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quinta-feira, 8 de maio de 2025

Controlar a Energia

Me perguntei como poderia controlar a energia da presença, numa dialética de mim comigo mesmo, redundante, coisas da imaginação. Pensei, controlar a energia que emana de nossa presença não é sobre abafar quem somos, mas sim sobre tomar consciência de como nos manifestamos no mundo — com o corpo, a voz, os gestos, o olhar, o silêncio e até a respiração. É como afinar um instrumento: não se trata de mudar a melodia, mas de tocar com intenção.

No dia a dia, todos percebemos isso. Basta lembrar de alguém que entra em um ambiente e, sem dizer uma palavra, muda o clima. Pode ser para melhor — com leveza e segurança — ou para pior, com tensão ou arrogância. E muitas vezes, quem tem essa presença marcante nem percebe o efeito que causa. A chave está em perceber.

A energia da presença está diretamente ligada ao nosso estado interior. Se estamos ansiosos, irritados, inseguros ou eufóricos demais, isso se projeta no nosso campo — mesmo que tentemos disfarçar com palavras gentis ou sorriso social. Por isso, o primeiro passo para controlar essa energia é nos observar de dentro para fora. Antes de falar, sentir. Antes de agir, respirar.

É um treino. Por exemplo:

– Numa reunião de trabalho, ao invés de entrar falando alto para “mostrar serviço”, experimente escutar primeiro e entender o clima do grupo.

– Em casa, se chegar estressado, em vez de descarregar no outro, dê-se dois minutos de silêncio consciente — nem que seja no banheiro, respirando fundo.

– Ao conversar com alguém em sofrimento, pratique o olhar presente, sem pressa e sem julgamento. Só isso já emana apoio.

A filósofa Simone Weil dizia que “a atenção é a forma mais rara e pura de generosidade.” Talvez seja isso: controlar a energia da presença é um ato generoso, que começa com atenção a si mesmo e se expande como cuidado com o outro.

No fundo, a presença é como um perfume sutil: a gente não precisa borrifar nos outros — basta estar inteiro, lúcido, com o coração poroso. O resto se comunica sozinho.

Tá aí, coisas da imaginação!


sábado, 3 de maio de 2025

Aura invisível

 

O que você sente, antes de ver!

Tem gente que entra num ambiente e, antes mesmo de dizer “oi”, já preenche o espaço. E tem gente que mal chega e a gente sente um incômodo que não sabe explicar. Não tem nada de sobrenatural nisso — ou talvez tenha. Mas o fato é que existe algo que vai além das palavras, da aparência, até mesmo do comportamento. Uma presença que antecede a presença.

É disso que falo quando digo aura invisível.

Aquela impressão que uma pessoa deixa quando entra… ou quando sai. Um tipo de assinatura silenciosa, uma energia que antecede o gesto. Não é papo de vidente nem misticismo solto. É fenomenologia cotidiana: sentir antes de entender. Uma filosofia da intuição. A aura é isso — um campo de presença que não se vê, mas se percebe.

Você também emite o que não sabe que emite

Somos emissores, o tempo todo. Pensamos que estamos nos comunicando apenas com palavras e atitudes — mas há algo anterior, uma atmosfera que criamos ao estar. Quando alguém diz “essa pessoa tem uma vibe estranha”, está captando justamente isso. Freud chamou de “inconsciente”; os orientais preferem “prana” ou “chi”; e Walter Benjamin — sim, um filósofo — falou da aura da obra de arte como aquilo que emana de um objeto único e irrepetível. Que também pode emanar de você.

O corpo carrega a história, mas a aura carrega o momento. É como um campo vibracional que se altera com o humor, os pensamentos, os sentimentos mais profundos. E o curioso é que as pessoas ao redor percebem — mesmo que não saibam nomear.

A psicologia também toca nisso (de leve)

Na psicologia mais tradicional, fala-se de “clima emocional” ou “ambiente afetivo”. Mas algumas abordagens mais sutis, como a psicologia transpessoal, reconhecem essa camada energética. Carl Jung dizia que tudo carrega símbolo e energia — que existe uma comunicação entre inconscientes que não passa pelo raciocínio.

Quando alguém te olha e você se sente visto de verdade, pode ter certeza: não foi só o olho que viu. Foi a aura encontrando a sua.

A filosofia do invisível é mais antiga que parece

Plotino, filósofo neoplatônico, falava da emanatio: tudo o que existe emana do Uno — uma espécie de fonte divina — e carrega em si uma presença que não se vê, mas se sente. A aura seria, talvez, esse rastro divino em cada ser. Já Merleau-Ponty, um filósofo francês mais recente, dizia que o corpo não é apenas corpo: é expressão, é presença no mundo. Ele chamava isso de “corpo vivido” — e o corpo vivido tem aura.

Se a filosofia se ocupar do invisível, não está fugindo da realidade — está tentando ir além da obviedade. Porque a realidade também é feita do que escapa.

A aura e o cotidiano: onde ela se esconde?

No sorriso que acalma. No silêncio que constrange. Na presença de quem, mesmo quieto, muda o clima de um grupo inteiro. A aura se revela na primeira impressão, no arrepio leve, na sensação inexplicável de confiança ou desconforto. E mais: ela se constrói, se cuida, se contamina.

Estar perto de pessoas caóticas afeta a nossa aura. Estar em lugares onde somos amados a fortalece. Medo a encolhe. Amor a expande. A aura, mesmo invisível, reage ao mundo como uma pele emocional.

O invisível é real. Só é mais sutil.

O erro moderno foi achar que só o visível é real. Mas a vida insiste em nos mostrar que o invisível não é menos verdadeiro — só é mais delicado. Como o perfume de uma flor, o afeto de um gesto pequeno, ou a tristeza que se esconde num “tá tudo bem”.

A aura é a memória viva do instante. É um campo, um tom, uma vibração. E se você prestar atenção, perceberá a sua própria aura mudando conforme as escolhas que faz, as pessoas com quem convive, e os silêncios que alimenta.

Fecho com um sussurro de Simone Weil

“Duas forças reinam no universo: luz e gravidade.”

Simone Weil

Talvez a aura seja isso: uma forma de luz pessoal, silenciosa, dançante, que nos atrai ou nos repele — sem que saibamos por quê. Mas o mundo sente. Porque antes de ser visto, você já é sentido.