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quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Ceifador Sem Coração

Estava caminhando pelo parque outro dia, quando vi uma cena que me fez refletir profundamente. Devido aos grandes temporais que assolaram nosso Estado houve muita destruição no arvoredo, e em especial me chamou a atenção uma árvore majestosa, que certamente tinha presenciado inúmeras estações e gerações, estava sendo cortada por estar oferecendo risco de queda. O som da motosserra rasgando sua madeira ressoava no ar, e eu não conseguia deixar de pensar na figura do ceifador, aquele que corta, que põe fim às coisas, sem piedade ou remorso. Uma arvore derrubada me é sempre muito triste.

O ceifador, essa figura enigmática e sombria, muitas vezes é retratado como alguém sem coração. Ele vem, faz o seu trabalho e segue em frente, indiferente ao impacto de suas ações. Mas, será que ele realmente é sem coração, ou será que essa é uma visão simplista e incompleta da sua natureza?

Pensei nas vezes em que a vida nos força a ser ceifadores sem coração. Às vezes, precisamos tomar decisões difíceis, cortar laços, abandonar projetos que não estão dando certo ou até mesmo dizer adeus a pessoas que foram importantes para nós. Esses momentos são como o som da motosserra, incômodos e inevitáveis, mas necessários para que novas coisas possam surgir.

Lembrei-me de uma conversa de tempos atras que tive com um amigo do curso de filosofia, falamos sobre a impermanência das coisas, um conceito budista. E que a natureza da vida é o constante ciclo de nascimento e morte, de começos e fins. Assim como as árvores no parque, nós também precisamos passar por esse ciclo para crescer e evoluir. A figura do ceifador, então, pode ser vista não como um vilão sem coração, mas como um agente da mudança, um facilitador do ciclo natural da vida.

Esse pensamento me trouxe algum consolo. A vida é cheia de momentos em que precisamos ser fortes e tomar decisões que, à primeira vista, parecem frias e insensíveis. No entanto, esses momentos são necessários para que possamos seguir em frente e abrir espaço para novas oportunidades e experiências.

Quando eu vi a árvore caindo, percebi que, apesar da dor de vê-la partir, sua madeira agora teria novos usos. Talvez se tornasse parte de uma casa, um móvel ou algo que traria alegria e utilidade para alguém. Da mesma forma, as decisões difíceis que tomamos na vida podem abrir caminho para algo novo e positivo, mesmo que não possamos ver isso imediatamente. O ceifador sem coração, então, não é necessariamente uma figura a ser temida, mas sim compreendida. Ele nos lembra que a vida é feita de ciclos e que, para cada fim, há um novo começo esperando para acontecer.