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domingo, 26 de janeiro de 2025

O Epistemológico e o Ontológico

Outro dia, enquanto observava uma xícara de café esfriar na mesa, comecei a refletir sobre como entendemos o mundo. Essa xícara é apenas um objeto no espaço — isso parece simples o suficiente. Mas então, algo mexeu com minha curiosidade: o que significa saber que ela é uma xícara? Ou ainda, o que significa que ela é? Parece banal, mas aí está um dos cruzamentos mais intrigantes da filosofia: a relação entre o epistemológico (o que podemos saber) e o ontológico (o que as coisas são).

O Jogo entre Saber e Ser

No campo epistemológico, o foco está no que podemos conhecer. É o domínio da dúvida cartesiana, da investigação científica, da busca por verdades. Já o ontológico foca na existência, na essência do ser. Ele se preocupa com a estrutura da realidade: o que existe? E como existe?

Na prática, as duas áreas parecem inseparáveis. Por exemplo, quando dizemos que uma pessoa é gentil, estamos usando uma lente epistemológica para identificar traços de comportamento que associamos à gentileza. Mas, ao mesmo tempo, estamos fazendo um julgamento ontológico: atribuímos à pessoa uma essência de bondade.

Cotidiano e Filosofia

Essas questões não são apenas exercícios abstratos; elas estão presentes no dia a dia. Imagine uma discussão sobre inteligência artificial. Quando perguntamos se uma IA “pensa” (epistemologia), estamos implicitamente perguntando o que é “pensar” (ontologia). Quando usamos aplicativos de mapeamento para nos guiar, estamos confiando no conhecimento (epistemologia), mas raramente refletimos sobre o que significa "estar em um lugar" (ontologia).

E o amor? Quando sentimos que amamos alguém, sabemos disso por meio de evidências: gestos, palavras, tempo juntos. Mas o que é o amor em si? É apenas um conjunto de reações químicas no cérebro? Ou é algo que transcende, uma realidade ontológica que só pode ser experimentada, mas nunca totalmente compreendida?

Entre Mundos: Filosofia em Ação

Martin Heidegger, um dos gigantes do pensamento ontológico, dizia que o “ser” não é algo estático. Ele é dinâmico, um “vir a ser”. O epistemológico, por sua vez, busca capturar esse dinamismo em conceitos e teorias. É como tentar fotografar uma correnteza: o momento é imortalizado, mas a água continua a fluir.

Outro pensador que ilumina esse debate é Gaston Bachelard, que conectou a epistemologia ao processo criativo. Ele argumenta que o conhecimento não é algo acumulado linearmente, mas uma série de rupturas e recomeços. O ser, para ele, é algo que o conhecimento nunca consegue aprisionar completamente.

Talvez o mais fascinante seja perceber que o epistemológico e o ontológico são parceiros inseparáveis no grande balé da existência. Saber o que uma coisa é (ontologia) sempre envolve uma forma de conhecê-la (epistemologia), e vice-versa. No fundo, o que essa relação nos ensina é a humildade diante do mistério da realidade.

Então, quando você olhar para uma simples xícara de café, talvez você também sinta essa pontada de admiração. Saber que ela existe é uma coisa. Mas o que significa existir? Isso, meu amigo, é a pergunta que nos conecta aos maiores mistérios do ser.


sábado, 28 de setembro de 2024

Pequenos Detalhes

Mandala a óleo

Há algo de mágico nos detalhes que a vida insiste em nos oferecer, quase como se estivessem à espera de serem notados. E, no entanto, na pressa cotidiana, esses pequenos fragmentos passam despercebidos — um sorriso trocado em silêncio, o calor suave de um raio de sol tocando a pele, o cheiro familiar de café numa manhã qualquer. Em um mundo onde o grande e o grandioso costumam roubar a cena, será que estamos esquecendo de enxergar o que realmente importa? Este ensaio é um convite para olhar mais de perto, para redescobrir a poesia que habita nas minúcias que compõem o nosso dia a dia.

Lembro-me de uma manhã comum, dessas que começam como qualquer outra. O café estava pronto, e eu me preparava para o dia. Em um instante, observei o vapor da xícara subir e dissolver-se no ar. Foi uma cena rápida, nada extraordinário, mas naquele momento algo me chamou a atenção. A delicadeza do vapor, dançando antes de desaparecer, parecia carregar uma espécie de sabedoria silenciosa, um lembrete de como tudo é transitório e, ao mesmo tempo, belo. Esse pequeno detalhe, um fenômeno banal que ocorre todos os dias, foi o que me trouxe a uma reflexão mais ampla sobre a efemeridade da vida.

Gaston Bachelard, em sua obra A Poética do Espaço, fala sobre o poder dos detalhes e das pequenas intimidades dos ambientes em nossa percepção. Ele argumenta que não são os grandes acontecimentos que nos definem ou que marcam o espaço que habitamos, mas sim os pequenos elementos cotidianos. Um espaço doméstico, por exemplo, ganha vida pelos detalhes que ele contém: uma poltrona envelhecida, o som da água escorrendo em um quarto ao lado, o ranger da porta de madeira quando alguém a abre lentamente. Para Bachelard, é na intimidade desses pequenos gestos e objetos que encontramos uma espécie de poesia existencial.

Quando penso na vida como um todo, vejo como frequentemente perdemos esses pequenos momentos. Estamos sempre esperando os grandes acontecimentos, aqueles que julgamos importantes: uma promoção no trabalho, o nascimento de um filho, uma viagem dos sonhos. Claro, esses eventos têm seu lugar, mas o que acontece nos intervalos? Esses momentos silenciosos, aparentemente sem significado, são os que, no fim das contas, fazem a diferença. É como o intervalo entre as notas de uma melodia — sem eles, a música não teria ritmo ou harmonia.

No cotidiano, os detalhes funcionam como chaves que abrem portas para emoções e memórias. Quem nunca se viu transportado para a infância ao sentir o cheiro de uma comida específica? Ou ao passar por uma rua familiar que não era visitada há muito tempo? São fragmentos do passado que ressurgem inesperadamente e nos fazem recordar algo que nem sabíamos que tínhamos esquecido. Pequenos detalhes, pequenas pontes entre o presente e o que já fomos.

Mas há uma ironia aqui. Vivemos em uma era de distrações. Com a constante enxurrada de informações e estímulos que recebemos, parece que os pequenos detalhes estão se perdendo na névoa. O filósofo Byung-Chul Han, em seu livro A Sociedade do Cansaço, fala sobre como a aceleração da vida moderna nos impede de prestar atenção a esses detalhes. Estamos sempre sobrecarregados com tarefas, pressões e informações, tornando-nos incapazes de ver o que é simples, de saborear os momentos com calma. Han sugere que essa aceleração acaba por nos privar da profundidade da experiência, pois, na ânsia de fazer mais e mais, deixamos de notar o que está bem diante de nós.

Talvez seja por isso que a natureza continua a nos fascinar. A contemplação de uma árvore, de uma flor ou do mar nos convida a uma pausa, a uma conexão com o presente. A árvore não se apressa, ela apenas cresce, e é justamente no seu ritmo calmo que podemos perceber suas nuances: as folhas balançando ao vento, a sombra que ela projeta, as marcas em seu tronco. Esses pequenos detalhes, que a natureza nos oferece gratuitamente, nos ensinam a arte da presença, algo que, em meio à agitação da vida moderna, estamos sempre esquecendo.

No fim, é nos pequenos detalhes que a vida acontece. Quando olhamos para trás, percebemos que não são os grandes eventos que definem quem somos, mas sim as pequenas interações, as sutilezas, os momentos que pareciam insignificantes na hora, mas que, em retrospecto, ganham um peso surpreendente. Bachelard e Han, cada um à sua maneira, nos convidam a desacelerar, a prestar mais atenção, a ver com olhos novos o que já está diante de nós.

Então, quando sentir o cheiro do café subindo pela cozinha, ou ouvir o som da chuva caindo no telhado, permita-se um momento de contemplação. Esses detalhes, por menores que sejam, têm muito a dizer sobre a vida e sobre o que realmente importa. 

segunda-feira, 15 de julho de 2024

Poética do Espaço

Entrar em uma cafeteria é como adentrar um templo moderno. Cada detalhe parece conspirar para criar um ambiente onde o tempo desacelera e a mente encontra espaço para vagar. Não é apenas sobre escolher uma xícara de café ou mate, mas sim sobre escolher um momento para si mesmo, para introspecção e reflexão.

A Magia do Cotidiano

Imagine uma manhã típica de terça-feira. O despertador toca cedo, anunciando mais um dia de compromissos e responsabilidades. Mas ao invés de se apressar diretamente para o trabalho, você decide parar em uma cafeteria. Com um leve tilintar da sineta na porta, você é recebido pelo aroma reconfortante do café recém-moído. Escolhe uma mesa perto da janela, onde a luz do sol matinal entra de forma suave, quase acolhedora.

Sentado ali, com uma xícara de café entre as mãos, você começa a observar as pessoas ao seu redor. Cada uma delas em sua própria jornada, algumas trabalhando freneticamente em seus laptops, outras em conversas animadas, e outras, como você, em busca de um momento de paz. Esse breve intervalo se torna um espaço sagrado, um tempo dedicado exclusivamente a estar presente, a pensar e a sentir.

A Jornada Interna com Mate

Em outro dia, você opta por uma experiência diferente. Ao invés do café, escolhe um mate. Segura a cuia entre as mãos, sentindo o calor e o aroma herbal que emerge. O ritual de preparar e saborear o mate é quase meditativo. Cada gole se torna uma pequena pausa, um momento de reflexão.

Lembro das palavras do filósofo uruguaio Mario Benedetti: "Quando bebemos mate, entramos em um diálogo silencioso com nós mesmos." Este simples ato de tomar mate, algo tão comum em muitas culturas sul-americanas, transforma-se em uma oportunidade para introspecção. Você começa a explorar suas preocupações, seus sonhos, e suas esperanças, como se cada gole fosse uma chave para um compartimento diferente da sua mente.

Comentário de um Pensador

O filósofo francês Gaston Bachelard, em sua obra "A Poética do Espaço", fala sobre como certos lugares se tornam santuários para a nossa imaginação e reflexão. Ele sugere que "os espaços íntimos, onde nos sentimos seguros e confortáveis, são essenciais para o desenvolvimento de nossos pensamentos mais profundos." A cafeteria, nesse contexto, torna-se um desses espaços íntimos. É um lugar onde o barulho do mundo exterior se silencia, permitindo que nossas mentes viajem para onde bem entenderem.

Aqui vale uma nota de rodapé:

A Poética do Espaço é uma obra que nos convida a explorar a relação íntima entre o espaço e a imaginação. Em vez de focar em grandes teorias filosóficas ou arquitetônicas, Bachelard mergulha nas pequenas experiências cotidianas que moldam nossa percepção do mundo ao nosso redor.

Ele propõe que certos lugares, como nossas casas, quartos, sótãos e cantos favoritos, não são apenas espaços físicos, mas também santuários para a nossa imaginação e memória. Esses lugares íntimos nos proporcionam segurança e conforto, permitindo que nossos pensamentos e sonhos se desenvolvam de maneira única.

Bachelard utiliza imagens poéticas e reflexões profundas para mostrar como esses espaços íntimos influenciam nossa vida interior. Ele argumenta que a casa, por exemplo, é mais do que um abrigo; é um local onde a memória e a imaginação se entrelaçam, criando um ambiente onde nos sentimos verdadeiramente "em casa".

A Poética do Espaço é uma celebração dos pequenos detalhes da vida cotidiana que muitas vezes passam despercebidos, mas que têm um impacto profundo em nossa imaginação e bem-estar. É uma leitura que nos incentiva a valorizar e refletir sobre os espaços que habitamos, reconhecendo a importância deles em nossa vida interior.

No corre-corre do cotidiano, encontrar momentos de introspecção pode ser um desafio. No entanto, pequenos gestos, como parar em uma cafeteria para tomar um café ou quem sabe um mate, podem criar esses preciosos espaços de reflexão. Esses momentos são como embarcar em um tapete mágico, onde a imaginação pode voar livremente, explorando territórios internos que frequentemente permanecem inexplorados. Assim, quando você estiver em uma cafeteria, lembre-se de que, além de saborear sua bebida, você está criando um santuário para sua mente e alma.

A Poética do Espaço: https://www.youtube.com/watch?v=YxqdDVRboAY 

quinta-feira, 11 de abril de 2024

Símbolo e Objeto

No turbilhão do cotidiano, há algo mágico acontecendo o tempo todo - um intricado jogo de símbolos que molda nossa percepção do mundo. Desde os signos que encontramos nas ruas até as metáforas que tecemos em nossas conversas, o pensamento simbólico permeia cada aspecto de nossas vidas, muitas vezes sem que sequer percebamos.

Mas o que é exatamente esse poderoso fenômeno? Em sua essência, o pensamento simbólico transcende a mera representação literal das coisas. Ele nos permite acessar níveis mais profundos de significado, conectando-nos com uma teia intrincada de associações e emoções. Como disse o renomado psicanalista Carl Jung, os símbolos são "a linguagem dos sentimentos". Eles falam diretamente à nossa psique, despertando emoções e insights que não podem ser totalmente articulados com palavras simples.

Imagine, por um momento, um simples pássaro pousado em um galho próximo à sua janela. À primeira vista, é apenas um pássaro - uma criatura alada indo sobre suas atividades diárias. No entanto, para além dessa percepção superficial, o pássaro pode se tornar um símbolo poderoso. Pode representar a liberdade, a transcendência, ou até mesmo um presságio de mudança iminente. Sua presença evoca sentimentos que vão muito além de sua forma física.

Ao longo de nossas vidas, somos constantemente confrontados com uma infinidade de símbolos, grandes e pequenos, que moldam nossas experiências e nossas narrativas pessoais. Desde os rituais culturais até os sonhos que povoam nossas noites, os símbolos são os fios invisíveis que tecem o tecido de nossa existência.

Mas por que isso importa? Porque o pensamento simbólico tem o poder de transcender a inércia natural do homem. Enquanto nossos instintos e impulsos muitas vezes nos mantêm presos em padrões previsíveis de comportamento, os símbolos nos desafiam a ir além do óbvio, a explorar novas perspectivas e a abraçar o desconhecido.

Em um mundo cada vez mais dominado pela lógica e pela razão, é fácil perder de vista a importância do pensamento simbólico. No entanto, é precisamente essa capacidade de acessar o reino do simbólico que nos permite transcender as limitações da mente racional e mergulhar nas profundezas do inconsciente coletivo.

Como disse o filósofo francês Gaston Bachelard, "o símbolo é sempre um novo começo". Cada vez que nos deparamos com um símbolo, somos convidados a mergulhar em um mar de significado infinito, a explorar os recantos mais profundos de nossa psique e a nos reconectar com o mundo ao nosso redor de uma maneira mais profunda e significativa.

Quando você se encontrar diante de um símbolo - seja ele encontrado em um sonho, em uma obra de arte ou nas páginas de um livro antigo - pare por um momento e deixe-se envolver por sua magia. Pois, como nos lembra o pensador Joseph Campbell, "os símbolos são apenas a ponta do iceberg do inconsciente". E mergulhar nas águas profundas do inconsciente é onde verdadeiramente encontramos o poder transformador do pensamento simbólico. 

sexta-feira, 30 de junho de 2023

Planos de Viagens, na bagagem levo Kant, Nietzsche, Bachelard, Certeau e Suas Provocações


Acredito que um de nossos prazeres é fazer planos de viagens, sei que o prazer de fazer planos de viagens não se limita apenas à realização da viagem em si. O processo de planejamento, pesquisa e imaginação é uma parte valiosa da jornada que pode ser desfrutada plenamente, de certa forma também viajamos através de nossa imaginação, outro pensamento que surge é o prazer de fazer planos de viagens está associado à antecipação e imaginação das experiências emocionantes que aguardam em destinos desconhecidos. 

Embora seja prudente ter um plano de viagem antes de sair de casa, nem todas as pessoas seguem essa prática. Algumas pessoas podem ser mais espontâneas e preferem tomar decisões no momento, enquanto outras podem não ter recursos ou tempo para planejar com antecedência. É importante lembrar que cada pessoa tem seu próprio estilo de viagem e suas circunstâncias individuais. No entanto, ter um plano de viagem pode ajudar a garantir uma experiência mais organizada e segura, especialmente ao viajar para destinos desconhecidos. Isso pode incluir reservas de transporte, acomodação, atividades planejadas, pesquisas sobre a cultura local, atrações turísticas e considerações de segurança, penso que as pessoas simplesmente não saem porta afora dizendo “vou viajar”, é necessário um mínimo de planejamento, a começar pelo destino.

Fazer planos de viagens é uma oportunidade para alimentar nossos sonhos e aspirações, talvez algumas pessoas já tenha de dado ao trabalho de criar uma lista de destinos dos sonhos e começar a traçar um plano para alcançá-los, eu tenho minha lista, nesta lista estão relacionados destinos Internacionais e Nacionais. O ser humano precisa de metas para seguir em frente, então um dos prazeres é estabelecer metas de viagem e começar a planejar para realizá-las também são uma fonte de motivação e inspiração, dando um propósito maior às atividades cotidianas.

Bah! Como é gostoso fazer planos de viagem. Quantas vezes por meio de conversa viajamos ou pelo menos discorremos uma lista de lugares que temos interesse de algum dia ir e ficar alguns tempo “curtindo”, logo vem a nossa mente as belezuras que vão além do turismo comum, como sabemos há vários tipos de turismo, temos por exemplo turismo de lazer, cultura, gastronômico, aventura, sustentável, saúde e por ai vai, enfim depende das preferências e motivações individuais de cada viajante, portanto um plano de viagens é uma providência importante se quisermos aproveitar ao máximo o investimento, sim se trata de investimento e não é uma despesa, pois tudo que nos causa bem estar, eleva nossa saúde mental, enriquece e proporciona crescimento se trata de investimento.

Viajar é tanto verbo quanto um conceito, ninguém melhor do que um filósofo para falar sobre o que significa viajar, lá vem a filosofia argumentar em prol do porquê viajar, em minha memória busquei alguns amigos filósofos que de certa forma abordaram conceitos relacionados à viagem e à experiência de estar em lugares diferentes, gosto de estar sempre bem acompanhado, seja planejando e viajando, dentre alguns conceitos legais pense inicialmente em Kant, ele discutiu a ideia de "sublime", que se refere a uma experiência estética poderosa diante da natureza grandiosa e imponente. Ao planejar uma viagem, podemos considerar a busca por locais que despertem sentimentos de admiração e fascínio, proporcionando uma experiência sublime.

Outro amigo filósofo lembrei de Nietzsche, ele enfatizou a importância da experiência direta e do envolvimento com o mundo. Ele defendia uma abordagem ativa à vida, e essa mentalidade pode ser aplicada à viagem e ao planejar uma jornada, devemos procurar vivenciar e explorar diferentes culturas, lugares e perspectivas.

Mais um filósofo resgatado no palácio da memória de aprendizados é Bachelard, ele explorou a relação entre espaço e experiência humana, em sua obra "A Poética do Espaço", ele investiga a maneira como os espaços físicos afetam a nossa percepção e emoções. Ao planejar uma viagem, podemos considerar a importância dos lugares que pretendemos visitar e como eles podem influenciar nossa experiência e reflexão.

E por último o filósofo Michael de Certeau, o francês discutiu a ideia de "táticas" em relação à ocupação e apropriação dos espaços. Ele abordou a forma como os indivíduos interagem com o ambiente ao seu redor. Ao planejar uma viagem, podemos pensar em como utilizar táticas de exploração e descoberta para interagir com os lugares que visitará, encontrando caminhos não convencionais e experiências únicas.

Trouxe a filosofia para dentro dos planos de viagens porque ela está em tudo, ou quase tudo em que nosso raciocínio e até as emoções estão presentes, o pensamento desempenha um papel central em nossa vida e a filosofia tem ferramentas para ajudar a fazermos boas construções, é através do pensamento crítico, racional e abstrato, que fazemos estas construções que envolvem o mundo ao nosso redor.

Sem mais delongas, inicialmente pensei num plano de viagem internacional com um roteiro que visa explorar conceitos e ideias filosóficas em diferentes locais e culturas ao redor do mundo. Se a ideia é unir filosofia e contexto prático pensei que seja possível aplicá-la em locais que a história ajudara bastante a entender os diferentes contextos, como por exemplo viajar para Atenas, Grécia. Atenas é considerada o berço da filosofia ocidental. Visitar a Acrópole para explorar os monumentos antigos e refletir sobre a influência de pensadores como Sócrates, Platão e Aristóteles. Explorar também o Museu da Acrópole para conhecer artefatos históricos e aprender sobre a história da filosofia.

Roma, Itália, também está em meus planos. Roma foi o centro do Império Romano, um período em que a filosofia grega foi amplamente disseminada. Visitar o Panteão e o Fórum Romano, que são locais ricos em história filosófica. Além disso, explorar a Cidade do Vaticano para conhecer a teologia e a filosofia cristã.

Paris, França, Paris é conhecida como uma cidade culturalmente rica e intelectualmente estimulante. Visitar a Sorbonne, uma das universidades mais famosas do mundo, onde muitos filósofos influentes lecionaram e estudaram. Explorar também os cafés históricos, como o Café de Flore, onde pensadores como Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir costumavam se reunir para debater ideias filosóficas. Há que delicia frequentar cafeterias!

Quioto, Japão. Agora vamos ainda mais longe, Quioto é uma cidade no Japão com uma rica tradição filosófica e espiritual. Visitar templos como o Kinkaku-ji (Templo do Pavilhão Dourado) e o Ryoan-ji (Templo do Dragão da Paz), lá podemos experimentar a filosofia zen através da contemplação e da meditação.

Outro destino maravilhoso é Varanasi, Índia. Varanasi, também conhecida como Benares, é uma das cidades mais antigas do mundo e um importante centro espiritual na tradição hindu. Explorar as margens do rio Ganges e participar de cerimônias religiosas. Aqui, podemos nos envolver com conceitos filosóficos como karma, reencarnação e busca pela verdade última, conceitos tão difundidos mundo afora e tão presentes em nosso cotidiano.

E por último o Egito, certamente não poderia ficar de fora! O Egito é um país com uma rica história e tradição filosófica que remonta a milhares de anos. Incluir o Egito em meu plano de viagem na filosofia seria uma excelente escolha. Após pesquisar onde iria no Egito surgiram alguns locais muito interessantes como:

Cairo: A capital do Egito abriga várias instituições culturais e históricas relevantes para a filosofia. Visitar o Museu Egípcio, que possui uma vasta coleção de artefatos antigos, incluindo papiros com textos filosóficos e literários. Além disso, explorar a área de Al-Azhar, que é um centro importante do estudo islâmico e da filosofia árabe.

Alexandria: Localizada na costa do Mar Mediterrâneo, Alexandria foi uma das cidades mais importantes do mundo antigo. Foi um centro de conhecimento e aprendizado, abrigando a famosa Biblioteca de Alexandria, que continha inúmeras obras filosóficas e científicas da antiguidade. Embora a biblioteca original não exista mais, vale a pena visitar a moderna Biblioteca de Alexandria e explorar seu acervo.

Templos de Luxor e Karnak: Esses templos antigos situados às margens do Rio Nilo são locais onde filosofias e concepções religiosas foram discutidas e desenvolvidas. Eles são ricos em simbolismo e oferecem uma visão da cosmovisão egípcia antiga, que incluía ideias filosóficas sobre a vida, a morte e a natureza humana.

Templo de Filae: Localizado na ilha de Agilkia, no sul do Egito, o Templo de Filae é um templo dedicado à deusa Ísis. Além de seu valor histórico e arquitetônico, o templo era um local de peregrinação e adoração, onde as pessoas buscavam sabedoria e orientação espiritual.

Oásis de Al-Fayoum: Havendo interesse em filosofias mais contemporâneas, podemos explorar os oásis de Al-Fayoum, que são conhecidos por sua atmosfera tranquila e retiros espirituais. Esses lugares proporcionam uma oportunidade para reflexão, meditação e contato com a natureza, elementos que também estão presentes em várias tradições filosóficas.

Então, pensei em incluir o Egito em meu plano de viagem na filosofia, pois me permitirá uma imersão em uma cultura antiga e rica, onde muitas ideias filosóficas foram formuladas e discutidas ao longo dos séculos.

As pesquisas por destinos para montar os locais de interesse, por si só já me proporcionaram uma experiência imagética muito interessante, no entanto como se sabe este tipo de projeto esbarra no desafio financeiro que seria grandioso, então por enquanto vou viajando através da experiência de vídeo de walking, esses vídeos oferecem a oportunidade de vivenciarmos virtualmente as caminhadas em diferentes destinos ao redor do mundo, quando posso viajo pelo interior do meu Brasil onde eu mesmo faço meus registros walking, pois costumo deixar o carro na garagem do hotel ou pousada e caminhar por todos os lugares do meu roteiro estabelecido em meu plano de viagem.

Deu para perceber que gosto muito de viajar, gosto de dirigir, gosto de caminhar e vivenciar o que meu pais me oferece, e temos no Brasil lugares lindíssimos, é possível unir história e filosofia por aqui mesmo, portanto acabei estabelecendo metas mais factíveis.

Acabei imaginando por onde poderia ir, então fui pesquisar onde viajar pelo Brasil em busca de locais históricos e filosóficos, podendo ser uma experiência enriquecedora. Nosso país possui uma rica herança cultural, tanto no campo da história quanto da filosofia, surgiram vários lugares muito interessantes.

Ouro Preto, Minas Gerais: Ouro Preto é uma cidade histórica conhecida por sua arquitetura barroca preservada e por ser um importante centro da história do Brasil colonial. A cidade abriga várias igrejas, museus e monumentos que retratam a influência portuguesa na época do ciclo do ouro. Além disso, a cidade é berço de importantes intelectuais e filósofos brasileiros, como Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga, autores do movimento literário árcade.

Salvador, Bahia: Salvador é uma cidade com uma rica herança histórica e cultural. É conhecida por suas igrejas, como a Igreja de São Francisco, e seu centro histórico, o Pelourinho. Além disso, Salvador é considerada o berço da filosofia afro-brasileira, com influências do candomblé e da religiosidade popular. É um lugar onde você pode explorar a conexão entre filosofia, religião e identidade cultural.

Brasília, Distrito Federal: A capital do Brasil, Brasília, é uma cidade que combina arquitetura modernista com um contexto político importante. Lá podemos visitar o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e outros edifícios governamentais icônicos. Brasília também abriga instituições acadêmicas e filosóficas de renome, onde podemos explorar a filosofia política, ética e social.

São Luís, Maranhão: São Luís é uma cidade conhecida por seu centro histórico preservado, considerado Patrimônio Mundial pela UNESCO. Com uma arquitetura única e uma atmosfera cultural vibrante, a cidade combina elementos das culturas portuguesa, africana e indígena. Lá podemos explorar a conexão entre história, patrimônio cultural e diversidade filosófica.

Recife e Olinda, Pernambuco: Recife e Olinda são cidades que possuem uma história rica e uma tradição filosófica significativa. Recife é conhecida por sua arquitetura colonial e pelo movimento cultural chamado "Manguebeat", que mescla música, arte e filosofia. Já Olinda é uma cidade histórica, com seu centro também considerado Patrimônio Mundial pela UNESCO, e conhecida pelo seu carnaval multicultural.

Esses são apenas alguns exemplos de destinos no Brasil onde podemos explorar a história e a filosofia. Cada região do país tem suas particularidades e contribuições únicas para essas áreas. Portanto, ao planejar uma viagem, podemos pesquisar mais sobre os destinos específicos que despertam seu interesse histórico e filosófico.

Também gosto muito de viajar pelo litoral, o mar é um destino quase que obrigatório, no mar me sinto à vontade, portanto vez por outra estou na praia apreciando a orla, sua história, afinal nosso pais foi colonizado a partir do litoral, as cidades litorâneas se desenvolveram como polos de influência europeia, recebendo imigrantes de diferentes origens e se tornando centros de trocas culturais.

Pensei em escrever sobre o tema planos de viagens por ser uma atividade prazerosa e benéfica, permitiu que expressasse emoções, expectativas e sonhos em relação às suas futuras aventuras, o planejamento dos destinos foi uma oportunidade de colocar no papel seus pensamentos e sentimentos, compartilhando suas aspirações e desejos de explorar novos lugares.

O ato de escrever sobre planos de viagens também amplia o sentimento de antecipação e entusiasmo, a medida que vamos descrevendo os lugares que desejamos conhecer, visualizamos as experiências que esperamos vivenciar e compartilhamos nossas expectativas, é uma das maneiras de alimentar a empolgação e o prazer da viagem, mesmo antes de embarcar.

Além disso, ao escrever sobre a experiência de desenvolver planos de viagens estamos inspirando os outros a explorar novos lugares e viver aventuras semelhantes, é claro cabendo no tamanho do bolso de cada um.

"Viajar" também pode ter um significado figurado, representando uma jornada interior, uma busca por conhecimento pessoal ou uma forma de escapar da rotina e encontrar novas inspirações, uma viagem tanto nos oferece o esperado quanto o inesperado, esta relação desperta em nosso interior um espírito de aventura, lidar com esses desafios pode ser uma oportunidade de crescimento pessoal e desenvolvimento de habilidades de resolução de problemas. 

Tanto o esperado quanto o inesperado fazem parte da experiência de viajar. A mistura de ambos pode tornar a viagem emocionante, enriquecedora e memorável. Estar aberto a novas experiências e ter flexibilidade para lidar com o inesperado são aspectos importantes para aproveitar ao máximo uma viagem.

Em resumo, escrever sobre planos de viagens, por si só já é uma atividade enriquecedora que combina expressão pessoal, organização, antecipação e compartilhamento. Além de ajudar a criar planos concretos, essa prática também aumenta a excitação e o prazer da viagem, além de criar registros pessoais e inspirar outras pessoas. Então, sugiro faça planos de viagens, faça pesquisas, tenho certeza que mesmo não saindo todos a contento, a atividade em escrever e descrever os planos de viagens é muito agradável.


 

Quando concretizamos um plano de viagem, é comum que sejam criados registros em nossa memória e "mala de memórias" como lembranças físicas, fotografias, vídeos ou outros objetos que guardamos como recordações, eu tenho minha mala de memórias, pois com o passar dos anos a memória vai se esvaindo e nem tudo estará disponível de imediato, aí será preciso buscar na “mala de memórias” os registros que farão os insights em nosso cérebro.

A memória é um componente fundamental da experiência de viagem. Durante a viagem, vivenciamos momentos únicos, conhecemos novos lugares, interagimos com pessoas diferentes e experimentamos diversas situações. Essas experiências são registradas em nossa memória de longo prazo, formando parte de nossa bagagem de lembranças.

Além disso, muitas pessoas gostam de registrar a viagem de alguma forma, seja tirando fotografias dos lugares visitados, filmando vídeos, escrevendo em diários de viagem ou até mesmo coletando objetos como ingressos, bilhetes de transporte, mapas e lembranças locais. Esses registros físicos servem como uma forma de relembrar e reviver as experiências vividas durante a viagem.


 

A "mala de memórias" pode ser metafórica, representando a coleção de lembranças e experiências que levamos conosco após a viagem. Essas memórias podem ser revividas por meio de histórias compartilhadas com amigos e familiares, ao olhar as fotografias ou ao relembrar os momentos especiais que vivenciamos.


As memórias e a mala de memórias são valiosas porque nos permitem reviver as experiências e sentimentos vividos durante a viagem, mesmo após o retorno para casa. Elas são uma forma de preservar e compartilhar essas experiências, e podem trazer alegria, nostalgia e inspiração ao recordar os momentos especiais que vivemos ao explorar o mundo.