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domingo, 29 de setembro de 2024

Intramuros

Uma palavra que, ao ser dita, evoca a ideia de muros que cercam, protegem e, ao mesmo tempo, isolam. Ao refletir sobre ela, penso imediatamente na vida que construímos para nós mesmos, dentro de nossas próprias paredes mentais e emocionais, delimitando até onde permitimos que os outros nos conheçam ou onde ousamos nos aventurar no desconhecido. No nosso dia a dia, estamos o tempo todo "intramuros" – nas rotinas, nas redes sociais, nas bolhas de pensamentos e crenças. Esses muros, no entanto, podem ser tanto fortalezas de proteção quanto prisões invisíveis.

Você já reparou como gostamos de criar nossas próprias fronteiras? Sejam elas físicas, como a organização da casa, ou sociais, nas amizades e círculos que cultivamos. Fazemos isso porque o familiar nos oferece segurança. Sentimo-nos no controle quando conhecemos o terreno em que pisamos. Mas será que essas paredes que construímos, de certa forma, também não nos limitam?

Maurice Halbwachs, o sociólogo que estudou a memória coletiva, poderia dizer que os muros que erguemos têm a ver com a forma como preservamos nossas lembranças e histórias. Ele argumentava que a memória não é individual, mas coletiva, sendo influenciada pelo grupo ao qual pertencemos. Assim, ao construirmos nossos muros, estamos também definindo os limites de quem somos e do que lembramos, moldados pelas influências daqueles ao nosso redor.

Intramuros, na prática, pode ser aquela sensação de conforto ao seguir as tradições familiares, por exemplo. É o jantar em família aos domingos, onde repetimos conversas e rotinas já estabelecidas, reforçando o que é conhecido e compartilhado. Mas ao mesmo tempo, essa prática também nos prende em padrões que evitam o novo, impedindo que experimentemos algo fora da zona de conforto.

Há também a dimensão mais literal de intramuros. Basta pensar nas cidades muradas, como a histórica Intramuros, em Manila, nas Filipinas. Criadas para proteger seus habitantes de invasores, essas cidades antigas eram o perfeito exemplo de como a segurança pode também restringir a expansão. Dentro dos muros, a vida seguia um ritmo mais lento, mais controlado. Fora deles, o caos e a possibilidade da aventura.

Na nossa vida cotidiana, muitas vezes ficamos "intramuros" por medo do desconhecido, e não é difícil identificar exemplos. O trabalho que conhecemos, mesmo que seja frustrante, é mais seguro que tentar algo novo. A relação estável, ainda que desgastada, oferece mais conforto que a solidão ou a incerteza de um novo começo. Talvez, como Halbwachs sugeriria, seja o nosso ambiente e nossas interações que nos empurram a viver entre esses muros, de forma que nossa identidade está entrelaçada ao que construímos junto com os outros. O grande desafio, então, seria entender que, embora intramuros ofereça segurança, são as aberturas nesses muros que nos permitem crescer e evoluir.

Talvez o segredo seja encontrar um equilíbrio: reconhecer que precisamos de muros para nos proteger, mas também que devemos deixá-los permeáveis, permitindo que o novo e o desconhecido entrem e nos transformem.


terça-feira, 9 de abril de 2024

Zona de Conforto


No ritmo acelerado da vida cotidiana, é fácil cair na armadilha da comodidade. A zona de conforto, esse lugar seguro e familiar onde nos sentimos à vontade, pode parecer acolhedor, mas também é onde os sonhos muitas vezes ficam estagnados. Afinal, grandes coisas raramente vêm de se acomodar.

Imagine essa situação: você está confortavelmente instalado em seu sofá, envolvido por um cobertor macio, assistindo à sua série favorita pela milésima vez. Ah, que sensação maravilhosa de conforto! Mas, então, uma vozinha interior sussurra: "E se houvesse mais lá fora?". Acredito que pouca coisa vai sair da zona de conforto, mudanças é claro que não.

Essa vozinha está certa. O mundo lá fora é vasto e cheio de possibilidades esperando para serem exploradas. No entanto, para alcançá-las, é preciso dar o primeiro passo para fora da zona de conforto.

Isso pode soar assustador, eu sei. Às vezes, a ideia de se aventurar para além dos limites do familiar é o suficiente para fazer o coração bater mais rápido. Mas é exatamente esse medo que indica que você está no caminho certo. Afinal, o crescimento só ocorre quando desafiamos nossos próprios limites.

Vamos dar um exemplo prático: imagine que você tenha uma ideia brilhante para um projeto, algo que realmente te empolga. Mas logo em seguida, vem aquele pensamento de autodúvida: "E se eu fracassar? E se não der certo?". É a zona de conforto tentando te puxar de volta para o lugar seguro. No entanto, se você decidir seguir em frente, mesmo com o medo, grandes coisas podem acontecer.

Claro, sair da zona de conforto não significa necessariamente fazer algo grandioso e espetacular. Pode ser algo tão simples quanto tentar uma nova atividade, conhecer pessoas diferentes, ou aprender uma nova habilidade. Às vezes, são os pequenos passos que nos levam às maiores descobertas.

E não se engane: sair da zona de conforto não é um caminho livre de obstáculos. Haverá desafios, momentos de incerteza e talvez até fracassos. Mas é exatamente nessas dificuldades que encontramos oportunidades de crescimento e aprendizado. Cada obstáculo superado nos torna mais fortes e mais resilientes.

Então, quando sentir aquela tentação de se aconchegar na sua zona de conforto, lembre-se: é fora dela que as verdadeiras aventuras começam. Arrisque-se, desafie-se, e quem sabe que grandes coisas estão à sua espera além dos limites do familiar.