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quarta-feira, 11 de maio de 2022

Resenha do Livro “Luz do Caminho” de Mabel Collins

Este pequeno livro para ser entendido e decifrado deve ser lido e relido com intuição, através da intuição poderemos ter acesso a sabedoria astral, os véus serão retirados a medida que superamos nossos aprisionamentos terrenos externos e artificiais, é preciso cortar as amarras que nos prendem a ilusão daquilo que entendemos por realidade, o olho que irá retirar os véus, um a um, é olho da intuição, a luz do caminho são as regras internas reveladas pela intuição e inspiração para a sabedoria da vida real.

O livro é pequeno, porem de grande profundidade, exige do leitor muita atenção e desapego a conceitos materialistas, o leitor a medida que lê e procura interpretar as regras, vai se aprofundando e ao final da leitura, mesmo sendo a primeira vez, sairá do outro lado diferente ou pelo menos intrigado, na releitura passará novamente por uma imersão proporcionando uma nova leitura de significados e intuição mais apurados, por estas razões a leitura e releituras fazem com que os portais vão se abrindo um a um, a evolução do entendimento dependerá obviamente da maturidade, crescimento e expansão da consciência de cada um, o caminho vai se tornando mais nítido e os véus vão se desvanecendo, porem os desafios são maiores, pois a sabedoria cobra um preço proporcional a evolução, como vencer hábitos, paixões, desejos, destes muito será cobrado a quem muito foi conquistando, a cobrança é nossa a nós mesmos, somos aprendizes trabalhando para descobrir o mestre dentro de nós.

Estas regras são para TODOS os que seguem o Caminho, para estes foram escritas e não há melhores.

Elas nos foram dadas por aqueles que SABEM.

 

“Antes que os olhos possam ver, devem ser incapazes de lágrimas”.

“Antes que o ouvido possa ouvir, deve ter perdido a sensibilidade”.

“Antes que a voz possa falar em presença dos Mestres, deve ter perdido a possibilidade de ferir”.

“Antes que a alma possa erguer-se na presença dos Mestres, é necessário que seus pés tenham sido lavados no sangue do coração”.

 

Os sentidos de que se fala nestas quatro declarações são os sentidos astrais ou interiores.

Todas as obras realmente espirituais são veladas. Os Adeptos fazem isso sistematicamente e dando a sua mais profunda sabedoria, ocultam o verdadeiro mistério nas próprias palavras que o constituem.

Há uma lei na natureza que exige que o homem decifre por si mesmo seus significados.

 

“O homem que quer viver e agir na vida superior não pode ser alimentado tal qual uma criança, é preciso alimentar-se por si mesmo”.

 

As quatro verdades acima escritas referem-se à prova de iniciação do aspirante a ocultista. Enquanto não as houver passado por estas etapas, galgado os degraus, não poderá nem sequer chegar ao guardião da Porta que dá entrada ao conhecimento.

A autora, Mabel Collins (1851 – 1927), escritora mística inglesa, nasceu em um lar onde seus pais não tinham uma vida feliz, sua infância foi de altos e baixos, sua vida com muitas fases de altos e baixos, é uma autora misteriosa e controversa, teve uma vida cheia de mistérios e contradições, escreveu 46 livros, em 1885 ela redige a Luz do Caminho sendo esta obra a mais importante, escrito no momento em que ela fazia parte da Sociedade Teosófica de Londres o qual ela foi grande colaboradora. (1881/1885).

Esta pequena obra, provavelmente tenha mesma origem da Voz do Silencio de H. Blavatsky, Collins afirmou que a obra não seria de sua autoria, a obra trazida para o ocidente foi ditada para a autora por algum mestre oriental, como uma forma de comunicar estas ideias orientais para o ocidente, teria sido ditada por um mestre oriental.

Este livro relata o caminho do homem em sua iluminação, o próprio nome indica ser a sabedoria na expansão de nossa consciência em direção ao desconhecido, pelo simples fato do ser humano esta constante construção, cada ser humano tem sua própria caminhada. A luz é a sabedoria e o caminho é a consciência o caminho é a ida em direção ao desconhecido, primeiro precisamos perceber o caminho e depois caminhar, pisar no caminho e trilhar é algo bastante difícil, pois a vida exige que experimentemos e vivamos o presente intensamente.

É uma obra que nos revela mistérios diferentemente a cada momento que lemos em nossa vida, até parece um livro diferente a cada vez que lemos, os significados são outros a cada momento, isto quer dizer que nossa maturidade faz toda a diferença, os paradoxos expressos na literatura são importantes e serão entendidos como um bem maior, não é mal e nem ruim, foram pensados para demonstrar como a vida nos ensina de muitas maneiras que aparentemente são conflitantes.

É um livro extremamente simbólico, um livro que todos deveriam ler por sua importância para o autoconhecimento, a medida que se lê refletimos acerca de nós mesmos.

Trata-se de um clássico da filosofia esotérica oriental, ele mexe com a cabeça das pessoas, exigindo dedicação para leitura, sua proposta é simples, funciona com um guia para despertar nossa consciência, quando foi publicado tentou aproximar as tradições ocidentais e orientais, trouxe ensinamentos para a plenitude interna, traz os mistérios do ocultismo, traz preceitos positivos, o oculto é uma crença interna por ser um estudo do eu, oculto porque está em nosso interior, é preciso entender a teosofia que é a sabedoria de Deus.

É um entendimento entre religião com filosofia, por esta razão se torna ainda mais interessante, com o uso da razão conversamos com Deus, quem conversa é nosso Eu profundo e despido das amarras do tempo e das coisas.

O livro é divido em partes, inicialmente são regras para os discípulos devem seguir, atitudes altruístas, a segunda parte fala das regras do que se espera que se faça do que se espera aqui, o discípulo para a autora é o leitor, que vê na leitura a luz do caminho.

São duas series de leis apresentada em duas partes, na primeira parte são apresentadas 21 leis voltadas para o exotérico (externo) serve para conquistar como premissa para pisar no caminho como um portal e na segunda parte outras 21 leis esotéricas (Interno) voltadas para interno como trilhar e se deslocar neste caminho e chegar a sabedoria.

As 21 leis ou degraus da etapa exotérica (externo), são regras que funcionam como um portal para acessar o caminho, degraus são a luz preparatórios para a busca da sabedoria, a caminhada que vamos desenvolver na medida que o homem vai se construindo ele também vai construindo o caminho, nunca é tarde para dar início a caminhada em direção a sabedoria, a luz que ilumina nossa consciência e nossa melhor forma de viver depende apenas do começar.

O primeiro degrau trata em matar a ambição, ele afirma que se vivemos no uno não tem como querer parte daquilo que eu também faço parte, assim seguem as leis ou degraus:

1. Mata a ambição.

A ambição a ser morta, é aquela emoção que incita o homem a agir por motivos de vaidade e egoísmo, impele-o a esmagar tudo que encontra no seu caminho. O homem ambicioso torna-se insano pelo sucesso, porque o instinto original foi pervertido e fez-se anormal. Ele imagina que as coisas pelas quais luta lhe trarão felicidade, mas se engana, elas se convertem em cinzas. Ele se torna escravo delas.

 

2. Mata o desejo de viver

É necessário que o homem cresça até que sinta que viverá sempre, seja no corpo ou fora dele, e que esta particular vida física é apenas uma coisa de que faz uso o Eu Real, que não pode morrer.

Mate esse desejo de viver que te causa o medo da morte e que faz com que dê importância indevida à existência corporal.

 

3. Mata o desejo de conforto (o desejo é mal, porem o conforto não o é)

4. Trabalha como trabalham os que são ambiciosos. Respeite a vida como fazem os que a desejam. Sê tão feliz como os que vivem para a felicidade.

 

5. Mata todo sentimento de separatividade.

 

6. Mata o desejo de sensação.

Os prazeres dos sentidos pertencem ao plano relativo. Começamos sentindo prazer no que agrada aos sentidos grosseiros, e gradualmente passamos aos prazeres que vêm pelos sentidos mais altos.

Passamos da sensualidade à sensibilidade. As coisas de que nos agradavam ontem, hoje não agradam mais. Prazeres mais sutis aguardam a alma.

 

7. Mata a sede de crescimento.

A distinção entre o "desejo de crescer" e o desenvolvimento que vem à alma adiantada, está no motivo.

Desejo ou sede de crescimento para glorificação própria é uma sutil forma de vaidade.

E este desejo aplicado ao espiritual, leva à "magia negra", que consiste em desejo de poder espiritual para usá-lo em fins egoístas ou para a mera sensação de poder que tal desenvolvimento traz.

 

8. - Entretanto, mantém-te só e isolado, porque nada de quanto tem consciência da separação, nada de quanto não seja eterno, pode vir em teu auxílio. Estuda a sensação e observa-a, porque unicamente, assim podes começara ciência do conhecimento próprio e colocar o pé no primeiro degrau da escada.

 

9. Deseja unicamente o que está em ti.

10. Deseja unicamente o que está fora de teu alcance.

11. Deseja unicamente o que é inatingível.

12. Porque em ti está a luz do mundo, a única luz que pode der projetada sobre o caminho. Se és incapaz de percebê-la dentro de ti, é inútil que a procures noutra parte. Está fora do teu alcance, porque, quando chegares a ela, já não te encontrarás a ti mesmo. É inatingível, porque retrocede sempre. Estarás no seio da luz, mas nunca tocarás a chama.

 

13. Deseja ardentemente o poder.

O poder egoísta é a maior maldição do homem que o possui. O poder do Espírito, (o poder a que deve aspirar o discípulo), pode fazê-lo aparecer como nada aos olhos dos homens que lutam pelo poder material.

Porque é o poder consciente do qual o homem ordinário nada sabe, e é muito propenso a considerar como um louco o homem que possui esse poder ou quem procura alcançá-lo.

 

14. Deseja ardentemente a paz.

 

15. Deseja as possessões acima de tudo.

Estas possessões devem pertencer à alma pura e devem ser possuídas igualmente por todas as almas puras, sendo assim a propriedade especial do todo que unidas o constituem.

Deseje as possessões próprias da alma pura, a fim de que possa acumular riquezas para aquele espírito comum de vida, que é o teu único ser verdadeiro.

 

16. Mas estas possessões devem pertencer à alma pura e, consequentemente, devem ser

possuídas igualmente por todas as almas puras sendo, assim, a propriedade especial do todo que, unidas o constituem. Anela as possessões próprias da alma pura, a fim de que possas acumular riquezas para aquele espírito comum de vida, que é o teu único ser verdadeiro. A paz que deves desejar é aquela paz sagrada que nada pode perturbar, e no seio da qual a alma cresce como a flor santa no seio das lagoas imóveis. É esse o poder que devem aspirar o discípulo, o poder que o fará aparecer como nada aos olhos do homem comum.

17. Procura o caminho.

18. Busca o caminho, retirando-te para o interior.

19. Busca o caminho, avançando resolutamente para o exterior.

20. Busca-o, mas não em uma direção única. Para cada temperamento existe uma via que parece a mais desejável. Porém, só pela devoção não se encontra o caminho, nem pela mera contemplação religiosa, nem pelo ardor de progresso, nem pelo laborioso sacrifício de si mesmo, nem pela estudiosa observação da vida.

21. Busca a flor que desabrocha durante o silêncio que segue à tormenta, e não antes.A planta crescerá e se desenvolverá, lançará ramos e folhas, e formará botões enquanto prossegue a tempestade e perdura a batalha.

 

Há Três Verdades que são absolutas e não podem ficar perdidas, mas podem permanecer em silêncio por falta de quem as proclame:

1. A alma do homem é imortal e o seu futuro é o de algo cujo crescimento e esplendor não têm limites.

2. O princípio que dá a vida mora em nós e fora de nós, é imortal e eternamente benéfico, não é ouvido, nem visto, nem apreendido pelo olfato, mas pode ser percebido pelo homem desejoso de percebê-lo.

3. Cada homem é o seu absoluto legislador, o dispensador da glória ou das trevas para si próprio, é o decretador de sua vida, recompensa e punição.

Estas Verdades, grandes como a própria vida, são simples como a mente do mais simples dos homens. Alimentai com elas os famintos.

 

A segunda parte da Luz no Caminho começa assim:

 

Do seio do Silêncio, que é a paz, uma voz ressoante se elevará. E esta voz dirá: Faz falta alguma coisa mais, tu colheste, agora tens que semear. E sabendo que esta voz é o silêncio mesmo, obedecerás.

Tu que és agora um discípulo capaz de manter-te firme, capaz de ouvir, capaz de ver, capaz de falar, que venceste o desejo e obteve o conhecimento de si mesmo, tu que viste a tua alma em sua flor e a reconheceste e que ouviste a voz do silêncio, encaminha-te ao Templo do Saber e lê o que ali está escrito para ti.

 

1.Mantém-te alheio à batalha que começa, e ainda que combatas, não seja o guerreiro.

2. Procura o guerreiro e deixa-o combater em ti.

3. Recebe as suas ordens para a batalha, e obedece-as.

4. Obedece-o não como se ele fosse um general, porém como se ele fosse tu mesmo, e como se suas palavras fossem a expressão de teus secretos desejos, pois ele é tu mesmo, ainda que infinitamente mais sábio e forte do que tu.

5. Escuta o canto da vida.

6. Conserva em tua memória a melodia que ouvires.

7. Aprende dela a lição de harmonia.

8. Tu podes então manter-te firme como uma rocha no meio do tumulto, obedecendo ao guerreiro que é tu mesmo e teu rei. Indiferente ao combate e sem preocupar-te com o resultado da batalha, porque uma coisa única é importante, que o guerreiro vença.

9. Observa atentamente toda a vida que te rodeia.

Refere-se ao saber que o homem adquire, observando a natureza pela luz do Espírito.

10. Aprende a perscrutar de maneira inteligente o coração dos homens.

A fim de poder conhecer o que é o mundo humano, que é uma parte do grande mundo. Conhecendo os homens, serás capaz de ajudá-los e também aprenderás muitas lições que te ajudarão em vossa viagem pelo Caminho.

11. Considera ansiosamente o teu próprio coração.

12. Porque através do teu próprio coração vem a única luz que pode iluminar a vida e torná-la clara a teus olhos.

Estuda o coração dos homens, a fim de poderes conhecer o que é o mundo em que vives e do qual queres ser parte.

Observa a vida que te rodeia em transformação incessante, pois é formada pelos corações dos homens, e, à proporção que forem aprendendo a conhecer a sua significação, irás sendo capaz de ler a palavra maior da vida.

13. A palavra só vem com o conhecimento.

Alcança o conhecimento e alcançarás a palavra. É impossível que ajude os outros enquanto não tiveres adquirido a certeza de ti mesmo.

14. Tendo adquirido o uso dos sentidos internos, tendo dominado os desejos dos sentidos

externos, havendo subjugado os desejos da alma individual e tendo obtido o conhecimento, prepara-te para entrar realmente no caminho. O caminho foi encontrado, apressa-te para percorrê-lo.

15. Peça a terra, ao ar e à água, os segredos que guardam para ti. O desenvolvimento dos teus sentidos internos te permitirá fazê-lo.

16. Pede aos santos da terra os segredos que guardam para ti. O domínio dos desejos de teus sentidos externos te dará direito a fazê-lo.

17. Indaga do mais íntimo, do Uno, o segredo final que Ele guarda para ti, no decorrer das idades.

A grande e difícil vitória, o domínio dos desejos da alma individual, é obra de idades, por tanto, não esperes receber a recompensa antes que idades e idades de experiências se hajam acumulado.

Quando tiver soado a hora de aprender esta regra 17, o homem estará próximo de se tornar mais que um homem.

18. O conhecimento que agora possuis, só é teu porque a tua alma se tornou una com todas as almas puras e com o mais íntimo. É um depósito que o Altíssimo te confiou. Abusa dele, emprega mal o teu conhecimento ou descuida-o, e ainda é possível que caias do estado elevado a que chegaste.

Há almas grandes que retrocedem, achando-se já nos umbrais, por não poderem suster o peso da sua responsabilidade, por serem incapazes de seguir adiante. Portanto, considera sempre esse momento do futuro com temeroso respeito, e prepara-te para a batalha.

19. Está escrito que, para aquele que se acha nos umbrais da divindade, não se pode idear lei alguma, nem tampouco pode existir guia.

Contudo, para que o discípulo compreenda a luta final, pode-se expressá-la nestes termos:

Aferra-te ao que não tem substância nem existência.

20. Não ouças senão a voz que é insonora.

21. Não olhes senão o que é invisível, tanto ao sentido interno como ao externo.


Estas regras são para TODOS os que seguem o Caminho, para estes foram escritas e não há melhores. Elas nos foram dadas por aqueles que SABEM. Antes que os olhos possam ver, devem ser incapazes de lágrimas. Antes que o ouvido possa ouvir, deve ter perdido a sensibilidade. Antes que a voz possa falar em presença dos Mestres, deve ter perdido a possibilidade de ferir. Antes que a alma possa erguer-se na presença dos Mestres, é necessário que seus pés tenham sido lavados no sangue do coração.

Quando o coração conhece a paz, a verdade é percebida com poucas palavras fundamentais. É por isso que Luz no Caminho, um dos clássicos mais importantes da literatura teosófica, parece resumir toda a sabedoria esotérica em cada uma de suas frases. “Dentro de ti está a luz do mundo” – diz o texto – “a única luz que pode ser projetada sobre o Caminho”. Um livro para quem deseja compreender a vida.

 

Fonte:

Collins, Mabel. A Luz do Caminho. Ed. Teosófica, Brasília-DF, 2000

 

domingo, 8 de maio de 2022

Resenha do Livro a Voz do Silêncio de H. P. Blavatsky

 

O livro a Voz do silencio foi escrito por Helena Blavatsky (1831 – 1891), filósofa russa, fundadora da Sociedade Teosófica, ela passou algum tempo dentro de um mosteiro isolado no Tibet e no sec. XIX era dificílimo chegar ao Tibet, sua determinação e ajuda de seu Mestre (Irmão mais velho ou adepto) e protetor lhe permitiu viver inúmeras experiências místicas pelo mundo, no Tibet teve contato aprendendo lá nos livros sagrados tibetanos, ela aprendeu, memorizou e transcreveu trinta e nove pequenos tratados ou versos de cerca de noventa, para os demais versos a autora tinha em mãos enorme quantidade de papeis e apontamentos que nunca foram colocados em ordem, foram colecionados ao longo de vinte anos, os documentos originais que deram origem eram documentos internos e não poderiam sair do mosteiro de forma alguma, sequer poderiam ser copiados, eram os preceitos de ouro, algo de grande sabedoria que não existia em outro lugar fora do Tibet. A autora não se sentiu motivada a organizar os papeis e apontamentos para levar ao conhecimento do ocidente por este ser conforme sua interpretação um mundo demasiado egoísta e apegado a objetos sensórios para estar de alguma maneira preparado para receber devidamente a ética tão exaltada.

A autora sofreu calunias, injurias e foi chamada de mentirosa por muitos anos, pois ninguém acreditava que aquilo que ela falava, ela foi alvo de preconceitos causados pela ignorância e do materialismo que afasta as pessoas a sua transcendência, ela enfrentou uma perseguição e foi injustiçada por muito tempo, fundadora do movimento teosófico, uma filosofa de primeira linha. Como escreveu no Prefácio do livro “A DOUTRINA SECRETA”: "Está acostumada às injúrias, e em contato diário com a calúnia; e encara a maledicência com um sorriso de silencioso desdém."

Sua vida foi cheia de tribulações, desde seu nascimento foi vivida por acontecimentos singulares, jovem não aceitava passivamente os dogmas estabelecidos pela sociedade, ciente de sua potencialidade sabia que tinha vindo ao mundo para uma missão, sentiu-se sugestionada pela espiritualidade, pois estava fortemente impregnada de uma inata capacidade psíquica, de tal modo que constituía sua característica predominante. Ela se dizia (e o demonstrava) dotada da faculdade de comunicar-se com os habitantes de outras esferas ou mundos invisíveis e sutis, entende-se que para aquela época as dificuldades de comunicar descobertas místicas e esotéricas eram verdadeiros tabus, mais difícil ainda por se tratar de uma mulher à frente de seu tempo e disposta a realizar uma revolução cultural e religiosa.

Os preceitos originais estão gravados sobre lâminas oblongas delgadas; as cópias, muitas vezes, sobre discos. Estes discos ou chapas são geralmente conservados nos altares dos templos ligados aos centros onde estão estabelecidas as chamadas escolas "contemplativas" ou Mahayana (Yogacharya). Estão escritos de diversas maneiras, às vezes no idioma tibetano, mas principalmente em idéografos. A língua sacerdotal (senzar), além de por um alfabeto seu, pode ser traduzida em várias maneiras de escrita em caracteres cifrados, que têm mais de ideogramas do que de sílabas. Um outro método (lug, em tibetano) é o de empregar os números e as cores, cada um dos quais corresponde a uma letra do alfabeto tibetano (trinta letras simples e setenta e quatro compostas), formando assim um alfabeto criptográfico completo. Quando se empregam os idéografos há uma maneira certa de ler o texto, pois, neste caso, os símbolos e os sinais usados na astrologia, isto é, os doze animais zodíacos e as sete cores primárias, cada uma tripla em seu matiz (claro, primário e escuro), representam as trinta e três letras do alfabeto simples, formando palavras e orações. Porque, neste método, os doze animais, cinco vezes repetidos e juntos aos cinco elementos e às sete cores, compõem um alfabeto completo de setenta letras sagradas e doze signos. Um signo posto no princípio de um parágrafo indica se o leitor tem de soletrar segundo o modo índio (em que cada palavra é apenas uma adaptação, sânscrita), ou segundo o princípio chinês de ler os ideógrafos. O método mais fácil é, porém, aquele que não deixa o leitor empregar qualquer língua especial, ou o que quiser, visto que os sinais e os símbolos eram, como os números ou algarismos arábicos, propriedade comum e internacional entre os místicos iniciados e os seus seguidores. A mesma peculiaridade é característica de uma das maneiras chinesas de escrever, que pode ser lida com igual facilidade por qualquer pessoa conhecedora dos caracteres: por exemplo, um japonês pode lê-la na sua língua tão prontamente como um chinês na sua.

A pessoa que procura mudanças profundas precisa ler este livro, esta pequena obra em principio parece difícil o entendimento, o mundo manifestado é uma ilusão, o mundo material nos ilude a todo momento, desde que passamos os olhos sobre as coisas percebemos a mesmice superficial e a previsibilidade dos acontecimentos, quando descobrimos isto entendemos que precisamos mudar nosso foco, devemos nos voltar para nosso interior, precisamos encontrar em nossa vida interior o eu, o caminho esta no silencio do divino, os olhos carnais tornados cegos a toda a ilusão, assim preparamos nossos olhos para encarar a realidade, a harmonia interior para que a alma possa ver e enxergar as coisas como realmente são, pois nada aqui é real.

4. A mente é o grande Assassino do Real. Pg. 62

O não desejar é respeitar as coisas pelo que são e não pelo podem nos servir, aquele que sabe ver as coisas divinas por trás das coisas materiais é um grande passo, evitamos desperdícios e descartes, materialmente não as desejo mais, sabemos que por trás dos desejos estão a fontes de todo o sofrimento.

63. Mata o desejo; mas se o matares, acautela-te bem, para que não
ressuscite depois de morto. (Fragmento I Pg.70)

Então, foram expostos os pensamentos iniciais deste inspirador caminho para sair da caverna da escuridão: Fragmento I Pg. 64 a 68

 

Três salas, ó cansado peregrino, conduzem ao fim dos trabalhos. Três salas, ó conquistador de Mara, te trarão através de três estados (14) até ao quarto (15), e daí até aos sete mundos (16), os mundos do descanso eterno.

Se queres saber os seus nomes, escuta-os e aprende-os.

O nome da primeira sala é Ignorância - Avidya. É a sala em que viste a luz, em que vives e hás de morrer (17).

O nome da segunda sala é a Sala da Aprendizagem (18). Nela a tua Alma encontrará as flores da vida, mas debaixo de cada flor uma serpente enrolada (19).

O nome da terceira sala é Sabedoria, para além da qual se estende o mar sem praias de Akshara, a fonte indestrutível da onisciência (20).

Se queres atravessar seguramente a primeira sala, que o teu espírito não tome os fogos da luxúria que ali ardem pela luz do sol da vida.

Se queres atravessar seguramente a segunda, não pares a aspirar o perfume das suas flores embriagantes. Se queres ver-te livre das peias cármicas, não procures o teu Guru nessas regiões mayávicas.

Os sábios não se demoram nas regiões de prazer dos sentidos.

Os sábios não dão ouvidos às vozes musicais da ilusão.

Procura aquele, que te dará o ser (21), na Sala da Sabedoria, a sala que está para além, onde todas as sombras são desconhecidas e onde a luz da verdade brilha como uma glória imorredoura.

(...)

Se, passando pela Sala da Sabedoria, queres chegar ao vale da felicidade, fecha, discípulo, os teus sentidos à grande e cruel heresia da separação, que te afasta dos outros. Que aquilo que em ti é de origem divina não se separe, engolfando-se no mar de Maya (24), do Pai Universal (a Alma), mas que o Poder de Fogo (25) se retire para a câmara interior, a câmara do coração (26), e o domicílio da Mãe do Mundo (27).

Então do coração esse poder subirá até à sexta região, à região média, ao lugar entre os teus olhos, quando se toma a respiração da Alma-Única, a voz que enche tudo, a voz do seu Mestre.

É só então que te podes tornar um “que anda nos céus” (28), que pisa os ventos por cima das ondas, cujo passo não toca nas águas.

Antes que ponhas o pé sobre o degrau superior da escada, da escada dos sons
místicos, tens de ouvir de sete maneiras a voz do teu Deus interior (29).

 

A passagem através das salas depende da evolução de cada uma, é preciso passar por cada uma destas salas, sem ficar para em nenhuma delas, a primeira sala busca simplesmente a luta pela sobrevivência instintiva, a segunda é meramente mental e começamos a nos interessar pelo conhecimento é onde encontramos a vaidade, o orgulho, a medida que mais conhecemos pode-se tornar mais prisioneiros e a terceira sala a da sabedoria onde nos comprometemos com a humanidade, encontramos a compaixão, é quando começamos a pensar pelo sentido da unidade, ficou para trás a individualidade.

 

“Sê humilde, se queres adquirir a Sabedoria.”

“Sê mais humilde ainda, quando houveres te assenhoreado da
Sabedoria.”

 

Que não seja nosso corpo a determinar o caminho de nossa vida, os prazeres passaram a ser os governantes da vida, não é possível viver com harmonia enquanto corpo e mente estejam no mesmo comando, não podemos a ter dois senhores a governar, a dor que sentimos não é ruim, a dor nos torna humanos, talvez seja ela a única esperança da sociedade se transformar para melhor, se não aprendemos quando a vida nos da a chance e fugimos sempre em busca de apenas prazer, quando surgirem as dificuldades não saberemos lidar, a vida é dual, prazer e dor, bem e mal, alegria e tristeza, vivemos numa sociedade do máximo prazer, fugimos a todo tipo de desconforto, falta atualmente um sentido verdadeiro da vida, a sociedade aparece nas redes sociais sempre ostentando o gozo constante quando sabemos o imenso vazio por trás dos sorrisos, vivendo iludidos e querendo iludir pelo eterno prazer, o vazio após o gozo é uma concessão aos vícios que não vão passar, pois aprisionados na ilusão buscam incessantemente o que não encontrarão nas relações horizontalizantes, não há profundidade nestas relações por serem superficiais, as relações precisam verticalizar, um sinal da fragilidade destas relações é a fugacidade e o vai e vem pelo like e na quantidade de seguidores que jamais terão qualquer tipo de retorno. As respostas estão no interior de cada um, os quase vivos ou mortos-vivos são as ovelhas seguindo a mesma procissão de adesão, coisas estas que estão fora de si, os eus que vagam pelo mundo exterior foge do eu interior quando este se manifesta, sequer querem pensar ser esta a grande oportunidade dada por Deus para cada um de nós chamado vida terrena, a vida é uma caminhada para a luz na vida eterna. Vislumbramos o elemento noético ou espiritual cada vez mais adormecido, a excessiva busca pelo prazer constante não permite nos virarmos em direção a luz, admiramos as sombras dos objetos e acreditamos ser a realidade verdadeira, caminhamos em direção ao metaverso onde não existem mais aflições ou dores que poderiam nos resgatar através de sua pedagogia de viver intensamente e com sabedoria.

 

“Os sábios não se afligem nem pelos vivos nem pelos mortos. Jamais deixei de existir, nem tu, nem estes condutores de homens; nenhum de nós deixará jamais de existir no futuro” (Bhagavad-Gitâ II, 11 e 12). Pg. 57

 

Crescer como seres humanos, é começar lutando contra os pensamentos impuros oriundos da mente que não é vigilante, o universo é mental, as raízes estão dentro de nossa mente, dominando a mente nos tornamos coerentes e dominamos as causas e suas consequências. Nos destacamos na natureza a partir do momento que a sabedoria da alma rege nossos movimentos, passamos de criação para criador da história, deixamos de ser exploradores para criadores de ações de libertação através de atos amorosos e voltados para a pluralidade na unicidade, saímos dos prazeres da singularidade, abandonamos o viver pelo prazer, saímos do servilismo do egoísmo e da sensação de inflação do ego, não é preciso esperar acontecimentos mirabolantes para dar o rumo certo, quem sabe começar lendo literaturas mais edificantes, pedagogicamente a vida está ai para nos ensinar e a natureza pronta para nos abrir as portas secretas as quais os não iniciados imaginam que poderiam existir.

 

E agora o teu Eu está perdido no EU;

tu mesmo em TI MESMO,

imerso n’AQUELE EU,

do qual primitivamente irradiaste. (Pg. 28)

A sabedoria expressa neste pequeno livro, nos faz perceber um novo sentido, para melhor cada vez que lemos novamente, a medida que vamos envelhecendo e amadurecendo vamos obtendo melhores condições de entendimento, este é um livro para ser estudado e dentro da possibilidade de cada um serve como manual para mudanças de pensamento, atitudes e comportamento, a cada passo dado no sentido de evoluir espiritualmente abrira outras portas para a espiritualidade, a vida se tornará mais leve e autentica, vivenciar as palavras escritas nele pela sabedoria dos monges budistas é uma oportunidade valiosíssima, vale meditar a respeito de tudo o que esta escrito no livro.

A autora faleceu em oito de maio de 1891, suas obras que são verdadeiras joias, serão eternas por trazerem para os seres humanos portais de crescimento, funcionam como um chamado para a bela arte de viver.

 

Fonte:

Blavatsky, H. P., 1831-1891. A voz do silêncio. Introdução. Notas e Indice remissivo de A. J. Hamerster. Traduzido por Joaquim Gervásio de Figueiredo – São Paulo: Pensamento, 2010