Pesquisar este blog

Mostrando postagens com marcador Kafka. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Kafka. Mostrar todas as postagens

domingo, 4 de agosto de 2024

Pensar kafkiano

Pensar "kafkiano", quem é que não entrou neste labirinto? pensar “Kafkiano “é entrar em um labirinto de absurdos e burocracias sufocantes, onde o cotidiano se transforma em uma trama de perplexidades. Franz Kafka, com suas histórias que beiram o surreal, nos convida a refletir sobre a angústia existencial e a impotência diante de um sistema imperscrutável e opressor.

Imagine-se num dia comum, indo ao trabalho. Você entra no escritório, cumprimenta os colegas, e então recebe uma convocação para uma reunião urgente. Nada fora do comum, exceto pelo fato de que ninguém sabe quem a convocou, qual o motivo, ou mesmo onde será realizada. Todos parecem estar apenas seguindo ordens invisíveis, num ritmo automático, sem questionamentos.

Kafka descreve esse sentimento em obras como "O Processo" e "A Metamorfose". Em "O Processo", Josef K. é preso sem saber o motivo, e ao longo da narrativa, sua busca por respostas o leva a um labirinto de salas de tribunais, arquivos e figuras de autoridade que nunca lhe dão uma resposta clara. É uma crítica mordaz à burocracia e ao sentimento de desamparo que ela pode causar.

Agora, traga isso para sua vida. Você já sentiu que estava lutando contra algo invisível? Talvez seja a burocracia do serviço público, onde cada passo parece levar a outro beco sem saída, ou talvez seja aquela sensação de que suas ações não têm impacto real, como se estivesse preso em uma teia de regras que ninguém entende completamente.

O filósofo Albert Camus, em seu ensaio "O Mito de Sísifo", toca em pontos similares. Ele descreve a vida como um ato repetitivo e aparentemente sem sentido, comparando-a ao mito de Sísifo, que foi condenado a rolar uma pedra morro acima apenas para vê-la rolar de volta ao ponto de partida. Camus, no entanto, sugere que devemos imaginar Sísifo feliz, encontrando significado na própria luta.

Pensar kafkiano nos força a confrontar a realidade absurda e, ao fazê-lo, nos desafia a encontrar algum sentido ou revolta pessoal contra o sistema opressivo. Talvez seja essa a mensagem oculta nas histórias de Kafka: embora possamos nos sentir como peões em um jogo incompreensível, temos a capacidade de resistir, de buscar compreensão e, finalmente, de afirmar nossa própria existência contra as forças que tentam nos diminuir.

Então, quando você se encontrar em um labirinto burocrático ou sentindo-se esmagado pela absurda complexidade do cotidiano, lembre-se de Kafka e Camus. Permita-se questionar, resistir e, acima de tudo, encontrar significado na sua jornada, mesmo que o caminho pareça kafkiano demais para ser real.