Sabe
aqueles dias em que o mundo parece um teatro do absurdo? Você olha ao redor e
percebe que as pessoas estão correndo em direções aleatórias, defendendo causas
que nem entendem, seguindo regras que ninguém se lembra por que existem. Parece
um grande espetáculo sem roteiro, onde todos fingem que faz sentido. Bem-vindo
ao mundo insensato.
O
mundo continua em guerra aqui, lá e acolá, as guerras deste mundo insensato
assumem muitas formas—bélicas, econômicas, culturais, tecnológicas e até
psicológicas—mas todas compartilham a mesma lógica de confronto, dominação e
destruição. Se Clausewitz via a guerra como a política por outros meios, hoje
ela se manifesta também como a guerra da desinformação, das narrativas que
moldam a realidade ao gosto do poder. Mesmo na esfera íntima, há guerras
silenciosas: batalhas contra o tempo, contra si mesmo, contra um mundo que
exige produtividade sem pausa. Nietzsche diria que a guerra é inerente à vida,
um campo de forças em disputa; mas a questão é se podemos transformá-la de um
embate cego para um conflito criativo, onde o atrito não destrói, mas gera
novos sentidos. Camus diria que vivemos num mundo do absurdo!
A
insensatez do mundo pode ser vista na forma como nos apegamos a convenções
arbitrárias, como se fossem verdades absolutas. Se você não usa um terno em
determinada ocasião, é visto como inadequado; se não responde imediatamente a
uma mensagem, pode ser considerado rude. Mas quem escreveu essas regras? E,
mais importante, quem disse que elas fazem sentido?
Desde
a Grécia Antiga, os filósofos tentam entender esse caos organizado. Heráclito
já dizia que tudo está em constante fluxo, e talvez seja essa mudança
incessante que faz com que o mundo nunca pareça totalmente coerente.
Schopenhauer, por sua vez, enxergava a existência como um jogo de forças
irracionais – uma vontade cega nos arrastando por caprichos inexplicáveis. E
Nietzsche, sempre provocador, nos alertou sobre o perigo de aceitar verdades
impostas sem questioná-las. Afinal, o que chamamos de "sentido" pode
ser apenas uma ilusão útil para manter a ordem.
No
cotidiano, a insensatez se manifesta nos pequenos detalhes. Nos telejornais,
cada crise é tratada como um evento apocalíptico, mas esquecida na semana
seguinte. Pessoas passam anos da vida em trabalhos que odeiam, apenas para
sustentar um estilo de vida que não escolheram conscientemente. A publicidade
nos convence de que precisamos de coisas que nunca sentimos falta antes. Tudo
isso é racional? Ou apenas seguimos o fluxo, como folhas num rio sem destino
definido?
Talvez
a chave para sobreviver ao mundo insensato não seja tentar organizá-lo, mas
aprender a dançar com o caos. Em vez de buscar verdades definitivas, podemos
aceitar a complexidade e o paradoxo como parte da experiência humana. Como
diria Camus, a única resposta genuína ao absurdo da existência é a revolta –
mas não a revolta destrutiva, e sim a recusa em se deixar levar por uma lógica
que não é nossa.
Então,
o que fazer diante desse espetáculo desconcertante? Talvez a resposta esteja em
rir um pouco mais, questionar um pouco mais e, sobretudo, escolher o próprio
caminho, mesmo que ele pareça insensato para os outros. Afinal, se o mundo não
faz sentido, por que não criar o nosso próprio?
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