanos.

— Cedo ou tarde você descobrirá a diferença entre saber o caminho e percorrer o caminho.

— Eu lhe mostro a porta, mas é você que tem que atravessá-la.

— Não acredito em destino. Porque não gosto da ideia de não poder controlar minha vida.  Matrix

O confinamento de extensão global, onde cada família deve ficar confinada a seu próprio espaço, vivendo e convivendo num tipo de Big Brother, escrevendo e vivenciando seus próprios roteiros, antes o que era apenas ficção de querer saber que a representação era real para tirar dela um prazer real, agora a realidade é tão dura que se quebrar as regras do jogo de convivência os jogadores saem do jogo pelo risco de morte.

Os canais de filmes identificaram um grande aumento de interesse do público por filmes que falam de epidemias como “Sentidos do Amor”, “Epidemia”, “Eu sou a Lenda”, “REC”, “Extermínio”, “O Enigma de Andrômeda”, “Ensaios sobre a Cegueira”, “Contagio”, “Deranged”, “Os Doze Macacos”. Acredito que este interesse é o modo como nos identificamos com os personagens fictícios e que parte do interesse é porque nós temos agora a experiência e resposta emocional de quem experimenta ficção e realidade psicológica e cognitivamente.

Como num filme de terror, o monstro invisível coronavirus já estaria vivendo em nossos esgotos aguardando pacientemente por um gatilho, como se tivesse alguma inteligência ou servindo algum tipo de inteligência, estivesse à espreita nos observando, ainda nos dando uma oportunidade de reforma, mudança e conscientização dos problemas causados por nós, como o arrependimento e a mudança não vieram...cá estamos nós!

A ficção segue materializando-se na realidade, quem não leu gibis e assistiu desenho animado na TV a Família Jetsons – A Família do Futuro? “Os Jetsons”, criado pela Hanna-Barbera (um estúdio que produziu vários desenhos animados sensacionais, diga-se de passagem) na década de 60, e que contava sobre uma família que vivia no século 21. Na verdade, o ano específico em que a família vivia era 2062, então a gente ainda tem alguns anos para poder chegar à algumas inovações existentes no desenho, porem boa parte da estória já se materializou.

 

A relação do homem com o meio ambiente nesta retomada de convivio seja reavaliada, vamos sair deste filme de terror "real", que nesta retomada esteja presente a "sustentabilidade" como ordem mundial, primeiro mudamos o pensamento e em seguida criam-se novos hábitos de consumo, dando outro rumo para nossas vidas.

 

A maior descoberta da minha geração foi a de que o ser humano pode alterar sua vida alterando sua mente.  WILIIAM JAMES

 

Diante da crise, isto é, deste momento que exige o nosso julgamento, e que não temos elementos suficientes para fazer qualquer juízo, levantamos algumas questões para reflexão e para inflexão. Refletir é um convite a revisitar o que já foi visto. A inflexão nos convoca para uma mudança de olhar, encarar o que não observamos à primeira vista.

 

Quem sabe seja o momento de uma mudança de direção e de sentido?

 

Diante das mudanças advindas da pandemia causada pelo novo coronavírus, que não só atingiram as pessoas globalmente e modificaram suas dinâmicas sociais como, principalmente, será que irão ficar apenas nas "reflexões" sobre as necessidades da era atual?

 

Será que estes novos hábitos que foram adotados na forma de trabalhar, de se comunicar, de se relacionar, de estudar e, principalmente, no consumo da população, irão vingar após obtermos a vacina?

 

Quem sabe as respostas a questões como estas poderão surgir com o bom uso de nosso amigo “tempo”, estamos vivendo o tempo da espera, a espera que exige paciência, quem escreveu o roteiro da vida sabe a resposta, para nós mortais vamos em frente que de qualquer forma e seja o que for a resposta esta no futuro.

O tempo e a paciência estão intimamente ligados, a paciência inteligente aproveita o movimento do tempo contrapondo-se à espera passiva, a paciência é o movimento inteligente que aproveita bem este paradoxal tempo de parada forçada. 

 

Esperar por esperar não tem nenhum sentido, é sempre possível realizar algo útil enquanto se espera, aproveitemos para pensar em melhorar os novos hábitos adquiridos, alguns deverão ser mantidos e outros deverão ser adotados.

 

Nada é mais eficaz do que inspirar e expirar lenta e profundamente para administrar algo que você não pode controlar, e a seguir se concentrar naquilo que está bem na sua frente. OPRAH WINFREY

 

O confinamento em si já é frustrante e sem alguma atividade, pode ser entediante, estamos frustrados pela falta de liberdade e sendo obrigados a adiar e deixar de fazer coisas que nos davam prazer, os psicólogos dizem que o tédio é criado pela incapacidade de adiar um prazer e pela baixa tolerância à frustração. E, que todas as vezes que afirmamos que uma coisa é entediante, o que realmente estamos dizendo é que não temos paciência para aquilo.

 

O tédio é outro inimigo presente na vida de muitas pessoas, a falta de ocupação é o principal responsável por este sentimento, para dissipar este sentimento procure fazer alguma coisa que goste, principalmente atividades que exijam “mais” paciência.

 

Quando as pessoas se sentem entediadas, é basicamente com elas mesmas que estão entediadas. ERIC HOFFER

 

Há muita ansiedade e expectativas na espera da vacina que nos livre imediatamente do inimigo invisível COVID 19, as pessoas estão confinadas por tempo muito longo, e está causando muita irritação, a irritação como tantas outras reações do temperamento humano, é uma grande perda de tempo. Não estamos acostumados a ter a paciência da espera, neste caso, nossa impaciência também é inerente a nossa preocupação de quanto antes surgir a vacina, quanto antes retomaremos nossa vida normal e principalmente vidas serão salvas.

 

Se todos tivessem entrado em pânico quando os barcos lotados de refugiados se depararam, com tempestades ou piratas, tudo estaria perdido. Mas, se apegas uma pessoa permanecesse calma e centrada, isso seria o bastante. Ela indicaria o caminho para que todos sobrevivessem. THICH NHAT HANH

 

Depois desta experiência acredito que vivenciaremos outro tipo de “normalidade”, espero que seja diferente daquele tipo anterior de “normalidade”, afinal aquela normalidade tornou-se um problema com vários problemas como: produção alienada, transito engarrafado, poluição, consumo desenfreado, alienado e insustentável, estresse, desemprego. 

Tudo flui, nada permanece.  Heráclito

 Para milhares de pessoas será mais difícil voltar à normalidade, enfrentaram grandes perdas, para muitos a paciência extrapolou a capacidade de resiliência, milhares ainda enfrentam lutos, ainda mais sofridos porque sequer conseguiram despedir-se dos seus entes queridos. Para nós o ato de despedida é muito importante, é necessário tocar o corpo, olhar e proferir as últimas palavras, principalmente em nossa sociedade que ainda vê a morte como um tabu, e o assunto evitado ao ponto de tornar-se até oculto.

 

 Mais vale o homem lento para a ira do que o herói.

E um homem senhor de si do que o conquistador de uma cidade. PROVÉRBIOS 16:32

 Além da perda de alguém, há outro tipo de luto, que é a experiência da perda do emprego, há um sentimento de luto pela perda de um lugar, de uma vida tal como era conhecida, enfrentaram lutos, lutos muito difíceis de assimilar, vivenciados no confinamento parecem ter levado a um sentimento de fim da linha, nos lembrando que somos os únicos seres capazes de perceber a própria finitude e ter consciência da sua morte.

 

 A maneira mais rápida e certa de viver com dignidade é ser realmente o que aparentamos ser.

Todas as virtudes humanas aumentam e se fortificam quando as praticamos e as vivenciamos

SÓCRATES

 Estamos em tempo de uma tomada de consciência, não podemos nos dar ao luxo de perder mais nada, estamos todos juntos nesta empreitada, vivendo no mesmo planeta, vivemos no mesmo meio ambiente, este é o momento da tomada de consciência e refletir acerca de “valores”, valores envolvidos nestes “jogos de regras” de caráter sustentável coletivo, será fundamental pensar em consumir de maneira sustentável, pensando ludicamente, a sustentabilidade é um jogo cooperativo, se jogar direito, todos ganham!

 

 A tornada de consciência permite encarar a realidade para mudá-la. ANTHONY DE MELLO

Há um ditado popular que diz ser a pressa inimiga da perfeição; a vacina que ainda é uma promessa no presente para futuro próximo, será uma defesa para este recente mal que assolou os seres humanos, então que seja desenvolvida habilmente no seu devido tempo, respeitando todas as etapas de testes, analises e avaliações.

 

Todos os momentos representam um começo. Todos os momentos representam um fim. MARK SALZMAN

 

Vamos estar atentos para outros possíveis males, e talvez piores, no caso de não mudarmos nossa maneira de viver neste planeta, talvez a próxima reação da natureza nos impeça sequer de termos contato com o sol, aí nem a virtude da paciência ira conseguir segurar a pressão de mais um confinamento. 

 

Se amarmos e apreciarmos um ao outro tanto quanto pudermos, enquanto pudermos, tenho certeza de que o amor e a compaixão triunfarão no f i n a l. AUNG SAN SUU KYI

A medida que o tempo escorre entre nossos dedos, mais pessoas passam por necessidades básicas, elas estão impedidas de trabalhar e de buscar o pão. Conforme Iyanla Vanzant, o melhor que podemos fazer neste momento é convocar a nossa compaixão.

Temos observado que a maioria das pessoas tem procurado fazer o melhor que pode, contribuem dentro de suas possibilidades como nunca vimos antes, tantos contribuírem como agora. Quando nos lembramos disso, nossos corações se abrem e a paciência e a alegria nos inundam, é um prazer gratuito e “humano”.

O casamento entre paciência e compaixão é perfeito, ambas trabalham juntas para se apoiarem e se desenvolverem mutuamente.

 

Quanto mais paciência tivermos, mais seremos capazes de compreender e nos solidarizar com os sentimentos das outras pessoas, vamos nos colocar no lugar do outro para sentir o que o outro sente.

Quanto mais reagirmos com nossos corações, mais poderemos nos valer da fonte da força existente na paciência que está localizada no íntimo de cada um de nós.

 

Bibliografia

Chauí, Marilena. Convite a Filosofia. São Paulo: Ática, 2000

Esquirol, Josep M. O respirar dos dias – uma reflexão filosófica sobre a experiência do tempo. Tradução Cristina Antunes – Belo Horizonte: Autentica Editora, 2010

Irwin, William. Matrix, Bem-vindo ao deserto do real. Tradução de Marcos Malvezzi Leal. Madras Editora Ltda, São Paulo-SP, 2003

Ryan, M. J. (Maryjane), 1952- O poder da paciência / M. J. Ryan; tradução de Sônia Maria Moitrel Schwarts. - Rio de Janeiro: Sextante, 2006

 

Sites consultados:

https://www.webartigos.com/artigos/a-paciencia-e-o-tempo/1070 Acessado em 11/08/2020 ás 10:15hs

http://www.ip.usp.br/site/noticia/luto-medo-e-ansiedade-o-sofrimento-psicologico-na-pandemia/  Acessado em 11/08/2020 ás 11:49hs

https://filosofiatotal.com.br/consumo-alienado/  Acessado em 11/08/2020 ás 13:26hs

https://www.barrazine.com.br/2020/04/filosofia-ajuda-a-responder-questoes-levantadas-na-crise-do-novo-coronavirus/#gs.crwfgd Acessado em 13/08/2020 ás 10:15hs