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segunda-feira, 3 de julho de 2023

Cândido ou Otimismo


Resumo de Contracapa do Livro

François Marie Arouet, conhecido como Voltaire (1694-1778), nasceu e morreu em Paris. Descendente da pequena nobreza europeia, desde cedo destacou-se como brilhante pensador, tendo frequentado as melhores universidades do seu tempo. Com pouco mais de 20 anos já havia sido preso e exilado por ordem do regente Felipe de Orleans a quem havia dedicado panfletos satíricos e críticos. No seu exílio inglês escreveu as célebres Cartas inglesas ou Filosóficas. Sua obra é vasta, como longa foi a sua vida. Cândido ou o otimismo é a sua obra-prima, uma amostra de seu talento como escritor aliado à mordacidade, ironia e um certo cinismo que foi uma das marcas de sua convivência com os poderosos. "Guiado pela razão", como costumava dizer, Voltaire foi, segundo Roland Barthes, "o último escritor feliz". Seu derradeiro bilhete diz que "morria admirando os amigos, sem odiar os inimigos e detestando a superstição". Personalíssimo, o seu pensamento se enquadra dentro da tradição do humanismo e seus escritos certamente estimularam a liberalização das instituições e as reformas sociais.

Ler é sempre bom, quem tem o hábito de ler, tem um bom hábito, ler o livro "Cândido" de Voltaire em tempos atuais é uma experiência valiosa, pode-se observar o quanto tem de semelhante ao que acontecia no século XVIII com o que acontece no século XXI.

"Cândido" é uma obra que critica a sociedade e as instituições de seu tempo, mas muitas dessas críticas ainda são relevantes nos dias de hoje. A obra aborda questões como desigualdade social, injustiça, intolerância religiosa e corrupção, que são problemas persistentes na sociedade contemporânea. Ler o livro pode fornecer uma perspectiva crítica sobre essas questões e estimular a reflexão sobre elas.

A obra de Voltaire explora a natureza humana, expondo as falhas, os vícios e as contradições que existem em todos nós. Ao acompanhar as experiências de Cândido, o leitor é confrontado com a complexidade da condição humana e pode refletir sobre as emoções, os desejos e as motivações que influenciam nossas ações. Essa análise da natureza humana pode ser aplicada aos tempos atuais, ajudando-nos a compreender melhor a nós mesmos e aos outros.

"Cândido" é uma obra de sátira, utilizando o humor e a ironia para criticar a sociedade e as ideias da época. A sátira continua a ser uma ferramenta poderosa para expor contradições, hipocrisias e abusos presentes na sociedade contemporânea. Ler a obra pode nos inspirar a desenvolver uma abordagem crítica e satírica em relação aos problemas que enfrentamos atualmente.

É uma obra clássica da literatura, representando um marco importante do Iluminismo. Conhecer e compreender essa obra ajuda a contextualizar o período histórico em que foi escrita e a compreender as ideias e os movimentos intelectuais que a influenciaram. Além disso, a leitura de obras clássicas como "Cândido" nos permite apreciar a riqueza da literatura e a forma como ela aborda questões universais.

Ler "Cândido" e outras obras clássicas incentiva o desenvolvimento do pensamento crítico, da análise e da reflexão. A obra desafia ideias preconcebidas, convida à questionamento e estimula a formação de opiniões fundamentadas. Essas habilidades são essenciais em tempos atuais, onde somos constantemente bombardeados com informações e perspectivas diversas.

Em tempos atuais pode nos oferecer uma visão crítica da sociedade, uma análise da natureza humana e uma apreciação pela literatura e história. A obra nos desafia a refletir sobre problemas contemporâneos e a desenvolver um pensamento crítico informado.

"Cândido" é uma obra de sátira clássica escrita pelo filósofo iluminista francês Voltaire. Publicada pela primeira vez em 1759, a obra critica vários aspectos da sociedade e da filosofia da época, utilizando a sátira como meio de expressão.

A história segue as aventuras de Cândido, um jovem inocente e idealista, que é educado com a crença de que vivemos no "melhor dos mundos possíveis", uma visão otimista baseada na filosofia de Leibniz. No entanto, conforme Cândido enfrenta uma série de desventuras, incluindo ter sua amada Cunegunda raptada, ser vendido como escravo, presenciar catástrofes naturais e ser perseguido pela Inquisição, ele começa a questionar a validade dessa visão otimista.

Voltaire usa a ironia e o sarcasmo para satirizar várias instituições e crenças da época. Ele critica a Igreja Católica e a intolerância religiosa ao retratar a Inquisição como uma organização cruel e corrupta. Também aborda temas como a guerra, a escravidão, a nobreza e a justiça, expondo a hipocrisia e a corrupção presentes na sociedade.

Ao longo da história, Cândido encontra diferentes personagens que representam visões filosóficas e ideologias diversas. Esses encontros oferecem a Voltaire a oportunidade de criticar e ridicularizar diferentes pensamentos, como o otimismo de Pangloss, que defende a ideia de que tudo acontece para o bem, apesar das adversidades.

"Cândido" é uma sátira que busca provocar reflexão e questionamento, utilizando o humor e a crítica social para expor as contradições e os problemas da sociedade da época. A obra de Voltaire permanece relevante até os dias de hoje, sendo considerada uma das obras mais influentes do Iluminismo e uma crítica poderosa aos excessos e às injustiças da humanidade.

"Cândido" ainda possui conexões relevantes com a atualidade, uma vez que muitas das críticas e temas abordados por Voltaire continuam sendo pertinentes nos dias de hoje.

Uma das principais conexões é a crítica à intolerância religiosa e à manipulação da fé. No livro, a Inquisição é retratada como uma instituição cruel e corrupta que persegue e tortura pessoas por suas crenças religiosas. Essa crítica pode ser relacionada às questões de liberdade religiosa e aos abusos cometidos em nome da religião que ainda ocorrem em muitas partes do mundo.

Além disso, a obra aborda temas como a desigualdade social, a injustiça e a corrupção. Voltaire satiriza a nobreza e a elite privilegiada, expondo sua hipocrisia e seu desapego pelas dificuldades enfrentadas pelo povo. Essa crítica social ainda ressoa em sociedades contemporâneas, onde a desigualdade econômica, o abuso de poder e a corrupção continuam sendo questões significativas.

Outro aspecto relevante é a crítica à noção de que vivemos no "melhor dos mundos possíveis" ou que tudo acontece para o bem. Cândido passa por uma série de infortúnios e tragédias que o levam a questionar essa visão otimista. Essa crítica pode ser aplicada às ideias simplistas que desconsideram as complexidades e desafios da vida real, bem como à tendência de ignorar o sofrimento e as injustiças que ocorrem ao nosso redor.

Em suma, "Cândido" continua a ser uma obra atual por sua capacidade de questionar os aspectos negativos da sociedade, denunciar a hipocrisia e a opressão, e instigar a reflexão sobre questões como a liberdade, a igualdade, a justiça e a busca pela verdade. As críticas e lições presentes na obra de Voltaire podem ser aplicadas às realidades contemporâneas, estimulando a busca por uma sociedade mais justa e esclarecida.

Ao lermos um clássico como este, que faz críticas e questionamentos sobre a os problemas sociais da época, percebemos a repetição dos mesmos problemas seja no século XVII seja no século XXI, os acontecimentos se repetem ao longo da história por uma série de razões complexas. Embora as circunstâncias e os detalhes específicos possam variar, certos padrões e problemas persistentes tendem a ressurgir em diferentes momentos e contextos.

Em nossas reflexões entendemos que a repetição é “coisa” da natureza humana, as características e tendências inerentes à natureza humana desempenham um papel importante na repetição de acontecimentos históricos. Os seres humanos têm emoções, necessidades e desejos que podem levar a conflitos, ambição desmedida, preconceitos e comportamentos autodestrutivos. Esses aspectos fundamentais da natureza humana tendem a se manifestar repetidamente, independentemente da época ou cultura.

A história tem demonstrado a existência de ciclos sociais e políticos, nos quais padrões de mudança e repetição se tornam aparentes. Por exemplo, governos podem surgir e cair, movimentos sociais podem ganhar força e depois enfraquecer, e crises econômicas podem ocorrer em intervalos regulares. Esses ciclos refletem dinâmicas sociais e políticas que se repetem ao longo do tempo.

Apesar dos avanços no conhecimento e na educação, a humanidade nem sempre aprende com os erros do passado. Ideias e ideologias prejudiciais podem persistir, padrões de comportamento destrutivo podem ser repetidos e lições importantes podem ser esquecidas. Isso pode ocorrer devido a uma combinação de falta de consciência histórica, manipulação da informação, interesses pessoais e resistência à mudança.

Muitas das estruturas e instituições sociais, políticas e econômicas que moldam as sociedades humanas têm uma tendência a perpetuar-se ao longo do tempo. Isso pode levar à perpetuação de desigualdades, injustiças e abusos de poder, que podem se repetir em diferentes contextos históricos.

Além dos fatores internos, eventos e circunstâncias externas também desempenham um papel na repetição de acontecimentos históricos. Mudanças ambientais, pressões geopolíticas, avanços tecnológicos e outros fatores podem influenciar a dinâmica dos eventos e levar a padrões repetitivos.

Embora os acontecimentos possam se repetir, é importante notar que a história não é um ciclo perfeito e exato de eventos. Cada período histórico é único em sua própria complexidade e singularidade. No entanto, reconhecer os padrões e lições do passado pode nos ajudar a entender melhor o presente e a tomar decisões mais informadas para moldar um futuro melhor, portanto razões não faltam para que façamos a leitura dos clássicos, com a leitura aprendemos a ficar atentos e mais críticos, à medida que temos mais contato com as obras vamos ficando mais vacinados contra a banalização.

Mesmo os clássicos podem ter lá suas carências, o crítico tem suas próprias compreensões e interpretações da leitura de cada obra, nós como leitores também devemos estar atentos ao conteúdo e não darmos por certo tudo aquilo que foi escrito por este ou aquele autor por ser famoso, à medida que vamos sofisticando e aguçando nosso cérebro, nosso senso crítico vai ficando mais afiado.

"Cândido" é uma das obras mais famosas e aclamadas de Voltaire, mas isso não significa que esteja isenta de críticas.  Alguns críticos argumentam que "Cândido" é uma obra superficial e carece de profundidade filosófica. Embora o livro aborde questões importantes, como a existência de Deus, o problema do mal e a natureza humana, as discussões são simplificadas e não exploram esses temas de forma mais aprofundada.

Voltaire usa personagens que são frequentemente considerados estereótipos ou caricaturas, o que pode reduzir a credibilidade e a complexidade dos personagens. Por exemplo, o personagem de Pangloss é um otimista extremo, e Cândido é um jovem ingênuo e idealista. Alguns críticos argumentam que essa falta de complexidade torna os personagens menos convincentes e dificulta a identificação do leitor com eles.

Embora "Cândido" seja frequentemente classificado como uma sátira, a visão de mundo apresentada por Voltaire é excessivamente pessimista ou cínica. O livro retrata a sociedade como um lugar repleto de crueldade, injustiça e hipocrisia, sem oferecer uma perspectiva mais equilibrada ou esperançosa, mas por se tratar de ficção talvez o extremo tenha a intenção do autor seja o de dar uma sacudidela.

As personagens femininas em "Cândido" são frequentemente retratadas de forma estereotipada e tratadas de maneira sexista. Elas são muitas vezes descritas como objetos de desejo ou vítimas de violência, o que pode ser problemático do ponto de vista feminista.

Embora o livro aborde uma série de questões sociais e filosóficas importantes, Voltaire falha em fornecer soluções concretas para esses problemas. Em vez disso, a obra parece se concentrar mais na crítica e na exposição das falhas da sociedade, sem propor alternativas realistas ou viáveis.

É importante lembrar que "Cândido" foi escrito no século XVIII e deve ser lido dentro de seu contexto histórico. As críticas acima são apenas algumas perspectivas que foram levantadas ao longo do tempo, e a obra continua sendo amplamente estudada e apreciada por seu valor literário e satírico.

 

Fonte:

Voltaire. Cândido ou Otimismo. Traduzido por Roberto Gomes. Ed. L± 1ª edição - Edição de bolso (1 fevereiro 1998)

domingo, 2 de julho de 2023

Antes de tomar um cafezinho com Deus, pensei: o que eu poderia falar e perguntar a Ele?


Antes de tomar um cafezinho com Deus, me perguntei: Que assuntos eu poderia abordar com Ele?; Para falar com Deus seria necessário ter uma orientação religiosa especifica?; Porque cada religião pensa ser a única dona da verdade?

São perguntas que me faço e penso muitos fazem, a meu modo e dentro de meus limites de conhecimento respondo-me, não são perguntas fáceis e nem difíceis, depende de abertura da mente de cada um, vou tentar responder de trás para frente...

Falar com Deus não necessariamente depende de orientação religiosa específica. A comunicação com o divino é uma experiência pessoal e espiritual, que varia de acordo com as crenças e práticas individuais, a abertura da mente permite que estejamos receptivos a diferentes formas de comunicação e experiências espirituais, no entanto é importante mantermos um senso de discernimento ao ter uma mente aberta. Nem todas as ideias ou experiências podem ser apropriadas ou alinhadas com nossas próprias crenças e valores. É essencial equilibrarmos a abertura com a sabedoria e o discernimento pessoal, buscando sempre o que ressoa e nos faz sentido em nossa jornada espiritual.

Algumas pessoas encontram orientação e estrutura para sua comunicação com Deus por meio de tradições religiosas estabelecidas. Essas tradições podem incluir textos sagrados, rituais, orações específicas ou líderes religiosos que servem como guias espirituais.

Existem também pessoas que têm uma conexão pessoal e direta com o divino, independentemente de qualquer afiliação religiosa. Elas podem buscar uma conexão espiritual mais livre e intuitiva, confiando em sua própria experiência e compreensão pessoal, portanto eu posso falar da minha experiência com Ele, mas não posso falar da experiência do outro com Ele, a conversa é pessoal, é uma experiência única.

O importante é que cada pessoa encontre um caminho que seja autêntico e significativo para si. Seja através de uma orientação religiosa estabelecida ou de uma abordagem mais individualizada, a comunicação com Deus é uma busca pessoal e íntima, moldada pelas crenças e experiências de cada um, a conversa com Ele pode ocorrer em vários momentos de nosso dia, porem são momentos especiais, se pensarmos que somos especiais por termos sido criados por Ele e a partir Dele, não vão faltar momentos especiais, inclusive tomar aquele maravilhoso cafezinho é um momento especialíssimo.

A verdade de cada religião é única, porem a verdade pode bem se encaixar na verdade de outra religião, porem é importante reconhecer que a diversidade de crenças religiosas e espirituais é uma realidade no mundo. Cada religião tem sua própria visão de mundo e compreensão da verdade. É possível promover o respeito mútuo e a coexistência pacífica, reconhecendo a validade das diferentes perspectivas e buscando o diálogo inter-religioso e intercultural. Isso permite uma maior compreensão e aceitação das diversas expressões religiosas e espirituais em nosso mundo.

Se pensarmos na diversidade de religiões existentes no mundo pode parecer uma "Torre de Babel" em termos de variedade de crenças, práticas e interpretações. Essa diversidade reflete a natureza humana de buscar respostas para questões fundamentais e encontrar significado na vida de diferentes maneiras.

Uma verdade em que a maioria das pessoas sensatas pensam ou pelo menos deveriam pensar é que em vez de ver a diversidade religiosa como uma fonte de divisão, podemos encará-la como uma oportunidade para enriquecer nosso conhecimento, expandir nossas perspectivas e promover a tolerância e o respeito mútuo. A Torre de Babel pode ser transformada em um símbolo de diversidade cultural e religiosa, onde as vozes e experiências de cada pessoa são valorizadas e respeitadas.

Agora vou desenvolver um grande parágrafo, será preciso fôlego: A conversa com Deus em muitas tradições religiosas mais parece uma audiência, não parece ser uma conversa onde alguém possa se expressar como gostaria, mesmo Deus sabendo de antemão quais são nossas duvidas, Ele quer que sejamos autênticos e corajosos para ter com Ele uma conversa franca e aberta. Porém, me pergunto sobre o que falaria com Ele, que perguntas faria neste momento tão especial, são tantas perguntas, teria de organizar bem meu pensamento, pensaria em assuntos interessantes que eu gostaria de abordar, como por exemplo...

Sobre o propósito subjacente da existência humana e como cada pessoa pode encontrar um sentido mais profundo em suas vidas. O sofrimento é uma parte inevitável da vida, e muitas pessoas têm dificuldade em reconciliá-lo com a ideia de um Deus amoroso e benevolente. Eu buscaria compreender melhor por que o sofrimento existe e como reconciliá-lo com a noção de um Deus justo...

Eu perguntaria a Deus sobre Sua natureza e como Sua presença é manifestada no mundo. Quais são os atributos divinos e como eles interagem com a criação? Eu exploraria o conceito de amor divino e como podemos expressar e experimentar esse amor em nossas vidas cotidianas. Como podemos cultivar a compaixão pelos outros e por nós mesmos?...

Eu buscaria orientação sobre dilemas éticos complexos que enfrentamos como sociedade. Qual é a perspectiva divina sobre tópicos como aborto, eutanásia, pena de morte, justiça social e outras questões éticas relevantes?...

Eu perguntaria a Deus sobre Sua visão das diferentes religiões e sistemas de crenças. Como a espiritualidade pode ser praticada de forma autêntica e significativa, independentemente da tradição religiosa?

E por último, quais são as perspectivas de Deus para o futuro da humanidade? Existem desafios ou mudanças importantes que devemos estar cientes? Como podemos trabalhar para criar um mundo melhor?

São tantas questões, mas sei o quão importante é reconhecer minhas limitações como ser humano, há coisas que devemos evitar buscar conhecimento divino porque estão além de nossa compreensão ou capacidade de lidar, a resposta muitas vezes não será compreendida por não possuirmos capacidade para tanto, mesmo que alguma religião pense ter a resposta para tudo, por si só esta afirmação já é presunçosa e enganadora.

Essas são apenas algumas das muitas questões que eu adoraria discutir com Deus durante um café, são estas minhas conjecturas, talvez mais alguém pense em outras questões, mas estas são minhas, pode ser que se encaixe nas conjecturas de muitas outras pessoas.


 

Agora outro grande parágrafo: O que uma conversa com Deus fosse centrada em mim, em minhas dúvidas pessoais, é verdade e digo que, como ser supremo, Deus tem um conhecimento abrangente e completo de todas as coisas, nesse caso eu poderia abordar questões pessoais como...

Explorar minhas próprias qualidades, habilidades, desejos e motivações. Deus poderia me ajudar a entender melhor a mim mesmo e a descobrir meu potencial...

Quem sabe poderia discutir decisões importantes que preciso tomar em minha vida e solicitar a orientação divina sobre o caminho a seguir. Deus poderia me ajudar a discernir o que é melhor para mim...

Se porventura eu tivesse dúvidas sobre minha fé ou sobre questões espirituais, Deus poderia fornecer clareza e insights para fortalecer minha relação com Ele...

Outra questão muito importante poderia buscar conselhos divinos sobre relacionamentos pessoais, amor romântico, amizades ou familiares. Deus poderia compartilhar princípios e diretrizes para cultivar relacionamentos saudáveis e significativos...

Caso estivesse buscando um senso de propósito e direção em minha vida, poderia perguntar a Deus sobre os planos que Ele tem para mim e como poderia cumprir seu propósito no mundo...

Se estivesse lutando com arrependimentos, ressentimentos ou a necessidade de perdoar a mim mesmo ou aos outros, Deus poderia me oferecer orientação e conforto nesse processo...

E, por último, não menos importante me ocorre, poderia compartilhar minhas preocupações e desafios emocionais, como ansiedade, tristeza ou medo, e pedir a ajuda Dele para encontrar paz, serenidade e força interior.

E as respostas, caso obtivesse alguma, como seria este entendimento, como as perguntas são minhas, e minha capacidade de entendimento também é individual e única, meu entendimento seria meu entendimento, a respostas seriam como insights que Deus poderia fornecer para fortalecer minha relação com Ele, seriam altamente individuais, pois cada pessoa tem uma jornada espiritual única. Estes insights poderiam surgir como um reforço de minha relação com Ele...

Ele poderia me lembrar de que Ele me ama incondicionalmente, independentemente de minhas falhas, erros passados ou inseguranças. Ele poderia enfatizar que sou digno de amor e aceitação, exatamente como sou. Deus poderia me encorajar a buscar uma conexão interior mais profunda, através da prática da meditação, oração ou contemplação...

Ele poderia mostrar a importância de encontrar um espaço tranquilo dentro de mim mesmo para ouvir Sua voz e sentir Sua presença. Deus poderia destacar a importância da confiança e entrega em Sua vontade. Ele poderia enfatizar que, mesmo em momentos de incerteza, Ele tem um plano maior e que poderia confiar nesse plano, sabendo que Ele está ao meu lado em todos os momentos...

Deus poderia falar sobre a importância do perdão, tanto em relação a mim mesmo quanto aos outros. Ele poderia mostrar como a prática do perdão e da compaixão pode abrir espaço para um relacionamento mais saudável e harmonioso com Ele e com os outros. Deus poderia me encorajar a cultivar uma atitude de gratidão e apreciação pela vida e pelas bênçãos que recebo diariamente...

Ele poderia destacar como a gratidão pode abrir meus olhos para Sua presença e Sua obra ao meu redor. Deus poderia falar sobre a importância de servir e mostrar compaixão pelos outros. Ele poderia enfatizar que, ao estender amor e cuidado aos outros, estou, na verdade, fortalecendo meu relacionamento com Ele, pois Ele se manifesta na bondade e no serviço ao próximo...

Deus poderia me lembrar de que a jornada espiritual é um processo contínuo e que a paciência comigo mesmo é fundamental. Ele poderia destacar que o crescimento espiritual ocorre ao longo do tempo e que Ele está presente em cada passo dessa jornada.

Esses são apenas alguns exemplos de insights que Deus poderia fornecer para fortalecer minha relação com Ele. A natureza de uma conversa com Deus é complexa e pessoal, e as respostas reais dependeriam das necessidades, experiências e caminhos individuais de cada pessoa, cada cafezinho uma pergunta, muitos cafezinhos para tentar entender uma resposta, uma vida inteira para tentar entender uma única resposta.

A filosofia faz destas coisas com a gente, sempre perguntando...

 

sábado, 1 de julho de 2023

A Invenção do Cotidiano de Michael De Certeau

Michael De Certeau (1925-1986) foi um filósofo, teórico cultural e historiador francês conhecido por suas contribuições nos campos da teoria social, estudos culturais e teoria literária. Sua obra mais famosa é "A invenção do cotidiano: artes de fazer" (1980), onde ele examina as práticas cotidianas das pessoas comuns e as formas pelas quais elas produzem significado em suas vidas.

Inteligência brilhante e não conformista, alimentou milhares de curiosidades, com sólida formação em Filosofia, Letras Clássicas, História e Teologia. Pesquisador da história dos textos místicos desde a Renascença até a era clássica, interessa-se não só pelos métodos da Antropologia e da Linguística, como também pela Psicanálise.

De Certeau acreditava que a vida cotidiana era composta por táticas individuais, uma vez que as pessoas comuns operam dentro das estruturas sociais e culturais estabelecidas. Ele argumentava que, apesar da aparente dominação exercida pelas instituições e sistemas, os indivíduos têm a capacidade de usar "táticas" para negociar, resistir e subverter essas estruturas em suas vidas diárias.

Em sua análise, De Certeau distingue entre duas formas de práticas: estratégias e táticas. As estratégias são as ações planejadas e sistemáticas realizadas pelas instituições e poderes dominantes para impor sua vontade e obter controle sobre o espaço social. Por outro lado, as táticas são as ações criativas e adaptativas dos indivíduos que operam dentro dessas estruturas. As táticas são improvisadas, baseadas em recursos disponíveis e podem incluir comportamentos como apropriação, desvio, reinterpretação e uso criativo do espaço e dos objetos.

Para De Certeau, as práticas cotidianas eram uma forma de resistência e liberdade em meio às estruturas opressivas. Ele explorou essas ideias em diferentes contextos, incluindo a vida urbana, a produção cultural, a leitura e a escrita. De Certeau enfatizava a importância das práticas individuais para a criação de significado e a capacidade dos indivíduos de se apropriarem das estruturas dominantes e transformá-las de maneiras sutis, mas significativas.

Além de "A invenção do cotidiano: artes de fazer", outras obras importantes de De Certeau incluem "A escrita da história" (1975), onde ele examina os desafios e as limitações da escrita histórica, e "A cultura no plural" (1993), uma coletânea de seus ensaios sobre cultura, consumo e práticas cotidianas.

O pensamento de Michael de Certeau teve uma influência significativa nos estudos culturais, na teoria literária e em disciplinas relacionadas, oferecendo uma perspectiva crítica sobre o poder, a resistência e as práticas individuais na sociedade contemporânea. Sua abordagem enfatiza a importância das ações e experiências cotidianas, bem como a capacidade das pessoas comuns de redefinir e reinventar o mundo ao seu redor.

O livro “A Invenção do cotidiano; artes de fazer”


Certeau trabalha o fundamento básico do conceito cotidiano. Aborda a questão da linguagem comum, chegando à linguagem científica. Na prática do cotidiano trabalham autores como Freud, Wittgenstein, Foucault, Bordieux e Kant.

O livro mais importante de Michael de Certeau é geralmente considerado "A invenção do cotidiano: artes de fazer" (em inglês, "The Practice of Everyday Life"), publicado originalmente em 1980. Nesta obra, De Certeau examina as práticas cotidianas das pessoas comuns e suas táticas de resistência e subversão dentro das estruturas sociais e culturais.

"A invenção do cotidiano" é dividido em duas partes principais. A primeira parte, intitulada "Fazer", discute as práticas cotidianas e como os indivíduos, por meio de suas ações, são capazes de criar significado e negociar sua existência dentro de sistemas maiores. Ele explora a relação entre poder e resistência, examinando como as pessoas comuns utilizam táticas para se apropriar do espaço, redefinir as normas sociais e estabelecer uma identidade própria.

A segunda parte, intitulada "O saber do cotidiano", analisa a leitura e a escrita como práticas culturais. De Certeau discute como as pessoas interpretam e reescrevem textos culturais, tanto literários quanto não literários, para atender às suas necessidades e desejos individuais. Ele argumenta que a leitura e a escrita são atividades criativas e ativas, e que os leitores desempenham um papel ativo na produção de significado.

"A invenção do cotidiano" tem sido amplamente influente em diversas áreas acadêmicas, como estudos culturais, sociologia, antropologia e teoria literária. A obra de De Certeau oferece uma perspectiva crítica sobre o poder e a resistência nas práticas cotidianas, destacando a importância das ações individuais e a capacidade das pessoas comuns de redefinir e reinventar o mundo ao seu redor.

Com a critica também aprendemos

Embora "A invenção do cotidiano: artes de fazer" seja amplamente elogiado e considerado uma obra influente, também há algumas críticas e discussões em torno dela. Alguns críticos argumentam que De Certeau pode ter generalizado demais suas análises, ao tratar as práticas cotidianas como universalmente subversivas e como formas de resistência. Eles argumentam que nem todas as práticas cotidianas são necessariamente políticas ou desafiantes das estruturas dominantes. Essa crítica sugere que a abordagem de De Certeau pode simplificar demais a complexidade das práticas cotidianas e sua relação com o poder.

Outra crítica levantada é que De Certeau pode ter subestimado a importância das relações de poder em suas análises. Alguns argumentam que as táticas individuais descritas por De Certeau são limitadas em sua capacidade de desafiar efetivamente as estruturas de poder e que a obra não dá uma atenção suficiente à dimensão do poder nas práticas cotidianas.

Alguns críticos apontam que "A invenção do cotidiano" não lida adequadamente com as questões de gênero e classe social. Eles argumentam que as análises de De Certeau são frequentemente voltadas para as experiências masculinas de práticas cotidianas, deixando de lado as formas específicas em que mulheres e pessoas de diferentes classes sociais experienciam e negociam o cotidiano.

Outra crítica é que a obra de De Certeau pode enfatizar demais a agência individual, sem dar a devida atenção ao contexto social e estrutural em que as práticas cotidianas ocorrem. Alguns argumentam que a ênfase nas táticas individuais pode obscurecer as limitações e constrangimentos estruturais enfrentados pelas pessoas comuns.

Essas críticas não diminuem necessariamente o valor e a importância da obra de De Certeau, mas destacam áreas de debate e discussão em relação às suas análises. É importante considerar essas críticas como parte do diálogo acadêmico e continuar explorando e questionando as ideias apresentadas na obra, afinal até Platão foi criticado, o contraponto é uma outra forma de ver, portanto pode ser uma oportunidade de avançarmos ampliando o conhecimento.

 

Fonte:

Certeau, Michael De. A invenção do cotidiano: artes de fazer. Traduzido por Ephraim Ferreira Alves. Editora Vozes; 22º edição (1 janeiro 2014)