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sábado, 19 de abril de 2025

Excessos da Racionalidade

 

Nos tempos de hoje, há uma grande obsessão por dados, cálculos e previsões. Tudo precisa ser medido, analisado e justificado com estatísticas. Até mesmo as decisões mais triviais—como escolher um filme para assistir—parecem exigir um estudo de crítica especializada, reviews no Letterboxd (rede social para cinéfilos) e um algoritmo sugerindo o que combina melhor com nosso gosto. No trabalho, nas relações e até nos momentos de lazer, somos compelidos a agir de forma lógica, eficiente e produtiva. Mas será que essa racionalidade desenfreada não nos está roubando algo essencial?

A racionalidade, sem dúvida, é uma das grandes conquistas humanas. Foi graças a ela que saímos das cavernas, dominamos o fogo, construímos civilizações e desenvolvemos a ciência. No entanto, como em qualquer virtude que se estende além de seus limites naturais, a racionalidade pode se tornar um vício. O filósofo Theodor Adorno já advertia sobre a razão instrumental, aquela que reduz tudo a cálculos e resultados, transformando até os afetos humanos em algo mensurável e controlável. Quando a razão se torna excessiva, ela não apenas elimina o erro, mas também a espontaneidade, a intuição e o mistério da existência.

O problema surge quando começamos a exigir lógica absoluta até onde a vida exige fluidez. Uma amizade não pode ser medida em números. O valor de uma conversa despretensiosa ou de um pôr do sol visto sem pressa não pode ser reduzido a métricas. Ainda assim, vivemos numa época em que até o tempo livre precisa ser otimizado—há cursos ensinando a "meditar de forma eficiente", apps que controlam quantas horas dormimos e técnicas para maximizar a criatividade em minutos cronometrados. A racionalidade excessiva nos leva ao paradoxo de uma vida hipercontrolada e, paradoxalmente, vazia de sentido.

A filosofia oriental, especialmente no pensamento de N. Sri Ram, sugere que há uma sabedoria além da lógica fria. Ele propunha que a mente, quando excessivamente estruturada pela racionalidade, perde a capacidade de captar dimensões mais profundas da realidade. A intuição e a percepção direta da vida são qualidades igualmente necessárias, mas a modernidade tende a subjugá-las em nome de um ideal técnico e mecanizado de existência.

O convite aqui não é para rejeitar a razão, mas para reconhecer seus limites. Nem tudo precisa ser útil, produtivo ou matematicamente perfeito. Às vezes, o maior insight não vem de um cálculo exato, mas de uma pausa para respirar. Talvez o que nos falte não seja mais lógica, mas a coragem de abraçar o imprevisível, de confiar no que sentimos sem precisar justificar tudo com números. Afinal, como disse o poeta Fernando Pessoa: "Sentir é estar distraído"—e talvez seja justamente essa distração que nos salve do excesso de razão.

segunda-feira, 1 de julho de 2024

Necessidade de Confiar

Confiança é aquela cola invisível que segura o tecido das nossas relações sociais. É algo que damos de forma natural e esperamos receber em troca. No entanto, no cotidiano, essa confiança pode ser testada, reforçada ou até mesmo quebrada.

Imagine acordar cedo para uma reunião importante no trabalho. Você confia no seu despertador para te acordar na hora certa, mas e se ele falhar? A confiança na tecnologia pode ser um jogo de altos e baixos, especialmente quando um simples alarme pode determinar o rumo do seu dia.

No trânsito, confiamos que os outros motoristas vão respeitar as regras para que todos cheguem aos seus destinos em segurança. Mas basta um motorista agir de forma imprudente para que essa confiança seja abalada, fazendo-nos repensar a fragilidade dessa convivência diária.

Nas amizades, confiamos que nossos amigos estarão lá nos momentos bons e ruins. A confiança é cultivada através de gestos de apoio, sinceridade e lealdade. Um amigo que quebra essa confiança pode deixar cicatrizes profundas, mostrando como é importante escolher com quem compartilhar nossos pensamentos e emoções.

No ambiente de trabalho, confiamos que nossos colegas cumprirão suas responsabilidades e que nossos superiores reconhecerão nosso esforço. A falta de confiança pode levar a um ambiente de desconfiança e competição desleal, prejudicando o desempenho e o bem-estar de todos.

Refletindo sobre essas situações cotidianas, percebemos que a confiança não é apenas uma conveniência social, mas uma necessidade básica para o funcionamento harmonioso da sociedade. É através dela que construímos relacionamentos significativos, realizamos colaborações eficazes e desenvolvemos um senso de comunidade.

Assim, a necessidade de confiar não é apenas sobre esperar o melhor dos outros, mas também sobre sermos dignos dessa confiança. É sobre cultivar integridade, transparência e responsabilidade em todas as nossas interações. Quando confiamos e somos confiáveis, contribuímos para um ambiente onde todos podem prosperar e se sentir seguros.

Portanto, que possamos todos valorizar a importância da confiança em nossas vidas. Que possamos ser conscientes de como nossas ações podem fortalecer ou minar essa confiança tão essencial. Porque, no final das contas, é a confiança mútua que nos permite avançar juntos, superando desafios e construindo um futuro mais seguro e sustentável para todos.