Sabe aqueles erros que a gente comete e nem percebe? Como quando seguimos um caminho achando que está tudo certo, mas, lá no fundo, algo está fora do lugar. São os chamados "erros invisíveis," deslizes tão sutis que passam despercebidos na correria do dia a dia. Não estamos falando de grandes falhas, mas de pequenos tropeços que se acumulam, seja na forma de hábitos, decisões ou até na maneira como lidamos com os outros. O mais curioso é que, muitas vezes, só nos damos conta deles quando já fizeram algum estrago. Então, como a gente pode começar a enxergar aquilo que parece invisível? Vamos trabalhar essa ideia.
Ver
erros invisíveis é um exercício quase filosófico. Parece paradoxal à primeira
vista, pois, como enxergar algo que, por definição, não é visível? No entanto,
o que chamamos de "erros invisíveis" não se esconde dos olhos, mas da
consciência. São deslizes sutis, camuflados nas camadas do cotidiano, que
passam despercebidos até que uma mudança de perspectiva nos faça encará-los.
Imagine
uma pessoa que, dia após dia, repete pequenos hábitos que, à primeira vista,
parecem inofensivos: procrastinar um projeto, evitar uma conversa difícil ou
ignorar um desconforto físico. Esses pequenos "erros" não são
facilmente identificáveis como tal. A procrastinação pode parecer uma simples
falta de tempo; a conversa adiada, uma questão de timing; e o desconforto, um
detalhe sem importância. O invisível está justamente na forma como camuflamos
essas atitudes em desculpas plausíveis, impedindo que as vejamos pelo que
realmente são: erros.
A
verdadeira questão é como tornar o invisível visível. Para isso, é preciso
desenvolver a habilidade de olhar para o que não estamos acostumados a ver. O
filósofo Maurice Merleau-Ponty argumentava que o mundo não é dado diretamente,
mas é sempre uma construção de nossa percepção. Nossos sentidos nos enganam ao
nos oferecerem uma visão limitada da realidade. Muitas vezes, os erros que
cometemos fazem parte dessa construção equivocada, baseada em preconceitos,
hábitos ou crenças que formamos ao longo da vida.
Um
exemplo cotidiano de erro invisível pode estar no ato de dirigir. Você já se
deu conta de quantas vezes comete pequenos erros de julgamento no trânsito, mas
não os percebe como tais? Talvez mude de faixa sem perceber que há um carro no
ponto cego ou deixe de dar passagem porque está com pressa. Esses deslizes são
tão comuns que se tornam parte da rotina e, portanto, invisíveis.
No
ambiente de trabalho, erros invisíveis podem se esconder nas interações
interpessoais. Um tom de voz impensado, um e-mail respondido apressadamente, um
comentário feito sem muita reflexão. São erros sutis, invisíveis à superfície,
mas que acumulam efeitos ao longo do tempo, afetando as relações e o ambiente
de forma que só percebemos quando já é tarde demais.
Reconhecer esses erros exige uma atenção plena ao que acontece ao nosso redor e dentro de nós. É um exercício constante de autorreflexão, de questionar nossas ações, reações e omissões. Como ensina o filósofo N. Sri Ram, “a atenção cuidadosa a todos os aspectos da vida é a chave para a sabedoria.” É preciso aprender a "ver" não apenas com os olhos, mas com a mente e o coração, percebendo o que deixamos de lado na correria da vida.
Enxergar erros invisíveis é, portanto, um processo de despertar. O primeiro passo é reconhecer que eles existem e aceitar que fazem parte de quem somos. Só então podemos começar a corrigi-los, a melhorar nossas escolhas e a viver de forma mais consciente e plena.