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quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Resenha do livro A Noite da Borboleta Dourada


O autor Tariq Ali, é um escritor, jornalista, historiador, realizador e ativista britânico, de origem paquistanesa. Escreve periodicamente para o jornal britânico The Guardian, para a revista New Left Review, CounterPunch, a London Review of Books e SinPermiso. Ele também é autor dos livros Sombras da Romãzeira e O livro de Saladino, mas quem ler somente A Noite da Borboleta Dourada já consegue entender um bocado da obra deste autor, até porque esta obra não perde nada para as outras obras, isto é, conforme as críticas literárias a respeito das obras.

O título é criativo, porém não tem nada a ver com a história, inicialmente parece ser uma estória com viés romântico, no entanto é um livro político, crítico sobre o Paquistão, é um choque cultural por nos trazer informações do Paquistão de há 40 anos atrás, naquela época era um pais brilhante, uma cultura mulçumana desenvolvida cultural e intelectual, mas por conta de questões religiosas acabou abafando e retrocedendo o pais. É um livro que vale a pena ser lido, a figura de Platão (codinome) que abraçou a causa de defender o Paquistão ideal com seu espirito nacionalista, ele nos desperta o interesse em conhecer melhor a cultura paquistanesa, é interessantíssimo.

RESUMO:

O paquistanês Dara apaixonou-se perdidamente por Jindié quando jovem, mas os dois acabaram se afastando e ela casou-se com um ex-amigo dele, um homem repudiado por aparentemente ter cometido uma traição política. Agora, décadas depois, um amigo em comum a todo o grupo da época pede-lhe que escreva um romance sobre sua vida, o que incluirá escrever também sobre aqueles anos de juventude.

Iniciada com Sombras da romãzeira a série de intrincados romances históricos traça um panorama épico do universo muçulmano: dos mouros na Espanha, passando pelo Império Otomano e, ainda, os cartógrafos medievais em Palermo. Os cinco livros consumiram quase 20 anos da vida de Tariq, um dos intelectuais mais atuantes contra o imperialismo norte-americano. Autor também de livros polêmicos como Confronto de fundamentalismos e Bush na Babilônia. Escritor, cineasta e um dos editores da New Left Review. o paquistanês é referência nos debates sobre os rumos da globalização e política internacional. Em A noite da borboleta da dourada, ele mais uma vez lança mão de sua habilidade para transgredir de forma sutil.figuras e instituições tradicionais do Paquistão. Logo no início do romance o narrador é lembrado de uma dívida de honra. O credor é Mohammed Aflatun conhecido como Platão. Um irascível, mas talentoso pintor que vive num Paquistão onde a dignidade humana é artigo escasso. Depois de anos evitando os holofotes Platão quer que sua trajetória de vida seja contada. Assim somos apresentados à Alice Stepford sua amiga londrina, agora uma crítica musical radicada em Nova York: à senhora Latif, dona de casa de Islamabad, cuja predileção por generais a leva até Paris: e à Jindie, a borboleta, seu primeiro amor. Tariq revela fragmentos do islã contemporâneo o cotidiano dos paquistaneses, tudo isso entremeado à vida da família de Jindie — um de seus antepassados. Dù Wènxiú liderou uma rebelião muçulmana no século XIX e governou a região por quase uma década como sultão Suleiman. Suas ações despóticas servem de espelho para a situação atual do país.

Fonte:

Ali, Tariq. A noite da borboleta dourada. Tradução de Roberto Muggiati. Rio de Janeiro. Record, 2011.

quinta-feira, 14 de julho de 2022

Resenha do livro “Portões de Fogo” de Steven Pressfield

 

 "- Comam um bom desjejum, homens – Leônidas sorriu largo – pois estaremos todos partilhando o jantar no inferno.”

 

Sinopse - O rei Xerxes comanda 2 milhões de homens do império persa para invadir e escravizar a Grécia. Em uma ação desesperada, uma pequena tropa de 300 espartanos segue para o desfiladeiro das Termópilas para impedir o avanço inimigo. Eles conseguiram conter, durante sete dias, dois milhões de homens, até que, com suas armas estraçalhadas, arruinadas na matança, lutaram “com mãos vazias e dentes” até finalmente serem mortos. A narrativa envolvente de Steven Pressfield recria a épica batalha de Termópilas, unindo com habilidade História e ficção.

 

"Portões de Fogo" é um livro com 431 páginas e composto por oito capítulos: Livro I - Xerxes; Livro II - Alexandros; Livro III - Galo; Livro IV - Arete; Livro V - Polynikes; Livro VI - Dienekes; Livro VII - Leônidas e Livro VIII - Termópilas. É um livro bem escrito, a leitura flui e estimula a ler sem parar, o autor soube reunir história, romance e ficção, ingredientes que a maioria dos leitores gosta por estimular a imaginação e por aproximar a história a narrativa de vivencias.

 

Pressfield se baseou nos textos de Heródoto, principal historiador da época, portanto a formação dos soldados desde sua infância, suas características e a forma como aconteceu a guerra pode-se imaginar que foram exatamente do jeito como relata. A história é cheia de altos e baixos, exatamente como é nossa vida, com muitas emoções vividas no dia a dia com suas tramas conhecidas e outras desconhecidas até que um dia nos sãos revelados, nos levando a entender melhor os acontecimentos passados e onde chegamos por nossa escolha ou nem bem assim.

 

"Trezentos espartanos e seus aliados conseguiram conter, durante sete dias, dois milhões de homens até que, com suas armas estraçalhadas, arruinadas na matança, lutaram "com mãos vazias e dentes" (como registrado pelo historiador Herótodo) até, finalmente, serem dominados". (p. 13)

 

O livro é narrado em primeira pessoa por Xeones, um soldado espartano sobrevivente da Batalha de Termópilas, a pedido do rei Xerxes. Xerxes, apesar de ter ganho a batalha, fica intrigado com o treinamento dos soldados inimigos, por conta de sua resiliência, a questão era como poucos soldados espartanos puderam matar vinte mil de seus soldados e segurar dois milhões de soldados inimigos por sete dias, e por isso, através da rica narrativa e do ponto de vista e detalhes da própria vida de Xeones começa a entender e aprender com detalhes espetaculares sobre os seus hábitos, cultura e treinamento.

 

Por ser um livro relativamente longo, o escritor não deixa a história solta e sem conexão, pois em cada capítulo, surge um historiador do séquito de Xerxes que vai nos situando historicamente nos acontecimentos, desta forma vai criando uma cronologia e nos auxiliando o entendimento em meio a todo o processo. O livro traz um importante auxilio para entendimento e imaginação donde aconteceram os fatos, é complementado com nota histórica, mapas e pequenas imagens no início do capítulo dando-nos uma ideia geográfica dos acontecimentos.

 

A história precisa de seus fantasmas para nos trazer os acontecimentos passados, com suas emoções, magoas, dores, tristezas e alegrias, precisamos deles para entender o passado e podermos seguir em frente, em uma narrativa do livro que achei interessante nos conta:

 

"Dizem que, às vezes, os fantasmas, aqueles que não conseguem se desvincular dos vivos, custam a desaparecer, assombrando as cenas dos nossos dias na terra, pairando feito aves de rapina incorpóreas, desobedecendo à ordem de Hades para se retirar para debaixo da terra." (p. 45)

 

É um romance de ficção com sua essência histórica e real, consegue prender nossa atenção do início ao fim, mesmo sabendo do final aterrorizante dos trezentos de Esparta, torcemos para que o final da história seja diferente, no entanto a vida é assim mesmo, o final feliz fica para mais adiante ou até mesmo nunca chega, a história é um longo processo sem fim, a cada dia construímos mais algumas páginas de histórias cheias de emoções.

 

Fonte:

Pressfield, Steven. Portões de Fogo: um romance épico sobre Leônidas e os 300 de Esparta. Tradução de Ana Luiza Dantas Borges – 2ª ed. – São Paulo: Contexto, 2017.

segunda-feira, 4 de julho de 2022

Resenha do Livro O Espirito do Guerreiro de Steven Pressfield

 

Sinopse: As guerras existem desde o princípio dos tempos. Mas o que há em comum entre os bravos guerreiros espartanos e os soldados contemporâneos? O que define o Espírito do Guerreiro? Como transportar esse espírito para as batalhas internas que atingem todos nós? Neste livro, o escritor de tantas guerras Steven Pressfield fala de honra, coletividade, bravura, dignidade, abnegação. E, claro, desejo de vitória.

O autor Steven Pressfield é um escritor estadunidense, roteirista de cinema, foi fuzileiro naval um mariner, escritor que através de suas obras literárias retratam principalmente a ficção histórica militar em ambientes da antiguidade clássica com alto valor de pesquisa histórica, como ficção e dramatização pode alterar detalhes e também a sequência de eventos, tentando capturar a essência do “espirito dos tempos”. Escreveu diversos livros, um dos livros mais conhecidos e se tornou um best-seller é o livro “Os Portões de Fogo” que procura retratar a Batalha das Termópilas” com o Rei Leônidas e seus 300 de Esparta juntamente com seus aliados lutam contra dois milhões de soldados Persas comandados por Xerxes.

O Espírito do Guerreiro é um livro pequeno com muitas reflexões, traz o conceito e o código de honra de um guerreiro para a batalha e para a vida, nos mostra como lutar com dignidade e honra sem se deixar humanizar, quem é afinal este ser humano que ao longo da história luta e como tudo está ligado as suas escolhas e modos de ver os inimigos.

Ele começa logo no pórtico do livro com uma citação de Plutarco:

 

“Os espartanos não perguntam quantos são os inimigos, mas onde eles estão”

 Rei Leônidas - Rei de Esparta

O livro traz episódios do Portões de Fogo, também faz menção as guerras travadas por Alexandre “O Grande” e as lutas pelos romanos representado por Júlio Cesar, procura trazer o código de sobrevivência como ser humano em tempos de guerra e em tempos de paz, cita o sacrifício de seres humanos focados na honra, as mulheres tem uma das maiores doações de amor que é o desapego da vida física de seus filhos em nome da honra, preferiam ver seus filhos retornando com seu escudo ou sobre ele e isto lhes exigia muita coragem. Uma citação do livro relata a razão da escolha de Leônidas por seus 300 soldados que o acompanharam para lutar em Termópilas, ele fez a escolha mais por razão da grandiosidade de suas mães e esposas, elas é que ficariam em sua cidade dando exemplo de amor e força para aquela sociedade, sempre prensando na sobrevivência do grupo.

O autor faz uma distinção de guerras com honra e sem honra, fala da versão sombria sem honra, posicionando-nos atualmente as chamadas guerras de tribos, gangues de drogas, terroristas, violências, vulgaridades, alimentados pelo ódio, interesses, ideologias, selvageria e aos diversos tipos de intolerâncias, hostis aos outros, vingativos e resistentes as mudanças eternamente dogmatizados em seus pontos de vistas, sejam políticos, religiosos, demonizando os inimigos, perdendo toda humanidade e qualquer tipo de honra e dignidade, vulgarizando a ética do guerreiro, vivem numa mentalidade tribal.

Em sua citação a Alexandre “O Grande”, ao invadir a Índia ele tinha em seu exército a maioria de soldados não mais de macedônios, mas dos antes inimigos agora amigos compondo seu exército, ele reconhecia nos inimigos sua honra e dignidade, convertia o inimigo em amigo, pois não via o inimigo como monstro, considerava o inimigo como potencial amigo no futuro.

O livro é rico em citações valorosas que nos faz refletir sobre a forma de ver a história, nos permite fazer uma avaliação do pensamento tribal vivido dentro de nossa sociedade, da falta de dignidade quando vemos a intolerância entre seres que se dizem ser humanos.

Vivemos diariamente a guerra em nosso íntimo, em um capitulo nos traz Bhagavad Gita o mais famoso épico guerreiro da Índia a nos ensinar como ver a verdade no código de ética do guerreiro, elevando o Ethos do guerreiro ao patamar superior e mais nobre: ao plano da vida interior do indivíduo, a luta para se alinhar com sua própria e mais elevada natureza.

 

Fonte:

Pressfield, Steven. O Espírito do Guerreiro, tradução de Mirna Pinsky. São Paulo: Contexto, 2020