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sexta-feira, 6 de junho de 2025

O Ramo de Ouro

O Eco do Sagrado e a Morte do Rei — Pensando “O Ramo de Ouro” com James Frazer

Quem nunca jogou sal por cima do ombro ou hesitou antes de quebrar um espelho? Rituais nos rodeiam, mesmo quando achamos que somos modernos demais para eles. É curioso pensar que, por trás desses gestos supersticiosos, há resquícios de uma lógica milenar que buscava controlar o caos com símbolos, gestos e sangue.

É nesse terreno fértil e sombrio que mergulha O Ramo de Ouro, livro monumental do antropólogo escocês James George Frazer (1854-1941), publicado originalmente em 1890. A obra — que parte da investigação de um antigo ritual no bosque de Nemi, onde um sacerdote-rei era morto por seu sucessor — tornou-se uma das primeiras grandes tentativas de compreender as raízes da religião, do mito e da cultura como estruturas universais. Mais do que etnografia comparada, Frazer criou uma mitologia da mente humana.

O sacrifício como linguagem: o rei morre para que o mundo continue

O enigma inicial do rei de Nemi — cuja vida dependia de manter o ramo de ouro e derrotar seu assassino futuro — transforma-se, na leitura de Frazer, em uma chave interpretativa para entender uma miríade de rituais de morte e regeneração em todo o mundo. Em tribos africanas, entre sacerdotes incas, nas festas agrícolas do oriente, Frazer vê padrões recorrentes: o soberano como símbolo da fertilidade, que precisa morrer para que a natureza renasça.

Essa lógica, além de antropológica, é filosófica. O corpo do rei é símbolo do mundo: envelhece, entra em crise, e deve ser substituído para que o ciclo continue. O ritual, então, funciona como uma linguagem simbólica de reinício. A repetição da morte é, paradoxalmente, uma afirmação da vida.

Magia, religião, ciência: camadas da razão humana

Frazer organizou seu estudo em torno de três formas de pensamento humano: magia, religião e ciência. Para ele, a magia era uma tentativa primitiva de controlar o mundo por meio da analogia (como se fosse uma tecnologia simbólica). A religião emerge quando se reconhece um mundo comandado por deuses e vontades invisíveis. E a ciência seria, finalmente, a forma “correta” de compreender e operar a realidade.

Mas essa linearidade evolutiva foi duramente criticada. O antropólogo estruturalista Claude Lévi-Strauss, por exemplo, viu em O Ramo de Ouro um exemplo brilhante de etnologia, mas rejeitou a ideia de que o pensamento “selvagem” fosse menos racional que o científico — para ele, trata-se apenas de lógicas diferentes, estruturadas em códigos distintos.

Da mesma forma, Mircea Eliade, filósofo e historiador das religiões, admirava a vastidão simbólica da obra de Frazer, mas a reinterpretou em termos da oposição entre tempo profano e tempo mítico. Para Eliade, o sacrifício ritual não era erro primitivo, mas uma forma de reatualizar a criação do mundo — um retorno ao tempo sagrado da origem.

Jung e o inconsciente simbólico

Entre os mais impactados por O Ramo de Ouro esteve Carl Gustav Jung, que viu no livro uma mina de ouro simbólica. Jung não o leu como simples antropologia, mas como testemunho de uma psique arquetípica. O rei sacrificado, a árvore dourada, o ciclo de morte e renascimento — tudo isso representava, para Jung, expressões do inconsciente coletivo.

Jung considerava que esses rituais antigos não desapareceram, mas foram reinternalizados na alma moderna, manifestando-se em sonhos, mitos e narrativas. O ramo de ouro, nesse sentido, torna-se símbolo de iniciação psíquica: o ego que precisa morrer para que o self renasça.

A psicologia profunda de Jung e a mitologia comparada de Frazer se encontram na intuição comum de que a humanidade vive através de símbolos — e que esses símbolos, mesmo quando esquecidos, continuam a operar silenciosamente em nós.

A cultura moderna ainda carrega o ramo

Não foram apenas antropólogos e psicólogos que se encantaram com Frazer. O Ramo de Ouro influenciou fortemente T.S. Eliot, cuja obra-prima modernista The Waste Land (1922) se constrói justamente sobre a imagem do mundo árido, à espera de um sacrifício redentor. Eliot usou a estrutura simbólica de Frazer para dar forma ao desespero espiritual do século XX.

Também Sigmund Freud dialogou com o livro, especialmente na elaboração de Totem e Tabu (1913), onde interpreta o assassinato do pai primordial como origem da cultura. A conexão entre sexualidade, morte e sacralidade — tão presente em Frazer — é base para toda a psicanálise freudiana.

Até mesmo cineastas e romancistas beberam da fonte: da cena do bosque em O Poderoso Chefão ao horror pagão de The Wicker Man, o imaginário de Frazer é constantemente reciclado. Ele criou um léxico simbólico ocidental, mesmo que isso tenha sido feito à revelia do próprio Ocidente.

O ramo continua a florescer

O Ramo de Ouro é mais do que uma obra sobre o passado: é um espelho simbólico do presente. Mesmo que o rei não seja mais sacrificado num bosque, seguimos sacrificando versões de nós mesmos, buscando sentido, repetindo gestos com raízes invisíveis.

Frazer pode ter sido eurocêntrico e evolucionista, sim — mas sua obra sobreviveu porque tocou algo fundamental: a intuição de que o humano vive em busca de passagem. Seja para outro mundo, para uma nova estação, para uma vida melhor ou para o autoconhecimento, ainda precisamos do ramo — dourado, raro, impossível — que nos permita atravessar o invisível.

Como nos lembrou Jung, não abandonamos nossos rituais: apenas os tornamos internos. Como escreveu Eliot: “Esses fragmentos eu reuni contra minha ruína.” E como apontou Frazer, talvez a civilização não seja o fim dos mitos, mas sua forma mais sofisticada.

quinta-feira, 10 de abril de 2025

Cultura Pop

 

Outro dia, zapeando entre canais e redes, percebi que sei mais sobre o arco narrativo da Marvel do que da história do meu próprio bairro. Eu nem gosto tanto assim de super-herói — mas sei quem morreu, quem ressuscitou e qual versão alternativa salvou o multiverso. No fundo, fiquei pensando: o que é isso que nos atravessa sem pedir licença e se aloja na alma como se fosse nosso? Chama-se cultura pop. Mas talvez mereça um outro nome. Talvez… mito contemporâneo.

Entre o pop e o profundo: a filosofia por trás do entretenimento

A cultura pop costuma ser tratada como leve, passageira, divertida. Algo que consumimos para escapar da realidade, não para enfrentá-la. Mas essa visão é um tanto superficial. Se olharmos com atenção, perceberemos que ela está longe de ser apenas entretenimento. A cultura pop molda nossas emoções, expectativas, vocabulário e até as metáforas com que entendemos o mundo.

Quando dizemos que alguém é um “Jedi” ou uma “Barbie girl”, não estamos apenas fazendo uma piada — estamos usando estruturas narrativas compartilhadas para comunicar valores, identidades e conflitos. No fundo, esses personagens funcionam como mitos. E aqui entramos na primeira provocação filosófica: será que o mito deixou de ser sagrado apenas para se tornar consumível?

Joseph Campbell, ao estudar os mitos ao redor do mundo, dizia que eles tinham uma função psíquica: ajudar o indivíduo a atravessar as etapas da vida com sentido. A jornada do herói, por exemplo, é uma forma de organizar o caos da existência. Ora, o que são as sagas de Harry Potter, Frodo ou até Eleven (de Stranger Things), senão atualizações dessa mesma jornada?

A diferença é que, na cultura pop, tudo vem embalado para o consumo. O herói se vende em bonecos, camisetas e memes. O mito é distribuído em streaming. O sagrado se converte em entretenimento.

Mas não sejamos puristas. A filosofia não precisa ser elitista para ser profunda. Aliás, Platão sabia bem disso quando criou mitos para explicar o mundo das ideias. A diferença é que hoje, os mitos são produzidos coletivamente, por milhões de espectadores e fãs, em fóruns, vídeos de análise e teorias fanfics (histórias ficcionais criadas por fãs). A cultura pop se tornou uma espécie de democracia simbólica.

E há algo poderoso nisso: a cultura pop nos dá modelos para sentir e pensar. Por isso, quando uma série mostra um herói lidando com ansiedade ou uma princesa escolhendo não casar, ela está sugerindo novos modos de viver. A filosofia entra aí: para perguntar se esses modos fazem sentido, se nos libertam ou nos aprisionam, se nos aproximam de quem somos ou nos afundam em fantasias.

Como diria o filósofo francês Gilles Lipovetsky, vivemos na era da “leveza”, onde tudo tende ao efêmero, inclusive o sentido da vida. A cultura pop navega nesse mar — ora nos oferecendo boias, ora nos puxando para a correnteza.

No fim, talvez a questão não seja se a cultura pop é superficial ou profunda, mas sim como a usamos. Podemos assistir a um filme e apenas relaxar. Ou podemos fazer dele uma lente para enxergar o mundo — e a nós mesmos — com mais nitidez.

Porque, no fundo, como diria Morpheus em Matrix, a escolha entre a pílula azul e a vermelha ainda é nossa. Só que, hoje em dia, ela vem no formato de série, trilha sonora ou meme viral.

quinta-feira, 13 de junho de 2024

Descenso aos Inframundos

Por que nos sentimos tão atraídos pelas histórias antigas, repletas de deuses, heróis e jornadas épicas? Por que, séculos após séculos, as mitologias continuam a cativar nossa imaginação e a ressoar em nossos corações? A resposta reside no fato de que, embora as mitologias sejam narrativas que nunca aconteceram no sentido literal, elas sempre existiram e continuam a existir como parte essencial da condição humana.

Desde os tempos mais remotos, os seres humanos têm contado histórias para dar sentido ao mundo ao seu redor, para compreender os mistérios da existência e para transmitir valores e conhecimentos de geração em geração. E é dentro desse vasto repertório de narrativas que as mitologias assumem um papel central. Elas não são apenas contos fantasiosos, mas reflexos das aspirações, medos e esperanças que habitam o âmago da humanidade.

Neste contexto, a ideia do "descenso aos inframundos" emerge como uma temática profundamente enraizada em diversas tradições mitológicas ao redor do mundo. Essa jornada simbólica de adentrar os reinos inferiores, enfrentar desafios e, eventualmente, emergir transformado, ressoa com as experiências humanas universais de enfrentamento de adversidades, busca por sabedoria e transcendência pessoal.

Portanto, explorar o tema do descenso aos inframundos não é apenas uma incursão em contos antigos e exóticos, mas uma jornada para compreender mais plenamente a nós mesmos e a nossa própria condição humana. Ao mergulhar nas mitologias, descobrimos não apenas histórias fascinantes, mas reflexões profundas sobre a natureza da vida, da morte e do que significa ser humano. É neste contexto que podemos compreender a mitologia não como algo que aconteceu, mas como algo que sempre existiu e continuará a existir, ecoando através dos tempos como um testemunho da alma humana.

A ideia de descer aos inframundos, tão rica em mitologias ao redor do mundo, pode parecer distante de nossa realidade cotidiana. No entanto, essa jornada simbólica reflete experiências profundamente humanas e universais, das quais podemos tirar valiosas lições. Vamos ver como esses mitos se manifestam em diferentes culturas e como eles ressoam com situações do nosso dia a dia, com uma ajudinha de pensadores que nos ajudam a compreender melhor essas histórias.

Mitologia Grega: Orfeu e a Busca pelo Amor Perdido

Imagine que você perdeu alguém muito querido e estaria disposto a qualquer coisa para trazê-lo de volta. Essa é a essência do mito de Orfeu na mitologia grega. Orfeu, um músico talentoso, desce ao Hades para recuperar sua amada Eurídice. Ele encanta os deuses do submundo com sua música, mas falha ao olhar para trás antes de sair, perdendo Eurídice para sempre.

Na vida real, quantas vezes somos assombrados pelo passado? Tentamos "olhar para trás" para recuperar algo ou alguém, mas acabamos presos em um ciclo de dor e arrependimento. Friedrich Nietzsche, um pensador que frequentemente refletiu sobre temas de mitologia e tragédia grega, disse: "O que não nos mata nos torna mais fortes." Talvez a lição aqui seja aceitar a perda e permitir que ela nos fortaleça, em vez de nos consumir.

Mitologia Mesopotâmica: Inanna e a Jornada de Transformação

Agora, pense em um momento em que você teve que enfrentar uma situação extremamente difícil que parecia quase te destruir. Na mitologia suméria, a deusa Inanna desce ao submundo para enfrentar sua irmã, Ereshkigal, e é temporariamente morta antes de ser ressuscitada. Sua jornada é uma metáfora para a transformação e o renascimento.

No nosso dia a dia, isso pode se parecer com enfrentar uma grande crise pessoal, como a perda de um emprego ou o fim de um relacionamento. Joseph Campbell, famoso por seu trabalho sobre mitos e arquétipos, disse: "A caverna que você teme entrar guarda o tesouro que você procura." Talvez seja no enfrentamento dessas dificuldades que encontramos nosso verdadeiro eu e saímos mais fortes e sábios.

Mitologia Cristã: A Descida de Jesus ao Inferno

E se falarmos sobre fazer um sacrifício pelo bem dos outros? Na teologia cristã, Jesus desce ao inferno após sua crucificação para pregar às almas dos mortos antes de ressuscitar. Esse ato de sacrifício simboliza redenção e esperança.

No mundo moderno, isso pode se manifestar em atos de altruísmo e compaixão. Pense naqueles que trabalham em profissões de ajuda, como médicos e bombeiros, que frequentemente colocam suas vidas em risco pelo bem dos outros. Como Viktor Frankl, um sobrevivente do Holocausto e psiquiatra, escreveu: "A vida nunca se torna insuportável pelas circunstâncias, mas apenas pela falta de significado e propósito." Encontrar propósito em servir aos outros pode nos dar a força para superar os momentos mais sombrios.

Mitologia Nórdica: Odin e a Busca por Sabedoria

Finalmente, imagine que você está em busca de conhecimento e compreensão, mesmo que isso exija grandes sacrifícios. Na mitologia nórdica, Odin viaja até Hel, o reino dos mortos, para obter sabedoria. Ele sacrifica um olho para beber do poço de Mimir e ganha uma visão profunda e vasta.

Na vida cotidiana, essa busca pode ser comparada à dedicação aos estudos ou ao desenvolvimento pessoal, mesmo que isso signifique abrir mão de certos confortos ou prazeres imediatos. Como Carl Jung, o pai da psicologia analítica, disse: "Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta." A jornada para o autoconhecimento e sabedoria muitas vezes nos leva a enfrentar nossos medos e inseguranças, mas o resultado é uma compreensão mais profunda de nós mesmos e do mundo ao nosso redor.

O descenso aos inframundos é mais do que apenas mitologia antiga; é uma metáfora poderosa que ressoa com muitas das nossas experiências diárias. Cada um de nós, em algum momento, enfrenta nosso próprio "submundo" - seja uma perda, um desafio, uma busca por propósito ou conhecimento. E, assim como os heróis e deuses das histórias antigas, emergimos dessas jornadas transformados, mais fortes e mais sábios. Então, na próxima vez que você enfrentar um desses momentos, lembre-se: é apenas parte da sua própria jornada heroica.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Mito de Aristófanes


Quem diria que uma antiga fábula grega poderia ter tanto a nos dizer sobre o complicado e muitas vezes confuso mundo do amor e da busca pela nossa "outra metade". Aristófanes, o mestre das comédias, nos presenteou com uma história hilária, mas cheia de significado. O mito que vamos dar aquela viajada filosófica, faz parte do diálogo "O Banquete" (Symposium) de Platão, afinal o mito nunca aconteceu, mas sempre existiu, mesmo que os mitos não sejam eventos que ocorreram no passado, sua influência e importância persistem ao longo do tempo, moldando as perspectivas das sociedades e indivíduos. Essa abordagem reconhece a dimensão simbólica e cultural dos mitos, destacando sua relevância contínua na experiência humana.

Vamos nos imaginar (gosto muito disto) numa época em que éramos redondos, criaturas com quatro pernas, quatro braços e duas cabeças. Éramos completos, inteiros, mas, como tudo na vida, tínhamos que dar uma escorregada. Desafiando os deuses, fomos divididos ao meio, separados da nossa metade original. Diz a lenda que os humanos, cheios de orgulho, desafiaram os deuses. Em resposta a essa insolência, os deuses decidiram que era hora de dar uma lição, e que lição! A separação em duas metades deveria ser o castigo perfeito, a dor da separação é inevitável, ela se torna parte integrante do tecido da experiência humana, guiando-nos em direção à busca pelo que foi perdido. Assim, essas criaturas outrora completas, redondas e exuberantes, foram cortadas ao meio, transformando a unidade em dualidade.

A ironia é que, ao mesmo tempo em que os deuses puniam, também criavam a condição para uma busca eterna pela reunificação. Essa divisão provocou uma busca incansável por aquela outra metade perdida, um desejo profundo de restaurar a plenitude original. E assim, a zanga dos deuses se transformou em uma jornada mágica e tumultuada para os seres humanos, que passaram a buscar nos recantos mais remotos do mundo por algo que, no fundo, sempre esteve dentro deles.

Essa reviravolta na fábula de Aristófanes adiciona uma camada intrigante à história. É como se os deuses, em sua ira, inadvertidamente lançassem os humanos em uma aventura cósmica de autodescoberta e amor. Afinal, quem imaginaria que uma zanga divina poderia desencadear uma das mais belas e complexas narrativas sobre o desejo humano? Assim, enquanto sorrimos com a ironia da situação, somos levados a refletir sobre como, muitas vezes, é nas reviravoltas inesperadas que encontramos os tesouros mais valiosos da vida. Desde então, andamos por aí, meio desajeitados, à procura daquela parte perdida que nos tornará inteiros novamente.

A história é mais do que uma fábula engraçada e fantasiosa; é uma metáfora profunda sobre a busca incessante pela união e pela plenitude. Quantas vezes nos sentimos incompletos, como se algo vital nos faltasse? É como se cada um de nós estivesse em uma jornada cósmica para encontrar a pessoa que, de alguma forma, nos complementa de maneira única.

O interessante é como essa busca não se limita apenas a relacionamentos românticos. Ela se estende às amizades, à conexão com a comunidade e até mesmo à nossa relação com o mundo ao nosso redor. Estamos constantemente à procura de algo ou alguém que nos faça sentir que pertencemos, que nos encaixamos perfeitamente em um quebra-cabeça celestial. Não podemos negar que, por vezes, essa busca parece uma aventura digna de um épico grego. Encontramos obstáculos, enfrentamos desafios e, muitas vezes, descobrimos que a jornada é tão importante quanto a chegada. Talvez o propósito real seja aprender a ser completos por nós mesmos, antes de encontrarmos nossa tão sonhada metade perdida.

E se Aristófanes estivesse nos lembrando de que, na verdade, não precisamos ser redondos ou ter quatro braços para nos sentirmos inteiros? Talvez a verdadeira busca seja interior, uma jornada para nos conhecermos melhor, aceitarmos nossas próprias dualidades e abraçarmos nossa singularidade. Então, da próxima vez que nos sentirmos como protagonistas de uma busca épica, podemos nos lembrar da fábula de Aristófanes. Talvez a resposta para a plenitude não esteja lá fora, mas dentro de nós mesmos. E, quem sabe, ao encontrar nossa própria integridade, a outra metade perdida simplesmente apareça, tornando a jornada ainda mais extraordinária. Afinal, como dizem, a vida é uma grande história, e estamos todos buscando o nosso final feliz.

Então, meus amigos, que caminhada intrigante é essa em que nos encontramos, na busca incessante pela nossa outra metade! Talvez, ao invés de procurarmos por aí como se estivéssemos em um jogo de esconde-esconde cósmico, devamos virar a chave para dentro. Talvez a verdadeira completude resida não na busca por uma metade perdida, mas sim na aceitação de nós mesmos, na compreensão de nossas próprias dualidades. Então, que possamos abraçar a fábula de Aristófanes como um lembrete amigável de que a jornada para a plenitude começa conosco mesmos, e que, ao nos tornarmos inteiros, podemos descobrir que a outra metade já estava lá o tempo todo, esperando para se juntar a nós nesse grande espetáculo da vida.