Me perguntei como poderia controlar a energia da presença, numa dialética de mim comigo mesmo, redundante, coisas da imaginação. Pensei, controlar a energia que emana de nossa presença não é sobre abafar quem somos, mas sim sobre tomar consciência de como nos manifestamos no mundo — com o corpo, a voz, os gestos, o olhar, o silêncio e até a respiração. É como afinar um instrumento: não se trata de mudar a melodia, mas de tocar com intenção.
No
dia a dia, todos percebemos isso. Basta lembrar de alguém que entra em um
ambiente e, sem dizer uma palavra, muda o clima. Pode ser para melhor — com
leveza e segurança — ou para pior, com tensão ou arrogância. E muitas vezes,
quem tem essa presença marcante nem percebe o efeito que causa. A chave está em
perceber.
A
energia da presença está diretamente ligada ao nosso estado interior. Se
estamos ansiosos, irritados, inseguros ou eufóricos demais, isso se projeta no
nosso campo — mesmo que tentemos disfarçar com palavras gentis ou sorriso
social. Por isso, o primeiro passo para controlar essa energia é nos
observar de dentro para fora. Antes de falar, sentir. Antes de agir,
respirar.
É
um treino. Por exemplo:
–
Numa reunião de trabalho, ao invés de entrar falando alto para “mostrar
serviço”, experimente escutar primeiro e entender o clima do grupo.
–
Em casa, se chegar estressado, em vez de descarregar no outro, dê-se dois
minutos de silêncio consciente — nem que seja no banheiro, respirando fundo.
–
Ao conversar com alguém em sofrimento, pratique o olhar presente, sem pressa e
sem julgamento. Só isso já emana apoio.
A
filósofa Simone Weil dizia que “a atenção é a forma mais rara e pura de
generosidade.” Talvez seja isso: controlar a energia da presença é um ato
generoso, que começa com atenção a si mesmo e se expande como cuidado com o
outro.
No
fundo, a presença é como um perfume sutil: a gente não precisa borrifar nos
outros — basta estar inteiro, lúcido, com o coração poroso. O resto se comunica
sozinho.
Tá
aí, coisas da imaginação!