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domingo, 22 de junho de 2025

Filosofia do Processo

Whitehead e o mundo em movimento!

Há uma ilusão muito comum no modo como lidamos com o mundo: acreditamos que as coisas são. A cadeira é cadeira, o rio é rio, eu sou eu. Essa ideia parece tão sólida quanto o concreto de uma calçada. Mas para Alfred North Whitehead, filósofo britânico, um dos filósofos mais originais do século XX, essa visão do mundo está enganada desde o início. O mundo não é feito de “coisas” — é feito de processos.

Whitehead não era só filósofo; antes disso, foi matemático e trabalhou com Bertrand Russell na famosa obra Principia Mathematica. Mas foi na maturidade que ele deu um salto surpreendente para a metafísica, fundando o que hoje chamamos de Filosofia do Processo. Uma filosofia que não vê o mundo como um estoque de substâncias estáticas, mas como um fluxo incessante de eventos, relações e transformações.

Tudo o que existe... acontece

Na visão de Whitehead, até mesmo uma pedra não é algo fixo. Ela é uma sequência de processos energéticos, uma pequena narrativa cósmica que, lenta como as eras geológicas, ainda assim é mudança. O mesmo vale para você, para mim, para o som de um violão no fim da tarde ou o cheiro de pão saindo do forno.

Aliás, basta pensar no café da manhã. Parece um momento simples, mas não é. A mesa posta não existe como um “bloco”; ela é o resultado de mil ações: a plantação do café em algum país distante, o transporte até o supermercado, o seu gesto de acender a chaleira, a memória do sabor que você gosta, a escolha da xícara preferida. O café da manhã é um acontecimento — uma rede viva de eventos que vieram de longe no espaço e no tempo.

Outro exemplo: uma conversa no trabalho. Você chega tenso de casa, alguém sorri de leve, você relaxa, diz uma piada, o outro responde, vocês se entendem melhor. Não existe “você fixo” e “colega fixo”. Existe uma dança de emoções, intenções, palavras. Mesmo os silêncios têm efeito. O instante de agora já carrega ecos do que aconteceu antes — a discussão de ontem, a gentileza da semana passada — e prepara o campo para o que virá. É puro processo.

Ou então um passeio pela rua. As lojas mudaram a vitrine, a padaria da esquina fechou, um prédio novo surgiu onde havia uma casa antiga. Você mesmo mudou — anda mais devagar, olha para o céu, pensa em outras coisas. Até o caminho para casa não é o mesmo de ontem, porque você não é mais o mesmo de ontem. O que existe é esse fluxo onde cidade, corpo e memória se misturam.

O Deus de Whitehead

Outro ponto notável é a visão de Deus nessa filosofia. Para Whitehead, Deus não é o criador de um mundo pronto e acabado, mas parte do processo cósmico. Deus mantém possibilidades abertas, uma espécie de “lure” — uma sedução para que o mundo tenda à beleza, à harmonia, à intensidade. Mas o desfecho de cada momento é decidido no processo, e não decretado de cima. Isso abre espaço para o acaso, para o risco, para a criatividade genuína do universo.

Na prática? Quando alguém resolve largar um emprego seguro para abrir uma pequena livraria de bairro, ou quando um vizinho planta flores num canteiro abandonado, algo do possível se torna real — e o universo inteiro muda um pouco. Para Whitehead, Deus sussurra essas possibilidades de harmonia, mas a escolha final está no fluxo das decisões humanas e cósmicas.

O real é relação

Essa filosofia desmonta a ideia de que as coisas existem isoladamente. Nada é em si; tudo é em relação. Até o celular na sua mão agora é o resultado de processos — de tecnologia, de desejo de comunicação, de história econômica, de consumo. A própria bateria carrega energia que veio de usinas distantes. Até o descanso noturno é um processo: corpo, respiração, sonho, esquecimento.

Quando você encontra um velho amigo na rua, esse encontro não é a soma de duas “coisas”. É um evento novo, cheio de memórias de infância, de mudanças de vida, de expectativas futuras. Cada olhar troca experiências, cada frase é carregada de tudo o que vocês já viveram. O real é sempre relação.

O mundo como obra inacabada

Em Whitehead, o universo não é uma máquina que funciona; é uma obra de arte inacabada. Algo que se faz, se desfaz e se refaz o tempo todo. E nós, humanos, somos parte desse processo criativo — não como espectadores, mas como co-autores. Por isso, cada escolha nossa acrescenta um fio à trama do real.

Henrique de Lima Vaz dizia que a existência é uma tarefa: ela nunca está dada, sempre está por fazer. Essa é uma intuição bem próxima do pensamento processual de Whitehead. O mundo não é pronto: ele espera, a cada instante, ser tecido de novo.

Na vida cotidiana isso significa que nenhuma situação é um beco sem saída absoluto. Aquele relacionamento que parece ter esgotado o sentido, aquele trabalho que já não motiva, podem — com imaginação, risco e coragem — ser recriados, refeitos, transfigurados. O processo não se fecha.

O que aprendemos com Whitehead?

Que viver é participar de um fluxo. Que nada é fixo — nem o mundo, nem você. Que o real se faz de encontros e relações, não de substâncias isoladas. Que até o almoço simples de terça-feira carrega a história do universo. E que o futuro não está escrito: ele é possibilidade aberta, sempre à espera de um novo gesto criativo.

Talvez por isso viver seja tão inquietante e tão belo: porque tudo pode ser, tudo ainda está sendo.


sexta-feira, 3 de maio de 2024

Digerindo Pensamentos

Vamos falar de um assunto que todo mundo enfrenta, mas nem sempre dá a devida atenção: como digerir os pensamentos e acompanhar o ritmo frenético da vida.

Vamos encarar a realidade: nossas mentes são como um turbilhão de pensamentos, sentimentos e preocupações, tudo misturado em um grande caldeirão. Às vezes, parece que estamos tentando beber dessa sopa mental com um canudo. Mas calma lá, porque há uma maneira melhor de lidar com isso.

Imagine-se em um rio, certo? A água flui suavemente, mas às vezes encontra pedras no caminho. É assim que nossos pensamentos funcionam. Às vezes, eles fluem tranquilamente, mas, de repente, encontramos uma pedra - uma preocupação, uma ansiedade, uma dúvida - e tudo fica turbulento.

Então, como podemos seguir o fluxo da vida sem sermos arrastados por essas pedras? Aqui vão algumas dicas do cotidiano que podem ajudar:

Respirar Fundo: Parece clichê, mas a respiração profunda pode realmente acalmar a mente. Quando você se sente sobrecarregado pelos pensamentos, tire um momento para respirar fundo. Concentre-se apenas na respiração, deixando os pensamentos fluírem como nuvens no céu.

Focar no Presente: Muitas vezes, ficamos presos em pensamentos sobre o passado ou o futuro, esquecendo de viver o momento presente. Pratique a atenção plena, concentre-se no que está fazendo agora, seja saboreando uma xícara de café ou caminhando pela rua.

Conversar com Alguém: Às vezes, só precisamos desabafar. Conversar com um amigo, familiar ou terapeuta pode ajudar a colocar os pensamentos em ordem e ganhar uma nova perspectiva sobre as coisas.

Escrever: Colocar os pensamentos no papel pode ser incrivelmente libertador. Mantenha um diário onde possa despejar tudo o que está em sua mente. Você ficaria surpreso com o quão clareza isso pode trazer.

Aceitar o Fluxo da Vida: Por fim, lembre-se de que nem sempre podemos controlar tudo. Às vezes, precisamos simplesmente aceitar o fluxo da vida e confiar que tudo vai se resolver no final.

Então, quando se sentir sobrecarregado pelos pensamentos, lembre-se dessas dicas simples. A vida é como um rio - cheia de curvas, pedras e quedas d'água. Mas, com paciência e prática, podemos aprender a navegar suas águas turbulentas e aproveitar a jornada ao máximo.