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quinta-feira, 1 de agosto de 2024

Nossa Paidéia

Quando pensamos em paideia, o sistema de educação e formação cultural da Grécia Antiga, muitas vezes imaginamos debates filosóficos rigorosos e uma vida dedicada à excelência intelectual e moral. No entanto, nossa versão moderna, "nossa paidéia", pode ser vista como a cultivo da alma através das experiências e interações cotidianas que moldam quem somos.

A Sala de Aula do Cotidiano

A vida cotidiana oferece inúmeras oportunidades de aprendizado e crescimento, assim como a educação estruturada da Grécia Antiga. Considere o simples ato de preparar o café da manhã. Esta tarefa rotineira pode ser transformada em um momento de atenção plena, onde você se concentra em cada ação—quebrar um ovo, cortar uma fatia de pão, preparar o café. Esta atenção aos detalhes, a apreciação do processo, se torna uma lição de mindfulness e gratidão, promovendo um senso de paz e presença.

Nesta sala de aula cotidiana, nossas interações com os outros também desempenham um papel crucial. Uma conversa com um amigo, um sorriso de um estranho ou até mesmo um desentendimento podem ser momentos de aprendizado profundo. Essas interações nos ensinam empatia, paciência e a arte da comunicação eficaz. Através delas, entendemos a importância da conexão humana e da jornada compartilhada da vida.

Filósofos no Cotidiano

Os filósofos frequentemente buscavam entender as grandes questões da existência, mas seus insights podem ser aplicados às nossas vidas diárias. Tome, por exemplo, a ideia de areté (virtude ou excelência) defendida por Aristóteles. Ele acreditava que a virtude é um hábito, desenvolvido através da prática. Em nossas vidas diárias, cultivamos a virtude através de pequenos atos de bondade, honestidade e integridade. Cada decisão, por mais trivial que pareça, contribui para o desenvolvimento do nosso caráter.

Outro conceito relevante é a noção de Epicteto de focar no que está sob nosso controle e aceitar o que não está. Na correria da vida moderna, é fácil ficar sobrecarregado com coisas além do nosso controle. Ao abraçar essa sabedoria estoica, podemos encontrar tranquilidade em meio ao caos, concentrando nossa energia em ações que realmente importam.

A Filosofia do Ordinário

Nossa paidéia nos convida a encontrar significado e crescimento no ordinário. Considere a história de Sísifo da mitologia grega. Condenado a rolar uma pedra morro acima apenas para vê-la rolar de volta para baixo cada vez, a história de Sísifo é frequentemente vista como uma metáfora para o absurdo da vida. No entanto, Albert Camus, o filósofo existencialista, sugeriu que devemos imaginar Sísifo feliz. Essa mudança de perspectiva nos incentiva a encontrar alegria e propósito em nossas rotinas diárias, mesmo em tarefas repetitivas ou mundanas.

Em situações cotidianas, seja navegando pelas complexidades do trabalho, mantendo relacionamentos ou simplesmente encontrando tempo para si mesmo, há uma oportunidade de crescimento e autodescoberta. Ao abordar a vida com uma mentalidade filosófica, transformamos o mundano em uma rica tapeçaria de experiências que contribuem para nossa paideia pessoal.

A Sinfonia da Vida

Nossas vidas são uma sinfonia de momentos, cada um contribuindo para a composição geral de quem somos. Nossa paidéia é sobre abraçar essa sinfonia, reconhecendo que cada nota—cada experiência, cada interação—desempenha um papel em nosso desenvolvimento. É sobre cultivar um senso de consciência e intencionalidade, permitindo-nos crescer nas melhores versões de nós mesmos.

No final, nossa paidéia é um lembrete de que a educação e o crescimento não estão confinados a ambientes formais ou grandes realizações. Eles estão entrelaçados no tecido de nossas vidas cotidianas, esperando para serem descobertos nos momentos mais simples. Ao abraçar essa perspectiva, embarcamos em uma jornada de autotransformação contínua, guiados pela sabedoria do passado e pelas experiências do presente.


quarta-feira, 17 de julho de 2024

Diferença de Classe

Dizem que o Brasil é um país marcado por desigualdades. A diferença de classe é um tema que atravessa não só a política e a economia, mas também as nossas interações diárias. Basta um olhar atento para perceber como essas divisões se manifestam nos mais diversos aspectos da vida cotidiana.

Na Rotina Diária

Imagine um dia comum. Acordamos, tomamos café e nos preparamos para o trabalho. Para muitos, esse é um ritual que acontece em um ambiente confortável, com tempo para um café da manhã variado. Para outros, é um café corrido, muitas vezes resumido a um pão com manteiga, antes de enfrentar longas jornadas de transporte público lotado.

Chegamos ao trabalho e, lá, as diferenças continuam. Em uma mesma empresa, encontramos pessoas desempenhando funções diversas, com níveis de remuneração que variam drasticamente. Enquanto alguns almoçam em restaurantes, outros trazem marmitas de casa para economizar.

Educação e Oportunidades

A educação é um campo onde a diferença de classe se torna especialmente visível. Crianças de famílias mais abastadas frequentam escolas particulares, têm acesso a atividades extracurriculares e a materiais didáticos de qualidade. Já as crianças de famílias menos favorecidas muitas vezes enfrentam escolas públicas com infraestrutura precária e recursos limitados.

Essa diferença no acesso à educação se reflete mais tarde no mercado de trabalho, onde oportunidades de emprego e níveis salariais são influenciados pelo histórico educacional de cada indivíduo.

Moradia e Espaço Urbano

Outro aspecto evidente é a moradia. Nas grandes cidades, bairros nobres com casas amplas e seguras coexistem com favelas e periferias onde a infraestrutura básica é deficiente. Essa segregação urbana reflete e reforça as diferenças de classe, criando realidades paralelas dentro de uma mesma cidade.

Reflexões Filosóficas

Do ponto de vista filosófico, a questão da diferença de classe pode ser explorada sob várias óticas. Karl Marx, por exemplo, enxergava a luta de classes como um motor da história, onde a desigualdade entre proletários e burgueses geraria conflitos inevitáveis. Para ele, a superação dessa desigualdade só seria possível com uma transformação radical da sociedade.

Já Pierre Bourdieu oferece uma perspectiva diferente, focando no conceito de capital cultural. Ele argumenta que além do capital econômico, a posse de certos conhecimentos, habilidades e modos de comportamento (capital cultural) também contribui para as diferenças de classe.

Caminhos Possíveis

A discussão sobre a diferença de classe é complexa e não há soluções fáceis. No entanto, pequenas ações no cotidiano podem contribuir para a redução dessas desigualdades. Isso inclui políticas públicas focadas em educação e saúde, iniciativas de inclusão social e programas de redistribuição de renda.

No nível individual, a empatia e o reconhecimento da dignidade de todos os seres humanos são essenciais. Ao compreender as dificuldades enfrentadas por aqueles de classes diferentes da nossa, podemos promover um ambiente mais justo e igualitário.

A diferença de classe, embora evidente e impactante, não precisa ser um destino imutável. Com reflexão, ação e compromisso, é possível construir uma sociedade onde as oportunidades e os direitos sejam mais equitativamente distribuídos. Afinal, como bem pontua o filósofo John Rawls, a justiça social deve ser o alicerce de qualquer sociedade que aspire à verdadeira igualdade.

sábado, 22 de junho de 2024

Dominação do Instinto

Estava eu outro dia, preso no trânsito, observando a pressa e a impaciência das pessoas ao meu redor. Foi então que um pensamento me ocorreu: o que realmente nos distingue dos outros animais? Seria a capacidade de pensar, criar e inovar? Claro, isso é parte do que nos faz humanos. Mas há algo mais sutil e talvez mais profundo – a habilidade de dominar nossos instintos primitivos. Em situações cotidianas, desde uma fila no supermercado até um conflito no trabalho, exercemos uma escolha consciente que reflete nossa humanidade. Este pequeno detalhe cotidiano revela um grande aspecto da nossa natureza: a capacidade de pensar antes de agir e de controlar os impulsos básicos.

Imagine-se na fila do supermercado. O caixa está devagar, a fila está crescendo e você está cansado. De repente, vê uma pessoa tentando furar a fila. Seu primeiro instinto é confrontá-la, talvez até gritar para que todos ouçam. Mas, em vez disso, você respira fundo e decide não criar uma confusão. Esse momento simples, do cotidiano, é um exemplo claro de como nós, seres humanos, temos a capacidade de dominar nossos instintos.

A Batalha Interna: Razão vs. Instinto

Os instintos são respostas automáticas e imediatas às situações, herdadas de nossos ancestrais e compartilhadas com outros animais. No caso da fila do supermercado, o instinto de defender nosso território ou nossa posição é algo que vemos em muitos animais. Um leão, por exemplo, não pensaria duas vezes antes de rosnar e defender seu espaço. No entanto, como seres humanos, possuímos uma ferramenta poderosa que muitos animais não têm: a razão.

A razão nos permite pensar antes de agir, ponderar as consequências e fazer escolhas que não são baseadas apenas em nossos impulsos mais básicos. Essa habilidade de refletir e tomar decisões conscientes é uma das principais características que nos distingue de outros animais.

No Trabalho: O Instinto de Competição

Considere agora um ambiente de trabalho. Você está em uma reunião e uma colega apresenta uma ideia que é quase idêntica a uma que você teve recentemente. O instinto inicial pode ser de raiva ou frustração, sentindo que seu território está sendo invadido. No entanto, em vez de reagir impulsivamente, você escolhe abordar a situação de forma diplomática, talvez falando com ela depois da reunião para discutir como podem trabalhar juntos na ideia.

Nos animais, especialmente em espécies altamente competitivas, essa situação poderia facilmente levar a uma luta direta. Para nós, no entanto, a capacidade de comunicação e a busca por soluções cooperativas são estratégias que utilizamos para resolver conflitos de maneira mais eficaz e pacífica.

Relações Interpessoais: A Dominação do Instinto de Agressividade

Em nossas relações pessoais, a dominação dos instintos é igualmente importante. Pense em uma discussão com um amigo ou parceiro. O instinto pode ser de elevar a voz, talvez até dizer algo doloroso. No entanto, a habilidade de controlar esse impulso e buscar um diálogo calmo e construtivo é o que nos permite manter e fortalecer nossos laços afetivos.

Ao contrário dos animais que podem resolver seus desentendimentos através da força ou do afastamento, os humanos têm a capacidade de negociar, pedir desculpas e perdoar – todos comportamentos que exigem a superação dos instintos básicos de agressividade e defesa.

O Papel da Cultura e Educação

A cultura e a educação desempenham papéis cruciais na maneira como aprendemos a dominar nossos instintos. Desde a infância, somos ensinados a esperar nossa vez, a compartilhar e a resolver conflitos de maneira pacífica. Essas lições são reforçadas por normas sociais e leis que nos incentivam a comportamentos racionais e cooperativos.

A educação nos proporciona ferramentas para pensar criticamente, avaliar situações e tomar decisões informadas. Ela nos ajuda a desenvolver a empatia, a capacidade de nos colocar no lugar do outro, o que é essencial para a convivência harmoniosa em sociedade.

Um Equilíbrio Necessário

Embora a dominação dos instintos seja uma marca distintiva dos seres humanos, é importante reconhecer que os instintos também desempenham um papel vital em nossas vidas. Eles podem nos alertar sobre perigos, motivar-nos a alcançar objetivos e proteger aqueles que amamos. O verdadeiro desafio é encontrar um equilíbrio saudável entre seguir nossos instintos e exercer o controle racional sobre eles.

Em suma, a capacidade de dominar nossos instintos é uma das características mais notáveis que nos distingue de outros animais. É essa habilidade que nos permite viver em sociedades complexas, resolver conflitos de maneira pacífica e criar um mundo mais justo e cooperativo. E, apesar dos desafios diários, cada vez que escolhemos a razão em vez da reação impulsiva, reafirmamos nossa humanidade e nossa capacidade única de evoluir para além dos nossos instintos básicos.

sábado, 20 de abril de 2024

Caudatários Sociais

Ah, o ser humano, uma espécie cheia de nuances e complexidades, e uma delas é essa ideia de ser "caudatário". Você já ouviu falar desse termo? Pode não ser algo que usamos no dia a dia, mas tem lá sua importância quando pensamos nas relações sociais e nos direitos que temos ou que, às vezes, nos são negados.

Imagine só: você está ali, naquela fila do banco que parece nunca acabar, esperando pacientemente para resolver um problema na sua conta. Enquanto isso, observa as pessoas ao redor. Algumas parecem mais apressadas do que outras, como se tivessem um lugar mais importante para estar. E aí você se pega pensando: por que algumas pessoas parecem ter mais direitos do que outras?

Bem, é aí que entra essa ideia de ser caudatário. Ser caudatário significa ter o direito de usufruir de algo, seja um benefício, uma oportunidade ou simplesmente um lugar na fila do banco. E isso está diretamente ligado à nossa posição na sociedade e aos privilégios que nos são concedidos ou negados.

Pensemos, por exemplo, nas crianças que têm acesso a uma educação de qualidade desde cedo, com escolas bem equipadas, professores bem preparados e todas as oportunidades para desenvolver seu potencial. Elas estão sendo caudatárias desse sistema educacional privilegiado. Mas e aquelas crianças que não têm a mesma sorte? Que frequentam escolas precárias, com poucos recursos e enfrentam todo tipo de dificuldade para aprender? Será que elas também são caudatárias, mas de um sistema injusto e desigual?

Aqui entramos em um território onde as ideias de pensadores como Paulo Freire se tornam relevantes. Freire, um educador brasileiro renomado, falava sobre a importância da educação como ferramenta de libertação. Ele acreditava que, através do conhecimento e da conscientização, as pessoas poderiam romper com as amarras da opressão e se tornarem agentes de mudança em suas próprias vidas e em suas comunidades.

Então, quando olhamos para essas crianças que enfrentam dificuldades na escola, talvez a chave para mudar essa situação esteja em dar a elas não apenas acesso à educação, mas uma educação que as capacite a questionar, a pensar criticamente e a lutar por seus direitos. Em outras palavras, torná-las verdadeiras caudatárias de um sistema que valoriza a igualdade e a justiça.

E não pense que essa questão se limita apenas à educação. Ela está presente em todas as áreas da nossa vida social: no mercado de trabalho, na saúde, na política, em cada interação que temos com o mundo ao nosso redor.

Então, quando você se encontrar em uma situação onde seus direitos estão em jogo, ou quando perceber que alguém ao seu lado está sendo privado dos seus, lembre-se do que significa ser caudatário. E mais do que isso, pense em como podemos trabalhar juntos para construir uma sociedade onde todos tenhamos os mesmos direitos e oportunidades.

sexta-feira, 19 de abril de 2024

Modificar a Natureza


 

Sabe quando você está lá, de boas, fazendo suas coisas, e de repente para e pensa: "Por que diabos a gente faz o que faz?" É, é tipo isso que me leva a fazer essas reflexões. Porque, sério, a vida tá cheia de coisas malucas e a gente só vai vivendo no piloto automático, sem parar para pensar no porquê por trás de tudo. Mas aí vem aquele momento em que a mente dá um "pause" e a gente começa a questionar. E quer saber? Acho que é daí que surgem as melhores conversas e os insights mais loucos. Então, vamos mergulhar nessa reflexão juntos e ver onde isso nos leva!

"Você já parou para pensar como a nossa vida é uma constante batalha contra a natureza? Desde os primórdios da humanidade, temos lutado para nos adaptar e, muitas vezes, modificar o mundo ao nosso redor para garantir nossa sobrevivência. E olha, não é à toa que isso acontece.

Vamos começar com algo simples: a comida que consumimos. Imagine só se ainda estivéssemos caçando e coletando tudo o que comemos. Seria uma verdadeira saga! Mas, graças à agricultura, aprendemos a domesticar a terra, a plantar e colher nossos alimentos. E olha que isso não foi fácil! Foi preciso estudar, observar e aprender com a natureza para entender como fazer as coisas crescerem da melhor forma possível.

Freud, o famoso psicanalista, já dizia que a vida como a conhecemos é difícil demais para nós. E não é para menos! A natureza é implacável, e se não nos adaptamos, podemos sofrer as consequências. Imagine só enfrentar as intempéries sem um abrigo seguro, ou ficar à mercê dos predadores sem nenhuma defesa.

Mas não estamos falando apenas de sobrevivência física. A nossa luta contra a natureza também se estende ao nosso mundo interior. Freud nos mostrou como lidamos com conflitos internos, traumas e desejos muitas vezes contraditórios. E, para enfrentar esses desafios, também precisamos modificar a nossa natureza psicológica, buscar o equilíbrio e a harmonia dentro de nós mesmos.

Hoje em dia, vemos essa luta contra a natureza de forma mais sutil, mas não menos importante. Desde as cidades que construímos até as tecnologias que desenvolvemos, estamos constantemente moldando o mundo ao nosso redor para atender às nossas necessidades e conforto.

E a educação tem o poder de transformar a natureza do ser humano? Do que se trata a natureza do ser humano?

A natureza do ser humano é uma mistura complexa de características biológicas, emocionais, sociais e culturais. Quando falamos em modificar essa natureza, estamos basicamente falando em influenciar como as pessoas pensam, agem e interagem com o mundo ao seu redor.

Por exemplo, a educação pode ajudar a desenvolver a empatia e o senso de responsabilidade social em uma pessoa, modificando sua natureza para torná-la mais solidária e preocupada com o bem-estar dos outros. Ela também pode estimular o desenvolvimento da criatividade e da capacidade de resolução de problemas, modificando a forma como uma pessoa enfrenta desafios e busca soluções.

Além disso, a educação pode influenciar as crenças e valores de uma pessoa, moldando sua visão de mundo e suas escolhas éticas. Ela pode promover o respeito pela diversidade, a tolerância e o entendimento mútuo, modificando a forma como uma pessoa se relaciona com aqueles que são diferentes dela.

A natureza do ser humano que está sendo modificada pela educação é aquela que define quem somos como indivíduos e como sociedade: nossas atitudes, nossos valores, nossas habilidades e nossa capacidade de nos relacionarmos uns com os outros e com o mundo que nos cerca.

Você já parou pra pensar como a educação tem o poder de transformar completamente a forma como enxergamos o mundo e como interagimos com ele? É tipo um superpoder que a gente tem nas mãos, sabe? Tipo aqueles personagens dos quadrinhos que têm o poder de mudar a realidade com um simples pensamento. E olha, não é exagero não!

Vamos imaginar essa cena: lá está você, no meio da sala de aula, meio sonolento, bocejando enquanto o professor fala sobre respeito e compreensão. A princípio, parece só mais uma aula chata, né? Mas aí, aos poucos, você começa a perceber como as histórias que ele conta sobre diferentes culturas e experiências de vida abrem sua mente pra uma nova forma de enxergar as pessoas ao seu redor. E então você lembra das palavras do grande pensador Paulo Freire, que defendia uma educação libertadora, que não apenas ensina conteúdos, mas transforma consciências. E aí você percebe que, naquele momento, sua natureza humana está sendo modificada, se expandindo, se tornando mais empática e compreensiva. É como se a educação estivesse mexendo nos seus fios internos, ajustando sua visão de mundo, sua relação com os outros e até consigo mesmo. É ou não é um superpoder incrível?

E aí, pensa só nas possibilidades! Se a gente investisse mais em educação de qualidade, desde os primeiros anos de vida, imagina o impacto que isso teria na nossa sociedade. Não só teríamos pessoas mais preparadas pra enfrentar os desafios do mundo moderno, mas também teríamos cidadãos mais conscientes, mais solidários, mais dispostos a fazer a diferença. É como disse o grande educador brasileiro Anísio Teixeira: "Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo." Então, bora lá, pessoal, vamos dar as mãos e mudar o mundo, um passo de cada vez, começando pela educação!

Então, quando você se pegar reclamando da vida moderna, lembre-se de que estamos aqui por causa da nossa capacidade de modificar e domesticar a natureza, tanto lá fora quanto dentro de nós. É essa habilidade que nos permitiu sobreviver e prosperar ao longo dos séculos, enfrentando desafios que até mesmo Freud reconheceu como árduos demais. E, quem sabe, ao entender melhor essa relação, possamos encontrar um pouco mais de paz e gratidão em nosso dia a dia.

Pois é, chegamos ao final desse papo sobre como a gente mexe com a natureza pra sobreviver. Mas antes de fecharmos essa conversa, deixa eu jogar uma última ideia aqui. Olha, é fácil se perder nessa correria maluca do dia a dia e esquecer que, no final das contas, somos só uma partezinha desse mundão incrível que é a natureza. Por mais que a gente pense que manda em tudo, a verdade é que a natureza é quem dá as cartas. Então, que tal a gente lembrar sempre de respeitar e agradecer por tudo o que ela nos proporciona? Vamos cuidar das florestas, dos bichinhos, dos rios, porque, afinal, é tudo nosso lar. Quem sabe, se a gente começar a reconhecer isso, a gente não consegue viver numa boa, em paz com nós mesmos e com o mundo lá fora. Então, vamos cuidar do nosso planetinha, porque é só esse que a gente tem! Valeu pelo papo e até a próxima!

sábado, 13 de abril de 2024

Tabula Rasa

Você já parou para pensar como tudo que você sabe hoje foi um dia apenas um vazio esperando para ser preenchido? Parece meio maluco, né? Mas é isso que a teoria da tabula rasa nos diz. Imagine sua mente como uma lousa em branco, pronta para ser preenchida com todas as cores e formas do mundo ao seu redor. É essa a ideia que tem intrigado filósofos, psicólogos e até mesmo nós, seres comuns, há séculos.

A história dessa ideia remonta a nomes famosos como o filósofo britânico John Locke, que lá no século XVII lançou a bomba: nós nascemos sem saber de nada! Nenhuma pista, nenhum conhecimento prévio. É como se estivéssemos todos começando o jogo do zero.

E não é difícil de acreditar, certo? Pense nas crianças ao seu redor. Elas estão constantemente absorvendo informações, aprendendo palavras novas, descobrindo o mundo ao seu redor. Não é à toa que dizem que a infância é a fase mais importante da vida, quando estamos mais abertos a absorver tudo quase como uma esponjinha.

Mas vamos dar uma olhada em como isso funciona no dia a dia. Imagine um bebê. Ele nasce sem saber o que é um cachorro, uma árvore, ou até mesmo o próprio rosto. Mas aos poucos, vai reconhecendo essas coisas através da experiência sensorial: sentindo o cheiro do cachorro, tocando a textura da árvore, vendo seu próprio reflexo no espelho. É assim que a lousa vai sendo preenchida, uma experiência de cada vez.

A tabula rasa também tem suas ramificações na educação. Pense nos professores como os artistas que ajudam a preencher essa lousa. Eles têm o desafio de tornar o aprendizado divertido e envolvente, porque estão lidando com mentes em branco sedentas por conhecimento. Eles precisam encontrar maneiras criativas de ensinar, de fazer com que cada lição seja uma nova pincelada no quadro da mente.

Mas, é claro, nem todo mundo concorda com essa ideia. Alguns argumentam que há certas coisas que já nascemos sabendo, como instintos básicos de sobrevivência, ou até mesmo predisposições genéticas para certos talentos. Eles apontam para estudos que mostram que, mesmo desde muito jovens, os seres humanos parecem ter uma compreensão intuitiva de certos conceitos.

No fim das contas, a tabula rasa é mais do que apenas uma teoria acadêmica. É uma ideia que nos faz refletir sobre a natureza da mente humana, sobre como aprendemos e nos desenvolvemos ao longo da vida. Então, da próxima vez que olhar para uma criança brincando inocentemente, lembre-se: ela está construindo seu próprio mundo, um traço de cada vez, em uma lousa em branco chamada mente humana.

Uma situação adicional em que podemos mencionar a tabula rasa é ao discutir a formação de opiniões e crenças ao longo da vida. Assim como nossa mente é uma lousa em branco no nascimento, nossa visão de mundo também pode ser considerada inicialmente como uma "tábula rasa", esperando para ser preenchida com ideias, valores e crenças.

Pense em alguém que está sendo exposto a diferentes pontos de vista sobre um determinado assunto, como política, religião ou meio ambiente. Inicialmente, essa pessoa pode não ter uma opinião formada sobre o tema e está aberta a aprender e absorver informações.

Conforme ela é exposta a diferentes perspectivas, argumentos e experiências, sua mente começa a processar essas informações e a formar suas próprias opiniões e crenças. Cada nova informação recebida é como uma peça de quebra-cabeça sendo colocada na lousa em branco da mente, contribuindo para a formação de uma visão mais completa e complexa do mundo.

Essa ideia da mente como uma "tábula rasa" na formação de opiniões também pode ser aplicada em debates contemporâneos sobre polarização política e tribalismo. Às vezes, as pessoas podem ficar presas em bolhas sociais ou filtrar informações de acordo com suas crenças preexistentes, impedindo-as de ver a "tábula rasa" como uma oportunidade para aprender e crescer através da exposição a diferentes perspectivas.

Ao discutir como formamos nossas opiniões e crenças ao longo da vida, podemos mencionar a tabula rasa como uma metáfora poderosa para ilustrar a mente como um receptáculo inicialmente vazio, pronto para ser preenchido com as experiências e influências do mundo ao nosso redor. 

domingo, 3 de dezembro de 2023

Ladeiras Escorregadias


Ladeiras Escorregadias

A metáfora das "ladeiras escorregadias" é frequentemente utilizada para descrever situações ou decisões que podem levar a consequências indesejadas ou perigosas. Ela sugere a ideia de que uma vez que você começa a descer uma ladeira íngreme e escorregadia, pode ser difícil ou até mesmo impossível parar ou reverter o processo. Essa metáfora destaca a noção de que algumas escolhas ou ações podem ter um efeito cascata, levando a situações fora de controle. Ela é muitas vezes usada para alertar sobre a importância de tomar decisões cuidadosas e considerar as possíveis consequências antes de se envolver em determinados caminhos.

Por exemplo, alguém pode usar a expressão "estamos indo por uma ladeira escorregadia" para descrever uma série de decisões ou eventos que estão levando a uma situação problemática, e a sugestão é que é preciso agir para evitar consequências negativas futuras. Essa metáfora destaca a ideia de que certas ações podem ter um efeito dominó, onde cada passo subsequente se torna mais difícil de controlar ou reverter.

A vida muitas vezes nos apresenta encruzilhadas, onde as escolhas que fazemos podem se assemelhar a descer uma ladeira escorregadia. Essa metáfora, tão rica em significado, ilustra de maneira vívida a ideia de que algumas decisões podem nos levar a caminhos desconhecidos e, muitas vezes, perigosos.

A vida é feita de escolhas, pequenas e grandes. Às vezes, tomamos decisões aparentemente inofensivas, como escolher entre café ou chá pela manhã. Há momentos em que as escolhas são mais significativas, envolvendo carreiras, relacionamentos e valores fundamentais. É nessas encruzilhadas que as ladeiras escorregadias se revelam. Vamos nos imaginar no topo de uma colina íngreme. A paisagem à frente é desconhecida, e a tentação de se aventurar é irresistível. Aqui é onde começamos nossa descida pela ladeira escorregadia. Muitas vezes, as escolhas parecem emocionantes no início, mas é fácil subestimar a inclinação da ladeira e ignorar os sinais de alerta.

À medida que descemos, as consequências das nossas escolhas começam a se manifestar. Uma decisão pode levar a outra, criando uma série de eventos que parecem escapar ao nosso controle. É como se estivéssemos deslizando pela ladeira, incapazes de frear o ímpeto crescente. No meio da ladeira, as coisas podem ficar desafiadoras. As escolhas que pareciam promissoras no início podem revelar-se mais complicadas do que imaginávamos. É nesse ponto que podemos perceber que a ladeira escorregadia não é apenas uma metáfora, mas uma realidade que exige nossa atenção.

É importante reconhecer quando estamos descendo por uma ladeira escorregadia e estar disposto a reavaliar nossas escolhas. Em vez de nos resignarmos ao impulso descendente, podemos buscar maneiras de enfrentar os desafios. Às vezes, isso significa dar um passo para trás, reconsiderar nossas prioridades e, se necessário, mudar de direção.

Alertas não nos faltam, Ben Dupré, em seu livro 50 ideias de Filosofia, já nos alertava que a ladeira escorregadia não é o único risco pelo qual o moralizador popular nos alerta. O primeiro tropeção numa ladeira escorregadia costuma precipitar um mergulho em direção a uma floresta cheia de outros perigos verbais, onde há barulho de dominós que caem, bolas de neve que crescem monstruosamente, comportas que se abrem e icebergs que mostram apenas suas pontas.

A vida é cheia de morros, subidas e descidas, onde há morro também há ladeiras, algumas escorregadias, a vida pode ser uma jornada cheia de ladeiras escorregadias, não coloque a culpa na chuva por ter escorregado, sabendo que choveu e a ladeira é escorregadia a decisão e os cuidados são nossos quando escolhemos descer por ela. Cada escolha é uma oportunidade para descer por uma nova colina, mas também traz consigo a responsabilidade de lidar com as consequências. Ao reconhecer a natureza escorregadia dessas ladeiras, podemos abraçar a sabedoria de tomar decisões conscientes e, quando necessário, encontrar maneiras de subir de volta ao topo. Então, que possamos desbravar as ladeiras da vida com cautela e coragem, aprendendo e crescendo ao longo do caminho. Na pratica e em nosso cotidiano precisamos visualizar como nossas decisões podem escorregar ladeira abaixo, aparentemente seriam decisões simples, porém as consequências poderão ser desastrosas, vamos a alguns exemplos para nossa reflexão.

Um exemplo atual de uma decisão que pode ser considerada uma "ladeira escorregadia" é a dependência excessiva de plataformas de mídia social para interações sociais e formação de opiniões. Com a ascensão das redes sociais, muitas pessoas têm utilizado essas plataformas como principal fonte de informação, conexão social e validação. Inicialmente, o uso das redes sociais pode parecer inofensivo e até mesmo benéfico para a comunicação e compartilhamento de ideias. No entanto, ao descer essa ladeira, torna-se evidente que há consequências negativas potenciais. A exposição constante a informações enviesadas, o fenômeno das bolhas sociais, a disseminação de desinformação e os impactos na saúde mental são algumas das preocupações que surgem à medida que as pessoas continuam a depender excessivamente dessas plataformas. Essa dependência pode levar a uma perda de perspectiva da realidade, influenciar comportamentos prejudiciais e contribuir para a polarização social. Assim como deslizar por uma ladeira escorregadia, a jornada inicial pode parecer empolgante, mas os desafios e riscos aumentam à medida que a dependência cresce. Portanto, é crucial que as pessoas estejam cientes das potenciais armadilhas associadas ao uso excessivo de redes sociais e considerem formas de equilibrar a interação online com experiências do mundo real, além de buscar fontes de informação mais diversas e confiáveis. Essa consciência pode ajudar a evitar os perigos associados à descida pela "ladeira escorregadia" da dependência de plataformas de mídia social.

Outro exemplo atual de uma decisão que pode ser considerada uma "ladeira escorregadia" envolve a utilização crescente de empréstimos e créditos fáceis. Em muitas sociedades, o acesso rápido a empréstimos pode parecer uma solução conveniente para atender a necessidades financeiras imediatas, como compras não planejadas ou despesas emergenciais, mas à medida que as pessoas recorrem repetidamente a empréstimos e créditos sem um planejamento financeiro sólido, podem encontrar-se descendo por uma ladeira financeira escorregadia. O endividamento excessivo pode levar a uma série de consequências negativas, incluindo altas taxas de juros, dificuldades para pagar dívidas acumuladas e, em casos extremos, falência financeira. Assim como deslizar por uma ladeira íngreme, a facilidade inicial de acesso ao crédito pode seduzir as pessoas a tomar decisões financeiras rápidas sem considerar totalmente as implicações a longo prazo. Essa "ladeira escorregadia" financeira destaca a importância de uma gestão financeira responsável, orçamento cuidadoso e a conscientização sobre os riscos associados ao endividamento excessivo. Portanto, é fundamental que as pessoas considerem as consequências a longo prazo de suas decisões financeiras e busquem equilíbrio entre suas necessidades imediatas e a saúde financeira a longo prazo, evitando assim a descida perigosa por essa "ladeira escorregadia" financeira.

Mais um exemplo, e muito sério é a discussão em torno da legalização de drogas recreativas em alguns lugares pode ser vista como uma decisão que pode ser comparada a uma "ladeira escorregadia". Por exemplo, consideremos a legalização da maconha em alguns países e estados. Inicialmente, a legalização da maconha pode parecer uma abordagem progressista para lidar com questões relacionadas ao uso de substâncias psicoativas, potencialmente gerando benefícios financeiros e reduzindo a carga sobre o sistema de justiça criminal, mas à medida que se avança nesse caminho, podem surgir preocupações e desafios. A ladeira escorregadia aqui pode ser visualizada quando se discute a possibilidade de legalização de drogas mais potentes ou a remoção de restrições em relação a outras substâncias. A questão se torna complexa, envolvendo preocupações de saúde pública, segurança e potenciais impactos sociais. Ao descer essa "ladeira", pode haver uma série de desafios, incluindo o aumento do uso recreativo, problemas de dependência, efeitos negativos na saúde mental e aumento de acidentes relacionados ao uso de drogas. A questão da regulamentação e fiscalização torna-se crítica para evitar abusos e garantir que os benefícios iniciais da legalização não se transformem em riscos significativos para a sociedade. Assim, a legalização de drogas recreativas, como a maconha, exemplifica uma situação em que as decisões podem ter implicações significativas e onde é necessária cautela para evitar a descida por uma "ladeira escorregadia" que pode levar a consequências imprevistas e desafiadoras.

Há pouco tempo todos no mundo vivenciaram o horror causado pela Covid-19, ela mostrou que não estamos preparados para enfrentar uma pandemia e todas as suas consequências, vivemos de maneira dura problemas em todas as áreas, um exemplo ainda muito vívido em nossa memória foi na área da educação que pode ser associado a uma "ladeira escorregadia", foi e é a crescente dependência de tecnologias digitais no ensino, especialmente durante a pandemia, que acelerou a transição para o ensino online. Inicialmente, a adoção de tecnologias na educação foi vista como uma solução necessária para garantir a continuidade do aprendizado em situações de distanciamento social, mas à medida que essa transição avançou, surgiram preocupações e desafios. A "ladeira escorregadia" começou quando da dependência excessiva de tecnologias substituiu completamente as interações presenciais entre alunos e professores. A falta de contato humano direto resultou em perdas significativas na qualidade da educação, afetando o desenvolvimento social e emocional dos alunos. Outra coisa foi a disparidade de acesso à tecnologia e à internet explicitou a divisão digital, quando alguns alunos ficaram para trás devido à falta de recursos adequados. A dependência exclusiva de plataformas digitais também levantou preocupações sobre privacidade, segurança e a capacidade de manter os alunos envolvidos e motivados no ambiente virtual. A transição rápida para o ensino online destacou a importância de encontrar um equilíbrio entre a utilização eficaz da tecnologia e a preservação dos elementos essenciais da educação tradicional. É crucial evitar a descida pela "ladeira escorregadia" da dependência excessiva da tecnologia, garantindo que a educação permaneça inclusiva, equitativa e centrada no desenvolvimento holístico dos alunos. Esta área enfrentou problemas complexos os quais ainda não conseguimos identificar a amplitude das consequências, ainda estamos descobrindo o alcance dos estragos.

No mundo dos negócios um bom exemplo que pode ser comparado a uma "ladeira escorregadia" é a prática de cortes de custos excessivos em empresas. Inicialmente, a busca por eficiência e redução de despesas pode parecer uma estratégia sensata para melhorar a lucratividade e a competitividade, mas essa abordagem pode levar a consequências negativas a longo prazo. Ao iniciar essa descida pela "ladeira", as empresas podem reduzir investimentos essenciais em pesquisa e desenvolvimento, treinamento de funcionários, manutenção preventiva, qualidade de produtos e serviços, entre outros aspectos fundamentais. Esses cortes podem resultar em produtos de menor qualidade, uma força de trabalho desmotivada e clientes insatisfeitos. A ladeira escorregadia pode levar à perda de talentos valiosos, pois funcionários se sentem desvalorizados e desmotivados diante das restrições orçamentárias extremas. A qualidade do produto ou serviço pode decair, prejudicando a reputação da empresa no mercado e resultando em perda de clientes. A prática de cortes de custos excessivos representa uma "ladeira escorregadia" nos negócios, onde a busca cega por eficiência financeira pode comprometer a sustentabilidade a longo prazo da empresa. É importante encontrar um equilíbrio entre a gestão de custos e a manutenção da qualidade, inovação e satisfação do cliente para evitar deslizar por essa ladeira perigosa.

A metáfora da “Ladeira Escorregadia” pode parecer simples, mas percebemos que ela carrega muita sabedoria, sua mensagem pode ser sugerida em momentos carregados de tensão e emoção, e em muitos casos o seu apelo é ilusório e evasivo. A metáfora da ladeira escorregadia frequentemente destaca a ideia de que uma série de decisões ou ações leva a consequências indesejadas e muitas vezes irreversíveis. O apelo ilusório pode residir na atração inicial de escolhas aparentemente vantajosas e na subestimação das possíveis ramificações futuras.

Às vezes, as pessoas podem ser seduzidas pela empolgação ou pelas recompensas imediatas de uma decisão, ignorando ou minimizando os sinais de alerta em relação às possíveis consequências negativas. Isso cria uma ilusão de que a descida pela ladeira será suave e sem obstáculos. A natureza evasiva da ladeira escorregadia pode se manifestar quando as pessoas evitam enfrentar a realidade das implicações de suas escolhas. Pode haver uma relutância em reconhecer que a jornada iniciada pode se tornar mais difícil de controlar à medida que se desenrola. A ilusão e evasão associadas à ladeira escorregadia destacam a importância da reflexão consciente, avaliação de riscos e consideração das possíveis consequências antes de tomar decisões significativas. É vital estar ciente do potencial escorregadio dessas "ladeiras" e evitar a armadilha de ser atraído apenas pela emoção imediata, mantendo uma visão clara das possíveis implicações a longo prazo.

Na ladeira escorregadia se tivermos ajuda ela é bem-vinda, me veio a mente a expressão "se você der a mão na ladeira escorregadia" podemos interpreta-la de diversas maneiras, geralmente sugere uma colaboração, apoio ou intervenção para ajudar alguém que está enfrentando desafios ou está em uma situação complicada. A ideia é que, ao oferecer ajuda ou suporte, você pode ajudar a pessoa a evitar consequências negativas ou a superar dificuldades. Essa expressão destaca a importância do apoio mútuo e da solidariedade em momentos difíceis. Às vezes, quando alguém está descendo por uma "ladeira escorregadia" em sua vida, seja em termos de decisões, desafios pessoais ou profissionais, oferecer uma mão amiga pode fazer toda a diferença.

Pode também se referir a uma oportunidade de colaboração e trabalho em equipe para superar obstáculos. Dar a mão na ladeira escorregadia simboliza a disposição de estender auxílio, compartilhar responsabilidades e enfrentar juntos as dificuldades. A expressão sugere uma atitude positiva de apoio e colaboração em situações desafiadoras, reforçando a ideia de que, muitas vezes, enfrentar esses desafios em conjunto pode tornar a jornada mais gerenciável e menos perigosa.

Mas, por outro lado, se complementarmos a expressão "se der a mão...” com “...vão querer o braço", é onde mora o perigo, geralmente é usada para transmitir a ideia de que ao oferecer ajuda ou concessões a alguém, essa pessoa pode aproveitar a oportunidade para pedir ou exigir mais do que inicialmente acordado. Em outras palavras, ela destaca a preocupação de que ao iniciar um ato de generosidade ou colaboração, a outra parte pode tentar obter vantagens adicionais. Essa expressão sugere uma sensibilidade em relação às relações de poder e ao risco de ser explorado em situações de cooperação. Pode ser usada para expressar cautela ao lidar com certas pessoas ou situações, enfatizando a importância de estabelecer limites claros e comunicar expectativas para evitar abusos ou explorações. No contexto de negociações, parcerias ou relações interpessoais, essa expressão destaca a necessidade de equilíbrio e clareza nas expectativas mútuas. Ela alerta para a importância de estabelecer fronteiras e manter uma abordagem equitativa ao lidar com colaborações ou concessões, fica um alerta para ficarmos atentos a nossa perda cumulativa de liberdades civis!

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Sete Saberes


RESENHA do TEXTO “OS SETE SABERES NECESSÁRIOS À EDUCAÇÃO DO FUTURO” DE EDGAR MORIN
 

A presente resenha foi por mim elaborada e apresentada para atender tarefa solicitada pela professora Camila Dalcin junto a disciplina de A transversalidade dos temas filosóficos na Educação Básica I (Modulo 5) relativo ao curso de Pos Graduação em Filosofia na UFPEL - Universidade Federal de Pelotas.


            Propõe-se apresentar, neste trabalho resenha crítica do texto escrito por Edgar Morin, intitulado: “Os sete saberes necessários à educação do futuro”. Inicialmente cabe breve apresentação de Morin. Edgar Morin é um sociólogo e filósofo francês, pesquisador emérito do CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique). Formou-se em Direito, História e Geografia, realizou estudos em Filosofia, Sociologia, Epistemologia e Educação. Autor de mais de trinta livros, entre eles o tema da presente resenha.
O livro intitulado Os Sete Saberes necessários à Educação do Futuro foi o resultado de uma solicitação da UNESCO, em 1999, a Edgar Morin com o propósito de que ele aprofundasse a visão transdisciplinar da educação, que expusesse suas ideias sobre a educação do amanhã.  Com esse fim, o autor após profunda reflexão expõe os seus sete saberes imprescindíveis a uma educação integral e de qualidade como desejava a UNESCO.
Partindo da ideia de que a educação do futuro deve se aproximar mais das questões humanas, englobando cada vez mais aspectos do quotidiano e tomando o ser humano como referencial para o ensino, Morin nos apresenta caminhos que se abrem a todos os que pensam e fazem educação, e que estão preocupados com o futuro das crianças e adolescentes.
No texto, Morin lista sete aspectos que denomina de “saberes” para a educação. Tais aspectos ou saberes são ideias que proporcionariam uma priorização na humanização da educação e tirariam os atuais processos educativos do estado de inércia, fazendo com que esses evoluíssem de forma compassada com as atuais e novas realidades sociais a nós apresentadas.

Os “sete saberes” descritos por Morin são os seguintes:

O primeiro saber: “As cegueiras do conhecimento” – O erro e a ilusão, convida o educando e educador a compreender a essência e a origem dos processos de conhecimento. Inicialmente Morin trabalha a ideia de erro, a ideia de que todo conhecimento comporta o risco do erro e também da ilusão, porque a ciência sempre buscou afastar o erro de sua concepção, sendo assim tudo aquilo que era considerado como erro deveria ser retirado da criação do conhecimento. Conforme Morin, "O dever principal da educação é preparar cada um para enfrentar os não saberes com lucidez", ou seja, a necessidade de integrar os erros nas concepções para que o conhecimento possa avançar.
O outro fator abordado neste saber seria a ilusão, ou como somos iludidos sobre o mundo e sobre nossa realidade, que o acaba sendo permeado por nossas percepções, acaba traduzindo o conhecimento de acordo como nós entendemos. Ao buscar e considerar os erros e as ilusões deste conhecimento constantes nas concepções, conseguiríamos compreender e avançar para um conhecimento verdadeiro;
Conforme Morin, “A educação do futuro deve enfrentar o problema de dupla face do erro e da ilusão. O maior erro seria subestimar o problema do erro: a maior ilusão seria subestimar o problema da ilusão”;

O segundo saber: “Os princípios do conhecimento pertinente” focam na necessidade de inserir os conhecimentos assimilados em questões dos micros e macro-ambientes, estabelecendo as mútuas relações entre as partes, buscando trabalhar a ideia de conhecimento pertinente, o qual entre em contraposição com a ideia que para aprendemos temos que fragmentar, ou seja quando mais nos fragmentamos as disciplinas mais o conhecimento consegue avançar, ou seja, Morin defende a ideia que não é preciso acabar com a ideia da disciplina, mas rearticular a ideia de disciplina em outros contextos. A ideia central deste saber remonta a necessidade de que o todo é mais que a soma das partes temos que "pensar as relações entre o todo e as partes", onde a educação do futuro busca estimular a inteligência geral e o conhecimento do todo, portanto o conhecimento pertinente é uma ideia contra a fragmentação e o isolamento disciplinar.

O terceiro saber: “Ensinar a condição humana” tem a ideia de retornar à educação ao seu principal foco que é o ser humano, fazendo com que as diversas disciplinas convirjam nesse único objetivo. É necessário aprender que o ser humano possui multidimensionalidades, além de seres culturais que somos, também somos naturais, psíquicos, físicos, míticos e imaginários, toda esta unidade complexa é desintegrada na educação por meio de disciplinas, tornando-se difícil aprender o que realmente significa ser humano. Para situar o ser humano no universo é preciso então, conhecê-lo com e em sua complexidade, se quisermos avançar para um ensino que não seja “apenas fragmentado e não conectado”.

O quarto saber: “Ensinar a identidade terrena” é preciso determinar a necessidade da promoção do estudo da história da humanidade, identificando seus principais aspectos “evolutivos” e a “identidade planetária” constituída a partir de então, bem como os problemas em comum de todas as nações originários destes aspectos, tal como a ideia da sustentabilidade, precisamos ver que nosso pequeno planeta precisa ser sustentado, afinal a Terra é a nossa pátria e daqui não temos para onde sair. As próximas gerações dependerão de nossas atitudes, a educação deve abraçar o conceito de sustentabilidade de maneira que entendam a ideia desta condição ser primordial para sobrevivência de todo ser vivo na Terra.

O quinto saber: “Enfrentar as incertezas” tem o intuito de advertir que os empregos da ciência nos processos educativos apenas nos fizeram entrar em contato com certezas geradas por ela, mas ignoraram as várias incertezas que também foram descobertas nesses mesmos casos, culminou por excluir a possibilidade de um preparo para o enfrentamento de imprevistos. É cabível o ensinamento do princípio da incerteza no qual o conhecimento cientifico nunca é o produtor absoluto de certezas, ao contrário, tudo aquilo que foi criado pelo homem foi a partir da ideia de incerteza. A incerteza pode comandar o avanço preparando educador e educando para enfrentar as situações imprevistas.

O sexto saber: “Ensinar a compreensão” recomenda e propõe a compreensão mútua entre os seres humanos, afim de gerar bases mais seguras de educação para a paz, promovendo, para isso, reformas das mentalidades. A reforma das mentalidades é no sentido de que a compreensão deva ser o meio e o fim da comunicação humana, e a comunicação voltada para compreensão, num ciclo onde as disciplinas que brigam entre si, departamentos que não se entendem com os outros, áreas de conhecimento que não se falam com outras, finalmente consigam se comunicar, portanto a comunicação humana é imprescindível e entenda não apenas o micro, mas entenda o macro ambientes de educação. É preciso entender e trabalhar a nova mentalidade de que é necessário introduzir o ensino da compreensão nas unidades de ensino em qualquer nível que elas exerçam, inclusive e principalmente a ideia da compreensão pode e de ser estendido ao nosso planeta que precisa de mais compreensão, onde infelizmente o que prejudica o avanço é a atual incompreensão politicas, ideológicas e econômicas.

E finalmente, o sétimo saber: “A ética do gênero humano” tem a intenção de conduzir a educação através do caminho da “antropoética”, que é a ética do gênero humano (ética pode ser resumida em: não desejar para os outros, aquilo que não desejo para mim, ideia presente no imperativo categórico kantiano), sendo ensinada e reintroduzida nas escolas, fazendo com que a ética seja formada nas mentes, não através e apenas de lições de moral, mas com base na pedra fundamental instalada na consciência de que o ser humano é indivíduo (micro) e, ao mesmo tempo, parte da sociedade e a espécie (macro). A religação do indivíduo, sociedade e espécie, dependem da construção de uma antropoética.

Morin apresentou suas ideias como inspirações que motivariam o educador a repensar seu posicionamento na docência, com sua relação com os outros discentes, frente a grade curricular, na relação da disciplina em si e na sua relação com o processo avaliativo, no entanto Morin não resolveu o problema do “como” aplicar os sete saberes na esperada reforma da educação, na qual ainda se está a discutir e tentando decidir junto as instituições de ensino soluções para o problema. Em princípio estamos cientes que os sete saberes poderão contribuir para união das disciplinas fragmentadas, o que foi proposto por Morin seria uma redefinição dos currículos que integram os saberes e assim propiciem a formação e as ações de um novo educador, inclusive estimulando o diálogo entre “diferentes”, reconhecendo que poderá haver relações de tensão entre os opostos (singular e universal, local e global, sujeito e objeto).
Entretanto, vejo a implementação de tais saberes com dúvida e relativa descrença, pois isto deveria promover uma verdadeira mudança na consciência e comportamento social das pessoas e não apenas dos processos educativos, o que sabemos seja difícil, pois vivemos numa sociedade individualista, consumista e pouco solidária, onde valores éticos estão como que amortecidos.
A sociedade tem se importado mais com os casos de corrupção do que com a educação (veja-se que STF trabalha quase todo o tempo para discutir casos de corrupção, onde as decisões do STF são vistas com profundo ceticismo), os noticiários do mundo relatam fatos da falta de ética, falta de compreensão, dificuldades de comunicação. Nas escolas encontramos o desmantelamento do ensino com baixos índices de aprendizagem, currículo confuso, desestímulo dos docentes em prosseguir na carreira de docentes, a quebra da autoridade da escola e consequentemente dos docentes que seria o mínimo necessário para contribuir numa melhor educação, isto tudo está afetando os processos educativos que ora estão bastante aquém da contemplação dessas necessidades.
Entendo que a difusão dos “sete saberes” de Morin deve tornar-se um referencial para cada educador em suas ações, que a sociedade (macro) ampare e assimile urgentemente a proposta de Morin, e que por atitudes possam chegar no educando (micro). Estamos cientes que será desencadeado um processo lento de mudança de mentalidade, até que esses “saberes” realmente exerçam alguma influência na forma de educar e, consequentemente, nas bases da sociedade nacional e mundial.

Bibliografia:
Morin, Edgar, 1921- Os sete saberes necessários à educação do futuro / Edgar Morin ; tradução de
Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya ; revisão técnica de Edgard de Assis Carvalho. – 2. ed. – São Paulo : Cortez ; Brasília, DF : UNESCO, 2000.