Estava ouvindo a música “Sob o Sol” de Marcos Viana, Malu Aires & Transfônica Orkestra, ouvindo me deixei levar por sua intensidade, deixei a música falar a mente e ao coração, permiti ser conduzido por ela em minhas reflexões.
"Somos
atores no palco do tempo" é uma metáfora que nos coloca diante de um
cenário onde a vida se desenrola como uma peça de teatro. Cada um de nós tem
seu papel, sua entrada em cena e seu tempo de permanência. O palco, contudo, é
o tempo — implacável, fluido, sempre em movimento. O interessante dessa visão é
que nos faz refletir sobre a impermanência e o caráter dinâmico da existência.
Link
Musica para Reflexão:
https://www.youtube.com/watch?v=Z3AJFx6-vUA&list=RDZ3AJFx6-vUA&start_radio=1
Quando
nos imaginamos como atores, surge a pergunta: quão conscientes estamos de nosso
papel? Muitos de nós caminhamos pela vida como se estivéssemos apenas repetindo
linhas de um roteiro, sem perceber a profundidade daquilo que estamos vivendo.
Todos os dias levantamos, trabalhamos, nos relacionamos, mas quanto disso
fazemos de forma realmente autêntica? Será que vivemos conscientemente cada
ato, ou apenas seguimos as direções que o mundo nos impõe?
Essa
noção de tempo como palco traz um ponto interessante: diferente de uma peça
tradicional, não temos ensaios. O tempo não permite a repetição ou a correção
do passado. Cada cena é única, irrepetível, e qualquer tentativa de recriá-la
já é um ato novo. Essa fluidez exige de nós uma presença intensa no momento,
como um ator de improviso que precisa estar atento ao mínimo sinal do cenário,
da plateia e de seus próprios colegas em cena.
Há
um conceito filosófico de que o tempo, sendo ele linear para nós mortais, nos
empurra para frente, sem misericórdia. Nietzsche, por exemplo, fala sobre o
eterno retorno, mas não no sentido literal de revivermos cada momento — isso
seria impossível. É mais uma provocação sobre como agimos se soubéssemos que
cada escolha, cada palavra, poderia ser revivida eternamente. Se somos, então,
os atores nesse palco do tempo, cabe a nós a responsabilidade de encarar cada
momento com a consciência de que não há uma segunda chance para aquela cena
específica.
Por
outro lado, o palco do tempo é democrático. Cada um tem sua oportunidade de
brilhar, de contribuir para a grande narrativa da humanidade. O problema é que
muitas vezes nos esquecemos de que estamos em cena, distraídos pelas luzes ou
pela plateia, ou até pelo medo do improviso. E aí entra a necessidade de nos
reconciliarmos com a passagem do tempo, de aceitarmos que o palco não é
infinito para nós, e que há valor em cada pequeno gesto. Como Fernando Pessoa
escreveu: “Entre o que sou e o que suponho estar há um abismo.”
No cotidiano, podemos ver essa metáfora viva em diversos momentos. Quantas vezes nos pegamos olhando para o relógio, contando as horas, e esquecemos que o tempo está passando enquanto fazemos isso? No trabalho, na vida social, no amor, muitas vezes encenamos os papéis que esperam de nós, e não aqueles que gostaríamos de interpretar. Na peça da vida, somos nós os roteiristas, mas a caneta frequentemente nos escapa das mãos. Talvez porque, ao contrário de uma peça que conhecemos de cor, viver exige mais coragem e improviso, nela também somos os atores.
No final das contas, a questão é: estamos dispostos a viver plenamente no palco do tempo, ou preferimos ficar nos bastidores, com medo de errar as falas? No fundo ninguém pensa nisto, simplesmente segue o caminho do jeito que dá, não é mesmo? O mundo está muito louco, está difícil para todos, agradeço ao deitar e agradeço ao acordar por mais uma oportunidade de viver, um dia de cada vez, que não é pouco!
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