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terça-feira, 3 de maio de 2022

Resenha do Livro “Einstein, Sua Vida, Seu Universo” de Walter Isaacson

 


Há pessoas que nascem com a mente livre, pois mesmo submetidos a imposição dos dogmas eles não os aceitam e lutam contra as amarras dos preconceitos, Einstein é uma destas pessoas, sua originalidade e genialidade muito contribui para a expansão do conhecimento, sua curiosidade e imaginação lhe levaram por caminhos além dos limites das normas revelando sua rebeldia avesso a qualquer tipo de dogma. No livro “Einstein - Sua vida, seu universo ", foi apresentada a biografia de Albert Einstein, desenvolvido com base em uma coleção de cartas publicada em 2006, vinte anos após a morte de sua enteada, como ela havia determinado em seu testamento escrito pelo jornalista Walter Isaacson, autor do livro.

Desde jovem sempre foi muito curioso, estudante insolente e atrevido, olhos arregalados e cabelo arrepiado, lhe davam uma aparência de um ser genial, sua criatividade incomum se manifestava através do pensamento visual, ou seja, através de imagens mentais, que funcionavam como experimentos mentais onde a física era colorida com cálculos matemáticos geniais, o traço de sua personalidade rebelde lhe conduziu ao livre pensamento superando os dogmas científicos da época.

Einstein apreciava muito as conversas que tinha com seus amigos que fluíam noite a dentro nos cafés, lá ele discutia temas como filosofia, ele tinha conhecimentos de filosofia que eram muito bem utilizados por ele, tal como:

 

Arrancando Princípios da Natureza.

Em seus tempos mais radicais, Einstein não enfatizara esse credo. Firmara-se como empirista ou positivista. Noutras palavras, tomara as obras de Mach e Hume como textos sagrados, o que o levou a rejeitar conceitos, como o éter ou o espaço absoluto, que não fossem passíveis de conhecimento por observação direta. Mas, conforme sua oposição ao conceito do éter se tornou mais sutil e seu desconforto com a mecânica quântica aumentou, ele se afastou dessa ortodoxia. “O que me desagrada nesse tipo de argumentação”, refletiu o Einstein mais velho, “é a atitude positivista básica, que em meu ponto de vista é insustentável e que me parece chegar à mesma coisa que o princípio de Berkeley, Esse est percipi.”{********} {913} A filosofia da ciência de Einstein teve bastante continuidade, portanto seria um
equívoco insistir que houve uma mudança drástica do empirismo para o realismo no pensamento dele.{914} Mesmo assim, dá para dizer que, à medida que ele lutava contra a mecânica quântica nos anos 20, tornou-se menos fiel ao dogma de Mach e mais realista, alguém que acreditava, como disse no tributo a Maxwell, na realidade subjacente que existe independentemente de nossas observações. Isso foi discutido numa conferência que Einstein fez em Oxford, em junho de
1933, intitulada “Sobre o método da física teórica”, a qual delineou sua filosofia da ciência. {915} Ela começava com uma advertência. Para entender verdadeiramente os métodos e a filosofia dos físicos, disse ele, “não ouça o que eles dizem, preste atenção em seus atos”. Pgs. (361, 362)

 

Graças ao espírito rebelde de Einstein lhe permitiu o nascimento da teoria da relatividade que revolucionou a física, a partir de suas teorias puderam ser entendidos fenômenos até então envoltos por mistérios e equívocos, algumas destas teorias só foram ser confirmadas após sua morte como por exemplo as ondas gravitacionais que faziam parte de sua Teoria Geral da Relatividade, e da primeira foto de um buraco negro divulgada recentemente veio demonstrar que a Teoria da Relatividade Geral mais uma vez acertou. Einstein é considerado um dos pais da mecânica quântica e ao mesmo tempo um crítico, ao lado de Planck, ele representa um dos principais físicos teóricos na área da teoria quântica

 Os conteúdos das cartas revelaram a vida íntima de uma mente curiosa e de muita imaginação, gostava de tocar violino, fumar charutos, gostava de ficar sozinho com seus pensamentos, não dava importância para os aspectos financeiros, era afeito aos movimentos humanistas, ele era um homem simples e amigável, porem também era firme quando lhe eram impostas regras reagia com impertinência dificultando até suas relações pessoais, viveu num período difícil em que o mundo enfrentava a guerra e a crueldade nazista contra judeus, desprezava a guerra, pois era um homem ativista da paz.

 

Quando menino, ele fugia dos desfiles prussianos e da rigidez germânica. (Pg. 195)

 

O estudante insolente se apaixona e casa com sua colega de curso Mileva Maric, a relação do casal não foi bem recebida pela família de Einstein, sua família tinha em mente um outro ideal de mulher para sua esposa. Mileva foi muito importante em sua vida, além do relacionamento amoroso, havia uma cumplicidade de pensamentos intelectuais, através das cartas surgiram indícios que ela poderia ter contribuído muito para as teorias de Einstein, o que não seria de se estranhar, pois ambos tinham muita paixão pelos estudos e este era forte ponto em comum. No entanto teve um casamento infeliz com Mileva, ela engravidou antes do casamento, ambos não contaram o fato a ninguém, que só veio a ser descoberto depois da morte de ambos, casaram em 1903, acabaram se separando e divorciando em 1919. Teve três filhos com Mileva, porem seu relacionamento com os filhos não era dos melhores, mesmo que ele tenha sido um pai afetuoso, e tanto quanto suas obrigações profissionais o permitiram, também foi um pai presente. No entanto, naqueles dois primeiros anos de separação foram de grande amargura, e numa separação onde há filhos as consequências para a família são imensas e terríveis.

Em 1919, logo depois do divórcio com Mileva, ainda na Europa, Einstein se casou com sua prima em primeiro grau, e ambos foram juntos aos Estados Unidos, no entanto tanto na Europa quanto nos Estados Unidos Einstein manteve diversos relacionamentos extraconjugais.

 

O contraste com a mulher de Einstein era total. Mileva Maric era exótica, intelectualizada e complicada. Elsa, não. Tinha uma beleza convencional e se dedicava ao lar. Adorava comida caseira alemã pesada e chocolate, o que lhe dava uma aparência de robusta matrona. Seu rosto era parecido com o do primo, e a semelhança aumentaria assustadoramente com o tempo. (p.188, 189)

 

Ao longo dos anos adquiriu fama em virtude de suas descobertas no ramo da física, se tornou muito popular, mesmo se incomodando com este fato, ele procurou aproveitar a onda celebre, exerceu muita influência como pensador e suas opiniões eram levadas em consideração como temas políticos caros ao seu sistema de valores. Mesmo não sendo judeu praticante, acreditava num Deus como uma força maior que regia as coisas no universo, chegou até a ser convidado para ser presidente de Israel assim que o Estado foi criado, mas recusou, já que reconhecia que não tinha habilidades políticas.

Sua fama lhe permitiu travar contatos com algumas das maiores personalidades do século XX, tais como Max Born, Charles Chaplin, Franklin Delano Roosevelt, Winston Churchill, Sigmund Freud, Bertrand Russell, Austen Chamberlain, dentre outros.

O que Einstein pensava acerca da fama:

 

“Com a fama, fiquei cada vez mais burro, o que obviamente é um fenómeno
muito comum”, disse Einstein a Zangger.{697} Mas logo desenvolveu a teoria de que sua fama, apesar de todos os aborrecimentos, era ao menos um bom sinal da proeminência que a sociedade dava a pessoas como ele:


O culto a personalidades individuais é sempre, em minha opinião, injustificado. Parece-me injusto, e até de mau gosto, escolher uns poucos
para uma admiração ilimitada, atribuindo-lhes poderes sobre-humanos de mente e caráter. Tem sido esse meu destino, e o contraste entre a estima popular por minhas realizações e a realidade é simplesmente grotesco. Essa situação extraordinária seria insuportável, não fosse um pensamento muito consolador: é um sintoma bem-vindo, numera comumente acusada de materialismo, transformar em heróis homens cujas ambições se encontram completamente na esfera intelectual e moral. (pg.286)

 

Em 1921, ele recebeu o Prêmio Nobel de Física não por sua teoria da relatividade geral, mas sim pela teoria do efeito fotoelétrico menos conhecido. O valor do prêmio foi entregue para Mileva, sua primeira esposa, compromisso firmado como condição dos termos do divórcio.

A vida de Einstein foi repleta de momentos e episódios que marcaram a maneira como a humanidade ao olhar um pouco de sua vida se inspiraram pelo ser humano genial, carismático e singular que foi, sua maneira de ver a beleza do universo criado por Deus o tornou um religioso sem ser religioso praticante, o entendimento extraordinário sob uma aura quase mística revelou sua proximidade com nosso Criador.

 

Fonte:

Isaacson, Walter. Einstein: sua vida, seu universo. Tradução de Celso Nogueira...(et.al), São Paulo. Companhia das Letras, 2007.

sábado, 30 de abril de 2022

Resumo do Livro “História da Eternidade” de Jorge Luís Borges


Apresentação:

A singular "História da eternidade", que dá título ao volume, publicada originalmente em 1936, um ano depois da "História universal da infâmia", como esta desafia o leitor desde o título. Uma antinomia opõe a noção de história, feita de sucessão temporal, movimento e mudança, à ideia estática de uma duração sem fim que o termo "eternidade" evoca. O desejo de escrever uma espécie de "biografia da eternidade" que nos libertaria da opressão do tempo sucessivo sempre atraiu Borges, que jamais abandonou o interesse pelos temas deste livro, mesmo quando, mais tarde, reprova o que então havia escrito sobre eles.
Na verdade, a coletânea marca uma virada na carreira do escritor, que se abre ostensivamente para a universalidade estampada desde o título. São agora motivos da inquirição intelectual do ensaísta as doutrinas do tempo cíclico, as Mil e uma noites e seus tradutores, a metáfora e as velhas imagens da poesia da Islândia. Numa das notas finais, discreta e tímida em meio a preocupações retóricas, desponta uma narrativa disfarçada de resenha crítica: "A aproximação a Almotásim", em que se dá a ver um de seus primeiros exercícios de prosa de ficção. O ensaio que almeja espraiar-se até o infinito de repente desemboca no conto de uma aproximação sem termo, história de uma busca infindável.

 

O livro História da eternidade, é uma espécie de ensaio crítico sobre a eternidade, dividida em sete capítulos, trata-se de um livro curto, porém é preciso ler devagar para entender a linguagem do autor, a leitura é complexa, mas não é difícil, recheada de termos metafísicos e afins, a dica para ler é sorvendo a leitura com um mate em pequenos goles.

Para os apreciadores da maravilhosa Filosofia é uma boa oportunidade para revisitar as ideias de grandes filósofos, o autor aborda a História da Eternidade, dando ênfase às suas opiniões, embasadas em escritos de filósofos da Antiguidade, como Platão e Plotino, sobre o Tempo, elemento sempre presente na Humanidade, traz à tona o sempre atual Santo Agostinho.

Noutro capitulo fala sobre as Kenningar da poesia islandesa e noutro fala sobre a metáfora, ainda abordando a obra literária da Islândia. Em seguida, faz uma crítica a teoria do Eterno Retorno apresentada por Nietzsche, segundo alguns acreditam e imagino que após a crítica do autor passem a construir outro entendimento, ou pelo menos os façam questionar a ideia de Nietzsche, por mais esta razão a leitura precisa ser mais lenta para não deixar escapar os detalhes.

O autor argumenta usando vários filósofos, David Hume (Dialogues Concerning Natural Religion (1779)); Cícero (Questões Acadêmicas e Da Natureza dos Deuses);o orador romano Tácito (Diálogo dos Oradores) e Schopenhauer: "A forma de aparecimento da vontade é só o presente, não o passado nem o futuro: estes só existem para o conceito e pelo encadeamento da consciência, submetida ao princípio da razão. Ninguém viveu no passado, ninguém viverá no futuro; o presente é a forma de toda vida" (O Mundo como Vontade e Representação, (primeiro tomo, 54).

No penúltimo capitulo (Pg. 82) fala sobre os tradutores do clássico “As mil e uma noites”, e seus respectivos tradutores e como essas histórias chegaram até nós, aqui no Ocidente.

Finalmente na pg. 110 ¨duas notas” o autor faz uma resenha crítica que caminha na fronteira da ficção narrativa, apresenta ali o chamado enigma Borgiano, "A aproximação a Almotásim" fala de uma busca sem fim, de um aproximar-se que nunca se encerra, sem chegar a lugar algum, sempre desembocando numa resposta multiplicada, revitalizando a pergunta ao invés de responde-la.

Jorge Luis Borges é considerado um dos maiores escritores de língua latina. Seu trabalho mais conhecido é o livro de contos "O Aleph", onde reúne narrativas surreais, seu tema dominante, Aleph, é também a primeira letra do alfabeto hebraico. Dualidades são questões que permeiam a obra do autor, ele nos leva a exercitar nossa imaginação.


Fonte:

Borges, Jorge Luís. História da eternidade. Tradução Heloisa Jahn.- São Paulo. Companhia das Letras, 2010.

quinta-feira, 28 de abril de 2022

Resenha do livro A Caverna de José Saramago


O escritor português José Saramago (1922-2010), ateu e liberal, autor de mais de 40 títulos e dentre eles inúmeros premiados e reconhecido mundialmente, um dos mais importantes escritores, romancista, contista, teatrólogo e poeta, utiliza uma linguagem oral que a torna diferenciada. “A Caverna” nasceu de um questionamento enquanto estava sozinho em um restaurante, foi arrebatado pelo seguinte: “E se fôssemos todos cegos?“. A conclusão do escritor é que estamos de fato cegos em vários sentidos, seja em relação a temas absurdos que se tornam banais, como a aceitação da violência física e verbal, extremismo e polaridade política, preconceitos, falsidades, descasos, indiferença e alienação.

Segundo Saramago, nunca fomos tão alienados quanto neste mundo midiático em que vivemos, por exercer um forte poder na formação de opiniões. O escritor faz uma comparação com o Mito da Caverna, do filósofo grego Platão, em que os indivíduos olham sombras e as confundem com a realidade. Da mesma forma, estamos na frente de televisões, computadores e celulares acreditando que estamos lidando com a realidade, muito do que surge e salta aos nossos olhos são falácias, fake news, mensagens deturpadas e moldadas com segundas intenções, muito vem como mensagens subliminares que sequer damo-nos conta da abdução, aos descuidados são meras sombras aparentemente inofensivas com seu colorido, imagens e sonorização hipnóticos direcionando a opinião e o comportamento da sociedade.

 

Vídeo com entrevista: José Saramago – O mito da caverna

https://www.youtube.com/watch?v=zGmV9A-XQgo&t=75s

https://youtu.be/zGmV9A-XQgo?t=115

 

Um dos fatores para acreditar nessa comparação é que frequentemente as notícias e informações que recebemos pela TV e internet são falsas ou tendenciosas, a situação torna-se ainda pior quando se constata que apenas as notícias extraordinárias recebem atenção, enquanto aquilo que é simples e corriqueiro (mas pode ser valioso e verdadeiro) é deixado de lado, deixado de lado pelos noticiários ou por nós mesmo que banalizamos e passamos a aceitar o inaceitável como normal, Saramago conclui, de forma pessimista, que não sabemos mais o que somos ou o que é a realidade, afinal que mundo é este que vivemos, como cegos não conseguimos mais ver a realidade.

Os pequenos detalhes cotidianos, a despeito de todo nosso avanço tecnológico, agora são imperceptíveis. O resultado final disso tudo é que não conseguimos mais estar, com nossa alma e nossa atenção, em lugar algum, antes sabíamos que abrir o mar vermelho era algo que só Deus podia fazer, com Spielberg e recentemente o metaverso, nada mais é impossível, houve uma inversão da realidade que deveria ser mais interessante passa-se para viver no metaverso que é a sombra das sombras.

A Caverna carrega uma gama de simbologias facilmente apreensível desnudando o lado socialista do autor tais como, a opressão de um sistema capitalista centralizador dominante, a burocratização das relações humanas em nome do sistema, a destruição das tradições pela evolução devoradora da tecnologia e industrialização, a robotização humana em prol da produção e consumo.

O enredo do romance concentra-se em um breve período de tempo, algumas semanas, na vida de um velho oleiro, Cipriano Algor, (ainda preso as antigas e obsoletas práticas de olaria), e alguns seres próximos a ele: a filha (Marta), o marido dela (Marçal) segurança do “Centro”, uma vizinha (Isaura) que lhe faz sentir o amor e ver na sua simplicidade e praticidade uma quebra de paradigma de igualdade de gênero, e o cachorro Achado. Ao contrário dos livros mais recentes do autor, nesse o andamento é lento e arrastado por querer fornecer detalhadas descrições do trabalho com o barro para a feitura primeiramente de utensílios domésticos e, em seguida, de bonecos artesanais, noutros momentos discorre acerca das facetas de seu cão aprofundando-se no mundo, comportamento e psicologia canina, seu relacionamento com seu dono, nada escapa ao olhar poético do autor.

O ganho de vida do oleiro está na produção de peças artesanais produzidas em sua olaria e vendidas para o “Centro” que parece um imenso shopping, seu único comprador, com a industrialização o plástico se tornou mais interessante para o consumidor e com isto as peças de louça deixaram de ser compradas culminando na perda de imediata de seu ganho de vida, diante do problema sua filha sugeriu que fabricassem bonecos para decoração a serem vendidos para o “Centro”. Em paralelo o seu genro (Marçal) que é segurança no “Centro” aguarda uma promoção para passar a ser segurança residente e assim levar para morar com ele no “Centro” a esposa e o sogro.

Saramago, habilmente trata dos conflitos pessoais e profissionais e fugazes lampejos de iluminação e esperança, alegrias, angustias e as vezes o desespero de não ter a frente perspectivas, seu trabalho que é seu único meu de subsistência ameaçado de extinção e o fantasma de ter de viver às custas do genro.

Apenas nos trechos finais -quando surge a "caverna" que dá título ao livro- a narrativa se acelera, para culminar em uma das conclusões mais bem resolvidas da obra do autor, a família já morando no “Centro” passa a se sentir angustiada pelo sentido de aprisionamento vivendo nas sombras do mundo e realidades produzidas a semelhança do mundo exterior, movido por sua curiosidade o oleiro consegue entrar na caverna descoberta no subsolo do centro e lá o que vê é a cena descrita por Platão no mito da caverna o resgata daquele mundo de sombras levando-o e aos demais em seu tempo a sair do Centro e retomar as rédeas da vida.

É um livro superinteressante, proporciona uma leitura que faz um paralelo de reflexão acerca das formas e modos culturais adotados por nossa sociedade cada vez mais dependente das ideias e ideais propostos pela mídia paga pelos poderosos processos de industrialização e capitalismo voltados para o consumo pelo consumo.

 

Fonte:

Saramago, José. 1922-2010. A caverna - 2ª ed. São Paulo. Companhia das Letras, 2017