Vivemos diariamente envolvidos com coisas que nem sempre são de profundas questões, nosso cotidiano pode ser leve e com banalidades muito saudáveis, afinal somos seres humanos.
Nossa convivência seja entre humanos e não humanos é cheia de momentos de inspiração basta estarmos atentos para enxergar e veremos possibilidades de diálogos impressionantes, observar nossos animais é um ponto interessante para reflexão, por isto resolvi refletir um pouco a respeito de nossas convivências com nossos amigos peludos e pensar a respeito das mudanças nestas convivências que a vida nos proporciona, inicialmente penso que sejam oportunidades de estabelecermos novas relações de amizade.
Fui criado gostando de cachorros, até poucos anos
atrás só tinha afeição aos cães e pouca simpatia com os gatos, no entanto, há
uns três anos atrás fui cativado por um jovem amigo peludo que estava a
observar a mim e a minha mulher que trabalhávamos no jardim, ele muito à
vontade estava parado sobre o muro parecia uma esfinge, assim ficou o tempo
todo sem se intimidar com nossa presença, talvez porque ele já nos conhecesse e
já vinha nos observando de longe, acredito que nos tenha analisado bastante e
concluídas suas observações meditativas gatunas tenha resolvido se aproximar e
jogar seu charme.
A princípio não emitiu nenhum miado, houve apenas o
contato visual, aproximamo-nos dele e ele sem receio algum permitiu que o
acarinhasse, minha mulher já tinha muita experiência com os bichanos foi a que
se afeiçoou mais rapidamente e correu para dar a ração do cachorro o que ele
aceitou de imediato, ela que é gateira de longa data já passou a descrever que
os gatos são animais sedutores e possuem características de personalidade
admiráveis e místicas.
Com o passar do tempo o bichano foi se
aquerenciando e seduzindo a todos nós, meu filho mais novo sugeriu o nome do
gato de Remo e assim é chamado até hoje, foi inspirado pela estória de Remo um
dos gêmeos alimentado por uma loba, neste caso nós seres humanos alimentando o
bichano que reina até hoje em nossa casa.
Nestes anos aprendemos a conviver com o bichano,
ele nos entende e nós o entendemos até onde consegui o entender em sua língua,
ele mia em sons distintos para cada uma de nossas falas, perguntas e
manifestações diante de suas traquinagens, em geral ele parece ser mais maduro
que a idade que aparenta, mais ou menos como nos referimos aos humanos que
parecem ser mais velhos por suas atitudes maduras
Não precisamos dizer que ele é curioso e
aventureiro, sua presença nos trouxe momentos de descontração e alegria, as
vezes nos traz presentes indesejáveis como pássaros e outros animais todos sem
vida, sabe se lá onde os caça, sua jornada diária sobre os telhados demonstra
sua independência e liberdade de ir e vir quando quiser.
A impressão que temos é que ele consegue ler
pensamentos, parece ter um talento especial, com muita personalidade ele decide
a quem quer se aproximar, não adianta chamar ele vai se quiser, primeiro
observa para depois reagir, associamos suas atitudes a sua intuição podendo
sentir as energias sutis de cada um.
Pesquisamos e encontramos informações que estão
associadas aos bichanos e a partir daí passamos a melhor observar nosso amigo.
Os gatos são frequentemente associados a
habilidades espirituais e têm sido considerados animais especiais em muitas
culturas ao longo da história. Aqui estão algumas das habilidades espirituais
que são atribuídas aos gatos:
Intuição: Os gatos são conhecidos por sua forte
intuição. Diz-se que eles podem sentir energias sutis e ler o ambiente ao seu
redor. Muitas vezes, os gatos são considerados guardiões espirituais, capazes
de detectar mudanças nas energias e alertar seus donos.
Sensibilidade ao sobrenatural: Acredita-se que os
gatos possam ver e sentir coisas além do alcance dos humanos. Diz-se que eles
são capazes de perceber a presença de espíritos, fantasmas ou entidades
espirituais. Muitas vezes, os gatos são considerados companheiros espirituais e
protetores em diferentes tradições espirituais.
Cura emocional: Os gatos têm uma energia calmante e
reconfortante. Eles podem oferecer conforto emocional e ajudar a aliviar o
estresse e a ansiedade. Acredita-se que acariciar um gato tenha efeitos
terapêuticos e possa ajudar a equilibrar as energias internas.
Sabedoria e mistério: Os gatos são frequentemente
associados à sabedoria e ao mistério. Eles são considerados animais misteriosos
que podem conectar os reinos espirituais e ter acesso a conhecimentos
profundos. Na mitologia e nas histórias folclóricas, os gatos são retratados
como guardiões de segredos e símbolos de sabedoria ancestral.
Proteção espiritual: Os gatos também são vistos
como protetores espirituais. Acredita-se que eles possam afastar energias
negativas e proteger seus donos de influências indesejadas. Muitas vezes, eles
são considerados guardiões espirituais, capazes de criar uma barreira de
proteção ao seu redor.
Os gatos estavam presentes na
mitologia e religião dos egípcios, expressa principalmente pela imagem da deusa
Bastet, com cabeça de gato. Representando a fertilidade, a divindade protegia
as mulheres grávidas, já que as gatas protegiam seus filhotes com carinho e
atenção. Nos templos dedicados a Bastet, havia sempre uma criação de gatos, que
eram alimentados e cuidados. Porém, eram oferecidos para a deusa quando tinham
cerca de 10 meses. A morte era ritualística, e os felinos eram embalsamados e
mumificados simplesmente por terem sido queridos em vida.
É importante lembrar que essas habilidades
espirituais atribuídas aos gatos são baseadas em crenças e tradições culturais.
Cada pessoa pode ter sua própria interpretação e experiências individuais com
os gatos, por isto passamos a observar melhor o bichano e tirar nossas próprias
conclusões.
Freud disse certa vez que preferia a companhia dos animais
à dos seres humanos, porque aqueles eram mais simples: “Não sofrem de
uma personalidade dividida, da desintegração do ego, que resulta da
tentativa do homem de se adaptar a padrões de civilização demasiado
elevados para o seu mecanismo intelectual e psíquico”
Nossa imaginação é fértil e costumamos atribuir aos
animais características humanas que os tornam místicos e mais do que a aparência
deles nos sugere.
Então nossa imaginação nos levou muito além que
qualquer outro gato levaria. Imagine nosso gato um gato solitário, sentado em
um canto tranquilo, observando o mundo ao seu redor. Esse gato tem uma aura de
sabedoria e introspecção, pois ele é um gato filósofo. Ele reflete sobre a
vida, o universo e tudo mais, explorando as profundezas da existência felina.
Esse gato filósofo busca compreender os mistérios
da vida. Ele contempla os enigmas do tempo, da consciência e da natureza da
realidade. Ele pondera sobre o significado da liberdade, do amor e da
felicidade. O gato filósofo mergulha em reflexões profundas, buscando respostas
para perguntas que muitas vezes são inacessíveis aos humanos.
Esse gato, com olhos brilhantes e expressão serena,
vive uma vida contemplativa. Ele encontra inspiração nas pequenas coisas, nos
raios de sol que aquecem seu pelo, na suavidade do vento que acaricia seu rosto
e nas estrelas que brilham no céu noturno. Ele enxerga beleza e significado em
tudo ao seu redor.
O gato filósofo valoriza a solitude e o silêncio,
pois é nesses momentos que ele mergulha em seus pensamentos mais profundos. Ele
não se preocupa com as trivialidades da vida cotidiana, mas busca transcender
além do mundano. Ele encontra paz na simplicidade e na contemplação.
Esse gato filósofo não compartilha suas reflexões
com palavras humanas, mas transmite sua sabedoria por meio de seu olhar
penetrante e da serenidade que emana de sua presença. Ele nos lembra da
importância de buscar o conhecimento, de questionar o mundo ao nosso redor e de
apreciar os mistérios da existência.
Assim, o gato filósofo nos convida a refletir sobre
nossa própria jornada, a explorar as questões mais profundas e a buscar uma
compreensão mais profunda do mundo e de nós mesmos. Ele nos ensina a encontrar
significado nas pequenas coisas e a buscar a sabedoria interior.
Isto tudo sem ter cursado filosofia e aprendido
anos a fio as teorias humanas, sua pedagogia não possui a obsessão do homem
pela felicidade e por um propósito como elemento que cria uma sociedade
ansiosa, que projeta sua alegria no futuro e nunca no presente — temor que não
tira o sono deste felino.
O Remo é dono de uma compreensão inata de como
viver, ele não precisa da nossa filosofia — não sentiriam falta dela nem mesmo
se fossem racionais, isso porque eles não lutam contra a própria natureza, a
filosofia deles é a filosofia de sua própria natureza.
Gostar dos felinos é prazer e alegria de muita
gente, inclusive filósofos e estadistas renomados, é longa a lista de ilustres
pensadores que compartilham dessa paixão. O filósofo Michel de Montaigne
(1533-1592), chamado de pai do humanismo — e gateiro de carteirinha —, foi quem
proferiu a famosa frase que questiona a tal superioridade do homem: “Quando
brinco com minha gata, como sei se não é ela que está brincando comigo, e não
eu com ela?”. Winston Churchill (1874-1965) também se derretia pelo animal:
quando o ex-ministro inglês morreu, seu gato vira-lata de pelagem laranja Jock
estava ao seu lado na cama.
Na literatura, os felinos reinam. O argentino Jorge
Luis Borges (1899-1986) teve dezenas de gatos, mas um foi favorito: Beppo, que
até ganhou um poema em sua homenagem — e um verso elaboradíssimo para definir
um simples carinho: “O teu dorso condescende com a morosa carícia desta mão”. O
Nobel de Literatura Ernest Hemingway (1899-1961) teve tantos gatos que, hoje, a
casa onde viveu na Flórida é um museu em sua homenagem, mas também abrigo de 59
bichanos. Em Filosofia Felina, o pensador John Gray olha com particular curiosidade para a
conexão de Patricia Highsmith (1921-1995) com os bichos. Reservada e obrigada a
esconder sua homossexualidade, a autora de O Talentoso Ripley encontrou nos
gatos a companhia ideal — e escreveu tramas sobre animais maltratados que se
vingam dos humanos. O nome Ripley, dado a seu charmoso psicopata, aliás, era de
um de seus gatos.
A psicopatia, porém, é um transtorno exclusivo das
pessoas. Gray aproveita a deixa para refutar a má fama dos felinos, de
dissimulados e cruéis, crenças espalhadas por religiões monoteístas em resposta
aos pagãos que os adoravam. Numa piada com a autoajuda, o autor lista dez dicas
dos gatos para os humanos. A brincadeira vai desde dormir pelo prazer de dormir
(e não de descansar) até a difícil missão de encontrar prazer na vida frugal e
cotidiana. Haja miados de sabedoria.
Temos muito a aprender com os animais,
principalmente com o nosso gato filosofo, todos deveriam adotar um amigo
peludo, irão se surpreender, quem sabe também terão a sorte de encontrar este
ser de tamanha sabedoria.
Fontes:
https://veja.abril.com.br/cultura/por-que-os-gatos-sao-superiores-aos-humanos-segundo-um-eminente-filosofo