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quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Maneiras de Existir

Existir é uma questão de estilo. E cada um tem o seu. Vivemos em um mundo onde "ser" é muito mais do que estar presente fisicamente; é sobre como nos movimentamos pela vida, como reagimos ao vento, às palavras e aos silêncios. No fundo, todos temos maneiras distintas de existir, e essa multiplicidade faz o mundo ser tão fascinante quanto imprevisível.

Há quem prefira a existência discreta, quase invisível, como se quisesse passar pela vida sem fazer ondas, apenas flutuando na superfície das coisas. Essas pessoas muitas vezes são as mais observadoras, capturando detalhes que outros jamais notariam. Para elas, existir é sentir o movimento sutil da vida ao redor, sem a necessidade de intervir constantemente. Existe uma beleza em ser espectador, em deixar que a vida siga o seu curso sem tentar controlá-la.

Por outro lado, há aqueles cuja maneira de existir é mais explosiva, como um trovão que faz todos virarem a cabeça. Essas pessoas ocupam espaço, não porque desejam, mas porque são intensas por natureza. Sua energia transborda, e sua presença é sentida antes mesmo de falarem uma palavra. Eles existem na plenitude do agora, vivendo cada momento como se fosse único, pois, para eles, o amanhã é um conceito distante.

Mas entre o invisível e o trovejante, há quem prefira existir de forma serena, como um rio que segue o seu curso. Essas pessoas são tranquilas, e sua calma é quase contagiante. Elas entendem que a vida é feita de ciclos, de altos e baixos, e que é preciso fluidez para navegar entre os extremos. Elas não se perturbam facilmente, pois sabem que cada desafio é passageiro, e que a força está em manter-se centrado.

A maneira de existir também pode ser vista nas pequenas escolhas cotidianas. Alguns preferem começar o dia com silêncio, enquanto outros acordam já com música alta. Uns se sentem realizados no trabalho, outros na companhia de amigos, ou na solitude do pensamento. E todas essas formas de existir são válidas, pois refletem a singularidade de cada ser.

Pois então, aqui vem mais uma vez nosso filósofo existencialista trovejando com sua sapiência, o filósofo francês Jean-Paul Sartre, em seu famoso conceito de "existência precede a essência", nos lembra que não nascemos com uma natureza pré-definida. Ao contrário, somos responsáveis por construir quem somos ao longo da vida. Isso significa que nossa maneira de existir não é algo fixo, mas algo que moldamos a cada decisão, a cada experiência.

Nesse sentido, a maneira de existir de uma pessoa não precisa ser a mesma ao longo do tempo. Podemos ser discretos em certos momentos da vida e, em outros, escolher gritar nossa presença ao mundo. Às vezes, a vida pede que nos adaptemos, que reinventemos nossa maneira de ser. E isso é libertador, pois mostra que existimos em constante transformação, em um diálogo contínuo com o tempo e as circunstâncias.

Por fim, cada pessoa tem sua própria maneira de existir, e essa diversidade é o que torna o encontro com o outro tão rico. Ao conhecer alguém, não estamos apenas conhecendo uma biografia, mas um estilo de ser, uma forma particular de estar no mundo. E é nesse reconhecimento da diferença que aprendemos sobre nós mesmos.

No final, não existe uma maneira certa de existir, mas a nossa própria maneira. E viver é descobrir, pouco a pouco, qual é essa forma única que só nós podemos expressar.

Link da musica “Gente Feliz” de Vanessa Da Mata:

https://www.youtube.com/watch?v=f6gGqt5we_U&list=RDf6gGqt5we_U&start_radio=1


quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Dadiva do Existir

Enquanto ouvia mantras refletia a respeito de algo divino como a dadiva do existir.

Link dos mantras: https://www.youtube.com/watch?v=bOZdXEvEflA

A dádiva do existir é algo que nem sempre percebemos no dia a dia, mas está presente em cada respiração, em cada passo, e até nos momentos mais comuns, como uma xícara de café que tomamos sem pensar muito. Existir, por si só, é uma experiência tão vasta e misteriosa que se reflete nas pequenas e grandes coisas. É o que o filósofo francês Jean-Paul Sartre chamou de "facticidade" — o simples fato de estarmos aqui, jogados no mundo, sem que tenhamos pedido por isso, mas tendo a liberdade de moldar nossas vidas.

Essa dádiva, entretanto, não é algo que se abre para nós em momentos de calmaria. Muitas vezes, só notamos a profundidade de estar vivo quando somos forçados a confrontar nossa existência — seja por meio de uma crise pessoal, uma perda, ou uma mudança drástica. Nesses momentos, a dádiva se revela como algo frágil e, ao mesmo tempo, poderoso.

No dia a dia, podemos esquecer essa preciosidade, sufocados pela rotina, pela pressa, pelos prazos. Mas a verdadeira dádiva está nas brechas dessas atividades — quando, por um breve instante, olhamos para o céu, percebemos o vento no rosto ou nos perdemos em um sorriso inesperado de alguém. Nessas pausas, a existência se manifesta como um presente, algo que, mesmo sem explicação, pulsa com uma vitalidade que transcende a banalidade do cotidiano.

O filósofo Martin Heidegger nos convida a pensar no "ser" como algo que se revela a partir do silêncio. Segundo ele, existimos em um mundo de preocupações e distrações, mas é no "estar-no-mundo" que encontramos nossa essência. O simples ato de existir é uma oportunidade de sermos, de nos encontrarmos, de estarmos presentes no aqui e agora. Heidegger vê essa dádiva como uma abertura — uma janela para a autenticidade, para o real sentido de ser.

A dádiva do existir, portanto, é algo que nos escapa se não pararmos para sentir. Ela está no cotidiano, nas pequenas escolhas, nas reflexões que fazemos ao final do dia, na sensação de pertença ou de estranheza. O segredo está em desacelerar, em se permitir estar com a própria presença, reconhecendo que, no fundo, existir é um presente imenso que nos é dado sem qualquer garantia ou explicação.