Pensar "kafkiano", quem é que não entrou neste labirinto? pensar “Kafkiano “é entrar em um labirinto de absurdos e burocracias sufocantes, onde o cotidiano se transforma em uma trama de perplexidades. Franz Kafka, com suas histórias que beiram o surreal, nos convida a refletir sobre a angústia existencial e a impotência diante de um sistema imperscrutável e opressor.
Imagine-se
num dia comum, indo ao trabalho. Você entra no escritório, cumprimenta os
colegas, e então recebe uma convocação para uma reunião urgente. Nada fora do
comum, exceto pelo fato de que ninguém sabe quem a convocou, qual o motivo, ou
mesmo onde será realizada. Todos parecem estar apenas seguindo ordens
invisíveis, num ritmo automático, sem questionamentos.
Kafka
descreve esse sentimento em obras como "O Processo" e "A
Metamorfose". Em "O Processo", Josef K. é preso sem saber o
motivo, e ao longo da narrativa, sua busca por respostas o leva a um labirinto
de salas de tribunais, arquivos e figuras de autoridade que nunca lhe dão uma
resposta clara. É uma crítica mordaz à burocracia e ao sentimento de desamparo
que ela pode causar.
Agora,
traga isso para sua vida. Você já sentiu que estava lutando contra algo
invisível? Talvez seja a burocracia do serviço público, onde cada passo parece
levar a outro beco sem saída, ou talvez seja aquela sensação de que suas ações
não têm impacto real, como se estivesse preso em uma teia de regras que ninguém
entende completamente.
O
filósofo Albert Camus, em seu ensaio "O Mito de Sísifo", toca em
pontos similares. Ele descreve a vida como um ato repetitivo e aparentemente
sem sentido, comparando-a ao mito de Sísifo, que foi condenado a rolar uma
pedra morro acima apenas para vê-la rolar de volta ao ponto de partida. Camus,
no entanto, sugere que devemos imaginar Sísifo feliz, encontrando significado
na própria luta.
Pensar
kafkiano nos força a confrontar a realidade absurda e, ao fazê-lo, nos desafia
a encontrar algum sentido ou revolta pessoal contra o sistema opressivo. Talvez
seja essa a mensagem oculta nas histórias de Kafka: embora possamos nos sentir
como peões em um jogo incompreensível, temos a capacidade de resistir, de
buscar compreensão e, finalmente, de afirmar nossa própria existência contra as
forças que tentam nos diminuir.
Então,
quando você se encontrar em um labirinto burocrático ou sentindo-se esmagado
pela absurda complexidade do cotidiano, lembre-se de Kafka e Camus. Permita-se
questionar, resistir e, acima de tudo, encontrar significado na sua jornada,
mesmo que o caminho pareça kafkiano demais para ser real.