Outro dia me vi perdido em uma daquelas situações onde tudo faz sentido demais. O tipo de problema que não é confuso porque falta clareza, mas porque há clareza demais — uma sequência de raciocínios tão bem amarrada que parece um labirinto onde cada caminho é correto, mas ainda assim não se acha a saída.
Esse
é o que poderíamos chamar de estresse lógico e filosófico. Um cansaço mental
que vem não da ausência de respostas, mas do excesso delas — como se a mente
fosse uma máquina que não consegue parar de gerar hipóteses perfeitamente
racionais, mas incapazes de aliviar qualquer angústia.
O
estresse lógico aparece naquelas noites de insônia em que você se pergunta se
tomou a decisão certa, repassando argumentos prós e contras como se fosse um
advogado dentro da própria cabeça. Ou nas discussões em que ambas as partes
estão certas, mas a questão continua aberta. A lógica, nesses momentos, se
torna uma corrente que nos prende à tarefa de pensar até o fim — como se
houvesse sempre mais um detalhe a ser considerado.
Há
algo de cruel nisso. Pensar, essa ferramenta tão humana, pode se virar contra
nós quando deixa de ser meio e vira fim. É quando o pensamento se fecha sobre
si mesmo, em círculos perfeitos que não oferecem nenhuma válvula de escape.
O
filósofo N. Sri Ram tem uma pista para sair dessa armadilha. Ele dizia que
"o pensamento analítico tem seu lugar, mas não pode tocar a essência da
vida". Segundo ele, há um tipo de compreensão que vai além da lógica — uma
percepção direta, quase intuitiva, que só acontece quando a mente descansa de
suas próprias operações.
Talvez
o segredo seja interromper o processo. Soltar o raciocínio como quem solta uma
pipa — deixar que ele voe um pouco mais longe, sem tanta vigilância. Porque o
que nos liberta não é necessariamente encontrar a resposta certa, mas permitir
que o silêncio ocupe o lugar que o pensamento não consegue alcançar.
O
estresse lógico, no fim das contas, não é só um problema mental — é um lembrete
de que a vida não cabe inteira dentro de esquemas. Às vezes, a melhor decisão é
aquela que tomamos sem ter certeza absoluta. E a melhor filosofia é aquela que
sabe quando parar de pensar.