Estava ouvindo a música “Marvin” dos Titãs, devo ter ouvido esta musica um milhão de vezes e não canso de ouvi-la, desde 2005 quando adquiri o DVD com o show, já foi visto e ouvido muitíssimas vezes, eles pararam no tempo e não envelhecem mais, entendo que há muitas músicas que carregam mensagens e a melodia faz com que nossos neurônios entrem na dança de insights, assim foi mais uma vez, não pude deixar de pensar que “A Vida é Pra Valer”.
A
vida é pra valer. Há algo de definitivo em cada instante que vivemos, como se o
tempo nos pegasse pela mão e nos dissesse: "Aproveite agora, porque este
momento não volta." Mas, curiosamente, estamos sempre distraídos, correndo
de um lado para outro, imersos nas exigências do cotidiano, sem perceber que o
tempo é implacável e não espera por ninguém.
É
como se, na correria do dia a dia, esquecêssemos que estamos no palco da vida,
com o holofote do presente sempre aceso. E nesse teatro, não há ensaios, nem
repetições. Isso me faz lembrar a famosa frase de Heráclito: "Ninguém
entra no mesmo rio duas vezes." Tudo flui, o tempo segue, e a vida exige
nossa presença plena, aqui e agora. Afinal, se não estivermos realmente
presentes, quem viverá a nossa vida por nós?
Jean-Paul
Sartre, um dos expoentes do existencialismo, tinha muito a dizer sobre essa
urgência de ser. Para ele, "a existência precede a essência." Em
outras palavras, somos lançados no mundo sem um propósito pré-definido. Nós é
que temos a responsabilidade de construir nossa própria essência, de dar
sentido à nossa vida. E essa responsabilidade é inegável, porque, se a vida é
pra valer, cabe a nós decidir como vamos preenchê-la.
Imagine
que a vida seja como uma estrada que vamos pavimentando a cada escolha. Alguns
trechos podem ser mais fáceis de percorrer, outros cheios de buracos e curvas
inesperadas. Mas o importante é entender que, mesmo quando não escolhemos, já
estamos fazendo uma escolha: a de deixar a vida nos levar sem que a gente
participe ativamente dela. Sartre chamaria isso de "má-fé", quando
nos refugiamos em desculpas ou na passividade para evitar o peso da liberdade
de escolher.
No
entanto, se a vida não é um ensaio, também não deve ser vivida com uma tensão
constante. É nessa linha que o filósofo brasileiro Rubem Alves nos convida a
encarar a vida com um olhar mais lúdico. Ele sugere que a vida pode ser
comparada a um jogo, onde a leveza e a entrega são fundamentais. "A vida é
a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida", ele
escreveu, ecoando a ideia de que a verdadeira intensidade da vida está nas
pequenas interações, nos momentos de contemplação, e até nos erros e
desencontros que nos formam.
Na
prática, essa filosofia se reflete em pequenas decisões cotidianas. Quando, por
exemplo, decidimos passar mais tempo com aqueles que amamos, em vez de nos
perder em tarefas automáticas e vazias, estamos reconhecendo que a vida é pra
valer. Quando paramos um instante para apreciar o pôr do sol, ou nos permitimos
rir de algo simples, estamos nos reconectando com o presente. Essas escolhas
nos mostram que não precisamos de grandes feitos para viver plenamente, mas sim
da capacidade de estarmos presentes em cada gesto, cada palavra.
E
se a vida é pra valer, talvez o maior segredo esteja em reconhecer que, por
mais que busquemos respostas, o que realmente importa é como decidimos agir
diante da falta delas. Afinal, viver é, acima de tudo, um ato de coragem.
Link com Show dos
Titãs: Titãs - Acústico MTV DVD Ao
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